P/1 – Marcelo, primeiro queria te agradecer, por ter disponibilizado um pouquinho do seu tempo pra vir aqui contar a tua história, e pra gente deixar registrado eu queria que você falasse o seu nome completo, o local e a sua data de nascimento.
R – Bom, meu nome é Marcelo Alexander Campinho, nasci no Rio de Janeiro. Embora filho de gaúcha com português sou carioca. O meu aniversário você acabou de me entregar, foi ontem...
P/1 – Parabéns.
R – Eu fiz 40 anos, eu estou enganando o pessoal, estou falando 39, mas agora se temos que falar em data, você me pegou: 05 de dezembro de 71.
P/1 – (risos)
P/1 – Marcelo me conta um pouquinho da origem da sua família, o nome dos seus pais, dos seus avôs.
R – Bom, meu pai é Antonio, minha avó é Maria Teresa e Manuel, família toda portuguesa da parte de pai, tenho família grande hoje em Portugal. A maior parte vive entre Porto e Barcelos. Barcelos é uma cidade ao norte de Portugal, a cidade do galo, símbolo da honestidade que é um dos valores da família muito firme. Minha mãe é do sul, São Borja, ali da fronteira, frio danado. Tenho uma irmã mais velha, um irmão mais novo, eu sou do meio, basicamente isso.
P/1 – E você teve contato com seus avós durante a sua infância?
R – Meus avós por parte de mãe faleceram e por parte de pai também, tive bastante contato. Os que ficaram em Portugal, realmente... É um desafio logístico... Mas tive bastante contato.
P/1 – Você vai a Portugal visitá-los alguma vez?
R – Na realidade fui algumas vezes, eu tenho dupla nacionalidade, eu sou brasileiro e português, por isso eu e meu pai quando a gente está ficando muito esperto a gente tem que ir a Portugal fazer uma reciclagem. A gente ia com bastante freqüência, agora que a família está espalhando, os primos, está cada um em um lugar, tem primo em Porto, tem primo em Lisboa, já não é como era antigamente. Todo mundo trabalha, às...
Continuar leituraP/1 – Marcelo, primeiro queria te agradecer, por ter disponibilizado um pouquinho do seu tempo pra vir aqui contar a tua história, e pra gente deixar registrado eu queria que você falasse o seu nome completo, o local e a sua data de nascimento.
R – Bom, meu nome é Marcelo Alexander Campinho, nasci no Rio de Janeiro. Embora filho de gaúcha com português sou carioca. O meu aniversário você acabou de me entregar, foi ontem...
P/1 – Parabéns.
R – Eu fiz 40 anos, eu estou enganando o pessoal, estou falando 39, mas agora se temos que falar em data, você me pegou: 05 de dezembro de 71.
P/1 – (risos)
P/1 – Marcelo me conta um pouquinho da origem da sua família, o nome dos seus pais, dos seus avôs.
R – Bom, meu pai é Antonio, minha avó é Maria Teresa e Manuel, família toda portuguesa da parte de pai, tenho família grande hoje em Portugal. A maior parte vive entre Porto e Barcelos. Barcelos é uma cidade ao norte de Portugal, a cidade do galo, símbolo da honestidade que é um dos valores da família muito firme. Minha mãe é do sul, São Borja, ali da fronteira, frio danado. Tenho uma irmã mais velha, um irmão mais novo, eu sou do meio, basicamente isso.
P/1 – E você teve contato com seus avós durante a sua infância?
R – Meus avós por parte de mãe faleceram e por parte de pai também, tive bastante contato. Os que ficaram em Portugal, realmente... É um desafio logístico... Mas tive bastante contato.
P/1 – Você vai a Portugal visitá-los alguma vez?
R – Na realidade fui algumas vezes, eu tenho dupla nacionalidade, eu sou brasileiro e português, por isso eu e meu pai quando a gente está ficando muito esperto a gente tem que ir a Portugal fazer uma reciclagem. A gente ia com bastante freqüência, agora que a família está espalhando, os primos, está cada um em um lugar, tem primo em Porto, tem primo em Lisboa, já não é como era antigamente. Todo mundo trabalha, às vezes você vai lá visitar, alguém está viajando de férias pra outro lugar... A gente ia com bastante freqüência, sim.
P/1 – Marcelo, como foi a sua infância, qual era a sua brincadeira preferida, quais eram as festas de família mais importantes?
R – Olha, eu acho que a festa de família mais importante sempre foi o natal pela reunião da família toda. Aí, depoimentos: - principalmente da irmã mais velha e dos pais - eu era muito espoleta, muito levado, sempre andava com uma bola de futebol debaixo do braço. Tem que constar no livro que sou tricolor firme e fanático, quase morri do coração domingo passado, com o gol aos 50 do segundo tempo. Gostava muito de esportes em geral, sempre tive uma ligação muito forte com o esporte em geral, pratiquei muitos anos judô até quebrar a mão, futebol, sempre gostei muito de atividade, é isso aí.
P/1 – O senhor brincava com os amigos do bairro, onde o senhor cresceu?
R – Olha, eu cresci, morei muito tempo na zona sul, Ipanema, Copacabana, e o meu ciclo de amizade eram mais a turma mesmo de colégio. Eu estudei no Luiza Prates, que é o famoso Pernalonga, ali no Arpoador, que eu acho que fechou, não existe mais. E a turma toda era dali, tinha uma turma forte ali, quase que uma gangue, nós éramos muito... Nós somos até hoje. Meus amigos de colégio foram meus padrinhos de casamento, até hoje a gente se reúne. E a gente tem um encontro, quando a turma toda começou a se separar a cada cinco anos a gente combinou que tem que se encontrar e que todo mundo tem que ir, não importa onde esteja. Legal é que está sendo respeitado. Às vezes vem um da Alemanha, dos Estados... É legal lembrar essas amizades.
P/1 – E tem alguma história marcante, alguma história pitoresca dessas amizades?
R– Olha, têm várias, mas esse capítulo como diria você, eu vou pular porque vocês estão gravando, não vai ser legal, depois me fala “me dá um pouco mais de detalhe daquela história”. Vou te contar alguma coisa da White, talvez seja melhor.
P/1 – (Risos) Você falou da sua escola, você se lembra do seu primeiro dia de aula?
R – Olha, sinceramente, do primeiro dia de aula eu não me lembro, eu sempre estudei no mesmo colégio, eu sempre estudei no Pernalonga desde o maternal, jardim de infância e tenho lembranças de muitas estripulias. Realmente eu era bastante agitado, mas nada assim... Nenhum caso de registro.
P/1 – E quais foram as professores ou professores que te marcaram, as matérias que te chamaram a atenção?
R – O meu colégio era muito voltado pra parte mais humana, então eu acho que isso até ao longo da minha carreira trouxe um pouco um diferencial competitivo, eu colocaria dessa forma porque foi bem diferente. Quando no terceiro ano todo mundo estava enfurnado em Física, Química e Matemática estudando pro vestibular, eu tinha aula de Artes Plásticas, Música e Teatro mais do que Matemática. Então era um colégio com um approach mais pra área de humanas. Tanto que era raríssimo alguém passar pra engenharia estudando no Luiza Prates. Eu consegui passar, não foi muito fácil, mas sempre teve esse foco muito grande em humanas. Então isso é uma coisa que eu me lembro muito porque todo final de ano a gente tinha que apresentar uma peça de teatro, não sei se vocês se lembram do Teatro Luiza Prates. A gente tinha que apresentar uma música, ou compor uma música e as negociações com as professoras era sempre aquelas que você conhece “Quem vai cantar no final do ano?” Ninguém? “Dois pontos na média”. Daí aparecia todo mundo lá de peruca, guitarra, então rapidamente todo mundo ia lá pra poder passar de ano. E tinha aula de Artes Plásticas, você tinha que fazer um projeto. Interessante que eu não dava muito valor pra isso, agora no mercado de trabalho eu vejo que isso daí, de repente, não só alavancou a questão da criatividade como passa a ser um diferencial também, porque abriu um pouco mais a minha cabeça.
P/1 – Você chegou a cantar alguma vez no final do ano, você lembra uma música que você cantou?
R – Olha, eu me lembro de algumas...
P/1 – (risos).
R – Mas a que marcou mais foi realmente no terceiro ano que foi o último ano. Tinha realmente nota pra passar, se você não tirasse a nota mínima em música você ia pra recuperação e a gente fazendo vestibular não podia ir pra recuperação de jeito nenhum, aí nós fomos e cantamos a Livin' on a Prayer do Bon Jovi e eu não vou cantar um pedaço.
P/1 – (Risos). Por que não?
R – Não vai ser legal.
P/1 – Nem um pedacinho?
R – Nem na época, o problema é que... Ainda bem que não tem a tecnologia que tem hoje porque eu não sei se isso ainda está gravado por aí, porque isso vale dinheiro, ainda mais de peruca, é um negócio complicado.
P/1 – Lógico.
R – Mas foi interessante essa experiência da época de colégio. E aí eu fiz Engenharia Química na UFRJ, o pessoal brincava comigo na faculdade porque eu realmente não tinha uma base. Fui pegar toda base de Matemática e tal na faculdade, eu não tinha uma base boa de colégio por esses motivos que eu te falei. E realmente foi uma grande surpresa a de ter conseguido passar no vestibular tanto que o pessoal brincava, fizeram uma pesquisa assim: “com certeza era o último colocado” porque a minha nota era a menor nota de todo mundo que estava lá. O pessoal brincava comigo que um dia eu ia receber uma carta “foi um grande engano, pra eu me retirar”, mas graças a Deus eu não recebi e consegui me formar. Engenharia Química na UFRJ é uma carreira muito intensa porque além das cadeiras básicas de engenharia você faz todos os laboratórios. E uma frase em Engenharia Química é a seguinte: uma pessoa que vai fazer uma faculdade que tem 39 cadeiras de Química, a pessoa não sai muito normal. A gente até brinca que depois de Engenharia Química a turma ia fazer faculdade de Psicologia pra entender o porquê de ter feito aquilo da vida dela. É até difícil você falar 39 Químicas: Química orgânica - um, dois, três e quatro. Química analítica - um, dois, três. Então, foi uma faculdade muito intensa. Principalmente essa parte de laboratório. A gente fazia aspirina em laboratório. É um curso muito técnico. A grande lição que você tira do curso é que depois que você sai dali, você vai vencer todas as dificuldades que tiver na vida. Algumas pessoas saem do curso traumatizadas tipo: “Caramba, eu ralei tanto aqui que eu não quero mais estudar, já dei minha cota”, só que no Brasil, infelizmente, muita tecnologia vem de fora pronta, então eu trabalhei, daqui a pouquinho a gente vai entrar na carreira, eu trabalhei como engenheiro químico na White, conheci um engenheiro químico e você aplica, talvez, 5% do que você viu na faculdade. Então não deixa de ser um pouco frustrante que você vivencie muita coisa muito intensa e depois você não consiga aplicar no mercado brasileiro. Tanto que muitas pessoas acabam ficando na faculdade na área de pesquisa, fazendo mestrado, doutorado. Mas foi uma faculdade bastante intensa.
