P/1 – Primeiro, bom dia!
R – Bom dia!
P/1 – Primeiro agradecer aqui a sua disponibilidade, de você estar aqui pra gente fazer essa conversa. Pra começar, eu vou pedir pra que você se apresente, falando seu nome completo, data e local do seu nascimento.
R – Meu nome é Cosme Santos de Araújo. Eu nasci em Itabuna, Bahia, tenho 41 anos... Preciso falar data? Eu sou muito tímido, vixe, tem que ter paciência.
P/1 - Tranquilo, não tem problema. Vai fazendo no seu tempo.
R – Falar a data que eu nasci, né?
P/1 – Isso.
R – Dia 31 de julho de 1979.
P/1 – E quais os nomes dos seus pais?
R – Minha mãe chama Raimunda Santos de Araújo e meu pai, Elias Guedes de Araújo.
P/1 – E o que eles faziam? Qual era a atividade de cada um deles?
R – Minha mãe era copeira na escola pública. Meu pai sempre foi comerciante.
P/1 – E você sabe dizer, conhece a história de como eles se conheceram?
R – Sim. [Eles] se conheceram na fazenda, lá no Nordeste. Eles moravam próximos. É isso aí.
P/1 – Mas como é que foi a história deles se conhecerem? Eles moravam numa mesma fazenda? Eram de famílias próximas?
R – Famílias próximas, né? Com um tempo de casados, [se] separaram e eu fui morar só com a minha mãe. Minha mãe que [me] criou, praticamente sozinha.
Tenho mais três irmãos. E aí foi assim, vim pra São Paulo [com] tinha onze anos e estou aqui até hoje. Minha mãe mora aqui e ele lá na Bahia.
P/1 – E que lembranças você tem de Itabuna?
R – Vixe, muito pouco. Vim de lá com onze anos, conheço pouca coisa lá. Na verdade, eu fui criado em Borborema, uma cidadezinha próxima. Minha infância foi legal lá, cidadezinha pequena.
.
P/1 - O que você lembra da sua infância lá?
R – Eu tomava muito banho de rio, jogava muita bola, corria bastante, porque lá tinha bastante mato, rio. A infância foi...
Continuar leituraP/1 – Primeiro, bom dia!
R – Bom dia!
P/1 – Primeiro agradecer aqui a sua disponibilidade, de você estar aqui pra gente fazer essa conversa. Pra começar, eu vou pedir pra que você se apresente, falando seu nome completo, data e local do seu nascimento.
R – Meu nome é Cosme Santos de Araújo. Eu nasci em Itabuna, Bahia, tenho 41 anos... Preciso falar data? Eu sou muito tímido, vixe, tem que ter paciência.
P/1 - Tranquilo, não tem problema. Vai fazendo no seu tempo.
R – Falar a data que eu nasci, né?
P/1 – Isso.
R – Dia 31 de julho de 1979.
P/1 – E quais os nomes dos seus pais?
R – Minha mãe chama Raimunda Santos de Araújo e meu pai, Elias Guedes de Araújo.
P/1 – E o que eles faziam? Qual era a atividade de cada um deles?
R – Minha mãe era copeira na escola pública. Meu pai sempre foi comerciante.
P/1 – E você sabe dizer, conhece a história de como eles se conheceram?
R – Sim. [Eles] se conheceram na fazenda, lá no Nordeste. Eles moravam próximos. É isso aí.
P/1 – Mas como é que foi a história deles se conhecerem? Eles moravam numa mesma fazenda? Eram de famílias próximas?
R – Famílias próximas, né? Com um tempo de casados, [se] separaram e eu fui morar só com a minha mãe. Minha mãe que [me] criou, praticamente sozinha.
Tenho mais três irmãos. E aí foi assim, vim pra São Paulo [com] tinha onze anos e estou aqui até hoje. Minha mãe mora aqui e ele lá na Bahia.
P/1 – E que lembranças você tem de Itabuna?
R – Vixe, muito pouco. Vim de lá com onze anos, conheço pouca coisa lá. Na verdade, eu fui criado em Borborema, uma cidadezinha próxima. Minha infância foi legal lá, cidadezinha pequena.
.
P/1 - O que você lembra da sua infância lá?
R – Eu tomava muito banho de rio, jogava muita bola, corria bastante, porque lá tinha bastante mato, rio. A infância foi boa, lá.
P/1 – E quais eram os principais costumes da sua família, que você tenha lembrança, desse período ainda?
R – Costumes normais. Minha mãe trabalhava, eu ficava em casa sozinho. Meu pai separado, só de vez em quando que o via. Não tenho muita lembrança dos costumes do meu pai, não. Minha mãe só trabalhava.
P/1 – E você falou que é de uma família que, ao todo, são três irmãos, né?
R – Eu e mais três.
P/1 – E nessa escada, você está em qual degrau, entre os irmãos?
R – Sou o caçula dos homens.
P/1 – Você chegou a conviver com todos os irmãos? Tinha um momento que era de reunião de todos, que você lembra?
R – Meu pai, na época, ganhou [a guarda] na Justiça, por causa das condições dele, aí foram morar com ele, só eu que fiquei com a minha mãe. De vez em quando meus irmãos vinham pra ficar com a gente lá e eu tinha convivência, assim, com eles.
P/1 – E você lembra como foi a vinda pra São Paulo? Como é que foi essa viagem, de Itabuna e chegar aqui em São Paulo?
