Nasci no município de Matão, região central do Estado de São Paulo.
O município foi fundado em 13 de fevereiro de 1892. Passou a ser Distrito de Araraquara em 07 de maio de 1897; e se tornou município em 27 de agosto de 1898.
A cidade é conhecida como Terra da Saudade, por conta de uma valsa, composta em 1917, por Pedro Perches de Aguiar.
A história da Terra da Saudade pode ser contada em: antes da chegada dos ingleses, durante a estadia deles aqui no município e após a saída dos ingleses.
Pois bem! Quando eu nasci, em 1960, a cidade era pequena e o município possuía 20 mil habitantes. A maioria deles residia na Zona Rural sob o comando dos ingleses. Sessenta e quatro anos depois, a população de Matão se triplicou, e é dentro deste contexto que eu conto a minha história.
Nasci em 02 de outubro de 1960, por volta das sete horas da manhã, na maternidade Luisinha Malzoni - Hospital Carlos Fernando Malzoni, na cidade de Matão, SP. Fui registrado dois dias depois no Cartório do Dorival de Carvalho.
Meus pais moravam numa das casas da colônia Toriba. Entre os anos 1924 e 1970, esta colônia pertenceu à companhia inglesa.
O piso da casa era de tijolos. As paredes internas eram pintadas com cal e, as janelas, tinta cor preta. Eram casas germinadas com dois quartos, uma sala e uma cozinha. Não possuía forro. As paredes externas não eram rebocadas. Os tijolos ficavam expostos. Na frente da casa havia um jardim cercado por bambus ou ripas. Minha mãe cultivava algumas flores. Nos fundos havia um amplo quintal com medida 6x40, onde cultivava-se uma horta com frutas e hortaliças. Havia algumas galinhas também. Havia um poço para cada migração de cinco casas germinadas. Na colônia havia seis migrações, portanto, 30 casas, onde residia uma família por casa. Todas eram iguais.
Minha mãe conta que eu tive problemas com a saúde. Talvez por conta do saneamento básico: a água era retirada do poço e não tinha nenhum tipo de...
Continuar leituraNasci no município de Matão, região central do Estado de São Paulo.
O município foi fundado em 13 de fevereiro de 1892. Passou a ser Distrito de Araraquara em 07 de maio de 1897; e se tornou município em 27 de agosto de 1898.
A cidade é conhecida como Terra da Saudade, por conta de uma valsa, composta em 1917, por Pedro Perches de Aguiar.
A história da Terra da Saudade pode ser contada em: antes da chegada dos ingleses, durante a estadia deles aqui no município e após a saída dos ingleses.
Pois bem! Quando eu nasci, em 1960, a cidade era pequena e o município possuía 20 mil habitantes. A maioria deles residia na Zona Rural sob o comando dos ingleses. Sessenta e quatro anos depois, a população de Matão se triplicou, e é dentro deste contexto que eu conto a minha história.
Nasci em 02 de outubro de 1960, por volta das sete horas da manhã, na maternidade Luisinha Malzoni - Hospital Carlos Fernando Malzoni, na cidade de Matão, SP. Fui registrado dois dias depois no Cartório do Dorival de Carvalho.
Meus pais moravam numa das casas da colônia Toriba. Entre os anos 1924 e 1970, esta colônia pertenceu à companhia inglesa.
O piso da casa era de tijolos. As paredes internas eram pintadas com cal e, as janelas, tinta cor preta. Eram casas germinadas com dois quartos, uma sala e uma cozinha. Não possuía forro. As paredes externas não eram rebocadas. Os tijolos ficavam expostos. Na frente da casa havia um jardim cercado por bambus ou ripas. Minha mãe cultivava algumas flores. Nos fundos havia um amplo quintal com medida 6x40, onde cultivava-se uma horta com frutas e hortaliças. Havia algumas galinhas também. Havia um poço para cada migração de cinco casas germinadas. Na colônia havia seis migrações, portanto, 30 casas, onde residia uma família por casa. Todas eram iguais.
Minha mãe conta que eu tive problemas com a saúde. Talvez por conta do saneamento básico: a água era retirada do poço e não tinha nenhum tipo de tratamento. Somente aos meus 60 anos que fui descobrir que tive problemas com a lactose...
Meu pai trabalhava na fábrica de óleos. Ele era operário de máquinas - prensa. Seu salário era o mínimo miserável, mal dava para sustentar a família. Minha mãe, percebendo a situação, o ajudava com trabalho na lavoura para aumentar a renda.
Em 1967 conclui o Ensino Infantil e, em 1971 a primeira fase do Ensino Fundamental, no Grupo Escolar Dr. Leopoldino Martins Meira de Andrade, localizado na fazenda Boa Vista, setor que pertencia à companhia inglesa. O doutor Leopoldino, além de advogado foi prefeito na cidade de Matão.
Neide Mello, Luzia Romanelli e Albina Marchesan Freitas foram as professoras que me ensinaram as primeiras letras do alfabeto. O Walter Ângelo Ciarântola foi o diretor do Grupo. A dona Mariquinha, esposa do senhor Caleguer, era a inspetora.
Não posso deixar de mencionar o nome do Marinho, filho de uma das professoras, hoje um conceituado dentista em Matão. Quando ia com sua mãe ao Grupo Escolar, lia as estórias infantis para nós. As que eu mais gostava eram: Peter Pan, Três Porquinhos, Lobo Mal e João pé de feijão.
Meus pais não tinham condições de comprar os livros infantis. Sempre que podia, lia os que o Marinho deixava em nosso alcance.
Durante os primeiros quatro anos do Ensino Fundamental, naquele Grupo Escolar, lembro-me que dei trabalho para as minhas professoras e funcionários.
Uma lembrança ruim: tinha medo do dentista - o Dr. Nilson Cadioli. Quando ele aparecia na porta da sala eu queria pular a janela para correr dele. Motivo do medo: ele ficava bravo quando a molecada não parava na tenebrosa cadeira. Bem que ele poderia ter sido mais profissional e tratado melhor dos meus dentes ao invés de arrancá-los; ou então poderia ter orientado meus pais para que eu tivesse mais bem cuidado com os dentes. Acredite, por conta disso, tenho trauma de ir ao dentista até hoje.
O tempo em que vivi em Toriba foi muito bom. Na escola, como já disse, dei trabalho para as minhas professoras. A dona Luzia Romanelli saía da sala para ir ao banheiro ou à secretaria, colocava um dos alunos para marcar, na lousa, os nomes de quem conversasse ou saísse do seu lugar. Geralmente, quem fazia esta tarefa, era a aluna Regina Maria Fragali. Incrível! Só dava meu nome na lousa! kkk
Não fazia aquilo porque eu era má pessoa. Eu queria chamar a atenção da Maria Cristina Bergamo, a menina que eu gostava. Eu me sentava numa carteira atrás da carteira dela e, ela, nem se interessava por mim. Nossas realidades eram bem diferentes...
Os meus uniformes - calções - eram minha mãe quem os fazia. Ela pegava os sacos de açúcar que meu pai conseguia na venda do Avelino Pinheiros, e os transformava em calções. Eu andava com aqueles calções que tinha o nome da usina, estampado. Interessante! Às vezes, para deixá-los mais bonitos, minha mãe comprava tinta e os tingia. Para mim, aquilo era roupa de marca.
Meus cadernos eram brochura. Não havia caderno espiral, naquela época. Às vezes, eu aproveitava os papéis usados para enrolar os pães, na venda do Avelino, como caderno.
