Eu acordei em uma cama grande e bem arrumada num espaço limpo, grande e visivelmente caro. Não havia portas e uma janela de vidro cobria toda a extensão de uma das paredes. Havia uma escada na frente do cômodo a qual eu podia ir para um outro andar da instalação com várias estantes de livros. Havia só a cama e alguma decoração (papeis antigos e estátuas de parede) no andar de cima. Ao apreciar as estátuas e perguntar para um passante desconhecido (todos eram desconhecidos) sobre o que seria aquele lugar, este me informa que a cama havia pertencido a Dom Quixote e que eu estava viajando e não podia sair às ruas, devia ficar ali dentro e tudo o que eu precisava estava ali. Ao olhar para a janela, me deparo com um castelo (o qual já sonhei outra vez num sonho onde eu caminhava até ele) e senti tranquilidade pois a vista era bonita.
Que associações você faz entre seu sonho e o momento de pandemia?
Eu curso letras-espanhol e já publiquei artigos sobre Dom Quixote. A leitura é algo que me acalma também e viajar também. O fato de eu estar no exterior, distante de todo o contexto brasileiro atual, também poderia contribuir para a sensação de alívio do final. O fato de acordar ali do nada também pode ser uma projeção do imprevisto com o qual nos deparamos. Nos sonhos anteriores que tive com o Quixote (poucos e todos agradáveis) estava em ambiente aberto com personagens da obra aparecendo. A distância dele de mim, creio, é paralela à distância de meus amigos e demais pessoas e hábitos que gosto e convivo. O fato de eu estar entre desconhecidos e aliviado ainda assim talvez seja referente ao fato de que eu tenho mais medo de passar a doença do que a contrair (porém também pode condizer ao fato de que boa parte dos meus familiares, com os quais não moro e estou passando a quarentena, creem que a vida deve voltar ao normal e saem de casa normalmente).