R – Foi em 1995. Vim pra casa da minha irmã mais velha, a Rose. Fiquei um tempo lá, depois meu irmão arrumou um serviço pra mim, num colégio. Trabalhei dois anos e meio, depois saí de lá. Entrei no transporte, trabalhei quase dez anos e depois do transporte vim pra cá, pra Vedacit. Vou fazer dez anos aqui também.
P/1 – A gente vai chegar, já, nessa parte. Vamos falar um pouco mais de outros momentos. Você lembra da sua casa, como era a casa da infância ainda em Itabuna?
R – Lembro.
P/1 – Como era?
R – Na verdade, era em Borborema, né? Eram dois quartos, uma salazinha; não tinha banheiro. [A casa era de] telha de barro, minha rua não tinha asfalto. Uma casa bem simplesinha.
P/1 – E quem morava nessa casa, nesse momento?
R – Eu e a minha mãe.
P/1 – Só você e sua mãe?
R – Eu e minha mãe.
P/1 – E como era o dia a dia de vocês ali, nesse momento, você lembra?
R – Minha mãe trabalhava bastante. Trabalhava das oito às cinco da tarde, todos os dias. E eu, praticamente, ficava sozinho em casa. Eu ia pra escola e voltava, tomava conta da casa.
P/1 – E as brincadeiras, nesse tempo, eram as que você tinha contado, né?
R – Sim. Muito bacana.
P/1 – Qual a sua primeira lembrança de escola?
R – A primeira lembrança? Eu lembro que eu estudava em escola pública; não sei se é Henrique Alves, acho que é isso, a primeira escola. Tinha a professora Judite, me ajudava bastante, só que eu nunca gostei de estudar. Eu ia pra rodoviária, ver os ônibus, porque eu achava lindo. (risos)
P/1 – Ah, é?
R – É. Aí cheguei aqui em São Paulo, fui estudar um pouco e completei o primeiro grau.
P/1 – A escola ficava muito longe da casa que vocês moravam?
R – Não muito longe. Eu sei que era perto de uma rodoviária. É o que eu lembro.
P/1 – E por que você ia pra rodoviária?
R – Pois é, achava bonitos os ônibus, profissão bonita. Minha mãe fazia de tudo, eu fazia que ia pra escola e ia ver os ônibus entrarem e saírem na cidade, lá.
P/1 – E era uma rodoviária principal?
R - Pequenininha, ________.
P/1 – E aí você via ônibus vindo de todo lugar?
R – De lá pra cá... De vez em quando eu tinha um tio que morava lá próximo, ia pra casa dele. Por acaso, uma vez eu estava lá, minha mãe apareceu na casa do meu tio e viu meus livros todos lá, guardados. Eu fugi da escola, pra ir pra lá.
P/1 – E como é que foi depois que ela fez essa descoberta?
R – Ah, foi uma bronca grande, levei uma pisa boa. (risos) Aí comecei a estudar, mas aí deu a idade de vir embora pra cá, onze anos, aí vim pra cá.
P/1 – E como foi essa viagem, que viajaram você e sua mãe, pra cá?
R – De ônibus. Foi bacana. A cidadezona aqui, grande, foi bacana.
P/1 – Foi a primeira vez que você fez uma viagem assim?
R – Foi. Nunca tinha saído de lá, não.
P/1 – E você tem alguma lembrança, alguma sensação dessa viagem?
R – Ah, foi muito bom. [Quando] cheguei em casa aqui, eu lembro que meus irmãos brigaram comigo, porque eu tinha sumido [com] um vestido da minha mãe, horroroso, acharam feio. Foi o que eu lembro da viagem, meus irmãos falaram um monte, mas foi engraçado. Pra mim era chique, eu não conhecia nada. Mas era bacana.
P/1 – E aqui em São Paulo você e sua mãe foram morar onde?
R – Na casa da minha irmã Roseli, que é a Rose, né? Ela que deu apoio pra gente.
P/1 – E ficava em que bairro?
R – Ficava no Morro Grande, na zona norte, mesmo.
P/1 – Morro Grande, ali perto da Vila Iara?
R – Perto. Isso. Vila Iara.
P/1 – Eu moro lá.
R – Petrônio Portela. Eu morei um tempo ali.
P/1 – Eu moro lá ainda. Eu nasci ali.
R – Olha só! Adorava morar ali. Muito bom o bairro.
P/1 – É? Meus pais moram lá até hoje.
R – Eu morei um tempão ali.
P/1 – Você disse, então, que morou pouco tempo lá?
R – Eu morei lá acho que uns cinco, seis anos. Depois eu vim pra cá.
P/1 – E qual é a lembrança que você tem desse período que você morou no Morro Grande?
R – Ah, muito bacana, viu? Legal. Lá na Vila Iara morava um irmão e no Morro Grande - não, perto aqui da Petrônio Portela, morava minha irmã. E às vezes a gente ia lá no Morro Grande com o carrinho de bebê da minha sobrinha, que era bem pequenininha; eu a levava, fazia de conta que ia dirigindo. Até hoje o ônibus está na minha cabeça, (risos) pilotando aquele carro de bebê. Achava que era um carro, né? Pra lá e pra cá, era bacana.
P/1 – E naquele carro você levava sua sobrinha?
R – Minha sobrinha, num carrinho de bebê, né? Legal.
P/1 – E nessa época, você já estava com mais ou menos uns onze, doze anos, né? Já entrando na adolescência?
R – Isso, exatamente.
P/1 – O que você gostava de fazer? Como era sua rotina, nesse período?
R – Eu sempre trabalhei. Gostava de ir na igreja. Era tranquilo. Sempre trabalhando.