Falando em venda do Avelino, um dos seus funcionários, o Vitório D’Agostino, fazia caricaturas do pessoal que lá frequentava. Eu era curioso! Ficava no canto do balcão observando o jeito como ele fazia os traços. Depois, em casa, tentava fazer igual. Acredito que foi assim que me tornei desenhista.
Um dia, no Grupo Escolar dr. Leopoldino Meira de Andrade, fui mandado para a diretoria. Fique de castigo porque não parava quieto na minha carteira. O meu castigo era ficar sentado perto da mesa do diretor, o seo Walter Ciarântola. Eu aproveitava e ficava mexendo nas coisas dele, que estavam sobre a mesa. Ele se enfezava e me mandava de volta para a sala de aula... rsrsrs
Uma vez ou outra, eu não entrava na aula. Perambulava pelos cantos da fazenda e não ia para a escola. Até o dia em que a minha mãe ficou sabendo: a dona Cida Pitanga foi meu algoz. Ela foi até a minha casa para saber o que estava acontecendo comigo. Minha mãe informou a ela que eu saía de casa, todos os dias, para ir à escola. Meu amigo, nem te conto o final dessa história. Apanhei igual vaca na horta.
Isso sem contar que, quando eu estudava à tarde, no mesmo Grupo, almoçava mais cedo e tomava o caminho da escola que ficava mais ou menos um quilômetro e meio de onde eu morava. Para chegar a ela, eu tinha que atravessar um pasto onde havia um Córrego. Imagina! O Córrego era entancado pela molecada da colônia. Era a nossa piscina particular! Eu e a molecada passávamos por ele e, como tínhamos tempo para chegar à escola, acabava dando uns mergulhos! Resultado: chegávamos atrasados na sala de aula e a professora nem se atrevia a chegar perto de nós por causa do mau cheiro impregnado pelo barro do fundo do Córrego, que ficava em nossos corpos. Foi naquele Córrego que aprendi a nadar.
Na quarta série eu tinha 10 anos. Passei a estudar no período da manhã. Depois da aula chegava à casa, almoçava e, depois, ia à fazendinha, propriedade dos Bessi, apanhar algodão. Este era o combinado com minha mãe. O que eu ganhasse na roça, era para eu gastar com o que quisesse. Eu gastava com sorvete e cinema. Ia muito à matinê em Matão, aos domingos. Assistia aos filmes que passavam nos dois cinemas – o Cine Politeama e Cine Iara. Era um mundo mágico para mim.
Quando retornava do cinema, com o ônibus das dezesseis horas, quase sempre havia jogo no campo do Toriba Futebol Clube. Eu trocava de roupa e ia correndo ao campo ajudar meu pai a vender suco de groselha e pastéis. Quando chegava, ele já tinha vendido quase tudo. Então, sem ter o que fazer, começava a contar sobre o filme que havia assistido para alguns meninos interessados. Quinze minutos depois, havia uma grande plateia, sentada ao meu redor, em silêncio, ouvindo que eu estava contando. Hoje, lembrando este fato, começo a pensar que já tinha o dom para ser um professor ou líder de comunidade ou até mesmo um padre, e não entendia a minha vocação.
Na fazenda Toriba, casa número 33, onde eu morava com minha família, nos dias de chuva nem botávamos os pés para fora. Minha mãe ia trabalhar e o cuidado da casa e dos meus irmãos ficava sob minha responsabilidade. Limpava, fazia a comida e lavava os pratos. Isso foi bom para mim, pois aprendi a lição e, hoje, não me aperto nas horas de necessidades.
Nas ocasiões em que o padre Nelson Antônio Romão ia celebrar a missa na colônia Toriba – a missa era celebrada no salão social do clube Toriba - eu era o seu coroinha. Não entendia nada do que estava acontecendo, mas o ajudava. Somente mais tarde, aos meus 23 anos, após ter ingressado no seminário para cursar filosofia (assunto que será abordado mais adiante), que fui entender alguma coisa sobre o que me acontecia.
Em 1971 eu tinha onze anos e ainda morava na colônia Toriba. Ingressei-me no meu primeiro emprego. Passei a trabalhar de Servente de Pedreiro com o empreiteiro Miguel Cisto, um senhor que também morava na colônia.
Eu recebia pelo trabalho o equivalente, hoje, a um salário-mínimo. Não era muito, mas ajudava no orçamento da família. Na equipe tinha bons Pedreiros – o Tonhão, o Ditão – todos, pessoas do bem, ensinaram-me a ter responsabilidade.
Durante o dia, seguíamos para a cidade de Matão, para trabalhar na construção civil. Era cansativo, mas divertido!
Mas logo tive que parar, para dar prosseguimento nos estudos.
Em 1972, minha mãe me matriculou no Instituto Estadual Professor Henrique Morato, em Matão, para cursar a 5ª Série do Ensino Fundamental. Iniciei uma nova etapa de minha vida. Passei a viajar no ônibus do senhor Aparecido Camargo que fazia a linha: colônia Toriba a Matão. Estudava no período da manhã. Às 12 horas voltava para casa. Eu era o responsável por cuidar dos meus irmãos Paulo e Elaine, uma vez que a minha mãe trabalhava na lavoura.
Foram momentos difíceis! O Brasil era governado por militares e a fábrica de óleos Cambuy, em que meu pai trabalhava, faliu. Meu pai trabalhou nesta fábrica durante 23 anos. O acerto do tempo de serviço foi investido num terreno, no novo loteamento que acontecia em Matão e, nele, foi construída uma casa.
Em 1973, meu pai resolveu se mudar para a nova casa, localizada na Rua Jundiaí, 895, vila Buscardi. O novo endereço abriu várias possibilidades para avançarmos rumo ao desenvolvimento social. Empreguei-me de Servente de Pedreiro com o Domingos Geraldo Gianini, casado com a Maria Helena Silva, parente da minha mãe.
Por conta do trabalho, quando eu estava na 6ª Série, fui transferido para o período noturno.
Tudo ficou mais difícil. Eu era um adolescente! Trabalhava durante o dia no serviço pesado e, à noite, ia para a escola. Durante a aula, eu me debruçava sobre o caderno e dormia...
O trabalho com o meu parente era instável e eu não era registrado. Em 1975, consegui outro emprego. Desta vez foi no ramo comercial, na máquina de beneficiar arroz do seo Gazinha. À partir de então, aprendi a beneficiar arroz, a concertar a máquina, entre outras coisas, mas tinha um problema: eu não era registrado.
Após ter passado pela experiência do trabalho como Servente de Pedreiro e no ramo comercial, em 03 de março de 1977, fui contratado para trabalhar na Marchesan Implementos Agrícolas. Aquele foi o meu primeiro emprego com carteira assinada.
Minha função na Marchesan era pintar peças para máquinas agrícolas e arados. O serviço era feito na gabine de pintura da fábrica I. Não demorou muito, fui promovido a pintor da gabine da fábrica II, por onde passam as máquinas agrícolas, plantadeiras e arados mais sofisticados. A gabine era grande e o trabalho era feito em quatro pessoas. Os dois primeiros davam a primeira mão de tinta e os outros dois últimos faziam o acabamento. Com o tempo, tornei-me um bom pintor e passei a fazer acabamento.
O problema era quando chegava aos sábados. Tínhamos que trabalhar até o meio-dia, pintando e, após o almoço, era reservado para limpeza da gabine. Esta ocupação se dava até às 16 horas. Eu ficava ‘p’ da vida, porque queria sair para treinar, no campo municipal. Naquela época, eu jogava futebol no Matão Atlético Clube, mais conhecido como time do Elídio.
