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Personagem: Ricardo Martin
Por: Museu da Pessoa, 17 de setembro de 2011

A mulher do cachorro

Esta história contém:

A mulher do cachorro

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“Antigamente, antes do Metrô Belém, a Rua Silva Jardim era uma porteira; toda ela era mão dupla e o acesso de carro era fácil. Para você ter uma ideia, havia 13 lojas de calçados ali, e não se podia deixar o cliente escapar, porque, se escapasse, ele ia pra outra loja. Inclusive meu patrão, o Senhor Pitta, ele dizia que o cliente é como passarinho que encostou na árvore; se você dá uma estilingada e erra, não volta mais. Então, quando eu entrei ali na Silva Jardim, era uma loja brigando com a outra, todo mundo disputando a clientela, não só tradicional, como também a das empresas. Tinha uma firma chamada Varal que tinha 2 mil funcionários; tinha a Multi Vidro, tinha a Look; e, na hora do almoço das fábricas, que era das 11 até as 2 horas da tarde, a gente simplesmente não parava. Era trabalho o dia inteiro, uma correria. E a gente dava risada à toa nesse tempo, porque a verdade é que, para uma loja de bairro, vendia muito. Mas depois do metrô, depois que fecharam o acesso da Silva Jardim, as fábricas foram fechando uma atrás da outra. Algumas lojas que tinham prédio próprio se mantiveram, como é o caso do Senhor Pitta, mas o comércio em geral sofreu com isso e teve uma queda muito grande. A coisa só se modificou de uns tempos para cá, quando os construtores foram comprando os terrenos onde ficavam essas indústrias. Hoje nós temos no Belenzinho prédios no valor de 1 milhão, de 600 mil; o bairro está crescendo, virando uma potência. Eu recentemente atendi um cliente, ele entrou com um Nike no pé e um agasalho da Lacoste. Ele observou um tênis na vitrine e, depois de um tempo, pediu para mim um dos tênis mais caros da loja, o Zomax Olympikus. Eu peguei uns três pares e ele me perguntou, meio seco por sinal: ‘Esse tênis aqui presta?’ Eu falei: ‘Sim, meu amigo, esse tênis é top de linha da Olympikus, é um dos melhores!’ E ele: ‘Não estou acostumado a comprar tênis barato, mas vou levar...

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P/1 – Senhor Ricardo, primeiramente,muito obrigado pela sua participação aqui no nosso projeto. Eu gostaria de começar perguntando para o senhor o seu nome completo, o local e a data do seu nascimento.

R – Certo. Eu nasci, na verdade, aqui na capital de São Paulo mesmo, tenho 44 anos e nasci dia cinco de abril de 1967.

P/1 – E o nome dos seus pais?

R – O meu pai é Rademir Martin e a minha mãe é Gilda Joanita Martin.

P/1 – O senhor tem irmãos?

R – Eu tenho dois irmãos e uma irmã.

P/1 – E o senhor é o primeiro, o segundo?

R –Eu, na verdade, eu sou o terceiro, né?

P/1 –O caçula?

R – Não, tem um abaixo da minha pessoa. Nós somos em quatro e eu sou o terceiro.

P/1 – Em que bairro aqui de São Paulo o senhor nasceu?

R – Eu nasci no bairro do Tatuapé, no hospital Cristo Rei.

P/1 – Como era a sua casa, a rua em que o senhor morava?

R – Olha, era uma rua muito gostosa, era uma época onde eu aprendi a jogar peão, bolinha de gude. Os vizinhos faziam aquelas fogueiras de São João, e hoje, infelizmente, eu falo pro meu filho a respeito de jogar peão, ele fala: “Pai, o que é isso?”, aí, eu falo, “Tem a fieira, tem isso...”. Eu fico chateado. A modernidade ajuda, mas, eu fico chateado porque eles não desfrutam daquelas raízes que nós passamos na antiguidade, né? Apesar de que eu não sou tão antigo, mas eu vejo que hoje, a minha preocupação é maior, porque o meu filho não pode nem sair na rua, né? Então, quer dizer que tempos passados eram maravilhosos! Aminha infância foi uma infância muito gostosa, eu admiro e hoje eu vejo que a gente era feliz no passado! Não se tinha muita modernidade, não podia se tomar muita Coca-Cola, mas, nós tínhamos a brincadeira de criança que era muito mais sadia. Você não precisava nem de academia, com movimentação direta e tudo. Hoje já não é assim, né? Então, o princípio da minha infância foi muito bom. Depois a gente deu uma...

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