Quatro corpos flutuam horizontalmente na rua, como numa pintura de Magritte. Eu estou passeando minha pequena cadela, que insiste em latir para eles. Um dos corpos tem os braços caidos pelo proprio peso, como se a anti-gravidade nao tivesse conseguido chegar nessa extremidade. Minha cachorra ė uma salsicha preta. O braço caido daquele corpo chega quase no nivel da calçada e a cachorra lambe por entre os dedos. Estão eu me dou conta que há pequenas bolinhas nessas mãos e que agora é tarde. Puxo com força pela guia e tento correr em direção da minha casa. Aos poucos a cachorra desgruda as patas do chão e começa a flutuar. Fico eu caminhando com ela suspensa como se fosse um balão. Tenho muito medo de soltar a guia acidentalmente e dela sair voando para longe.
Que associações você faz entre seu sonho e o momento de pandemia?
As pessoas flutuando parecem catatônicas, talvez em coma. Na rua, onde mora o perigo de contágio. Eu fico muito aflita de ter que descer 2 vezes por dia na rua, pois minha cadela não faz xixi e cocô no apartamento. A mão está cheia de bolinhas e minha cachorra é infectada. Tenho medo da perda.