P/1 – Nessa época você trabalhava com o quê?
R – Trabalhava na escola particular, era office boy. Trabalhava lá. De lá eu fui pro transporte e do transporte eu estou aqui. Três empresas, só, eu trabalhei.
P/1 – Em três empresas?
R – É.
P/1 – Esse trabalho como office boy era em qual parte da cidade? Era perto?
R – Era aqui nas Perdizes, aqui, na Pompeia. Era ali a escola.
P/1 – E como foi pra você entrar na juventude descobrindo, conhecendo uma cidade como São Paulo, muito diferente de Borborema? Como foi esse processo de conhecer a cidade?
R – Pra mim foi fácil. O meu irmão trabalhava há muito tempo nessa escola, aí ele me deu apoio, eu entrei lá e então fui conhecendo a cidade através deles ali, né? Os bairros. Eu monitorava as crianças, fazia banco, tudo. Daí saí de lá, fui pro transporte, aí fui conhecer mais a cidade; todos os quatro cantos da cidade aqui eu conheço.
P/1 – Como foi essa mudança pra trabalhar na área de transporte? Até lembrando que você primeiro teve histórico de gostar de rodovia.
R – Quando eu vim pra cá, um colega meu trabalhava no transporte, aí ele me chamou: “Você não quer entrar no transporte, lá?” Eu falei: “Beleza, tranquilo.” Minha irmã tinha uma perua na época, aquelas peruas Kombi, aí a agreguei lá, nesse transporte. Fiquei um tempão lá.
Chamava Quatro Rodas, na época. Aí a transportadora fechou, a gerente desse transporte foi pra outro transporte e me chamou pra lá. Eu fui agregado, fiquei lá acho que uns oito meses, mais ou menos. Depois, fui chamado pra ser motorista, fiquei lá dez anos.
P/1 – E na época inicial em que você trabalhou, você trabalhava com que tipo de transporte?
R – Lá na transportadora, mesmo? Era com caminhãozinho pequeno.
P/1 - E depois você foi trabalhar como motorista numa outra empresa?
R – Não. Nessa mesma empresa, me deu oportunidade. A gente fazia a região do sul. Trouxe um caminhão pra mim. Como eu era agregado, pra mim foi uma beleza, porque trabalhava direto com transporte, [com] carteira assinada e tudo.
P/1 – E você transportava que tipo de material, que tipo de coisa?
R – Tudo: TV... Transportadora era tudo.
P/1 – E era só aqui, na região metropolitana de São Paulo?
R – Só São Paulo.
P/1 - E desses lugares que você foi descobrindo aqui em São Paulo, tem alguma história, algum lugar que tenha sido marcante, que você lembra que te chamou muito a atenção?
R – São Paulo, é muito grande, tem muita coisa boa, bonita aqui. A região da [Avenida] 23 de Maio, é lindo ali. Ibirapuera, esses lugares, andava tudo isso.
P/1 – E o trânsito daqui, como é que foi essa relação que você foi desenvolvendo?
R – Nunca tive problema, graças a Deus! Nunca teve acidente. [Eu me] desenvolvi tranquilo nessa área, porque eu gosto tanto de transporte... Foi tranquilo.
P/1 – E nesse período que você está chegando na cidade, na juventude, trabalhando muito, o que você fazia no momento de lazer?
R – De lazer?
P/1 – É.
R – Eu gostava muito de ir pro clube. Eu sou sócio de um clube. Saía com a esposa à noite, mas a maioria do tempo era só trabalhando, mesmo. (risos)
P/1 – E aí você conheceu também a sua esposa já nessa fase de juventude?
R – Sim. Eu conheci minha esposa [quando] eu tinha dezenove anos. Ela tinha dezesseis.
P/1 – E como é que vocês se conheceram?
R – Um acidente com o pai dela. O pai dela estava passando na rua e caiu; eu o socorri e nessa eu a conheci. Vai fazer 21 anos, já.
P/1 – Caramba! Vocês começaram a conversar em função desse acidente que você foi ajudar...
R - ... o pai dela. Eu a conheci e estamos juntos, temos três filhas. É isso aí.
P/1 – Você estava falando que trabalhou em três empresas, basicamente. Teve a primeira experiência na escola, depois foi trabalhar com transporte. Como foi essa transição pro atual trabalho, aqui pra Vedacit?
R – Tem um cunhado meu que trabalhou aqui muito tempo, aí ele pediu pra mim se eu... Aliás, me perguntou se eu queria oportunidade aqui, eu aceitei. Ele me chamou pra cá.
Avisei meu patrão lá: “Me manda embora, porque eu vou trabalhar na Vedacit, é meu sonho.” Fiquei mais uns quatro meses pedindo, pedindo. Foi num final de ano, em dezembro, [que] ele [me] dispensou; no mês de março eu entrei aqui, depois do carnaval, festas. .
P/1 – Até então, o que você conhecia sobre a Vedacit? Por que você fez essa procura?
R – Meu cunhado trabalhava e falava muito bem da empresa. Em questão de nome, empresa grande; [a] transportadora era bem pequenininha e aqui os benefícios, tudo… Pensei na minha família, falei: “Opa, aqui vai ser tranquilo pra mim.”
P/1 – E nesse momento você morava com a sua esposa, já tinha filhos?
R – Já, sim. Já tinha a filha mais velha.
P/1 – Você se lembra como foi o seu primeiro dia de trabalho aqui?