O único da turma do setor de pintura da Marchesan que estudava era eu, portanto, tinha alguns privilégios, como: sair às 17 horas. Os demais colegas permaneciam trabalhando até às 20, quase todos os dias. Claro! No final do mês eles recebiam mais, pelas horas extras trabalhadas.
Porém, nem tudo que reluz é ouro. O barulho dos exaustores que havia sobre a cabine, afetou os meus ouvidos...
Aos poucos, fui me acostumando àquela situação. Fazer o quê! Tinha que trabalhar para ajudar no sustento da família. Meus pais, por ironia do destino, estavam afastados dos seus trabalhos por conta de saúde e, meus irmãos, ainda eram pequenos! Quanta responsabilidade eu tinha.
Em 1978, a Marchesan estava passando por um momento de crise. Imaginei que seria dispensado. Graças aos meus esforços, não fui!
Ficamos em dois na gabine de pintura: eu e o Antônio Cezar Oliveira – o Bel, um bondoso rapaz que fazia parte da comunidade Santa Cruz.
Pois bem! Todo serviço que antes era feito em quatro, passou a ser feito por nós dois. Chegava à tarde, eu estava literalmente moído! Encontrei outro problema: o chefe. Ele não me deixava sair no horário combinado, para ir à escola. Naquele ano, eu frequentava a 8ª Série, na Escola Estadual Padre Nelson, na Vila Santa Cruz.
O tempo passou... A empresa saiu da crise. Em agosto de 1977, no horário do café da tarde a fábrica parava por 15 minutos. Naquele dia, eu avistei um rapaz, estatura baixa, desenhando próximo ao local onde eu descansava. Fui xeretear no que o rapaz, de nome João Virgínio Rocha, estava fazendo. Disse a ele que também sabia desenhar. Ele me pediu que fizesse um desenho e lhe mostrasse. Informou-me que estava precisando de uma pessoa para ajudá-lo. Percebi que a sorte, para crescer na empresa, estava do meu lado.
Alguns dias após a nossa conversa, ele apareceu para buscar meu desenho. Três dias depois, fui avisado pelo meu chefe que o José Luís Marchesan – um dos diretores da empresa - queria falar comigo. Fiquei apreensivo com notícia.
Naquela tarde, após ter conversado com o patrão, sai da sala muito contente. Foi como se eu tivesse ganhado na loteria.
A partir do início de 1978, passei a viver outra realidade na Marchesan. Ficava meio-dia no departamento de desenho e a outra parte do dia na gabine de pintura. No novo local conheci gente nova: o Messias Araújo, o Eraldo Bachi, o Jair Francisco, o Carlos Varela, o Moreira, o Pedro Henrique, o Gaspari, o Vladir Pinoti e o Laudelino (o fórfi) entre outros que vieram depois.
Naquela sala de desenho o clima era outro. Fiquei mais calmo, porque o local de trabalho era longe do barulho.
O tempo passou... Fui premiado. O meu desenvolvimento no Setor permitiu que eu ficasse definitivamente trabalhando, no desenho. Quando estava engrenando no trabalho o João Virgínio, o meu anjo da guarda, foi–se embora. Transferiu-se para outra empresa e me deixou sozinho, fazendo desenhos para catálogo.
No ano de 1978, fui convocado para servir o exército em Brasília, no Distrito Federal. Mas Deus foi bom comigo! Diante da quantidade de jovens da minha idade, fui dispensado. Fiquei contente e a Marchesan, também! Tanto é que o José Luiz Marchesan ordenou na minha carteira de trabalho fosse registrado Desenhista de Catálogos. E, ainda, aumentou meu salário. Aquele ano de 1978 foi bom para mim!
Bem, enquanto no trabalho havia os altos e baixos, no dia a dia as coisas aconteciam. Lembro-me de uma passagem em que trabalhando na Marchesan fiz amizade com o Paulo Joanini. A amizade com esta bondosa e competente pessoa, abriu a porta de entrada para um primeiro emprego para o meu irmão Paulo. Ele estava precisando de um ajudante e o contratou. Sendo assim, eu e meu irmão Paulo passamos a dividir a mesma bicicleta para o trabalho.
Assim, chegamos no ano de 1980. Muitas coisas aconteceram! Novas mudanças foram feitas na Marchesan. O setor de Desenho passou a funcionar numa sala anexada à fábrica II. Trabalhei neste local até o início de 1983, quando resolvi deixar a empresa e entrar no Seminário – assunto que será abordado adiante.
O futebol sempre foi o meu forte. Lembro-me que desde pequeno já competia com os demais meninos nos campinhos da colônia. Aos oito anos praticava futebol no campo do Grupo Escolar Dr. Leopoldino Martins Meira de Andrade e, no campo do Toriba Futebol Clube. Nesta época, fiz amizade com os irmãos Cristiano e Marcelo Prado. Eles moravam na fazenda Boa Vista e eu na colônia Toriba. O pai deles, o seo Alaor Prado, ia me buscar de automóvel, na colônia Toriba, para jogar no campo do clube dos ingleses.
Entre os anos de 1973 e 1980, eu tinha um porte físico bastante evoluído para minha idade. Sendo assim, eu me destacava entre os demais garotos. Fiz parte da equipe de adultos do Toriba F.C.; depois passei a defender o time do Mococa e o Matão A.C. - popular time do Elídio Araujo.
Pensei em seguir a carreira como profissional. Arrisquei-me indo fazer teste na Ferroviária, em Araraquara. Desiludi-me ao me deparar com tamanha competição e os muitos obstáculos. Era e ainda é preciso ter quem indica para estar neste meio.
Time do Mococa – 1974 – Da esquerda para direita, em pé: Wilson, Mococa, Chinha, Beicinho, Marcolino, Edson, Boneca e Osvaldo. Agachados na mesma ordem: Adilson Nery, Cristiano, Wilsinho, Gueda, Marcelo e Beição.
Em 1976 fiz parte da equipe da Sociedade Esportiva Matonense - fundada em outubro de 1976. Na foto, estou ao lado do Airton Pinoti, no gramado do Estádio Dr. Hudson Buck Ferreira, pelo Matão AC, em 1978.
Em 1977, ainda era categoria de base, sub-17, joguei uma partida na cidade de Ibitinga, SP. Naquele mesmo ano, participei dos Jogos Regionais realizado na cidade de Fernandópolis, SP, e no ano seguinte na cidade de Batatais, SP.
Em 1980, abandonei o futebol e comecei uma nova modalidade: o atletismo. No mesmo ano participei dos Jogos Regionais nesta. Era fundista. Corria os 5 e os 10 mil metros. Quem treinava o pessoal de Matão eram dois técnicos de Araraquara – o professor Scamila e o Araújo, um policial rodoviário. Foi uma época em que fiz muita amizade, viajei bastante para outros município
Em 1977 concluí o Ensino Fundamental. Fiquei na dúvida se continuaria ou não a estudar. Por insistência de alguns professores fui matriculado no curso Técnico em Mecânica, na Escola Estadual Anna de Oliveira Ferraz, na cidade de Araraquara, SP.
Em 1978 comecei nova romaria: viajar para Araraquara. Não foi nada fácil! Viajava todos os dias para a cidade vizinha, no ônibus da empresa São Manoel - atualmente Danúbio Azul - que fazia a linha Barretos – São Paulo.
