Terminei o curso cientifico no colégio estadual da Paraíba, o conhecido Liceu Paraibano. A próxima etapa a vencer era o concorrido vestibular. Vários colegas correram para estudar em cursinhos. Na época o que estava em evidencia era o “Curso 2001”. As mensalidades eram um pouco salgadas. Foi quando tive a idéia de convidar Manoel, Geraldo e Flavio para estudarmos em grupo. Conseguimos com o Diretor do Colégio uma sala para nossos serões.
Manoel estava disposto a seguir o curso de Odontologia, Geraldo, Flavio e eu queríamos Medicina. Firmamos o acordo e começamos a maratona de estudar todos os dias, inclusive sábados e domingos. Certo domingo, já um pouco cansado, propusemos descansar. Fui ao cinema e o certo é que não conseguia concentrar-me no filme. Saí no meio e corri para casa estudar Química, em que estava um pouco fraco. No dia seguinte demos continuidade às nossas atividades. Ficou acertado que iríamos até altas horas da noite. Manoel falou que talvez não conseguisse ir até o fim porque estava cansado e sabia que o sono iria perturbá-lo.
Foi quando tive a excelente idéia de oferecer uma pílula para que conseguisse vencer o sono e o cansaço. O que ofereci ao colega não existia nas farmácias, eu mesmo havia fabricado. Antes, sem ele saber, fiz ciência a Flavio e a Geraldo sobre o que continha a pílula. Assim conseguimos atravessar a noite estudando sem que o Manoel conseguisse dormir. Ele mesmo, lá pelas 3h30 da madrugada, exclamou: "Que remédio bom Não é que meu cansaço e meu sono passaram Aguento ficar até o dia raiar".
Flavio e Geraldo deram as costas e caíram na gargalhada. Fiquei entre o sério e o riso, mas só levei ao seu conhecimento anos depois, quando o vi de cabelos brancos, no seu gabinete odontológico. Foi o único que conseguiu êxito no vestibular. A pílula que havia tomado era uma simples pílula de giz.