R – Eu me lembro, sim. No primeiro dia eu cheguei aqui e me levaram na recepção, ali na Expedição e falaram: “Você vai trabalhar aqui.” - o seu Salvador, que era meu encarregado. Eu me senti muito bem, tranquilo. Estou aí faz dez anos, já.
P/1 – E qual foi a sua primeira função aqui, chegando no emprego?
R – Eu era ajudante de caminhão, já pensando em ser motorista, um dia. (risos) Ficamos acho que uns quatro anos de ajudante.
Antigamente tinha uma transportadora da gente aqui, própria. Cheguei a pilotar os caminhões aqui, ainda; estava já pra passar, mas infelizmente terceirizou o transporte.
P/1 – A sua expectativa era trabalhar com transporte?
R – Era motorista. Eu falei: “Vou começar como ajudante e já estou lá, né?” Mas tranquilo.
P/1 – Depois teve esse processo de terceirização. Como foi essa transição dentro da empresa?
R – Na época - agora tem uma história meio cabulosa aqui – minha filha do meio, Rafaela, que vai fazer oito anos agora, estava internada no São Camilo. Deu problema de respiração, ficou internada em estado crítico. Mudou o transporte, a maioria das pessoas foi embora e eu fiquei morrendo de medo. “Como é que minha filha lá no hospital internada e agora eu ficar desempregado, vai ser...” Mas graças a Deus falaram: “Vai pra casa tranquilo que é um processo da empresa, mas você vai vir, nós sabemos sua história.”
Estou aí, minha filha tranquila. A Vedacit me deu a oportunidade de ter a minha filha de volta.
P/1 – Como foi esse processo? A sua filha teve uma doença...
R – Nasceu normal. Com dois meses e meio, mais ou menos, teve uma bronquiolite. Do nada, faltou respiração, [teve] dificuldade. Levei no São Camilo, ela já foi internada, intubada, já usou gastro, traqueo. Nossa, foi difícil, viu? E eu aqui. Todo dia saía aqui, ia lá vê-la. Minha esposa morou um ano no hospital, foi uma luta muito grande.
P/1 – A sua filha, nesse processo de recuperação, ficou um ano?
R – Um ano internada no São Camilo. Minha esposa lá, eu saía daqui, ia pra lá. Tinha uns remédios que às vezes o convênio cobria, mas a empresa [estava] sempre ali, me ajudando; me ajudou e saímos dessa.
P/1 – E como foi pra sua família passar por esse momento e você continuando aqui, a trabalhar. Sua esposa teve que acompanhar sua filha no hospital. Como foi esse momento pra vocês?
R – Nossa, foi pesado, viu? Minha sogra, que faleceu vai fazer um ano, ajudava a gente no final de semana, ficava lá; minhas irmãs ficavam, pra minha esposa vir em casa um pouco, mas a maioria do tempo era ela mesmo, 24 horas. Intubada, tudo. Eu chegava lá, ela parava, chegava a chorar, descia a lagrimazinha. Acho que conhecia o pai, sei lá. Foi isso aí.
P/1 – E qual sua lembrança do momento em que vocês receberam a notícia de que ela ia poder sair do hospital e voltar pra casa? Como é que foi isso?
R – Foi maravilha! Saímos de lá de home care, né? Uma pessoa que cuida em casa. Fizemos UTI em casa, médico 24 horas, enfermeira 24 horas. Ficou acho que mais ou menos uns oito meses nessa luta em casa, aí ela foi melhorando aos pouquinhos, sempre e hoje está aí. [Foi] um processo bem pesado.
P/1 – Você falou muito do apoio da empresa. Como foi o apoio durante esse período, que deve ter sido o mais difícil da sua vida?
R – Eles me deixaram tranquilo, né?
P/1 – Nesse momento, você tinha quanto tempo aqui na Vedacit?
R – Deixa eu ver se eu me lembro. Eu tinha mais ou menos… Acho que uns cinco anos de empresa.
P/1 – E como foi? Sua filha foi se recuperando, teve a possibilidade de voltar pra casa. Como foi a sua trajetória na empresa e o processo de recuperação da sua filha? Enfim, sua família também, porque é algo que envolve toda a família.
R – Toda. Ela ficou que nem eu falei pra você, veio pro home care. Chegou em casa, foi se recuperando aos poucos e sempre teve apoio aqui do pessoal, desde meus colegas de serviço. Fizeram até uma vaquinha pra mim na época, o pessoal da empresa, pra me ajudar. Aí foi indo, ela foi se recuperando e eu sei que tive todo o apoio da empresa. Ela está lá, bem.
Depois disso, que eu estava já respirando tranquilo, aí veio um problema comigo também. Foi outra correria.
P/1 – Que problema foi esse?
R – Eu tive problema de digestão em casa, no jantar. Senti a comida, ficou aqui na garganta e fui ao hospital. Descobriam que eu estava com linfoma. Depois da minha filha, tentando respirar, agora eu. Outra vez.
P/1 – Foi quanto tempo depois?
R – Não chegou nem... Acho que não foi nem um ano depois. A minha filha estava já tranquila, aí tive esse probleminha também. Tive um linfoma de Hodgkin. Tirei um tumor do intestino de três quilos. (risos) Eita, guerreiro!
P/1 – E esse tratamento levou quanto tempo?
R – Foi um tratamento... Fiz logo a cirurgia. Quando eu cheguei lá, acho que uns três dias depois, já fizeram a cirurgia. Tomei quimio, acho que um ano mais ou menos, pra voltar. Faço tratamento de seis em seis meses lá, os exames; graças a Deus, [está] tudo tranquilo.