Tomava o ônibus às 18 horas no Terminal Rodoviário de Matão. A viagem tinha duração de trinta minutos. Do terminal Rodoviário de Araraquara – antiga Rodoviária – seguia a pé até a Escola, distante a 10 quarteirões. Às 19 horas encontrava-me na sala de aula. As aulas terminavam as 23horas. Percorria novamente os 10 quarteirões sentido terminal para tomar o ônibus que passava por ele, vindo de São Paulo para Barretos às 24 horas e 10 minutos. E, como tudo no Brasil não funciona direito, os ônibus estavam sempre atrasados entre 10 a 15 minutos. Nessas viagens, chegava a Matão por volta de uma hora da manhã. Até chegar a casa, comer algo e o cérebro processar toda agitação do dia, ia dormir por voltas das duas horas da madrugada. Cinco e meia da manhã estava em pé, prontos para sair para o trabalho que começava às 6 horas e 24 minutos. Chegava à quinta feira estava vencido pelo cansaço.
Em maio de 1978, dos oito alunos que haviam sido matriculados no curso técnico da Escola Estadual Anna de Oliveira Ferraz, em Araraquara, estávamos eu e o José Domingos Gaspari – o Zelão.
Como ficava muito cansativo estudar em Araraquara, no final de agosto pedi minha transferência para o Ensino Médio regular, em Matão. Passei então, a estudar novamente na Escola Estadual Henrique Morato, onde conclui o primeiro ano.
Em 1979, iniciei os estudos no 2º ano do Ensino Médio, porém tive que parar por não conseguir acompanhar o ritmo. Decidi que não iria mais estudar. Fiquei aquele resto de ano de 1979 e, o ano seguinte, afastado da escola. Comprei o meu primeiro automóvel - um Passat, cor marrom, ano 75. Com ele, comecei uma nova fase da minha vida: a fase da gandaia. Durante a semana, à noite, reunia-me com um grupo amigos – Tião Mortari, Edmilson Cosci, Claudio Caride - na frente da igreja matriz Bom Jesus. Passávamos horas conversando, organizando passeios para finais de semana.
Porém, um acontecimento na educação me animou e me incentivou a terminar o Ensino Médio. Em 1981, passei a estudar na Escola de Ensino Supletivo de Primeiro e Segundo Grau – atual escola Paula Souza - o primeiro núcleo de educação que surgiu em Matão e era novidade, pois se concluía dois anos em apenas um. Para eu terminar o Ensino Médio numa escola de ensino regular teria de estudar mais dois anos.
Nesta nova escola consegui, com muito sacrifício, concluir o Ensino Médio.
Estava com 21 anos e, ainda, não tinha definido minha profissão!
Eu, aos 21 anos recebendo diploma do Ensino Médio, em Matão.
Eu, com as vestimentas de escoteiro, ao lado dos meus pais Marcílio e Irene, em casa, Matão, 1981
No início de 1980, enquanto trabalhava na Marchesan, conheci o José Luiz Torquato - in Memórian - um araraquarense que trabalhava na Citrosuco, em Matão. Foi ele quem deu início ao projeto Os Escoteiros em Matão. Então, convidou-me para fazer parte daquele projeto. Sendo assim, passei a ser Chefe dos Escoteiros, em Matão. Antes, porém, tive de fazer alguns cursos, como: CAP – Curso de Adestramento Preliminar; e CAB – Curso de Adestramento Básico. Os outros chefes eram: o João Roberto Garbin - Manja Ferro; o Zé Antônio Ribeiro, os irmãos Furini, o Eudes Benassi, o Mário Machado e o Pedro Antônio.
Era a empresa Citrosuco que patrocinava. Muitas crianças da cidade participaram deste grupo, inclusive as meninas - as bandeirantes -, lideradas pelas filhas do Mário Machado e Eudes Benassi.
O grupo era muito ativo. Acampávamos, viajávamos e realizávamos nossos encontros aos sábados nas imediações do ginásio de esportes Décimo Chiozzini, em Matão. Foi neste período que aprendi muitos jogos e canções que, mais tarde, quando passei pelo Seminário Diocesano, auxiliaram-me na catequese.
Os passos na comunidade
Eu, vestido de coroinha, ao lado do Benedito Felipe, vestido de padre, na cerimônia de um casamento de festa junina da comunidade Santa Cruz em Matão.
No início dos anos 80 havia apenas uma paróquia em Matão: a do Bom Jesus. No entorno da cidade havia as capelas com suas comunidades participativas. Nessas comunidades havia os grupos de jovem.
Lembro-me do dia em que o padre Morales, vigário da Paróquia Bom Jesus, convidou-me para ir num passeio com o grupo de Jovens da capela Santa Cruz, na fazenda Tamanduá, município de Matão. Durante o passeio estava programada uma partida de futebol entre as comunidades das três capelas que faziam parte da paróquia do senhor Bom Jesus. Eu não me lembro do motivo, mas faltava um atleta para completar o time de futebol da comunidade Santa Cruz e, na hora em que me ofereci para ocupar a vaga, disseram que eu não era da comunidade. Aquilo me deixou chateado! Foi como se tivessem jogado em mim um balde d’água fria. Eu era meio arredio referente a frequentar igreja e, com aquela resposta, então...
Sabendo que estava faltando um atleta, o padre Morales me viu sentado no barranco e me chamou para jogar. Eu deixei a mágoa de lado e atendi o seu pedido.
Meses depois, num sábado à tarde, eu estava descendo a Avenida Sinharinha Frota, com minhas chuteiras nas mãos, para ir ao treino no time do Matão Atlético Clube - time do Lídio. Ao passar próximo do lugar onde a comunidade Santa Cruz iria construir o barracão e que posteriormente viria ser a Igreja Santa Cruz, avistei somente três pessoas, daquele enorme grupo de jovens, descarregando um caminhão de tijolos. Um deles me chamou para dar ajudar. Sabe qual foi a minha reação! Naquele sábado deixei de ir treinar...
E foi desta maneira que comecei a dar os primeiros passos dentro da Comunidade Santa Cruz. Tinha eu 21 anos.
Eu entre os jovens da comunidade Santa Cruz na fazenda Bento Carlo.
O tempo foi me mostrando um caminho...
Engajei-me na comunidade e dei o meu melhor por ela. Eu era muito ativo. Fui catequista; auxiliava o padre José Luiz Ferrari – primeiro pároco da paróquia Santa Cruz - colocando meus dons artísticos nos preparativos de presentes - pirografava quadro em madeira reciclável - para dar às crianças que participavam das missas; montava presépio em tempo de natal; tocava e cantava no coral da igreja... Uma das atividades mais importantes feitas por mim foi à maquete da nova igreja Santa Cruz que seria construída, pois era uma questão de tempo à capela se tornar paróquia. Dediquei uma semana das minhas férias para montar uma réplica da nova matriz.
Em 1984, aos 24 anos, após sete anos de trabalho duro na Marchesan, deixei a sala de desenho para frequentar, novamente, a sala de aula no seminário diocesano em São Carlos.
Da esquerda para a direita de cima para baixo: Padre Tozi, Padre Sérgio da Rocha, Cerqueira, Edmilson, Luiz Antônio Borin,Wagner, Mauro, Pedro, Mário Lúcio Marchioni, Luiz Gonzaga Féchio e Carlos Mapeli.
Na segunda turma, na mesma ordem: Padre Kil, Eduardo Malaspina, Paulo Fernando Dea, José Carlos Frederiche, Delvanir Lopes, Paulo Cesar, Valmir e Nicolau.