P/1 – Marcelo, por que Engenharia Química?
R – É uma bela pergunta, sabe que eu fiz um daqueles testes vocacionais no terceiro ano e todo mundo saiu pra alguma carreira, eu fui o único que fiquei no vácuo e a turma brincava que eu ia ser gari. Todo mundo morria de medo de Química na época de escola, eu tinha certa facilidade, achava que tinha que fazer engenharia porque engenharia era uma carreira que ia me levar adiante. Então foi meio aquela coisa em torno dos 17 anos - já que eu tenho facilidade com Química e Engenharia legal, deixa eu juntar os dois aqui, vou fazer Engenharia Química.
P/1 – E durante a sua trajetória escolar, além de Química você gostava de Física, Matemática...
R – Olha gostar, gostar eu não gostava muito não, mas eu senti que tinha mais facilidade pra essas matérias de exatas do que as demais. Tinha muito mais facilidade com Matemática do que com História, Geografia. A minha sorte é que na época que eu fiz vestibular não tinha Geografia, porque eu acho que agora se você tirar zero em alguma prova, ou tirar menos que uma nota mínima elimina. Na minha época não tinha isso não, tanto que eu tirei zero em Geografia e consegui passar porque eu tive algumas notas altas em Matemática, Química que puxaram pra uma média que desse pra passar.
P/1 – E você gostava de estudar durante a escola, você gostava de ler?
R – Bom, eu vou te responder com sinceridade depois a gente avalia se a gente corta esse pedaço, a resposta é não. Eu não gostava de estudar. O meu colégio, justamente por ele ser um colégio “diferentão” era o seguinte: quando você chegava ao segundo grau, primeiro não tinha uniforme - você podia ir vestido - porque era esse negócio de abrir a cabeça, cada um vai como quiser, vai de terno ou de chinelo. E você vai à aula se você quiser. É um colégio que dava bastante liberdade, era interessante, aos 14, 15 anos a gente tinha orientação de sexo, era um colégio diferente pra época. Só que eu não sei se uma criança na casa dos 14 anos entrando pro segundo grau tinha maturidade pra aquilo tudo. Conclusão: como a gente não precisava ir à aula, a gente não ia à aula, então a gente faltava aula e jogava bola, e aí já que você insistiu tanto, eu só vou te contar uma história. No primeiro dia quando a gente entrou no primeiro ano do segundo grau, como tinha essa liberdade de você faz o que você quiser, a gente estudava do lado da praia, a gente resolveu tava sol, ir à praia de uniforme. Então todo mundo tirou, mergulhou, botou a roupa molhada e voltou. Aí todo mundo foi suspenso. Então era uma liberdade, mas não era, porque era liberdade pra fazer o que você quiser, mas a gente resolveu dar um mergulho na praia, todo mundo voltou e foi suspenso por três semanas. Então o colégio dava esse negócio da liberdade, mas queria que você... Voltando ao ponto acho que era um pouco exagerado porque as crianças nessa fase elas não tem maturidade pra definir, vou à aula não vou à aula, acho que tinha que ter um mínimo de disciplina ali.
P/1 – Marcelo, os teus pais tinham alguma preferência que você escolhesse alguma carreira específica?
R – Não, não, eu acho que meu pai, embora nunca tenha falado - ele vivencia muito minha carreira até hoje - eu acho que ele queria muito que eu fosse engenheiro porque ele não teve oportunidade de estudar, ele veio de Portugal pro Brasil fugindo de guerra aos 17 anos e hoje ele é quase um brasileiro sempre gostou da Engenharia, mas como ele não teve oportunidade talvez ele tenha projetado a carreira em mim. Porque minha irmã fez Letras e meu irmão fez Jornalismo, Comunicação, então eu sou o único que foi pra essa área que eu acho que ele gostaria de ter ido se tivesse oportunidade. Eu estou inferindo, ele nunca me falou isso abertamente, mas como ele vivencia tanto a minha carreira, pergunta: “e aí filho, e tal, e não sei o que”. Agora está todo mundo mais velho está tudo certo, mas quando era mais novo ele era muito focado na minha faculdade. Talvez por afinidade se identificasse mais com Engenharia. A minha irmã saiu de casa e se inscreveu no vestibular de odontologia que ele achava legal pra caramba e voltou inscrita em Letras, então isso também, ela era a mais velha, talvez tenha sido um baque na cabeça dele, eu não sei, mas cada um seguiu seu caminho e graças a Deus está todo mundo bem. Correto mesmo fez o meu irmão, fez jornalismo esportivo e realizou o sonho do irmão mais velho, quer dizer, ele fica cobrindo campeonato europeu, fica revendo Milan e Real Madrid, e eu lá resolvendo problema, e ele lá vendo jogo, cobrindo jogo, nada mau, bela profissão.
P/1 – E o teu pai torce pro Fluminense?
R – Esse é um problema sério, né.
P/1 – Ele é português.
R – Pois é o meu pai é um falso português ele nem quer voltar pra Portugal, ele é um carioca, gosta de praia, churrasco e ele é Botafogo. Ele é Botafogo, dizia a todo mundo que era vascaíno, mas ele foi ver o Garrincha jogando e virou Botafogo, não teve jeito, e minha mãe é Vasco. E não tinha tricolor na família e ele conta uma história, que até hoje o meu pai é muito gozador, não sei se ela é verdadeira, que ele me levou num Botafogo e Vasco, eu era pequenino, aí ele falou que eu olhava pra tudo quanto é lugar menos pro campo de jogo, começou a ficar preocupado, “esse garoto não vai gostar de futebol e tal, não liga pra futebol, olha pra tudo quanto é lado” aí ele falou que na saída, não sei se você já viu ali no Maracanã tem aqueles... Tipo aqueles varais, tem sempre camisa e bandeira dos times que estão jogando. Então ele falou que na saída tinha uma camisa de criança do Fluminense. Disse que fiquei olhando, provavelmente pelo choque de cores, eu era pequenininho. Fiquei olhando tanto que ele foi e comprou a camisa pra mim. Diz ele que a partir dali eu virei tricolor. É uma bela história, você já nasce tricolor, já nasce...
P/1 – (Risos) Você lembra quando você decidiu mais ou menos, qual time que você ia torcer?
R – É engraçado, realmente meu pai conta a história, mas eu lembro que sempre gostei de futebol em geral e eu sempre fui tricolor. Meu irmão mais novo, você acaba influenciando, eu converti a alma... O engraçado é que atualmente é o seguinte, meu pai também virou tricolor pra poder estar com os filhos. Futebol virou um evento de família. Quando tem jogo do Fluminense lá em casa é um momento que a família se junta, é um ponto de encontro. Tem jogo numa quarta-feira a noite.... Se você marcar alguma coisa numa quinta-feira a noite que não tem nada, todo mundo “caramba, tem trânsito, barra” então quarta a noite tem jogo todo mundo aparece lá às oito horas pra ver o jogo, então acaba sendo um ponto de encontro da família.
P/1 – Marcelo, agora me conta um pouquinho do seu período de faculdade, você falou que não tinha essa bagagem de cálculo, como foi sua adaptação, quais foram as suas primeiras matérias, as que você foi falando, “não, eu quero ir por aqui, quero ir por ali”.
R – Olha, o início da faculdade foi bastante difícil eu não tinha uma base muito boa de colégio e eu lembro que a primeira prova que eu fiz foi de cálculo I e em especial minha nota ia chamar atenção por que foi 0,1. E aquilo ali me ofendeu porque 0,1 e zero é a mesma coisa. Fiquei preocupado né, que aí eu vi que tinha bastante dificuldade porque não tinha uma formação boa e comecei a me dedicar mais. Ali, dentro da Engenharia Química era muito falado, eu tinha esse drive, você tinha que ter o CR e a média de pelo menos 7.0 pra conseguir estágio a partir do quinto período. Então comecei a estudar porque eu precisava ter esse CR pra abrir portas dentro das empresas e realmente a estratégia deu certo porque abriu. No quinto período eu comecei a procurar estágio e eu fiquei no final entre Petrobras e White Martins e, pra minha felicidade, graças a Deus eu escolhi a White naquela época.
P/1 – E a White Martins foi o seu primeiro emprego e o senhor não fez estágio em outro lugar.
R – Não, foi amor à primeira vista.