P/1 – Depois desse tratamento, imagino que um tratamento muito difícil, você se recuperou. Como foi a volta pra empresa?
R – Fiz a quimio, fiquei em casa quase um ano, fazendo todo o tratamento. Vinha sempre aqui na empresa, nos médicos daqui, eles acompanhavam tudo. Deus que tirou, não teve mais nada, né?
Eu vim aqui, quando o doutor falou que eu estava apto pra trabalhar, eu não acreditava. Falou: “Seus exames aqui, você pode.” Aí voltei pra Expedição, lá no meu serviço. O médico perguntou, porque eu tinha oportunidade até de querer ficar mais, prolongar mais, mas eu estava me sentindo bem. Falei: “Não, quero trabalhar. Vamos pra cima, porque aqui é melhor pra mim.” Eles me colocaram num setor mais tranquilo, depois eu voltei ao normal. Estou aí. Já vai fazer cinco anos.
P/1 – Já cinco anos?
R – Já.
P/1 – Esse período de um ano envolve a sua recuperação, mas também é um período que você fica mais em casa, se envolve mais nos cuidados de casa. Como foi esse período de se recuperar, mas também estar participando mais do cotidiano da casa?
R – Nossa, foi terrível, viu? Quimioterapia terrível. Mas eu estava tranquilo, falei: “Eu vou voltar a trabalhar.” Acho que foi isso que não me deixou abater. Eu falei: “Eu tenho minhas filhas, tenho tudo, tenho o apoio dos amigos.” Eu não fiquei com medo, não. Falei: “É isso aí.”
P/1 – E a sua esposa, nesse tempo, ficou...
R - Sempre comigo, do meu lado, ali. Mas na luta.
P/1 – E como foi, então, a sua sequência? Depois você volta pra cá, fica trabalhando na Expedição? Como foi a sua sequência aqui na empresa?
R – Eu fui pra Expedição. Voltei trabalhando normal, não senti nada. Eu estava até tranquilo, rotina normal. Todo mundo dando apoio, os amigos; faziam de conta que não tinha acontecido nada. Tranquilo.
P/1 – E pra qual função você voltou, que você veio exercer?
R – Eu ficava aqui dentro da Expedição, separando mercadoria, que é mais tranquilo, as embalagens. Até cheguei no meu chefe: “Não, quero voltar ao meu setor, mesmo, que eu estou acostumado.” Voltei e estamos aí. Trabalhei na rua de novo, um tempo. Tranquilo. Rotina normal.
P/1 – E hoje, qual é a atividade que você realiza?
R – Hoje tem uns três meses que eu ganhei a oportunidade de ser empilhador. Agora rodo a empresa toda ajudando na embalagem, matéria-prima. Nossa, maravilha! Meu serviço eu adoro.
P/1 – E quais são os produtos, com o que você está ali lidando diretamente no seu cotidiano? Pensando em Vedacit, com o que você está lidando diretamente?
R – Você está trabalhando com matéria-prima do setor, produto pronto, embalagem, tudo isso. Caixas lá embaixo, do Vedatop. A gente leva matéria-prima e pega material pronto também, leva para o estoque. Matéria-prima, embalagem e produto acabado. Mexe com tudo.
P/1 – E pra ser empilhador precisa fazer um curso próprio?
R – Sim.
P/1 – Como foi? Faz tempo que você tem essa habilitação?
R – Tem, faz tempo. Tem uns cinco anos, já. Eu sempre dava um apoio aqui. Quando estava tranquilo, eu pegava a empilhadeira pra dar um apoio. O pessoal gostava do meu serviço, me deram oportunidade. Hoje eu trabalho com a máquina.
P/1 – Você falou que já dirigiu carro, caminhão. Qual a diferença de pegar e dirigir uma empilhadeira?
R – A diferença é que a empilhadeira é aqui dentro, você fica mais à vontade. Você está num setor, está em outro; vê todo mundo, o tempo passa muito rápido. É muito bacana. Na rua é mais perigoso também. Aqui dentro é muito tranquilo, a empilhadeira.
P/1 – Eu quero saber como foi que você ficou sabendo desse projeto, o Ano Novo, Casa Nova.
R – Eu fiquei sabendo por um colega meu: “Olha, tem um projeto que se a gente preencher, talvez a gente ganhe uma reforma.” Eu não acreditei muito, mas falei: “Vou preencher.” Só que podia indicar um amigo, né? Eu falei: “Vou indicar eu mesmo”, porque eu tinha uma filha com problema de respiração e minha casa é baixa. Eu coloquei [no campo] “você indica alguém?”: “Eu mesmo.”
Por acaso, a Juliana me ligou, falou que fui aprovado. Fiz um vídeo lá de casa, tirei umas fotos, como era, mandei pra ela e fui sorteado pra essa reforma.
P/1 – Você pode descrever como é a sua casa? E por que você: “Eu quero e vou me autoindicar?” Como foi isso?
R – Minha filha sempre… Como eu te falei, ela tem esse problema de bronquiolite, essas coisas de respiração. Com esse projeto, eu falei: “Oxe, vai ser a minha hora”, porque na minha casa, [quando] você entrava, era muito fria. Você entrava e sentia a frieza. Aí eu falei: “Não, vai ser agora. Isso vai me ajudar bastante com a minha filha”. Aí fizeram a reforma lá. Nossa, ficou outra casa! Muito bacana.
P/1 – Você falou um pouquinho, mas como é a configuração da sua casa? E como ela estava antes?