Turma da frente, na mesma ordem: Barbosa, Maurício, Padre Arlindo, Mário Donizete, Valdir do Carmo André, José Carlos Marcolino da Silva, Francisco e Luiz Antônio Balista.
Dia da comunidade na cidade de Itapuí – SP - 1985
Voltei a estudar após três anos. Eu havia decidido não estudar mais! Fazer um curso de Filosofia – primeiros passos para quem deseja seguir o sacerdócio - foi uma loucura. Minha ida repentina para o seminário deixou parte dos membros da comunidade Santa Cruz, com a pulga atrás da orelha. Houve questionamento: o Marcolino tem ou não vocação para ser padre?
Foi difícil de me acostumar ao estilo de vida e às regras do regime interno do Seminário. Tinha hora para tudo: estudar, fazer as refeições, descansar, praticar esportes, dormir, rezar... Para se ter um ideia da minha referente a minha vocação: eu não sabia rezar o terço. Sofria para acompanhar o ritmo de estudos dos demais seminaristas que haviam concluído o colegial no próprio Seminário.
Graças à paciência dos professores, principalmente do padre Francisco Buck Ferreira - alma simpática que ensinava Latim -, e do padre Leandro - persona inteligente que ensinava Filosofia Antiga -, consegui uma pequena evolução.
Além dos estudos oferecidos, os seminaristas tinham que fazer experiências fora do Seminário, em meio às comunidades. Sendo assim, aos finais de semana, os seminaristas seguiam para as paróquias de São Carlos. Eu e o seminarista Nieto íamos à igreja Madre Cabrini, no bairro Cruzeiro do Sul, com o padre José Luís Ferreira. Aquela parceria deu certo. O padre era jovem e gostava de praticar esportes. Desta forma, além de aprender as coisas daquela comunidade, arrumei um companheiro para me acompanhar nas corridas que fazia aos sábados, pela manhã. Os dias que eu mais gostava eram terças e quintas-feiras à tarde. Jogavamos futebol no campo do Seminário.
Assim, passei dois anos no Seminário. Fiz experiências em duas igrejas com realidades diferentes. Madre Cabrini e São Domingos Sávio, bairro Azulville distante 5 km do Seminário. O padre, ao contrário do primeiro, era idoso. Na nova paróquia, eu era o responsável por fazer as celebrações aos sábados à tarde e aos domingos pela manhã, com as crianças. O padre celebrava a missa aos domingos à noite.
Durante as férias de julho geralmente havia as missões nas cidades da Diocese de São Carlos: Bariri, Santa Lúcia, Rincão, Itapuí, Itaju... Participei de várias.
No final do segundo ano do curso de Filosofia fui convidado pelo Padre Tozzi – era o reitor do Seminário - a deixar o sacerdócio por causa de um romance... Voltei para Matão.
Em Matão tive que arrumar um novo emprego, pois na Marchesan não havia vagas. Mas não tive problemas para arrumar outro. Em abril de 1986 comecei a trabalhar na sala de desenhos da Baldan Implementos Agrícola.
Pessoal do desenho da Baldan, da esquerda para direita: Marcos Zuim, Marcos, Barba, Antônio Carlos Mariano e eu.
No novo emprego, fiz novas amizades e comecei a escrever o meu nome dentro daquela empresa, bom hábito que causou ciumeira no chefe.
Neste período eu continuei sendo catequista na comunidade Santa Cruz.
Na empresa Baldan prestei meus serviços até o final de 1988, quando fui dispensado. Fiquei revoltado! Não sabia o motivo!
Desempregado, aproveitei o momento e fui visitar o Paraguai na companhia dos irmãos Edmilson e Vanderelei Cosci. Até então nunca tinha viajado para tão longe! Viajamos de Matão até Foz do Iguaçu de carro e fizemos o mesmo trajeto de volta num ônibus. Gostei de ter conhecido outro país. Conheci uma parte do Estado do Paraná e um cantinho do Paraguai e Argentina.
Ironia do destino ou não! No começo de 1989, encontrei-me por acaso com o padre Sérgio da Rocha em Matão. Ele havia sido nomeado o novo reitor do Seminário Diocesano de São Carlos. Em conversa com ele, fui convidado a voltar para fazer parte da equipe de seminaristas.
Seminário Diocesano – São Carlos - 1989
Aparecido Petrucci, Lindomar, Padre Sérgio, Adão, Wladimir Fregolete e eu
Pela segunda vez, um pouco mais maduro, encontrei-me no Seminário cursando a Filosofia.
Naquele ano fiz pastoral na cidade de Santa Eudóxia, distrito de São Carlos, distante a 30 km. O trajeto até o distrito era feito de ônibus. Almoçava na casa da Odete, uma bondosa senhora que me recebeu, literalmente, de braços abertos.
Na comunidade fazia as celebrações, reuniões com jovens... Aos domingos, à tarde, eu jogava vôlei com os jovens na Praça. A missa do domingo era o padre quem celebrava. Tornei-me conhecido e querido naquele meio.
Foi ali que fiquei sabendo pela Odete que uma garota gostava de mim. E sua simpatia por mim, tornou-se conhecida naquele pequeno núcleo urbano, gerando conflito com um jovem que gostava dela. Nas férias, portanto, eu pedi para fazer estágio numa outra paróquia, para evitar problemas. Dizem que cachorro picado por cobra tem medo até de linguiça e é verdade mesmo. Eu não quis cair no mesmo erro do ano de 1985.
No segundo semestre passei a fazer estágio na paróquia Nossa Senhora Aparecida, no bairro Alto, em Matão, com o padre José Luis Beltrame.
Na paróquia eu era encarregado de cuidar dos coroinhas; fazer as reuniões com o grupo de jovens; participar das missas das crianças e fazer a celebração na usina Santa Luiza... Era muito trabalho.
Apesar de minha família morar em Matão, eu dormia na casa paroquial. Foi assim que tive o prazer de conhecer o metalúrgico e líder sindical Luiz Inácio Lula da Silva, presidente do Brasil.
Ao cair à tarde de domingo eu voltava para São Carlos. Com tanta coisa para fazer não dava tempo de pensar besteiras.
Eu, de batina preta, no Seminário Diocesano – São Carlos – 1989.
No final de 1989 participei da missa de formatura do curso de Filosofia, na igreja São Benedito, em São Carlos. Eu não gostava de cerimônias então, não avisei ninguém sobre o evento. Nem meus pais! O único que sabia era padre José Luiz Ferrari. Não me recordo se ele anunciou nas missas. Naquele domingo à tarde não apareceu ninguém da comunidade Santa Cruz.
Em 1990, fui cursar Teologia na PUC – Pontífica Universidade Católica - em Campinas. E a casa da Rua Emerson José Moreira, 1530, Chácaras Primavera – foto - passou a ser o meu novo endereço.
Os estudos teológicos abriram a minha mente. Eu havia amadurecido o suficiente para entender que o relacionamento afetivo com as garotas poderia ser canalizado através do trabalho com as comunidades.
Quem diria! O Marcolino, o caipira da colônia Toriba, garoto que ninguém dava tostão, fez histórias na universidade. Deus existe, sabia!
Durante os anos em que fiquei no Seminário, eu fui ministro do Transporte – era responsável pelo transporte dos seminaristas e das compras da Casa - e da Cultura – responsável pela biblioteca. Aprendi muito nestes três anos em que fiquei em Campinas.
Fiz estágios pastorais nas paróquias: São Sebastião, na vila Xavier, em Araraquara; e paróquia São Sebastião, na cidade de Boa Esperança do Sul.
