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Personagem: Ezequiel João
Por: Museu da Pessoa, 19 de julho de 2021

Ando com Nhanderú do céu

Esta história contém:

Ando com Nhanderú do céu

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Eu vou deixar uma história que vivi. Eu fui ameaçado e perseguido por fazendeiros e pistoleiros, mas aí eu nunca ando sozinho, eu sempre ando com Nhanderú do céu, ando com meus companheiros de lá, Nhanderú Guasu. A primeira ameaça que recebi eu estava indo para a cidade de bicicleta numa estrada, eu estava voltando para casa e vi que vinha um sujeito me perseguindo atrás. Na minha sabedoria eu fui conversar com o pai do céu. Ele me disse assim:” Que o caminho da minha sabedoria é minha experiência e inteligência”. Parece que naquele momento tudo se transformou para eu escapar, o que o sujeito me disse? Perguntou de onde eu era e falei para ele que vim de outra aldeia, vim fazer uma visita para meu parente uma pessoa da família. Ele ainda quis saber quem era o líder ou cacique da região ali, falei para ele que era de outro estado. Ele era um pistoleiro moreno, cabeludo, e eu nunca tinha o visto ali na região.

E naquele momento eu estava com o meu celular na mão e preparei para ligar para minha menina e dizer, “poxa estou perdido agora, e eu não chego em casa”. Eu disse pra mim mesmo, “Deus me proteja nesse momento, mas se querer está tudo bem, se não quiser está tudo bem também”. Ele me perguntou para onde eu iria, e disse que estava indo para a fazenda onde eu trabalhava e que era um pouco mais distante. Quando eu fui me aproximando para uma estrada vi uma vila entrei. Ele entrou comigo mas se perdeu naquela vila, os meus companheiros e minha família foram ao meu encontro, mas eu recuei para o outro lado e dei de cara. Ele abriu bolsa e vi as armas de fogo, munição também, calibres e mais calibres cheio de munição. Ele me encarou e eu pensei que era o meu último momento.

Eu fiquei tranquilo naquele momento e parece que a minha alma e minha vida haviam saído do corpo. Eu não estava sentindo nada. Mas ele fechou a mochila na minha frente porque viu que tinha produtores ali perto, na soja, isso foi...

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Despejo do fazendeiro

Dados da imagem Quando fazendeiro veio nos despejar, eles pra terem coragem, veio bebida e fuma aquele maldito cigarro, eles não conseguiram nós matar, a nossa luta vai continuar, nós não vamos desistir.

Período:
Ano 25

Imagem de:
Ezequiel João

História:
Ando com Nhanderú do céu

Crédito:
Acervo Pessoal

Tipo:
Fotografia

Palavras-chave:
fazendeiro, cigarro, bebida alcólica, luta indígena, despejo

Quando fazendeiro veio nos despejar, eles pra terem coragem, veio bebida e fuma aquele maldito cigarro, eles não conseguiram nós matar, a nossa luta vai continuar, nós não vamos desistir.

Dados de acervo

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Indígenas pela Terra e pela Vida

Entrevista de Ezequiel João

Entrevista número ARMIND_HV008

Entrevistado por Jonas Samaúma e Idjahure Kadiwel

Entrevista concedida via Zoom, em 19/07/2021

Realização: Museu da Pessoa

Transcrição por Lidiane Ramos

0:11

P/1 - Então Ezequiel bem vindo, eu queria começar te perguntando seu nome, falar seu nome completo em português e Guarani, e falando o lugar que você nasceu e o ano.

R - É boa tarde novamente, eu me chamo Ezequiel, Ezequiel João, eu nasci em dez do quatro de mil novecentos e setenta e dois. Eu nasci na Aldeia Panambi Lagoa rica mesmo, nessa área mesmo que nós estamos ai, no município de Douradina estado de Mato Grosso do Sul.

1:15

P/1 - Ezequiel deixa eu te perguntar uma coisa assim bem pessoal, qual é a primeira coisa que você lembra, a coisa mais antiga que você lembra na vida assim?

R - No princípio, no início da minha infância eu lembro a partir dos sete anos de idade, quando eu era criança pequena eu não lembro, mas dos sete anos pra cima eu lembro. Nós morava na aldeia, eu vivi e cresci com meu pai e com minha mãe também, quando a minha mãe faleceu eu cresci com meu pai na mesma aldeia, eu morei muito tempo, muito tempo eu morei, trabalhei, e acompanhando meu pai juntamente com as comunidades indígenas, eu sempre acompanhei e também conheci como é a realidade que os indígenas vivem, e viviam também os ancestrais. Bisavô e vovó eu conheci, aprendi e vim aprendendo com os mais idosos, e os mais novos também, na minha vida.

3:40

P/1 - Então Ezequiel, você estava comentando do seu avô e da sua vó, que você aprendia muito com eles, e eu queria te perguntar o que você lembra do seu vô da sua vó, como eles viviam e o que você aprendia assim com eles?

R - Primeiramente eu aprendi com meus ancestrais, com meu avô e minha avó também, foi o trabalho. Eles foram os que mais trabalharam, e principalmente depois da minha infância, sete anos de idade, eu já pensasse em...

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