R – Minha casa tinha piso no chão, normal; revestimento nas paredes, só que não era impermeabilizada, então, era aquele frio! Tinha lavanderia no fundo. Era aberta, não tinha janela e no fundo da minha casa tem uma mata, então entrava muito frio dentro de casa.
A casa [conta] com um quarto, uma sala, cozinha, banheiro e a lavanderia. Tinha piso, mas não era impermeabilizado, então era muito frio. Até pra gente, eu sou calorento, mas sentia muito frio. Eu chegava em casa do serviço, já sentia aquele... Mesmo no calor, a gente só vivia de blusa. É verdade. Agora, está muito bacana lá.
P/1 – Eu ouvi um pouco do seu relato antes. Você chegou a fazer algumas obras pra tentar minimizar um pouco de umidade que a casa tinha, né?
R – Sim.
P/1 – Que obras você foi fazendo, que você [pensou]: “Vou tentar, aqui, melhorar, tentar diminuir aqui o problema”?
R – Foi revestimento nas paredes, piso. Coloquei piso… Aquele ______ de madeira minha esposa não quis, não sei por que, falou que... Eu tentei fazer o máximo: fechar as janelas, deixar tudo... Mas mesmo assim era muito frio. E essa janelona eu não tinha condições ainda de pôr. Eu estava reformando a casa, mexendo. Depois desse projeto, fizeram isso que eu tinha vontade de fazer.
P/1 – E quais eram - no momento que você pensou: “Eu vou indicar minha casa”, que você estava vislumbrando - as áreas da sua casa que você achava que precisava reformar com mais prioridade?
R – O quarto e a lavanderia. A lavanderia não tinha revestimento e não tinha a janela grande que hoje tem lá. O quarto não tinha impermeabilização. Tinha piso, tudo, mas era muito frio. Não ajudava em nada.
P/1 - E como foi que você recebeu a notícia de que a sua indicação tinha sido selecionada? Como você se sentiu nesse momento?
R – Nossa, foi bacana. Eu e minha esposa, ninguém acreditava, né? Será? A Juliana me ligou, pediu a filmagem, falou: “Vamos reformar seu quarto e sua lavanderia.” Nossa, eu e minha esposa não acreditamos. (risos) Mas depois, sim. [Ela] me chamou, falou, mostrou realmente; assinei os documentos e o pessoal chegou lá.
P/1 – Você lembra quando foi, exatamente, que você recebeu essa notícia?
R – Acho que foi no mês de março, se eu não me engano. Bem no começo da pandemia. Por isso que eu falei: “Será?”
P/1 – E como foi receber essa notícia, nesse período de tanta incerteza?
R – Pois é. Eu falei: “Será? Nessa pandemia? Isso vai ser pro ano que vem, né?” Mas nada, o pessoal chegou lá, a Juliana falou: “Pode ficar tranquilo que eles vão lá fazer, com toda segurança.” Aí fizeram.
P/1 – E quando começaram as obras? Como foi esse processo do início das obras?
R – Data específica não tenho agora na mente, mas tudo começou no comecinho de abril, maio. Acho que em junho já estava tudo prontinho. Por causa da pandemia também teve alguns atrasos, mas maravilha!
P/1 – Mas como foi esse processo? Quando você conseguiu acompanhar?
R – Eu acompanhei quando eu estava de férias um tempo aqui. Trouxeram os pisos, os materiais daqui, levaram vedatop, esses negócios e fiquei lá, acompanhei. Legal. Os caras chegaram, já quebraram tudo, fizeram um novo contrapiso, novo reboco. Nossa, ficou muito bacana!
P/1 – E mudou muito a sua rotina e da sua família nesse período da reforma?
R – Ah, mudou um pouquinho, mas só alegria, né? A gente ficava na sala, colocamos as camas na sala. Ficava com as crianças aqui quando eles estavam trabalhando no quarto, depois ficamos um tempo lá na garagem, que tem um espaço em cima e eles lá, trabalhando. Não mudou muita coisa, não, viu? Tranquilo.
P/1 – Nesse período não podia dormir no quarto, vocês ficaram na sala e na garagem?
R – Levei a cama da minha filha lá pra cima. Ela ficava o dia lá, tranquilo. Descia, fazia almoço, normal, tranquilo.
P/1 – E pras crianças, como foi pra elas acompanhar esse processo, ver a mudança da casa, a reforma do quarto?
R – Foi maravilha! Falei assim: “Tem a garagem lá.” Ficavam mais lá em cima, as meninas, [na] maior curtição: “Pai, casa nova, casa linda”. Nossa, da hora, bacana mesmo. .
P/1 – E nesse período de pandemia, as crianças não podendo sair tanto de casa, não podendo ir pra escola… Como isso impactou e também vendo a reforma acontecer?
R – As minhas filhas são bem tranquilas. A gente ia pra casa da avó, das tias, saía um pouquinho. Não estranharam nada, não.
P/1 – E quais foram as mudanças mais significativas que você percebe que a reforma trouxe pra você e pra sua família?
R – Minha filha hoje não usa mais... Era 24 horas de calça, de blusa. Hoje ela está tranquila, de shortinho, blusa normal, no calor. [Em] dia de chuva nós fechamos o janelão lá, não tem mais problema. Nossa, uma maravilha!
Essa menininha, a Rafaela, que sempre teve problema de respiração, mudou bastante. Nossa! Não tem mais gripe, nada, nada, nada mais. Depois dessa reforma, uma maravilha!
P/1 – E as suas outras filhas, como lidaram com a mudança?