É interessante frisar que nos três anos de pastoral São Sebastião foi o meu guia espiritual.
O trajeto entre Campinas - Araraquara e vice-versa era feito de ônibus. Conheci muitas pessoas durante este tempo. Viajei bastante, comi boa comida, li bons livros, adquiri bons hábitos e aprendi a conviver com pouca coisa. Minha casa se resumia apenas numa bolsa. Nela, eu carregava uma calça e uma camiseta. Possuía somente um par de sapatos. Sempre que precisei das coisas, havia uma mão amiga que se estendia. Certa vez ganhei um par de sapatos de dona Juventina, em Trabiju. Fiquei felicíssimo, pois jamais imaginei que um estranho fosse me dar um presente sem que eu pedisse. E olha que eu tinha dois parentes, donos de loja de calçados, em Matão.
Preocupava-me com minha família, pois havia deixado de ser aquela escora que ajudava no orçamento da casa. Mas, ao mesmo tempo, confortava-me em lembrar que meus irmãos, o Paulo e a Elaine, estavam lá para me substituir.
Muitas coisas boas aconteceram. Meu irmão Paulo se casou com a Regina Cologni, filha de uma apostólica família paranaense; meu pai deixou de beber e fumar assumindo com garra a Associação Anti Alcoólica; e minha mãe assumiu a comunidade, tornando-se ministra de Eucaristia.
Não fui padre, mas abri algumas portas para que eles tivessem acesso a Deus.
Eu, de camiseta vermelha ao fundo, com os demais seminaristas do curso de Teologia – capela da Casa – Campinas – 1991.
Eu, aos meus 35 anos
No seminário também se vive com os conflitos existenciais e ideológicos. Seria muita ingenuidade dizer que não tem discussão ou divergências num local onde há mais de uma pessoa. No tempo em que por lá passei, presenciei muitas discussões. Mas Deus estava sempre presente para nos amadurecer. Entendi que Deus não só se manifestava por meio das coisas boas e sim, nos momentos dos conflitos que serviram para nosso amadurecimento. Afinal, somos humanos e cheios de defeitos, para isso tentamos nos aproximar do Perfeito.
No final de 1992, deixei o seminário pela segunda vez. Desta vez, foi por conta própria. E dava para contar nos dedos o número de pessoas que me perguntaram por que deixei o seminário.
Sinceramente, não fui capaz de responder a esta tão simples pergunta. Talvez por causa dos conflitos ideológicos que os próprios cursos de Filosofia e Teologia despertaram em mim. Passei a enxergar a clientela da igreja católica muito conservadora.
De que me adiantou tanto estudo? Depois que sai do Seminário não consegui arrumar emprego. Enquanto isso não acontecia, passei a trabalhar como ajudante do Orlando Matos - letrista - do seu filho Daniel. Fizemos alguns trabalhos na empresa Marchesan.
Em meados de abril de 1993, uma boa nova me aconteceu. A diretora da Escola Estadual Padre Nelson, sabendo por meio de uma amiga – a Regina Bovo -, que eu estava desempregado, procurou-me e me convidou para dar aulas na sua escola. Na época, havia falta de professores... E foi assim que começou a minha trajetória com a Educação. Lecionei Ciências, História, Geografia, Educação Artística e Matemática. Passei por várias escolas de Matão. Não faltava às aulas, procurava estar sempre presente participando na vida da escola, retribuindo a confiança e a amizade depositadas em mim. Sempre achei que, uma das formas de mudar o mundo, era levar conhecimento e educação às pessoas.
Eu, aos meus 40 anos.
Aos poucos fui ganhando a simpatia dos diretores, dos professores e dos alunos. Chegou uma época em que me tornei muito conhecido na cidade como professor Marcolino.
Foram nestas Unidades Escolares que eu aprendi muitas coisas. Para ministrar aulas eu tive que ralar. Estudava o conteúdo e o preparava. Descobri, então, que era um AUTODIDATA.
É verdade! A maior parte do que sei, hoje, aprendi sozinho, através dos livros.
Infelizmente, com a reorganização feita pela Secretaria da Educação do Estado de São Paulo as coisas mudaram e muitos professores ficaram sem aula. É claro que eu também fiquei!
Ao mesmo tempo em que trabalhava nas Unidades Escolares de Matão, fazia outros cursos. Um deles foi o de Histórias em Quadrinhos. Em 1995 aprendi a fazer quadrinhos com o professor Mário Latino, numa oficina de história em quadrinhos, parceria entre prefeitura de Matão e secretaria da cultura de São Carlos.
Após o curso entre os anos de 1994 até 1998, fiz algumas cartilhas, no formato HQ para conscientização da população de Matão, informando o uso correto da água; a reciclagem do lixo e o combate a dengue. Para os funcionários da empresa Marchesan foram feitas as cartilhas abordando o uso correto do restaurante, o Tatu ISO, os Cinco Sensos, o uso correto do cartão de ponto eletrônico, o trânsito de bicicletas na entrada e saída da empresa e a reciclagem de lixo. Todos estes trabalhos estão guardados em portfólio.
Em 1995, pesquisando a história de Matão, surgiu a ideia da criação de uma revista no formato HQ da história de Matão, da qual foram impressos mil livros, pagos pela prefeitura. Entre outros trabalhos que fiz sobre o meu município estão inclusos uma revista pedagógica; um documentário de 30 minutos, gravado em fita de vídeo; uma cartilha para um deputado Estadual, sobre Lei nº 8842, que retratava os direitos dos idosos. Ao mesmo tempo em que desenvolvia as cartilhas, escrevia matérias para o jornal do Comércio, que era lido por muitas pessoas. Falava sobre as famílias fundadoras do município. Foi aí que aprendi mais sobre Matão. Reforcei minha amizade com Júlio César Ribeiro, que na época era o repórter do jornal e pelo Ademir Coelho o dono do mesmo. Recebia muitos elogios e críticas!
Além de professor, escritor e desenhista, dispus-me assumir o lugar do historiador Azor. Isso só aconteceu na minha cabeça, pois as autoridades matonenses não tomaram conhecimento! História? Para quê?
Naquele mesmo ano passei a pesquisar e a escrever sobre a evolução do futebol em Matão. A matéria foi publicada durante três meses, com o patrocínio da Fischer. Por conta desta matéria, as vendas do Jornal aumentaram.
Apesar de todas estas ocupações, eu me encontrava meio perdido no tempo e no espaço. Assim, por volta de 1996, um amigo me procurou e me ofereceu um trabalho. Para isso foi necessário fazer um curso de informática, denominado CAD. O objetivo desta aprendizagem era para regularização de IPTU.
Evolui em poucos meses. Comprei um computador Pentium 100, um dos mais sofisticados para época, e comecei a fazer os desenhos nos horários de folga. Ao mesmo tempo, lecionava nas escolas de Matão. Numa delas, eu conheci a professora Verônica Petenatti e nos tornamos namorados. Quatro anos depois nos casamos.
Nos anos 80, passou a morar no município de Dobrada, SP, na chácara que era do Galego - era parte de uma grande fazenda de café Nossa Senhora Aparecida, que pertencia à família Fedozzi.
Verônica prestou serviços na usina açucareira Corona. Ao mesmo tempo em que trabalhava, cursava a faculdade de Letras, na São Luiz, em Jaboticabal, SP. Após três anos de sacrifício, deixou a usina e foi trabalhar para o governo estadual. E foi assim que nos conhecemos.