P/1 – (Risos)
R – E eu entrei pra estagiar na White em abril de 94 e fiz dois anos de estágio, entrei na engenharia de processo, foi um estágio muito legal, muito interessante. Na época a gente tinha essa área que se chamava engenharia de processo e eu fui muito bem recebido ali, foi um estágio muito legal e eu tinha drive muito grande de querer ser contratado. Inclusive quando eu fiz a entrevista pra estágio, foi engraçado a beça porque a vaga que tinha naquele momento não era engenharia de processo, era na engenharia de segurança só que eram oito horas de estágio por dia e eu não podia. Só podia quatro horas porque não tinha faculdade a noite, naquela época não tinha Engenharia Química no Fundão. E eu fiquei desesperado porque eu queria porque queria o estágio. Então era engraçado a beça, ia na gerente de Recursos Humanos e falava, “não, mas mudando o horário aqui eu consigo ficar cinco horas” daqui a pouco voltava, “não, mas mudou e eu consigo ficar seis hora por dia”, daqui a pouco eu dizia, “olha, eu não posso ficar seis horas, mas eu fico sábado o dia todo”, então ela se divertiu, ela achou aquilo engraçadíssimo e é interessante que a gente ficou amigo depois que eu entrei na companhia ela me falou que o que mais chamou atenção foi a força de vontade, aquela gana de querer entrar. Tanto que quando ela me chamou que tinha uma vaga na engenharia de processo e me ligou eu falei, “eu já estou dentro?”, aí ela falou, “não, falta fazer o exame médico.” Aí eu falei, “mas reprova o exame médico?” E eu lembro que eu fui pro exame médico tenso e foi muito engraçada aquela cabinezinha pra se fazer o teste de audição, sabe como é a gente senta na cabine, me lembrou aquela, não era da época de vocês, a cabine do Silvio Santos do “Quer trocar uma motocicleta por uma caixa de fósforos”? Aí você bota um fone aperta um botão se tiver algum barulho, e eu todo ali concentrado “meu Deus do céu não posso ficar reprovado no exame médico.” Aí ela preparando lá a máquina e de repente eu ‘tum’ apertei o botão vermelho, ela falou “mas eu ainda nem liguei a máquina”, eu ouvi um ruidozinho já apertei o botão vermelho. Na hora de soprar aquele cano pra mostrar o pulmão bati o recorde da empresa, fiquei roxo. Aí até hoje, o engraçado é que a pessoa que fez exame comigo está até hoje na companhia que é a Eunice, não sei se vocês a entrevistaram. Ela brinca comigo, “lembra dessa história?”. Entrei na engenharia de processo pra estagiar, foi um estágio maravilhoso, depois de dois anos quando eu estava me formando, engraçado é o seguinte, uma curiosidade: eu tinha tanta força de vontade pra entrar, pra ser contratado como engenheiro que eu nunca faltei nenhum dia de estágio. Eu estagiava todos os dias. Tem feriado enforcado, natal, prova na faculdade. Isso é uma coisa que eu tenho orgulho porque eu nunca faltei um dia de estágio, todo dia eu estava lá na White e isso foi bom porque me alavancou e meu chefe na época, que trabalha também hoje na companhia que era o Marcelo Riscala que é o Gerente de Projeto lá na engenharia, ele estava super imbuído ali de me contratar só que quando eu estava me formando foram proibidas todas as contratações na empresa e aí ele falou: “Campinho, olha, eu acho melhor você dar uma olhada aí no mercado porque eu não tenho como te garantir que vou te contratar.” Cara, meu mundo desabou porque eu era apaixonado pela empresa, e falei “caramba e agora o quê é que eu vou fazer.” Aí, conclusão - comecei a fazer processo seletivo - passei em dois processos que particularmente me interessaram, um no antigo Banco de Investimentos do centro do Rio, Bozano Simonsen e o outro foi na Suzano que hoje até é meu cliente - como é que o mundo dá volta...não é? E eu tinha optado por ir pra Suzano e era pra começar na fábrica, em Suzano. Aí fui à cidade, a cidade era pequenininha, só tinha um shopping com boliche, eu já estava naquela de andar na praia de Copacabana olhando pro infinito já certo de que não queria ir embora e aí cheguei lá, minha última semana na White e falei: “Marcelo, eu vou ter que ir embora não queria ir embora, mas não vai ter jeito”, e ele: “Faz o seguinte, deixa ver se o...” O diretor na época era o Luiz Geraldo Monte, “deixa eu ver se ele fala contigo.” Aí o cara resolveu me entrevistar, e eu acho que o cara deve ter visto uma força de vontade tão grande de ficar que resolveu abrir uma exceção e criou uma vaga lá pra mim e eu fiquei. Mas foi assim, 45 do segundo tempo, então hoje eu poderia não estar aqui. Mais ou menos como aquele filme “Efeito Borboleta”, é impressionante, como às vezes, alguma coisa num spot pode mudar toda história da sua vida, foi assim, coisa de 48 horas porque eu tinha que me apresentar, eu cheguei a fazer exame médico em São Paulo na Suzano e calhou que a gente conseguiu a vaga.
P/1 – E no processo de seleção da White Martins assim, o seu primeiro dia na White.
R – Eu me lembro que na época, na engenharia, todo mundo trabalhava de gravata, era um negócio bem formal, eu cheguei lá super acanhado, querendo agradar ao máximo, e tal. E rapidamente, assim, eu sou uma pessoa com baixa rejeição, me dou bem com todo mundo na companhia e rapidamente eu consegui conquistar meu espaço ali e foi interessante que quando eu tinha seis meses mais ou menos de estágio, a White fez na época uma coisa que a gente não tem feito que é um programa de trainee. Hoje a gente é muito focado no programa de estágio. Mas na época teve um programa de trainee e entraram quatro na companhia e teve todo um programa de visitar planta no Brasil todo, e tal. Eu era estagiário e tava louco pra ir nesse negócio e não podia ir porque estagiário não pode viajar, não pode ter despesa. Aí conclusão, teve uma etapa que foi em Juiz de Fora, aí eu falei: “ah não! Nessa eu vou, essa não tem que pegar avião” e aí o seguinte: eu não podia ir que não podia ter despesa. Conclusão, eu convenci um dos quatro trainees pra ficar no mesmo quarto, fui de ônibus, fiquei no quarto com o cara e no dia seguinte a gente ia visitar a planta de Juiz de Fora que fica na estrada. E aí foi um carro lá pegar os trainees só que não tinha lugar pra mim no carro, era o único inconveniente, eu nem estava oficialmente convidado. Peguei um ônibus, essa história é engraçada. Fui pra estrada aí quando eu cheguei na estrada eu falei “bom, agora que eu estou na estrada eu vou andando pra planta.” Aí eu vi a planta lá no infinito, a coluna branca da White, eu falei: “caramba, a quantos quilômetros eu estou?” eu não tinha ideia, “ deve ser pelo menos uns 20 km “ mas não tem jeito: estou na estrada, oito horas da manhã” comecei a andar. E anda e anda e aquela coluna longe. Falei: “isso não vai dar certo”, aí eu resolvi colocar o crachá da White pra ver se alguém parava pra dar carona e comecei a pendurar o crachá e de repente parou um carro e era justamente o gerente da planta de Juiz de Fora que tava indo pra planta pra receber os trainees. Ele hoje trabalha na White, o Luiz Geraldo Eduardo Borges, aqui a gente chama lebre, ele até hoje está na companhia, ele conta essa história. Ele diz que parou porque viu um crachá da White aí deu ré e me pegou, eu cheguei na porta junto com gerente, os trainees não entenderam nada. Mas foi engraçada essa história o Luiz, ele conta essa história até hoje, ele falou “você era persistente , você queria porque queria sair andando por aquilo ali”. Conclusão, a tal da torre que eu vi de longe era a 38 quilômetros, eu ia dar uma boa caminhada chegar lá quase na hora do almoço.
P/1 – Marcelo, você já tinha pensado em trabalhar com gás?
R – Eu não tinha nada específico, eu queria entrar numa empresa grande, de preferência numa multinacional que eu pudesse ter flexibilidade de opções pra poder trilhar uma carreira, então eu não tinha assim, nenhuma preferência especial. Obviamente depois que eu fiz o estágio na White eu aprendi a gostar muito da empresa, então eu tinha o objetivo de continuar na White, e tenho até hoje. Estou a 17 anos na empresa e nunca passou pela minha cabeça a possibilidade de mudar que é uma coisa interessante pra vocês investigaram, porque que a empresa é tão cativante. Porque hoje nós estamos aí, um mercado muito aquecido, você vê que muita gente que vocês estão entrevistando tem muito tempo de White Martins. Então essa é uma pergunta instigante: porque essa empresa, essa tal White Martins cativa tanto as pessoas pras pessoas ficarem tanto tempo e não terem o desejo de sair? É um negócio interessante porque tem estresse no dia-a-dia, tem meta agressiva, mas tem uma atmosfera diferente, é um negócio como se fosse, talvez, uma grande família. É um negócio interessante, eu acho que se você correr o mercado é difícil você ter várias pessoas da diretoria que começaram como estagiários que é o nosso caso, inclusive o presidente. É interessante, uma peculiaridade da empresa.
P/1 – Marcelo, a gente está falando em 94 o Brasil estava passando uma série de modificações você chegou a acompanhar, como que foi isso? Conta um pouquinho a sua trajetória de acompanhar esse processo também.
R – Quando começou o boom das privatizações eu passei por várias áreas na companhia, mas eu vivenciei boa parte disso justamente numa área de análise de viabilidade econômica de projetos, então eu vivenciei boa parte da terceirização dessas plantas pra White Martins. E realmente foi um movimento muito forte, bastante expressivo que colocou a empresa certamente num patamar diferenciado. Hoje eu sou responsável pela área de on-site e tenho muito orgulho disso hoje, ver que todo esse movimento se consolidou, então hoje a gente tem aproximadamente 90% de market share nessa área de on-site. Quer dizer, é bastante expressiva a conquista da companhia que eu acho que foi construída com uma parceria estratégica desses clientes, que vocês vão ter oportunidade de entrevistar, ao longo de muitos anos, isso tudo começou com esse movimento que você citou lá atrás.
P/1 – E como que foi esse movimento da parte mais econômica da sua época, como que a White Martins lidou com isso, quais foram as dificuldades no começo?
R – Olha, eu acho que o principal desafio era você ter passar claramente a percepção pro cliente que ao entregar algo pra você, você ia cuidar melhor que ele. O cara estava pegando o ativo dele - de uma parte importante do progresso que é o suprimento de gases - e tava terceirizando pra alguém. Então era uma responsabilidade muito grande, eu acho que o que contou muito ao nosso favor foi a reputação da White Martins como uma empresa muito séria. Porque você recebeu essas plantas e fez contratos de longo prazo, contratos de 15, 20 anos. Então pra pegar uma parte do seu processo produtivo numa indústria de aço e terceirizar isso tem que ser um fornecedor estratégico, um parceiro estratégico de longa data que você vá se sentir seguro num prazo de 15, 20 anos então eu acho que a reputação da empresa, seriedade, a integridade contou muito pra que esse processo fosse bem sucedido. Além logicamente da enorme qualificação técnica, tecnológica porque quando a gente fala de um site, a gente não vende gás em um site a gente vende confiabilidade e relacionamento porque gás ele pode montar a planta e ele produz o gás pra ele mesmo, e por quê que ele coloca a gente? Pra ele ter confiabilidade porque ele sabe que a gente tem expertise, a gente tem excelência operacional. Porque embora o custo total dele seja às vezes na casa de 1,5%, 2%, ele não pode ter interrupção de fornecimento de oxigênio não dá pra fazer siderurgia sem oxigênio. Então aí entra a White com tecnologia, com excelência operacional, confiabilidade procura ter tranquilidade focar no core business dele, essa é a lógica desse processo, a gente vende também confiabilidade de relacionamento que é a nossa proximidade com os clientes. Problema todo mundo tem, mas quando tem problema a gente não se esconde, a gente vai lá e parte pra resolver, o cara percebe e dá valor. A gente tem um programa de relacionamento que a gente captura todos esses feedbacks do operacional no campo pra tornar a coisa formal. Para que o cara tenha percepção do valor que a gente agrega em toda operação. Acho que esse movimento foi um movimento extremamente bem sucedido justamente pela White Martins ter essa possibilidade de prover toda essa confiabilidade, esse relacionamento, agilidade, eu acho que nós somos uma empresa muito ágil, a gente anda sempre na frente do mercado procurando sempre se antecipar. Eu acho que a palavra de ordem é antecipação, acho que a White antecipa as situações, a gente sempre está procurando andar na frente. Então eu acho que aquele movimento foi um movimento bem sucedido e levou área de on-site a outro patamar. Hoje com exceção de um único site todas as plantas dos clientes são terceirizadas por conta própria. 90% dessas plantas estão na White Martins é um mercado muito competitivo acho que é um tremendo caso de sucesso, mas aí não é o meu julgamento é o de vocês, vocês que vão julgar isso depois das entrevistas.