R – A mais velha, a Gabriela, ficava também tranquila. Não é de sair pra rua, ficava sempre com a mãe ali na garagem, brincando sempre. Não mudou muita coisa da parte delas, não.
P/1 – Você tem outra filha?
R – Tem, a Júlia.
P/1 – Tem dois, três anos?
R – Tem quatro, a mais nova. Tranquila também. As minhas filhas são sossegadas. Uma bênção!
P/1 – Você falou que estava pensando muito nessa reforma por conta dessa questão da saúde da sua filha do meio, né?
R – Sim, Rafaela.
P/1 – E pra você, pra sua esposa, pra sua família como um todo, o que essa reforma trouxe pra vocês em termos de conforto? Que sentimento essa reforma proporcionou pra família?
R – Ficou parecendo outra casa, nova. A gente ficou muito contente. Valorizou o ambiente da gente, né? A gente sentiu: “Nossa, parece que está em outra casa.”
Ela ficou muito feliz, eu também, curtimos pra caramba. É isso aí.
Eu sou meio tímido pra falar. (risos) Mas a gente está muito contente. Maravilha!
P/1 – E você reflete sobre os impactos que a reforma trouxe pra qualidade da sua vida e da sua família?
R – Impacto? Vixe Maria, ajuda aí, Marcelo.
P/1 – Acho que você já falou um pouco, mas pra fazer um balanço dos benefícios, como isso foi transformando um pouco também do cotidiano. Você falou um pouco da sua filha, o fato de não precisar mais ficar vestindo roupa de frio dentro de casa.
R – Sim.
P/1 – Enfim, o que foi transformado com a reforma, de forma geral, pra vocês?
R – Ah, pra gente… A gente vê, entra, não acredita ainda do jeito que era e hoje como está, então a gente fica assim, muito... Nossa! Eu e minha esposa... Valorizou onde a gente reside. Nós temos casinha lá, hoje estou fazendo casinha pra alugar, então pra gente vai ser... Quem chegar lá vai querer alugar na hora, então vai ser uma maravilha!
P/1 – Nessa casa, vocês estão morando há quanto tempo?
R – Uns seis anos.
P/1 – Mudou você...
R – Eu, minha esposa e a mais velha. Depois veio a Rafaela, a Júlia.
Depois da reforma, eu já estava mexendo na casa de cima. Passei a morar na casa de cima, que são dois quartos, e a debaixo está reformada, está alugada hoje. Moro agora em dois quartos, sala e cozinha. E está lá.
P/1 – Então as construções que hoje você tem feito, são...
R – São a casa embaixo, só que essa primeira casa [é] perto do barranco, por isso que ela tem umidade. Depois do tratamento ficou... Agora moro na casa de cima, que são dois quartos, sala, cozinha e é tranquilo também.
P/1 – Pra essa casa que você mudou, já teve que fazer uma série de adaptações pra receber a sua filha, né?
R – Exatamente.
P/1 – A história dessa casa também está muito vinculada à história dessa sua filha...
R – Nossa, muito. A gente dormia num quarto só, era muito apertado. Eu e minha esposa fizemos uma casa em cima, com dois quartos, pra ficar mais tranquilo. Até hoje as meninas não dormem no quarto delas, as três. Duas dormem com a gente, ainda. Não conseguem... Só a mais velha que dorme.
P/1 – O projeto, também, de continuar...
R - ... continuar a vida.
P/1 – Pra você, qual é a importância de uma residência, de uma casa, um lar digno e salubre pra vida das pessoas?
R – Ah, principalmente a saúde, né? Isso aí não tem preço. Essa umidade é terrível. Aquele mofo, nossa!
A vida é outra! Você recebe as pessoas tranquilo, não tem nem comparação com uma casa úmida. Não tem.
P/1 – Você falou antes da entrevista que você mora, já tem um relacionamento com sua esposa, mas vocês não são casados formalmente.
R – Não, ainda não.
P/1 – Vocês pensam em casar? Ou não é também uma questão?
R – A questão é que eu já estou com ela há 21 anos e, sei lá, a gente nunca pensou em casar. Inclusive ela recebe um benefício e tem medo de perder. Ela está segurando até minha filha ficar bem. Quando estiver bem estruturada, aí vamos pensar, sim, em casar. Dar mais uma melhorada.
P/1 – E qual o nome das suas três filhas, pra gente registrar?
R – A mais nova é a Júlia, a do meio é Rafaela e a mais velha é a Gabriela.
P/1 – Como ela está hoje? Enfim, ela teve alguns problemas de saúde no nascimento, teve esse período longo de recuperação.
R – A Rafaela está ótima! Ela só não fala, ainda. A mãe dela é o olho dela, tudo pra ela; sabe quando está com sede, sabe a hora que ela tem que usar o banheiro. Mas ela está bem, não tem mais problema nenhum, não usa mais traqueo nem a gastro, está bem saudável, não tem nenhuma gripe mais. Está bem.
P/1 – Em termos de desenvolvimento, ela está...
R – Está indo, sim. Do jeito que ela era... Os médicos falaram que não ia andar de jeito nenhum.
Tinha uma cunhada minha, que é esposa do meu irmão por parte de pai… Esqueci até de falar nisso, porque a gente não conviveu muito, mas eu tenho dois irmãos por parte de pai, fora do casamento. Ela trabalhou numa creche [em] que viu acho que uma fisio colocando uma bonequinha nas costas da criança e ela começou a andar. E minha filha pegava só qualquer coisinha assim, andava. Segurando assim, ela andava, mas sozinha não andava. Aí ela me deu essa ideia, de pôr um boneco aqui, faz de conta que tem alguém segurando. Coloquei a boneca e saí empurrando, segurando; quando eu soltei, ela achou que tinha alguém segurando, daí pra cá ela começou a andar.