Moramos por dez anos na chácara Nossa Senhora Aparecida. Ela possuía 54 mil metros quadrados. Havia muitos espaços que não estavam sendo utilizados para o plantio. Com a permissão do seo João passei a cultivar uvas numa pequena área, próxima a casa.
Ao mesmo tempo em que preparava o terreno e me programava para buscar as mudas de uva, dava aulas em Matão. Porém como professor as coisas não estavam indo bem devido à reorganização feita pela secretaria estadual da educação.
No final daquele ano de 1998, com o incentivo da minha esposa Verônica, resolvi prestar vestibular na faculdade SÃO LUIS, em Jaboticabal. Três anos depois, formei-me em Ciências com habilitação em Matemática.
Eu, aos 41 anos, no dia da formatura na São Luiz – Jaboticabal - 2001
Eu, em meio à parreira de uva, em Dobrada, com minha filha Lídia Carolina e meu sobrinho Carlos Henrique.
O terreno – com área de 600 m² - para o plantio da uva estava preparado. Em 1998 fui à Marinópolis, SP, buscar as mudas com o Hideo Sato, um dos maiores produtores de uva daquela região.
Ele me presenteou com 100 mudas cavalos e me ensinou que as deveria primeiro plantar, esperar e, depois, fazer as enxertias, processo que demoraria aproximadamente dois anos. Era o início de uma nova experiência.
Conforme o combinado, eu voltei a Marinópolis para buscar as mudas- cavaleiros da uva qualidade Red Meire.
Dois anos após a enxertia, obtive a primeira produção de uva. Consegui tirar 200 quilos. Fiquei contente ao ver o resultado do penoso trabalho de quatro anos. A partir de então era só a manutenção e duas produção por ano.
Com o tempo, fui me aperfeiçoando. Investi em cobertura da parreira com sombrite, melhorei o sistema de irrigação e aprendi novas técnicas no manejo de adubação da terra. Recebi visitas de engenheiros agrônomos e de pessoas interessadas em fazer o plantio. Minha plantação de uva ganhou ibope na TVM – Televisão de Matão. Uma reportagem foi feita sobre a minha nova aquisição.
Ao mesmo tempo em que cuidava da uva e dava aulas, ouvia as propagandas das eleições que estavam por acontecer naquele ano de 2000. O município de Dobrada precisava de um prefeito dinâmico para tentar melhorar as condições de vida da população. E foi o que aconteceu. Em 2001, o jovem agrônomo Carlos Augusto Bellintani – Tinho - assumiu a prefeitura e eu fui trabalhar com ele. E foi assim que iniciei minha vida na politica. O novo trabalho me ocupou bastante. Assim, os cuidados com a plantação de uva ficaram para depois do expediente, sábados e domingo. Sem contar que de vez em quando eu dava falta de alguns cachos retirados por desocupados. Com o tempo, a demanda de trabalho na prefeitura foi pesando. Em 2005 desisti da ideia de cultivar a uva e, então, sem pestanejar resolvi arrancar os pés... Ficaram apenas as lembranças de uma experiência que durou pouco mais de cinco anos.
Eu, aos 45 anos, no gabinete do prefeito de Dobrada, ao lado do arquivo histórico.
Sem muita experiência na política, assumi o cargo de chefe de gabinete, em abril, de 2001. Em 2004 passei a ser o diretor de Educação, Cultura, Esportes e Lazer.
No meu novo trabalho passei a ser uma espécie de funcionário mil e uma utilidade. Fazia de tudo: desde tirar xerox até representar o prefeito em festa de gala. Fui a Brasília várias vezes protocolar documentos importantes.
Com os conhecimentos adquiridos na prefeitura, passei a escrever matérias sobre os atos do prefeito. Depois eram publicadas nos jornais da região. Fotografava as obras executadas, as cerimônias realizadas pelo prefeito e as atividades dos departamentos da prefeitura. Montei um pequeno arquivo histórico com textos e fotos para prestação de contas à posteridade.
Entre as atividades da prefeitura e o tempo que me sobrava, dedicava em fazer o levantamento histórico do município; montava cartilhas, no formato HQ para conscientização da população sobre o uso do shampoo fitoterápico no combate aos piolhos e combate a dengue.
Eu, aos 46 anos, na Casa das Rosas em São Paulo, recebendo o prêmio pelo meu trabalho premiado.
Em 2004 ainda não havia uma biblioteca no município de Dobrada. Sendo assim, prefeito buscou uma parceria com a Secretaria de Cultura do Estado e conseguiu montar uma, de pequeno porte. Foi uma novidade para o município, pois juntamente com a biblioteca abriu-se uma vaga de emprego para uma bibliotecária. Depois, foi implantado no mesmo espaço um telecentro – local onde as crianças e a juventude pudessem navegar no mundo virtual ampliando, assim, o conhecimento.
A partir do momento em que foi instalada a biblioteca, a Secretaria de Cultura do Estado abriu um concurso literário onde os participantes pudessem contar a história do seu bairro e ou do seu município. Eu participei deste concurso e o meu texto ficou classificado entre os 10 melhores. Fui a São Paulo receber o prêmio.
Além deste concurso também participei de outros, promovidos pela mesma Secretaria em que meus trabalhos foram premiados.
Ao lado do Tinho – prefeito de Dobrada e do Vladimir - representante da empresa Confecções Elite de Matão - recebendo o prêmio prefeito empreendedor em São Paulo
Além destas as atividades me sobrava tempo para articular projetos, resultado de parcerias entre a prefeitura, a empresa privada e os empregados. Dois destes projetos foram inscritos no programa Prefeito Empreendedor, idealizado pelo governo estadual, que rendeu ao município, dois prêmios: um que contemplou a parceria com a empresa Confecções Elite, o SENAI e a prefeitura gerando emprego e renda para centenas de dobradenses na área da costura. O outro contemplou a parceria entre a empresa Metalúrgica Dobradense e a prefeitura em que abriu oportunidade para centenas de dobradenses na área da solda.
Trilhei o caminho da política na prefeitura de Dobrada por longos sete anos. Tive sucessos em algumas coisas e fui mal interpretado e criticado em outras. Mas sempre encarei este trabalho com seriedade...
Em 2008, precisei deixar a prefeitura e a cidade de Dobrada para morar em Embu Guaçu, na Grande São Paulo. Minha esposa Verônica precisou assumir sua cadeira efetiva no magistério numa Unidade Escolar na cidade de Itapecerica da Serra. Iniciava-se uma nova etapa em nossas vidas...As duas cidades são vizinhas e a escola ficava mais próxima de Embu Guaçu.
Num dos momentos de descontração na cidade de Embu Guaçu - 2008
Nossa experiência com a cidade de Embu Guaçu começou numa tarde quente e chuvosa do dia 12 de fevereiro de 2008, quando paramos o caminhão da mudança na frente da casa: Rua Clotilde Louro, 590, centro.
Até aquele momento ainda estávamos dopados pelas emoções das despedidas em Dobrada e, ao mesmo tempo, ansiosos por descobrir o que viria pela frente.
Naquela noite, dormimos num colchão posto ao chão. O cansaço era tal que não tivemos dificuldades em pegar no sono. No dia seguinte, um sábado ensolarado de verão, recebemos a visita do pessoal da SABESP, concessionária que faz a gestão da água naquela cidade. Eles nos informaram que cortariam nossa água porque o inquilino anterior fez a religação clandestinamente. Ficamos sem água naquele final de semana. A mesma foi ligada na segunda.