P/1 - Agora vamos seguir um pouquinho a linha do tempo, o quê mudou quando a Praxair passou a ser controladora, você sentiu alguma diferença na função que você exercia na época?
R – Olha, na época, na função que eu exercia eu não senti muita diferença, mas o que eu pude observar ao longo do tempo, quando você passa a ter um dono americano é normal que exista um nível de controle maior, e esse controle eu acho que é benéfico desde que seja de forma equilibrada . Eu acho que a gente está passando por um por um momento, no mercado em geral especialmente desafiador porque a gente vem de uma crise financeira global muito profunda. Então as empresas ficaram muito assustadas com essa questão nos Estados Unidos no derivativo. Então acho que o nível de controle aumentou de uma forma tal que talvez a gente tenha perdido um pouquinho desse equilíbrio. Então sem dúvida que o controle é importante, mas ele tem que ser equilibrado porque se a gente inverter a ordem dos fatores, eu tiver um cara vendendo gás, fazendo o negócio e cinco controlando, isso pode ser um gargalo a mais na vantagem competitiva da companhia. Mas de novo, acho que a gente vive um momento um pouco atípico de uma crise financeira global e de uma pseudo crise aí no momento porque você vê que deu uma turbulência no mercado recente, mas não aconteceu nada de novo, tudo que está aí, todo mundo já sabia. Grécia, Portugal, Itália, dívida crescente é interessante que essa questão de risco é muito subjetiva, o mercado é muito de percepção. Às vezes o Itaú, por exemplo, pode estar super saudável, mas se nós aqui estamos achando que ele vai quebrar, corre esse boato e a gente acredita, todo mundo vai lá e tira o dinheiro ele quebra, mas ele não tinha nada. Então o mercado tem muito essa questão da percepção de efeito manada.... O momento agora está um pouco turbulento falando globalmente. Agora, falando de Brasil, a perspectiva é muito positiva, especialmente na nossa área de on-site puxado pela siderurgia, consumo de óxido no Brasil não tem como crescer muito, não só com relação direta com o crescimento do país, do PIB, mas também tem eventos que vão puxar muito o consumo de aço no Brasil, que é a Copa do Mundo, os Estados, a Olimpíada, o próprio programa do Governo, Minha Casa Minha Vida, os projetos da Petrobras incluindo o pré-sal, isso tudo vai puxar muito o consumo de aço no Brasil vai crescer bastante, e a White Martins está muito bem posicionada pra aturar esse crescimento. Com a participação que a gente tem no mercado e com as plantas que a gente tem instalado em toda geografia.
P/1 – Então, eu queria perguntar um pouquinho dessa coisa estratégica de vocês, como funcionam essas conquistas, essa coisa de já tentar estar sempre na frente, conta um pouquinho pra gente disso.
R – De novo eu volto na palavra antecipação, eu acho que a White antecipa muito e fruto do nosso sucesso em todas essas novas oportunidades é o fato da gente se antecipar. Eu sou aliado à nossa reputação, à nossa credibilidade. Hoje é mais fácil a gente conquistar um negócio, pois a gente já tem 20 anos e a gente chama de track record, uma história grande pra mostrar e os clientes dão valor a isso. Agora se eu tivesse que destacar alguma coisa, é o seguinte: a gente não trabalha com a possibilidade de perder, isso é muito importante. A gente coloca na cabeça que nós vamos ganhar aquela oportunidade e a gente persegue aquilo ali até a gente ganhar, a gente não desiste então eu acho que isso é um diferencial muito grande. Porque é natural quando você vai fazer uma análise, vai falar: “Bom, mas aqui é o concorrente a gente não pode perder”, quando começa esse papo de não podemos perder, vamos ganhar, nós somos a White Martins, nós vamos ganhar esse negócio. a canalização desse sentimento de todo mundo, todas as pessoas em direção a ganhar e é o que dá uma energia muito grande. Além de uma estratégia bem definida, eu acho que o que faz diferença no final do dia pra te responder diretamente de forma objetiva, eu destacaria duas palavras, liderança e atitude. Eu acho que se tem uma coisa que faz diferença pra gente estar na posição que a gente está são essas duas palavras, liderança e atitude das pessoas.
P/2 – Me ocorreu, na história da White Martins, a gente vê um trabalho de convencimento, é uma linguagem diferente, inovadora e é preciso captar o cliente. Na história da White Martins a gente percebe que como era uma empresa menor era possível o convencimento com demonstrações práticas, as pessoas demonstrando eficiência do produto, como se dá isso hoje em dia, esse trabalho de convencimento persistente, de que é preciso que se faça essa conversa, esse relacionamento?
R - Muito interessante a sua pergunta, hoje é mais desafiador porque a empresa cresceu muito, a operação cresceu muito esse é um lado desafiador, por outro lado a gente já tem muita coisa pra mostrar que a gente já conquistou então é comum a gente levar cliente pra visitar alguma planta que já está operando. Nós temos um centro que eu não sei se vocês conhecem ou tiveram oportunidade de conhecer esse processo é interessante, a gente consegue operar todas as plantas da América do Sul de dentro do Nova América, no IMPAC. Então é algo também que o cliente fica muito impressionado. Nós temos uma fábrica, só nós temos no Brasil, em Cordovil, a FEC. Então a gente tem um programa que a gente chama de “Customer Day”. A gente vem aqui e dá um tratamento naquele dia pro cliente, traz ele, mostra a planta, mostra o IMPAC e a gente concilia quando possível com algum evento no final do dia - de apelo. O último até, um contrato que a gente tem com um cara, um corintiano roxo e aí tinha um jogo no Engenhão e a gente encaixou no dia que o levamos pra ver o Corinthians, ainda bem que ganhou porque é sempre uma estratégia arriscada... Mas a gente dá esse tratamento, a gente traz e tem muita coisa pra mostrar.
P/1 – Marcelo, fala pra gente como que é essa coisa de não trabalhar com essa possibilidade de perder, do ponto de vista até pessoal de trabalhar com essa pressão, como que se lida com isso?
R – Realmente a gente tem que ter bastante equilíbrio. Se não souber balancear bem acaba que você leva um pouco dessa correria, dessa pressão pra dentro de casa. Principalmente se você não consegue desligar desse aparelho aqui (mostra o celular) porque essa é a definição de que você não consegue se desconectar do mundo, então realmente é muito importante pra gente dosar essa pressão do dia-a-dia a gente procurar balancear a vida pessoal com vida profissional e eu acho que a palavra de ordem aqui é foco. Então eu procuro fazer o seguinte, eu estou com a minha esposa, eu estou com meu filho, eu foco em casa, dou atenção ao Vitor, tento não ficar pegando no Blackberry até porque ele já percebeu que isso é um concorrente à atenção dele. Estou anunciando aí se alguém tiver uma pelada pra me convidar, eu estou aceitando. Que eu estou sem uma pelada pra jogar, academia, é fundamental fazer exercício pra conseguir liberar um pouquinho de estresse ainda mais quem está acostumado a fazer esporte a vida toda e ser feliz, saber viver a vida, todo dia você tem pelo menos uns 25 motivos pra ficar aborrecido. Acho que é a maneira como você lida com os problemas. Eu acho que se você é aquele cara, lembra aquele desenho minha vida é um azar? Você sempre vai ser um cara pra baixo, eu acho que o meu desafio com as lideranças da companhia é justamente contaminar positivamente as pessoas, a maneira como você olha. A gente vê esses desafios como uma tremenda oportunidade de fazer algo diferente pra companhia. A gente celebra as conquistas, a gente ganha um negócio a gente comemora, a gente sai junto pra comemorar aquela conquista. Porque às vezes, em geral, pelo que eu converso no mercado, as pessoas são um pouco acanhadas pra comemorar. A gente comemora bastante, e nas poucas derrotas que a gente aprende muito com elas, a gente também senta e lamenta e chora junto e vê o que a gente tem que fazer diferente pra na próxima vez ganhar e não perder mais nada.
P/1 – Eu queria que você contasse agora pra gente as diferentes posições que você ocupou na White, quais foram os aprendizados de todas elas, os desafios e as suas conquistas também durante esse tempo.