Tem uns quatro anos, mais ou menos. Ela não andava. Se soltava, ela caía. Depois dessa boneca aí, que [minha cunhada] me ensinou essa experiência, eu coloquei, ela começou a andar. Hoje ela anda, corre, pula, vixe… Só não fala. Mas está bom, o que ela passou...
P/1 – Brinca muito, imagino.
R – Nossa, com a mais nova! A mais nova veio sem a gente esperar, também. Minha esposa estava até tomando injeção. De repente, essa mais nova veio. É a fisio dela, né? As duas brincam pra caramba! As duas são terríveis! Só falta quebrar tudo em casa, a Júlia.
P/1 – O que representou a paternidade? O que ser pai transformou na sua vida?
R – Ah, transformou muito. Hoje eu começo a trabalhar às cinco e meia da manhã aqui na empresa, então é motivação pra gente.
Sempre falo pra minha filha mais velha: “Estude pra um dia você trabalhar, quem sabe, na Vedacit. A empresa valoriza as pessoas, de faxineiro a chefe.”
Pai é isso aí: incentivar, mostrar pra ela o sofrimento que eu tive com a do meio, a Rafaela, e é isso aí, bacana. Acordar cedo, trabalhar, chegar de noite, trabalhar sábado, o que precisar. Pai é isso aí.
P/1 – Você estava falando que chega aqui pra trabalhar às cinco e meia da manhã. Como é a sua rotina hoje?
R – Eu entro cinco e meia da manhã, meu horário é até às três e meia, mas às vezes tem muito serviço, tem que dar uma forcinha.
Chega a noite, vou pra casa, estão as minhas filhas em casa; por causa dessa pandemia, todo mundo em casa, é uma festa. E de manhã cedo saio, estão dormindo, não vejo, mas na semana estamos aqui.
Ela vê a reportagem - não, a propaganda da Vedacit na TV, as falas: “Olha, pai, sua empresa”, tal. Maior barato!
A rotina é isso aí: trabalhar, não dá mais pra ir pro clube, porque tudo fechado, mas quando a gente tem oportunidade, nós vamos juntos pra praia, clube. A rotina é essa aí.
P/1 – Pra você, quais são as coisas que você considera que são mais importantes pra sua vida?
R – Mais importantes da minha vida?
P/1 – Isso.
R – Primeiramente, Deus na minha vida, que foi… Nossa! Minha família sempre me apoiando, irmãos, minha mãe e minha esposa, outra guerreira também; me apoia desde o começo, até agora.
P/1 – Você falou da sua mãe, que vocês vieram pra cá. Sua mãe ainda é viva?
R – Minha mãe é. Vai fazer dois anos que ela teve um AVC, ficou cadeirante, ela não anda hoje. Mas ela está bem, feliz com os filhos ali do lado. Só não anda, tem problema nas pernas, osteoporose. Ela vai fazer oitenta anos de idade.
Um dia da semana eu tiro pra ir lá dormir com ela, no fim de semana. Com os irmãos. Minha mãe é uma guerreira também.
P/1 – Então hoje você tem um convívio com alguns dos seus irmãos, além da sua mãe?
R – Sim, meus três irmãos aqui em São Paulo: a Rose, a Roseli e o Reginaldo. Eles moram aqui. Tinha um outro irmão também, mas foi embora. Por parte de pai.
Eu tenho outra irmã, que é a Marcela. Não a conheço. Mas meus irmãos são muito unidos, com minha mãe, com a família. Muito bacana a convivência.
P/1 – E quais são seus sonhos?
R – Terminar os projetos que eu tenho em casa lá; futuramente, pagar uma faculdade pra minha filha e vê-la crescer nesse mundão aí. Meu sonho é só dela estudar, vê-las crescerem. Eu pensei que não ia ter oportunidade, mas Deus me deu, estou aqui, pra eu realizar esse sonho ainda. Estou trabalhando pra isso. Trabalho dia e noite, se precisar.
P/1 – E como foi contar a sua história, lembrar essas várias passagens na sua vida?
R – Nossa, viajei agora. (risos) Bacana. Viajei bastante.
P/1 – Foi tranquilo? Você se sentiu confortável?
R – Tranquilo, maravilha! Eu pensei que eu não ia conseguir falar nada. (risos)
P/1 – Pelo contrário. Falou bastante. E tem alguma coisa que você gostaria de ter dito, que eu não perguntei? Ou que você gostaria de falar?
R – Eu só gostaria de agradecer, né? Deus, essa empresa maravilhosa. A oportunidade que ela dá pra gente, os funcionários têm oportunidade, é só ir pra cima, tem sim. Eu sou prova disso, né? Muito bacana, nossa! Tenho que agradecer a chefia que acreditou em mim. Estou aí.
P/1 – Então, em nome do Museu da Pessoa, em nome da Vedacit, queria agradecer muito aqui o seu relato e ter compartilhado um pouco da sua história com a gente. Obrigado!
R – Imagina! Foi de coração.
P2 – Você é um exemplo, Cosme, de muita força, de muita esperança e de muita espiritualidade também, de ter superado tudo isso. É um exemplo, viu?
R – Graças a Deus! Minha parte faço. Fé em Deus e vamos pra cima! (risos) É isso aí.
P/1 – Obrigado, Cosme! Obrigado, mesmo.
R – Imagina!
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