Quando vi a reportagem sobre o Museu da Pessoa no Jornal da Globo, não acreditei. Em meio a tantas tecnologias do mundo moderno, nunca imaginei que alguém tivesse a brilhante idéia de guardar em meras fitas de vídeo, simples histórias dos pobres mortais. Vim de uma família negra, maravilhosa, batalhadora, que infelizmente se desfez devido ao inesperado destino. Perdi minha mãe com 16 anos e meu pai aos 21(?). Desde então, quem me criou foi minha irmã Regina, professora de 2º grau e meu irmão Walter. Somos felizes e temos nossos problemas como toda família. Temos casa e telefone próprios, pois foram as únicas coisas que meus pais nos deixaram. A morte me marcou demais e minha irmã sempre me diz que tenho uma característica marcante: A TEIMOSIA. Quando coloco uma idéia na cabeça, vou até o fim. Na maioria das vezes sempre aprendo alguma coisa. Mas não vou parar por aqui não: agora é que minha história está começando. Me formei com muito sacrifício em 1995. Depois disso, trabalhei em vários lugares fora da minha área. Finalmente hoje, aos 28 anos, é que consegui com muito esforço trabalhar na minha área, que é a Biblioteconomia. Aprendi a gostar demais desta profissão. Sempre quis ser útil, saber de tudo ao mesmo tempo e nada melhor do que você trabalhar em uma Biblioteca. Sempre estou cercada de sabedoria e o mais importante é que posso passar tudo o que vejo para frente, para as pessoas que necessitam. A única coisa que me entristece é ver as pessoas tão materialistas. Não estão nem um pouco preocupadas com o ser humano em si, suas necessidades humanas, suas carências mais profundas. Dói demais também ver meu irmão abatido pelo desemprego, assim como muitos por aí, pois este é um dos maiores problemas que afligi todo o mundo neste final de milênio e o pior, dente a piorar. Não sei como as pessoas se tornarão daqui pra frente. Mais frias? Talvez... Só sei que, assim como eu, gostaria que muitas pessoas deixassem aqui...
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Quando vi a reportagem sobre o Museu da Pessoa no Jornal da Globo, não acreditei. Em meio a tantas tecnologias do mundo moderno, nunca imaginei que alguém tivesse a brilhante idéia de guardar em meras fitas de vídeo, simples histórias dos pobres mortais. Vim de uma família negra, maravilhosa, batalhadora, que infelizmente se desfez devido ao inesperado destino. Perdi minha mãe com 16 anos e meu pai aos 21(?). Desde então, quem me criou foi minha irmã Regina, professora de 2º grau e meu irmão Walter. Somos felizes e temos nossos problemas como toda família. Temos casa e telefone próprios, pois foram as únicas coisas que meus pais nos deixaram. A morte me marcou demais e minha irmã sempre me diz que tenho uma característica marcante: A TEIMOSIA. Quando coloco uma idéia na cabeça, vou até o fim. Na maioria das vezes sempre aprendo alguma coisa. Mas não vou parar por aqui não: agora é que minha história está começando. Me formei com muito sacrifício em 1995. Depois disso, trabalhei em vários lugares fora da minha área. Finalmente hoje, aos 28 anos, é que consegui com muito esforço trabalhar na minha área, que é a Biblioteconomia. Aprendi a gostar demais desta profissão. Sempre quis ser útil, saber de tudo ao mesmo tempo e nada melhor do que você trabalhar em uma Biblioteca. Sempre estou cercada de sabedoria e o mais importante é que posso passar tudo o que vejo para frente, para as pessoas que necessitam. A única coisa que me entristece é ver as pessoas tão materialistas. Não estão nem um pouco preocupadas com o ser humano em si, suas necessidades humanas, suas carências mais profundas. Dói demais também ver meu irmão abatido pelo desemprego, assim como muitos por aí, pois este é um dos maiores problemas que afligi todo o mundo neste final de milênio e o pior, dente a piorar. Não sei como as pessoas se tornarão daqui pra frente. Mais frias? Talvez... Só sei que, assim como eu, gostaria que muitas pessoas deixassem aqui sua história, afinal sempre haverá alguém pra saber como foi o século passado, assim como nós sempre procuramos saber o passado e muitas vezes o futuro. Mas como já dizia minha mãe, o futuro só a Deus pertence. Sucesso para aqueles que algum dia ainda puderem ver aqui gravada esta história e o mais importante, que possam dar continuidade à ela.
(Joelma Paula Moraes enviou o seu depoimento para o Museu da Pessoa em 18 de novembro de 1999 através do nosso site na Internet)
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