R – Olha eu comecei como estagiário na engenharia de processo trabalhando mesmo como engenheiro químico, fui contratado na engenharia. Agora eu vou falar contigo e vou lembrando aqui porque são muitas emoções. Aí fui contratado como engenheiro de processo, participei de dois grandes projetos na época, um era o que a gente chama de Caraíba Metais lá em Salvador e participei da nossa maior planta que é a planta de duas mil e cem toneladas em Volta Redonda Participei fortemente nesse projeto e como eu era o engenheiro mais novo, quando chovia e era sábado à noite e alguém tinha que subir lá no topo da torre pra fechar uma válvula esse cara era eu, que era o júnior da turma. Foi um período muito bom, gostaria de ter ficado um pouco mais tempo na engenharia. Mas a gente não define o momento das oportunidades e surgiu um convite quando eu tinha mais ou menos um ano, um ano e meio de engenharia, fui trabalhar numa área que chamava Negócios Estratégicos era comandado por José Luiz Moraes que era o nosso diretor de engenharia. Acabou de se aposentar. Ele me convidou pra ir pra essa área e na época o Marcelo Escala que era o meu chefe colocou uma tremenda de uma interrogação na minha cabeça, ele falou: “poxa, mas é uma pena você ter recebido esse convite agora porque você era o cara que eu ia mandar agora pra fazer intercâmbio na Praxair porque na época a gente tinha um programa que ficava um engenheiro do Brasil seis meses nos Estados Unidos e trocava de função com um americano e o americano ficava aqui seis meses e é uma coisa que também eu queria muito, era uma tremenda experiência. Eu fiquei numa dúvida danada, fiquei com aquela dúvida na cabeça uma semana, falei “meu Deus do céu o que faço, eu vou aos Estados Unidos, eu mudo de área...”, aquelas dúvidas que a gente tem ao longo da carreira, e eu optei, ainda bem que não tem aquela televisãozinha pequena que você vê o que ia acontecer se você tivesse feito outro caminho, senão a gente ficava doido, aí eu optei ir pra área de Negócios Estratégicos. Era tão engraçado que na época a turma que trabalhava ali era conhecida como os Golden Boys - por que os Golden Boys? Porque era todo mundo bonitinho de terno e gravata, arrumadinho e tal e todo mundo que entrava naquela área virava gerente e eu jovem ali e tal falei: “caramba, é nessa que eu vou”, aí cheguei em casa todo feliz daí meu pai que é o grande entusiasta aí da carreira, falei: “pai, eu entrei numa área, acho que em um ou dois anos eu vou ser gerente na empresa”, e ele: “meu filho como é que pode, que isso, que barato, e tal”; eu falei: “pois é”. E aquela alegria, e eu trabalhando a beça querendo mostrar serviço, depois de seis meses a área acabou, houve umas modificações, resolveram dividir a área e na época quase que eu saí lá da empresa porque como eu era o mais novo eles estavam usando um critério pra realocar as pessoas que era o tempo de casa, ainda bem que a empresa melhorou muito, atualmente o critério é a competência e agregar valor. Então como era tempo de casa e eu era o último eu estava quase fora da empresa e aí apareceu uma oportunidade pra trabalhar na área de tecnologia, eu fui trabalhar na área de tecnologia com o Mauro Pelegrino que atualmente é o meu gerente de energia, que foi um período muito legal também, uma área que abriu muito a minha cabeça eu trabalhar com tecnologia de VPSA dessas plantas que a gente tem em quantidade. E, mais ou menos, acho que um ano, um ano e meio depois eu queria sair da área, queria ir pra uma área de proposta técnica e eu conversei com o Mauro, falei: “Mauro, está acontecendo isso, isso e isso e eu gostaria de sair da área” e ele falou: “Campinho, sem problema nenhum só que meu chefe, (que era o Luiz Fernando) não vai te liberar porque eu te elogio muito então ele não vai te liberar” e eu naquele tempo não sei se era abusado ou ingênuo, mas tanto faz, eu falei: “eu quero falar com ele.” Aí eu fui lá e falei com ele, comecei a explicar o porque tive a conversa, o cara me recebeu bem apesar do grande abismo em termos de encarreiramento – o que disse a ele eu não lembro, eu sei que ele me liberou. Eu fui trabalhar numa área de proposta técnica pra cliente que foi também muito interessante. Fiquei mais ou menos um ano nessa área, aí tive um convite pra ir pra uma área que a gente chamava na época de análise de investimento que é uma área de viabilidade econômica de projetos. Bom, fui pra essa área e aí me despertou a possibilidade de fazer uma MBA finanças, era engenheiro químico, tinha uma formação muito técnica e queria abrir a cabeça, aí eu falei “vou fazer um MBA focado em finanças já que eu estou numa área de análise de investimento”. Isso aí eu acho que foi um grande diferencial na minha carreira porque abriu muito a minha cabeça. Essa história é boa. Eu decidi fazer MBA no IBMEC e tive uma negativa por parte da companhia. Aí pedi pra falar com o chefe do chefe do chefe que era o nosso atual Vice-Presidente de Líquidos, Antônio Cesar. E foi muito interessante a conversa com o Antônio porque eu era jovem, muito sonhador e queria entender o motivo pelo qual ele não estava aprovando, um pouco abusado pra aquela época, NE. Foi legal a conversa porque o ponto dele era o seguinte: que todo mundo que ia pro IBMEC fazer finanças não conseguia concluir o curso, então a empresa desperdiçava dinheiro porque o ritmo de trabalho era muito puxado e as pessoas não conseguiam concluir. Muita gente ia fazer o IAG da PUC, mas o IBMEC era um pouco mais puxado, eles não mandavam as pessoas. Aí eu falei “bom, eu tenho uma solução pra você, a gente faz o seguinte, a gente divide o pagamento do MBA em 24 parcelas e eu vou trazendo o boletim que é trimestral pra você ver a cada trimestre a minha performance.” “Então é o seguinte, (lá pra você passar você tem que tirar A, B ou C). O A é entre nove e dez, o B é entre oito e nove e o C é entre sete e oito. O dia que chegar aqui um boletim que esteja com tudo A, você para de pagar e eu assumo o pagamento.” Me ferrei todo (risos), porque o negócio era difícil eu não conseguia e não podia pagar esse negócio sozinho então foi bom também porque eu estudei pra caramba pra tirar A em tudo e graças a Deus consegui. O Antônio nem sabe dessa parte que depois ele soube que eu tirei tudo A, mas teve lá pelo último trimestre, que eram dois anos de curso eu tive um B que era 8,8 aí eu chamei a professora e contei toda história, mas ela ria, ela achou tão engraçado aquilo ali. E ela resolveu me dar mais uma prova e o acordo que eu tinha com ela era o seguinte, você me dá outra prova e você me muda pra A se eu tirar dez. Você imagina o quanto eu estudei pra essa prova pra poder ficar com tudo A pra não assumir a parcela final dos pagamentos. Aí foi super legal eu concluir esse curso, pois tive a oportunidade de montar um que ficou muito famoso na companhia, as pessoas até hoje me procuram, perguntam, pedem pra fazer de novo. Era chamado Fundamento de Finanças pra Negócios, a gente estudava matemática financeira e análise de investimento aplicada a negócio. Então fizemos mais ou menos umas 25 turmas desse curso em toda a América do Sul e esse curso foi a forma que eu tive de agradecer ao Antônio pela oportunidade que ele tinha me dado naquela época, então foi um negócio assim, que teve uma simbologia muito grande. E depois, mais lá na frente eu fui trabalhar numa área de Líquido que também era com ele embora não reportasse direto a ele. Você vê como que o mundo é redondo dentro da própria empresa. Depois fiquei cerca de cinco anos na área de análise de viabilidade econômica de projetos que eu acho que me deu um diferencial bastante interessante num encarreiramento dentro da companhia porque é uma área de tomada de decisão, é uma área que você define o futuro da companhia, você aprova os novos projetos. A grande vantagem dessa área é que no final do dia você acaba entendendo como que é o thinking process da_ de tomada de decisão da alta liderança e se apresenta projeto direto pro presidente, pro senhor da companhia no Estados Unidos, então você aprende como é a tomada de decisão isso te da um tremendo diferencial você ver como é o pragmatismo na tomada de decisão. O que o cara da valor. Então foi um período muito interessante e foi aí que aos 29 eu peguei meu primeiro cargo de gerência na companhia na área de análise de investimentos do ar. Eu fui assim, um gerente na companhia relativamente jovem, sempre ia aos treinamentos, as pessoas tinham dez anos a mais que eu, eu era sempre o caçula. Foi um aprendizado pra mim muito grande. Da área de análise de investimentos eu fui trabalhar como controler da área de líquido, e gerente de preços e contratos de líquido. Fiquei nessa função aproximadamente um ano e meio, e aí fui promovido a diretor de desenvolvimento industrial lá com o Antônio César que me promoveu a diretor e fiquei nessa função mais ou menos uns dois anos, um ano e meio. Essa foi uma função bem complexa: tinha, preço de contrato, tinha controladoria, grupos empresariais, Petrobras, AMBEV, Vale, novos negócios, toda a parte de gerência de aplicações, tinha um grupo de tecnologia, uns 14 portes diretos de áreas distintas, tinha o IG que era uma função bem complexa que também aprendi muito com essa função, me deu um diferencial bem grande. E depois dessa função eu fui convidado pelo Domingos pra trabalhar diretamente com ele, isso foi em 2009, em março de 2009, e fiquei responsável por um pedaço da siderurgia. Nós dividimos a siderurgia em três, era eu com um pedaço, o Fred que vocês entrevistaram com outro e o Marcos Barreto que hoje está tocando a operação nossa de Abu Dhabi com uma terceira parcela. E tinha um pedaço também de química que era o Roberto então nós éramos os quatro caras de On-site. E aí além da parte dos negócios eu também era responsável por uma área chamada de operações. O quê é que tem dentro dessa área de operações? Tem algumas coisas aplicadas à área de On-site como, por exemplo, empresas e contratos, controladoria, CRM e algumas áreas que são as áreas corporativas: a área de viabilidade econômica de projetos que eu já comandei no passado, o Catex que é uma área desafiadora que é dividir dinheiro dentro da companhia. É uma área também bastante complexa, uma área que a gente chama um nome até curioso, mas é folha verde o nome dessa área porque, toda vez que alguém quer pedir alguma coisa pro presidente aprovar a gente monta uma folha verde. Esse nome pegou porque a moldura da folha é verde, então ela tem quatro pilares que dizem o seguinte: Porque que você quer fazer esse negócio, qual é a estratégia por trás, uma análise financeira do cliente, se é um cliente existente, uma análise do contrato que você está querendo fazer com aquele cara e uma análise de viabilidade econômica desse projeto pra saber se aquilo ali é viável. Tem a área de energia. Há algum tempo a gente viu que a energia na verdade deveria estar na área de negócio que a energia é um negócio, então eu também continuo com ela, sou responsável pelas negociações dos nossos contratos de energia junto aos nossos fornecedores. Energia é mais ou menos 80% dos nossos custos de produção, então nós negociamos nessa área de energia todos os nossos contratos junto aos fornecedores CEMIG,Tractebell, Neoenergia. Essa era a área de operações e o presidente me deu o desafio de consolidar as áreas que eram divididas em siderurgia e a área de Química, o Fred trabalhando comigo e o Roberto e eu absorvi também a parte do Marcos que foi pra Abu Dhabi. Conseguimos o que é muito importante pra nossa integração, voltar a concentrar toda a área sob uma única liderança, podia ser o Campinho, Roberto, Fred, o mais importante é a integração à sinergia dessa turma que trabalha junto, muita sinergia. Estamos agora no começo de um novo trabalho porque essa consolidação ela vem sendo feita ao longo do tempo, mas a última parte que foi a consolidação da área de química liderada pelo Roberto foi feita há um mês atrás e a gente está mais uma vez começando um novo trabalho de quase mudança de cultura, de gestão. Muita coisa na área de líquidos tive a oportunidade de copiar aprendendo com o Antonio César que é o mestre aí da gestão. Diz um ditado inglês que a cópia é a forma mais sincera de elogio, então registro aí meu elogio na área de líquido do Antonio César.
P/1 – Marcelo, só voltar um pouquinho, acho que desde o teu MBA, ficou muito claro essa coisa sua de contestar a hierarquia, ir lá, falar, fazer uma proposta, queria que você contasse pra gente como funciona essa coisa na White Martins, quais as mudanças que você observou durante esse período, queria te perguntar também a questão da saída da Mayrink Veiga, conta pra gente.