O tempo passou... Aculturamo-nos àquele estilo de vida. Passei a conhecer melhor o município pesquisando sua história, fazendo novas amizades com pessoas influentes, inclusive com um candidato as eleições que aconteceriam em outubro daquele ano. Fizemos campanha e ele venceu e se tornou o novo prefeito de Embu Guaçu.
Às vezes me sentava num barzinho para tomar uma cerveja e, naquele solitário local, ao som de músicas ambientes, eu colocava no papel, em forma de poesia, os meus sentimentos. Sentia saudades da família, dos amigos e daquela vida tranquila que levava em Dobrada.
A Verônica ia para a escola e eu ficava em casa, tomando conta do Alexandre que tinha dois anos de idade. Naquele endereço, permanecemos durante seis meses. A cada dois meses vínhamos para Dobrada visitar nossa família. Era uma viagem e tanto!
Nos outros seis meses de 2008, mudamo-nos de endereço. Fomos morar perto da Unidade Escolar em que a Verônica havia se efetivado - Rua Maringá, Parque Jandaia, Itapecerica da Serra, Grande São Paulo. A nova moradia ficava distante da moradia anterior 11 km. Mas ficavam apenas 300 metros da Unidade Escolar. O trajeto era feito a pé.
Minha cara de felicidade ao conseguir um espaço para trabalho remunerado, na Unidade Escolar, em Itapecerica da Serra - 2008.
Em agosto de 2008, tive a felicidade de recomeçar. Passei a dar aulas na mesma Unidade Escolar para onde a Verônica havia se efetivado. Matriculamos o Alexandre numa escola Infantil próximo de casa lá fui eu. Fiz grande amizade com o diretor Rui Olberg – in-memorian -, com os alunos e com a maioria dos professores.
Uma boa notícia aconteceu no final do ano: haveria remoção. A Verônica, com intuito de voltar para o interior, fez indicação para centenas de escolas no entorno de Matão e Araraquara. Seu desejo era ficar mais perto da família por conta da mãe, que sentiu com nossa saída da chácara, e do pai que se encontrava com problemas de saúde - princípio do Alzeimer.
Ela foi contemplada. Recebeu a feliz notícia de que seria removida para uma Unidade Escolar, na cidade de São Carlos... E, com esta boa notícia, terminava nossa história em Itapecerica da Serra.
Nas férias de janeiro de 2009 tivemos que correr atrás de lugar para morar na cidade de São Carlos. E com sorte encontramos um canto legal: Rua José Benetti, 292, vila Prado, São Carlos, próximo ao Seminário Diocesano. Neste endereço mesmo ficamos por quatro felizes anos.
Em casa, São Carlos, completando 51 anos de idade.
Em fevereiro de 2009 nos mudamos. A felicidade tomou conta de nosso ser. Estávamos numa cidade que eu já conhecia e bem próximo de nossa família, cuja duração da viagem era de pouco mais de uma hora.
Começamos uma nova etapa de nossa vida. Conhecemos os vizinhos dos quais ficamos muito íntimos. Aos poucos, modelamo-nos à vida da cidade que exalava cultura.
Em março de 2009, comecei a lecionar. Passei por várias escolas: EE Professor Orlando Peres; EE Aracy Pereira Lopes; e EE Professor João Jorge Marmorato, todas instaladas em bairros periféricos. Devo lembrar que duas delas estão instaladas nas comunidades por onde passei quando frequentei o Seminário.
Em abril de 2010, fui convidado para ocupar um cargo na prefeitura de Dobrada. Viajava duas vezes por semana e ficava hospedado na casa de minha sogra, na chácara. Assim, fiz esta vida até abril de 2011.
Enquanto ficava na rodoviária e dentro dos ônibus, eu lia. Li vários livros o que me ajudaram a desenvolver minhas habilidades para a escrita.
Ao mesmo tempo em que era diretor da Creche, desenvolvia várias atividades que renderam ao prefeito a reeleição. Eu escrevia matérias para jornal e montava as atividades festivas. Nesta época, tive a oportunidade de conhecer pessoalmente o escritor Ignácio de Loyola Brandão, que foi á Dobrada fazer uma palestra.
Ocupei o cargo em Dobrada durante um ano. Fui aplaudido e odiado ao mesmo tempo.
Eu, aos 53 anos, exibindo minhas revistas no formato HQ.
Em abril de 2011, fui convidado para preencher uma vaga na Coordenadoria do Orçamento Participativo – OP - na prefeitura de São Carlos. Não pensei duas vezes em aceitar este desafio, pois além de ser mais bem remunerado, ficaria próximo de minha família.
Neste novo desafio permaneci por dois anos. Conheci melhor a cidade. Era o motorista do automóvel que transportava os demais membros do OP. Conquistei meu espaço. Tornei me conhecido em muitos setores da prefeitura que tinha em seu quadro de funcionários sete mil colaboradores.
Durante os quatro anos em que morei em São Carlos, consegui publicar três revistas no formato HQ: a Guerra de Canudo - baseado no livro Os Sertões, do escritor Euclides da Cunha - em parceria com a Fundação Pró-Memória; a história dos 50 anos do Bonde em São Carlos; e a história do Zuza - um jogador de futebol são-carlense que passou por vários clubes de nomes, como Corinthians, Palmeiras e Guarani de Campinas – ambas baseadas nos textos do historiador Marco Antônio Leite Brandão - popular Marco Bala.
As HQs me renderam entrevistas nas mídias locais: EPTV, revista Kappa e programas de rádio. Passei a ser uma celebridade de pequeno porte na cidade e região!
No ano de 2012 correu a notícia nos corredores da escola de que haveria a remoção de professores novamente. No intuito de vir morar mais próximo da família, a Verônica se inscreveu. E foi assim que em 19 de fevereiro de 2013 viemos morar na Avenida José Nogueira Neves, 361, na vila Melhado, aqui em Araraquara. Estamos próximos do centro. Os vizinhos são legais.
Enquanto não encontrava meu espaço de trabalho na nova cidade, dedicava-me ao trabalho da pesquisa para um novo projeto: montar uma revista, no formato HQ, contando a história de Araraquara, visando a Copa do Mundo de 2014 que aconteceria aqui no Brasil. Araraquara seria uma cidade em que um dos times – França - viria treinar na Arena da Fonte. A delegação da França optou por ficar em Ribeirão Preto. Mesmo assim, em 2017, lancei a revista na FACIRA.
Tive meus momentos de fama diante das câmeras da EPTV que fez uma matéria que foi ao ar duas vezes em agosto de 2017, mês do aniversário de Araraquara.
Eu, durante o lançamento da revista no formato HQ, na FACIRA, em Araraquara - 2017
Eu, aos 62 anos, numa festa de casamento.
No bairro onde eu moro, em 2013 foi criada a paróquia São Pedro e Santa Luzia. Assim, em 2014, voltei a ensinar religião às crianças e adolescentes. E o fiz com muita seriedade durante quatro anos, até o dia em que o padre embaçou comigo sobre ideologia. Resolvi me afastar da igreja, novamente.
A partir do momento em que finquei os pés na Morada do Sol, passei a buscar trabalho. Lecionei Matemática em várias escolas de Araraquara entre os anos 2014 a 2022. Foi um período muito bom. A partir de então, optei por fazer jus à aposentadoria. Por outro lado, a doença da minha esposa Verônica foi um marco em nossa história. Agora, mais do que nunca, tenho que tomar conta dela e acompanha-la em seu árduo tratamento ...
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