R – Olha, interessante é o seguinte, eu vou começar a te responder contando um caso. Eu estava fazendo um encontro de siderurgia no meio do ano com a minha turma e achei estranho o seguinte, “os estagiários podem participar?” Aí eu me senti lá atrás quando eu queria participar, eu falei “pode, pode participar”. Me chamou a atenção que nós fossemos mais ou menos uns 50 e tinha dois estagiários. Eu achei uma desproporcionalidade muito grande, aí eu falei: “Nossa, como tem pouco estagiário”... eu falei: “quem aqui gostaria de ter estagiário?” aí foi “mó” barato que foi aquele tsunami de mãos levantando (Trrrrrr), aí levantaram a mão uns 25, eu estou com o nome dos 25 anotados porque a gente fez um desafio, aí eu falei: “e por que você não tem estagiário?” Aquele silêncio, aí alguém manda aquele “e pode?” Eu falei: “Alguém pediu?”, “Não”. “Se pedir aumenta consideravelmente a chance de conseguir então “pede aí pessoal. Que nem criança, todo mundo junto: “Posso botar estagiário”? “Sim”. Agora você tem um desafio porque você vê que o que faz diferença é gente boa. “A pergunta agora que eu faço pra vocês é a seguinte: em quanto tempo vocês colocam um estagiário pra dentro?” “Ah, 30 dias.” “Vou dar 90”. Vence dia 15 de outubro os 90 dias. Estou louco pra ver quem conseguiu, já estou sabendo que são poucos. Então a moral da história é a seguinte, muitas vezes as pessoas não conseguem porque elas nem tentam, então assim, eu acho que... Filosofando aqui eu acho que na vida não é você tentar e não conseguir é você não conseguir porque nem tentou alcançar aquilo ali. Então eu acho que, você se olhar lá na frente e falar o seguinte: “ Eu errei, isso é da vida”... Agora você achar que não conseguiu chegar a algum lugar porque você não tentou chegar, deve ser uma lembrança muito dura. A pessoa olha lá na frente e fala “caramba, eu era um medroso, eu não tentei fazer nada.” Então as pessoas às vezes, elas são muito acanhadas, é natural numa empresa muito grande, nós sempre fomos uma empresa muito conservadora que mudou muito, as pessoas às vezes tem medo de vencer essas barreiras e tal, então eu estava dando esse exemplo porque eu acho o seguinte, como é que você vai conseguir algo que você não pediu? Eu tive um evento de um funcionário meu que há pouco tempo ia sair e o problema era o seguinte: ele estava com o salário defasado, e a gente faz people revew, a gente faz ranqueamento, a gente discute. “Por que está defasado, você pediu?” “Não”. Então às vezes as pessoas têm um pouco de medo, botam uma barreira pra tentar conseguir as coisas. É óbvio que você tem que fazer as coisas respeitando a hierarquia da companhia, respeitando os processos de trabalho, mas você tem que ser ousado positivamente falando né, você tem que sair do quadrado, tentar fazer diferente. Já que é bate papo vou te contar uma dinâmica que eu fiz, tem já alguns anos, mas me chamou atenção é interessante. Aqui todo mundo tem um drive, ter um follow de ir adiante. Perguntei pra minha turma o seguinte, fiz um teste botei lá: “O quê que você quer ser? Letra A: quero fazer parte da diretoria da companhia; letra B: quero ser uma pessoa de um nível intermediário; letra C: deixo a vida me levar.” Aí todo mundo - A. A todas as perguntas que eu fazia porque o A era a melhor, a B era mais ou menos e a C era péssima. Aí todo mundo marcando, mas o quê você quer ser, uma pessoa reconhecida pelas suas atitudes, por agregar valor, e todo mundo “A,” a pessoa nem pensava pra responder, porque tinha uma plaquinha pra levantar, A, B e C na mesa um não via a do outro, mas A (Rrrrr), todo mundo. E aí vem a última pergunta: “você acha que pra ser tudo isso que você acabou de falar você tem que: letra A: fazer diferente; letra B: fazer igual a todo mundo; letra C: deixa a vida me levar.” Todo mundo A. “Agora vocês tem dez minutos pra botar numa folha em branco qual é a estratégia pra fazer diferente, o que você faz no seu dia-a-dia que te destaca da média?” Logicamente eu não pedi pra ninguém ler o papel, alguns pegaram lápis tremendo pra escrever, outros não saiu nada eu falei “não, não agora. Você dobra, lê numa sexta-feira à noite em casa, bota uma velinha no quarto, apaga a luz e conversa com o seu eu interior e lê pra você mesmo que é pra você, não é pra mim não.” Então isso é muito comum nas empresas, as pessoas às vezes querem ser conduzidas até o pódio, mas não querem correr a maratona e a gente tem trabalhado muito isso na nossa área, a gente não conhece esse atalho, a gente conhece o atalho do esforço, da dedicação, da antecipação, do fazer diferente. A gente acredita muito nisso, se a gente quer agregar valor temos que fazer algo diferente. O que estamos fazendo de diferente? Vocês que são da área devem conhecer mais do que eu. Não sei quem foi que falou, mas alguém já falou que insanidade é você fazer as mesmas coisas e achar que vai ter resultados diferentes, e às vezes a gente no piloto automático cria essa expectativa, estamos sempre fazendo a mesma coisa e achamos que alguma coisa diferente vai acontecer, não vai. Bom, voltando lá pro ponto, esqueci o que você perguntou.
P/1 - Eu tinha perguntado dessa sua característica da época do MBA de...
R – Ah sim, lembrei, é por isso que eu estava contando essa questão de fazer diferente. Então eu acho que a empresa mudou muito quando eu entrei era uma empresa muito mais conservadora, hoje é uma empresa completamente diferente, eu acho que as pessoas têm total espaço pra participar do processo, elas são instigadas a participar. Acho isso fundamental pra gente ter excelência de performance. Porque todo mundo gosta de se sentir parte integrante no processo. Em última análise eu diria assim, todo mundo quer ter voz, todo mundo quer ser ouvido, quer ser escutado, quer falar e eu acho que hoje a empresa provou muito essa possibilidade das pessoas participarem das definições de estratégia, de conversar, de falar, eu acho que isso é um tremendo diferencial pra gente. E se eu sempre tive esse drive de realmente não ter essas barreiras, eu acho que uma coisa é chutar o balde, outra coisa é desafiar o processo. A linha que divide essas duas coisas é tênue, mas desafiar o processo é sempre algo positivo, você questionar porque é daquele jeito. Na nossa área é proibido falar o seguinte: “A gente sempre faz assim porque sempre foi feito dessa forma”, essa frase está proibida como está proibido também o seguinte: “resolveu o problema?” “não, eu mandei o e-mail depois eu liguei pro cara e o cara não estava.” Não, tem que resolver, explicar o porquê não deu não adianta, tem que resolver, o drive é resolver, cada um tem uma cota de problema pra resolver. E a gente tem várias gerações dentro da área, tem a geração Y, eu estava brincando com a minha turma temos um programa chamado “O Futuro se Faz Agora” que são todas as pessoas até 29 anos de idade e isso me criou alguns problemas, pois foram descobertas umas meninas de 30 e não estavam no programa. É super legal, tem sido um sucesso fizemos vários bate papos como esse que a gente está fazendo com as lideranças da companhia, sempre convido alguém pra conversar com eles. Isso é uma baita oportunidade pra eles, eles fazem visita de planta, conversam com as lideranças da companhia, então imagina essa turma jovem, tem uma média de gente de 29 e tem gente de 23, abre pra caramba a cabeça dessa turma. Fiz duas sessões com eles, a primeira foi comigo, eles pediram pra fazer um quiz de perguntas e respostas , foi bem interessante, e por último eu levei a nossa diretora de RH que é a nossa parceira estratégica Andréia, e ela falou da geração Y, eu falei: “Andréia, eu queria ter nascido nessa geração Y” ela disse que minha turma jogava totó, eu falei: “minha turma não joga totó no meio do expediente não.” Eu falei pra ela: “Andréia, eu sou da geração TY, não é da Y é TY turn yourself , se vira, vai, resolve e volta, não tem esse negócio não.” Então é interessante dentro da área você tem várias gerações diferentes e a gente tem que... Em última análise, eu acho que a arte da liderança é saber lidar com esses perfis diferentes e colocar todo mundo remando na mesma direção porque cada um é de um jeito e a gente tem que respeitar isso porque isso da uma sinergia pro time e agrega um valor danado, mas no dia-a-dia o verdadeiro Big Brother é dentro da empresa corporativa. Não é aquele do Bial, que aquele tem festa, ali não, ali é estresse, meta e todo mundo convivendo junto mais do que fica com a família dentro de casa. Então a gente tem um grande desafio que é o seguinte, de tornar o ambiente leve, uma atmosfera gostosa, desafiadora porque a gente tem resultado pra entregar, mas aquilo ali tem que ser também divertimento, alegria porque senão não faz sentido, você passa uma parte da sua vida ali pra viver frustrado? Não faz sentido, então a gente tenta dar esse tom, essa atmosfera positiva puxando as pessoas e sempre com foco muito grande em pessoas, e equipe de alta performance. A gente tem feito um trabalho muito grande nesse sentido, inclusive de diferenciação. Estou falando muito, vou deixar você falar.
P/1 – Não, pode falar. Claro, claro, pode falar.
P/2 – Você teve contato com a cultura americana, você viajou pros Estados Unidos?
R – Vou com bastante freqüência, nunca fui tocar uma operação ou trabalhar fora do Brasil, mas nós temos muito contatos, principalmente na minha área de aplicações de aço existe uma liderança global nos Estados Unidos. Desde que a Praxair assumiu a gente acaba tendo esse contado direto. Agora especificamente, morar lá fora, eu ainda não tive essa oportunidade, digamos assim.
P/2 – E os padrões de gestão da Praxair são muito diferentes dos padrões brasileiros?
R – Olha, na essência no que é o mais importante eu não acho não, eu acho que a gente tem um modelo de gestão muito parecido com o americano, até por influência da própria cultura deles. Eu acho que o que é diferente, são algumas atipicidades de geografia, como por exemplo, aqui a gente tem uma facilidade de serviço muito grande. Então é comum hoje uma pessoa de classe média alta ter empregada, faxineira. Lá nos Estados Unidos você sabe que é raríssimo, o cara sai do trabalho tem que tirar neve da calçada, cuidar da casa, pegar em creche, tem uma dinâmica diferente. Acho que lá as pessoas são muito mais disciplinadas com horário, aqui não, aqui tem um pouco da cultura, às vezes tem uma área que a turma sai nove horas da noite todo dia, então eu vejo essa diferença nessa questão da gestão do tempo. Outra diferença que eu vejo é na formação das pessoas. Os americanos são mais especialistas, o cara que toma conta daquilo ali ele é especialista naquela máquina, naquele equipamento, tudo que você perguntar daquilo ali ele vai saber te responder. O brasileiro, por uma questão de sobrevivência é mais generalista, até pela formação na faculdade a gente brinca que o engenheiro brasileiro é o engenheiro Magaiver daquele seriado, ele faz de tudo um pouco e o americano não, ele é bem focado, essa é a maior diferença que eu vejo. Agora, no modelo de gestão, nas técnicas, nos drivers, eu acho que é muito similar. Até porque de novo a gente absorveu muita coisa da cultura americana, os livros que lemos na faculdade, 99% vêm dos Estados Unidos então a gente sempre vem com esses modelos de produtividade, reengenharia engenharia vem tudo de lá, temos mais ou menos esse modelo de gestão americano no sangue.
P/2 – Você ficou um pouco americano, você acha?
R – Olha, é uma bela pergunta, ninguém nunca tinha me perguntado isso. Talvez sim, talvez sim, acho que a gente acaba, por essa questão da correria do dia-a-dia, de foco e gestão, resultado, pra gente ter qualidade de vida a gente tem que ter um foco muito grande na gestão de tempo e prioridade, isso é bem americano. Então a partir de agora eu sou 33% americano, 33% brasileiro e 33% português, ou 100% tricolor.
P/1 – Marcelo, eu queria voltar um pouquinho pra área de liderança, foi bem interessante o que você estava contando pra gente e eu queria te perguntar exatamente sobre essa geração Y, a questão de desconstruir sabe, a questão da diferença, de viver a diferença, com a diferença e dentro da própria empresa. Assim, pegando até o pessoal que trabalha na fábrica, o faxineiro, entendeu, como que isso é passado pra lideranças, conta um pouquinho pra gente.
R – Temos um foco muito grande em diversidade, a gente sabe que hoje é o grande diferencial da companhia é inovação e aí eu estou adicionando por minha conta a palavra criatividade. O que vai fazer o diferencial nas grandes empresas é a criatividade. Existe aqui uma transformação no mercado de trabalho. Quando eu saí da faculdade há 15 anos não tinha um computador. E essa turma que está vindo tem Facebook, Internet, é uma turma diferente, principalmente na parte mais técnica a nossa de engenharia o cara domina pra caramba Excel e tal, faz tudo dentro do Excel, mas aí você pega a razoabilidade do número que ele está tirando e aí talvez ele tenha um pouco de dificuldade de analisar pois foi criado com tanta ferramenta, com tanta informação.... Esse é um desafio pra gente, esse é um lado. Agora o outro lado é o seguinte, essa turma é uma turma mais criativa com a cabeça mais aberta. Na minha visão, realmente, essa turma tem um drive diferente, é uma turma até que é positivo, a meu ver, é uma turma que valoriza muito esse equilíbrio. Eu estou numa geração aqui intermediária, entre os 50 e os 20, 25, porque pela turma dos 50 eu acho que foi uma turma que vivenciou o negócio de “não, tem que trabalhar, tem que conquistar, tem que ficar na empresa até duas horas da manhã.” Então me considero numa geração intermediária. Agora vem a geração mais jovem dando um valor, tipo seguinte, se é isso, eu não quero, eu não estou afim não. As empresas, na minha visão, vão passar por uma grande transformação porque aquele líder do workaholic vai deixar de existir, porque a turma que vêm aí é diferente, não tenho a capacidade de fazer julgamento de valor até porque eu acho que não existe melhor ou pior. Mas é diferente, a gente vai ter que saber lidar com isso e de novo a gente volta na questão de diversidade. Diversidade, na minha visão não é questão só de você lidar com um negro, uma pessoa gorda, homossexual. Diversidade é o que a gente vive no dia-a-dia, respeitar as pessoas diferentes e fazer aquele time de pessoas diferentes terem sinergia e dar o melhor de si. É natural, principalmente em processos seletivos alguém que seja uma cópia sua mais jovem, esse é um erro muito grande da liderança, mas que se você não estiver atento você acaba incorrendo nesse tipo de erro. Eu tive a oportunidade de fazer no ano passado pela empresa um curso de negociação na Universidade de Harvard, foi muito interessante. O curso parte dessa questão de diversidade e a pergunta do primeiro texto foi: “Quão ético você é pra contratar pessoas?” Você fazia um teste que tinha duas figuras e você tinha que escolher uma. Aliás, esse teste é um negócio super interessante. É impressionante como temos que estar antenados trabalhando isso na nossa cabeça, às vezes, a gente por definição é preconceituoso, então a primeira imagem que aparecia me lembro que me marcou era a seguinte: uma mulher feia e uma mulher super bonita. Aí quando ele apurou o resultado, nós éramos uns 50 de tudo quanto e lugar do mundo que você possa imaginar - 9% marcaram, por que é impulso, a mulher bonitinha. O que tem a ver a beleza com a competência da pessoa? Rigorosamente nada, mas é uma tendência natural que a gente tem, então se a gente não estiver antenado nessa questão e trabalhando a nossa cabeça, você pode estar sendo preconceituoso, indo contra, justamente, essa questão da diversidade que a gente tanto preconiza. Essa é uma questão muito interessante que a gente tem discutido dentro da empresa e mais uma vez a White Martins largou na frente, porque quando eu puxo essa conversa com os nossos clientes eu não vejo que eles estejam num estágio tão avançado de conscientização como nós estamos em relação à questão da diversidade. Então a palavra antecipação é uma palavra que mais uma vez ela se aplica.na empresa..
P/1 – Agora, a White numa posição, os clientes em outra , como que isso é conciliado quando... As ideias de ambos são as mesmas, ao mesmo tempo é o cliente, tem que atender o cliente, queria que você falasse um pouquinho disso.
R – Você diz assim, de dificuldades do dia-a-dia, de negociação?
P/1 – É, exatamente, ou alguma posição do cliente que não bata com a White Martins e leve ao mesmo tempo...
R – Na área de On-site as empresas são muito grandes, temos mais ou menos os mesmos princípios e valores, é difícil você ter uma questão ética, alguma coisa grave, não me lembro de algum caso pra registro. Porque os clientes são Gerdau, CSN, Arcelor Mittal Usiminas, Nadir Figueiredo, Suzano, Fibria, Braskem, só cliente muito grande, empresa muito grande. Isto na área de On-site é uma vantagem, digamos assim, competitiva, o nível de relacionamento é muito alto, as pessoas são muito bem preparadas, não costumamos ter nenhum tipo de problema nesse sentido. No entanto, da mesma maneira que a gente tem que entregar aqui eles tem que entregar o resultado lá, e muitas vezes os objetivos são dicotômicos. A gente quer uma coisa e o cara quer outra. Fazemos nossas negociações com tranquilidade, com equilíbrio e sempre chegamos a algum acordo. Sem dúvida, pelo fato de e termos contratos de longo prazo de 15, 20 anos, existe um respeito mútuo muito grande, porque a gente sabe que a gente tem um longo casamento pela frente que muitas vezes é renovado por mais 15, 20 anos o que está acontecendo com a maioria dos clientes. Então existe sempre a preocupação de manter esse relacionamento no mais alto nível e tem mais outra vantagem. Todo nosso mercado é um mercado contratado, temos contratos que regem esse relacionamento, as questões que poderiam vir a ser um problema no dia-a-dia, já tão bem definidas em contrato. Muitas vezes surge uma negociação quando há algum desequilíbrio pra algum lado em relação àquilo que foi combinado há dez anos naquele contrato, mas nas condições normais de temperatura e pressão, a gente procura seguir aquelas cláusulas que tão ali, cláusulas que foram acordadas lá atrás. Então respondendo diretamente, a gente na sala de On-site tem um match, um link muito grande com esses clientes e essa parceria tem se mostrado tão boa que a gente tem renovado todos os contratos. O cliente tem livre arbítrio, ele poderia entregar o fornecimento para um concorrente nosso, poderia priorizar o fornecimento de oxigênio. Temos tido renovações de contrato de 100%, não perdemos um fornecimento On-site. É a maior prova de que esse é um relacionamento bem sucedido e com alto valor agregado, porque senão, fatalmente o cliente escolheria outra rota de tomada de decisão.
P/2 – Alguns entrevistados funcionam a hidrogênio no futuro, você está pensando nesse assunto também?
R – O hidrogênio não está na minha área, está na área do Marcelo Rodrigues, talvez fosse melhor abordar esse tema com ele. Agora, acredito que sim, está certo, mas não gostaria muito de detalhar porque não é a minha praia, soa interessante essa questão de hidrogênio, principalmente na Petrobras, vai ter muita coisa nesse sentido. A Petrobras tem uma escala muito grande quem estiver se posicionando junto a Petrobras vai crescer muito junto com ela. Nós temos muitos projetos em desenvolvimento, alguns já implementados, outros ainda em discussão vão trazer um diferencial, vão colocar a empresa em outro patamar em termos de tamanho de faturamento porque esses projetos têm uma escala muito grande, como diria o nosso ex-presidente, nunca visto na história desse país. Então nós estamos muito atentos a essas oportunidades, e o Marcelo dorme e acorda pensando nisso aí.
P/2 – Eu me lembrei de outra coisa...
R – Opa vamos lá.
P/2 – Você está com tempo?
R – Estou, isso é um investimento, estou à disposição de vocês o dia todo se vocês quiserem.
P/2 – Porque você veio de uma escola que primava por uma linha de aprendizado que você considerou diferente da maioria e você falou de criatividade, isso te e deu muita segurança. Você imagina que um dia a White Martins poderia ter gente trabalhando em casa?
R – Acredito que sim, acredito que sim.
P/2 – Na sua área já haveria essa possibilidade?
R – Hoje já há essa possibilidade, muitas vezes eu tenho muita concentração de pessoas na área de operações, o meu pessoal de negócios está espalhado pelo Brasil. Tem uma concentração muito grande em Belo Horizonte porque existem muitas usinas lá, tem concentração em São Paulo, nos pólos na área de Química, de Camaçari, de Capuava, no Sul, na Copesul. Agora o meu pessoal de back office da área de operações que são as áreas de análise de projetos, controladoria, peso e contrato, a turma fica muito aqui na Barra e eu fico aqui na Barra também. Então estimulo primeiro o seguinte, “não fica aqui, vai pro campo; segundo: você não precisa vir aqui”, porque hoje em dia com Blackberry, todos eles têm Blackberry, laptop, não faz diferença onde você está e muitas vezes a gente tem uma perda de produtividade quando a turma está ali, porque ali é Big Brother, às vezes o cara quer fazer um trabalho... Então é muito engraçado que um dia eu estava almoçando, eu senti orgulho disso porque eu estava almoçando ali no Barra Shopping e esbarrei com o cara que trabalha comigo trabalhando ali no café do Dunkin Donuts, então ele saiu do escritório, pois não estava conseguindo se concentrar sentou ali, pegou um café e ficou ali trabalhando, estava ali no telefone fazendo conferência, ele nem me viu mas eu fiquei... Fiquei orgulhoso porque tanto faz onde você está o negócio é você agregar valor. Eu acho que essa questão de escritório me preocupa muito, a White não tem tanto isso, mas eu acho que as empresas em geral têm muito isso, do controle de funcionário, de bate ponto, de horário... Você não controla a mente da pessoa. A pessoa pode estar ali fisicamente, mas ela pode estar com o pensamento longe. Mesmo que ela não tenha acesso à internet, não é essa questão, a questão é minding set dela. Então eu sou completamente a favor disso, acho inclusive que estimula a criatividade. Eu vou te dar um exemplo recente, não diretamente relacionado a ficar em casa, mas relacionado a essa questão da presença física. Eu recentemente contratei um diretor de siderurgia para trabalhar comigo, ele era gerente regional de líquido lá da região sul, lá de Porto Alegre, e aí ele tem uma esposa lá que tem um negócio próprio, tem um ateliê e tem uma filha em casa de dez anos. Quando eu o convidei para ser diretor, ele era um dos candidatos, essa turma vai até pro Alasca pra pegar a promoção e ele tinha certeza que teria que vir para o Rio. Informado que seria o escolhido, ele começou a movimentação pra se mudar. Eu liguei pra ele e falei: “Sérgio, você não precisa vir pro Rio.” Eu senti um silêncio assim, ele até se emocionou porque eu falei: “Sérgio, eu quero é o teu drive, eu quero o teu entusiasmo, eu quero a tua mobilidade, você tem algum problema de entrar em avião?” “Não”, porque isso não é custo, isso é investimento o avião, o que eu não quero é ele seis meses distraído no Rio de Janeiro, porque o pessoal do sul tem fortes raízes lá, é diferente, o gaúcho é diferente, eles têm uma cultura local muito forte. Ele no Rio de Janeiro, Barra da Tijuca, nada a ver com Porto Alegre, nada a ver com a mulher precisando se adaptar, perder o negócio do ateliê, a filha, e ele aquele gauchão sabe, que está toda hora com o chimarrão na mão, torce pelo Inter, todo característico. Eu não, eu o quero feliz, quero ele tranquilo. Eu acho que essa questão da mudança, isso vai ser uma... Vai mudar, porque hoje é muito valorizado, principalmente para os headhunters da vida essa questão da mobilidade. Eu acho lindo, eu tenho mobilidade, se eu tiver que ir amanhã pra Venezuela ou pra China eu topo ir, a questão não é essa, mas a questão é a mudança desnecessária. Pra quê eu traria o Sérgio pro Rio de Janeiro se eu não preciso do Sérgio no Rio de Janeiro, se a carteira dele vai de Manaus a Porto Alegre? Eu quero o drive dele, eu quero o entusiasmo dele, ele tranqüilo, com equilíbrio familiar, porque senão ele não é feliz. Se o cara não é feliz o cara não consegue performar em alto nível. Genuinamente eu acredito no ócio criativo, os melhores insights que eu tenho acontecem quando estou equilibrado. Quando estou naquela correria, aquele dia-a-dia, o negócio não sai legal, fácil falar difícil fazer. Naquela correria, naquele dia-a-dia como é que você gera aquele ócio criativo? A resposta é: disciplina profissional, gestão de tempo e gestão de prioridades senão o dia não acaba então, hoje eu fico medindo meu tempo. Eu falo com esse conhecimento de causa porque eu já fui campeão de sair da empresa meia noite, uma hora da manhã, inclusive uma vez eu desci num elevador aqui na Barra saindo cinco horas da tarde que eu tinha não sei o que, não me lembro bem, mas eram cinco horas da tarde, aí alguém olhou e falou: “Campinho, você às cinco horas da tarde no elevador indo embora?” Aí eu olhei pro infinito acho que o cara até se sentiu mal, olhei e falei “cara eu acho que eu já sai dessa empresa mais cinco horas da manhã do que cinco horas da tarde” aí ele ficou assim, arregalou um olho achou aquilo … Isso é uma das coisas que eu faria diferente, dizem que o arrependimento é impossível do ponto de vista filosófico né, eu estou fora dessa, eu estou no pacote dos que se arrependem, eu faria diferente sim, eu me daria melhor hoje com o equilíbrio, porque eu acho - de novo voltando ao ponto - acho que esse ócio criativo é fundamental, e voltando ao teu ponto original, eu sou completamente a favor. Eu acho que o cara tem que ter qualidade de vida, fazer o horário dele. O que importa no final do dia não é fisicamente estar em algum lugar, o que importa é o cara agregar valor, entregar resultado. Todos fazem parte do processo, tem que contribuir. Então o drive é resolver problema, é agregar valor, é fazer diferente, então eu sou totalmente a favor disso aí que você falou.
P/2 – Mais uma coisa nessa linha, você acha pessoalmente um absurdo alguém te pedir um ano sabático? Você na sua vida profissional?
R – Olha, eu não acho um absurdo, eu acho que isso vai de cada um, eu acho que cada um tem que saber o timing de da sua vida profissional. Então por exemplo, eu tenho uma gerente de CRN que saiu de licença por seis meses pra ter bebê que nasceu na semana passada, a Luana, e ela estava preocupada porque a licença é de seis meses e aí conclusão, ela volta em março. Então ela está preocupada que pra mulher isso é um grande desafio, porque a impressão que eu tenho é que na carreira da mulher tudo tem que ser mais cedo porque tem uma hora que ela quer ter filho, dar uma parada e depois ela tem que dar atenção à criança, é diferente, a dinâmica da mulher no mercado de trabalho é diferente. E ela, a Juliana está preocupada com essa parada e outro dia ela já me ligou e falou: “vem cá, da pra eu voltar antes? Eu falei: “Juliana, você faz aquilo que você achar que você deve fazer.” Então eu estava dando esse exemplo que eu acho que essa definição vem de cada um, quer dizer, eu estou num momento da empresa que eu não tenho o menor interesse em me afastar um ano, eu tenho interesse em fazer, um MBA executivo que tem na Universidade de Harvard só que pra fazer esse MBA executivo tenho que ficar fora por um período de 30 dias e depois de mais um intervalado um período de 20 dias. Hoje eu acho que não vale a pena pra mim, ficar 50 dias ausente da minha operação porque o verdadeiro MBA é o do dia-a-dia então hoje pra mim 50 dias perto da minha turma, no meu julgamento de valor, vai ser mais importante. Mas não tenho preconceito nenhum com a questão do ano sabático, se alguém quisesse ter .... Hoje não temos essa cultura dentro da companhia, e eu pelo menos não conheço registro de alguém que tenha saído um ano é... Ficado um ano fora e tenha retornado, não, não me lembro de nenhum caso, mas eu acho que muito em breve nós vamos ter que colocar na nossa agenda porque vai acontecer e é uma nova realidade. Da mesma maneira que foi na geração Y são coisas diferentes que estão acontecendo no passado não era tão comum agora cada vez mais você vê falar nisso, tinha um executivo de alto nível agora eu me esqueci o nome que estava no ano sabatino ai, me esqueci quem é se eu lembrar até o final da entrevista eu menciono aqui.
P/1 – E Marcelo eu queria que você contasse pra gente quais foram os procedimentos, os projetos que você implantou que mais te deram frutos... Quais foram as suas conquistas na sua trajetória de White Martins, estou te perguntando em termos de resultado concreto mesmo.
R – Olha é... Pergunta difícil né, são tantas emoções...
P/1 – (risos)
R – Tanta coisa que a gente fez ao longo desse tempo... Eu vou pegar aqui de cabeça e te elencar as coisas que marcaram mais, acho que no começo da carreira foi participar ativamente no projeto de implementação da planta de Volta Redonda, e engraçado porque eu mudei completamente de área as pessoas pensam que eu sou economista porque foi uma área completamente diferente, mas na verdade eu sou engenheiro químico e outro dia o gerente da planta levou um susto e me ligou, e falou: “Campinho, eu vi que o manual de operação da planta aqui quem escreveu foi você”, eu falei: “fui eu mesmo toma cuidado! Vai que explode a planta!” Então eu acho que ter participado do projeto da planta de Volta Redonda foi uma grande conquista. Tenho muito orgulho da minha trajetória e na área de tecnologia também, como era o Pelegrino fizemos alguns projetos de VPSA que hoje estão aplicados no mercado, eu acho que isso foi uma grande conquista, citaria também, no meu período de viabilidade econômica de projetos, vários deles que ganhamos, em especial uma renegociação muito forte que fizemos do contrato da CSN de Volta Redonda, que foi uma negociação muito extensa, muito positiva. Um processo que eu participei muito, a contratação da planta T1100 na COSIPA em Cubatão, do grupo Usiminas, essa também foi uma grande conquista. Indo mais um pouquinho adiante na carreira, eu colocaria como uma grande conquista a estratégia de execução de um projeto que nós chamamos de Fórmula Mix, na época eu trabalhava na área de líquido, foi um projeto de repasse, de inflação de custos junto aos nossos clientes, acho que foi um processo muito bem sucedido, foi algo bastante emblemático na minha trajetória, e recentemente... Nossa pessoal tem tanta coisa aí... Mas de projeto eu diria que as nossas últimas grandes conquistas foram, um projeto que nós fizemos na ArcelorMittal, um projeto muito expressivo para a companhia. Recentemente conseguimos uma renovação de contrato, um fornecimento lá no Pólo de Copesul, muitos projetos... Agora se eu tivesse que te falar um grande feito, o que eu tenho mais orgulho seria a questão de formação de equipe. Acho que, se tem uma coisa que eu me orgulho hoje, é de ter levado pessoas que eu tive a oportunidade de liderar na companhia e elas estarem muito bem posicionadas, inclusive pessoas até da minha idade, ou até bem mais velhas do que eu. O maior motivo de orgulho, com certeza foi essa questão de liderança, formação de equipe, eu acho que se eu tenho diferencial hoje dentro da empresa, eu acho que o diferencial é esse, você colocar todo mundo em prol de um objetivo único, as pessoas acreditarem e correrem atrás daquilo ali, eu genuinamente acredito que o nosso grande diferencial na White Martins são as pessoas comprarem a ideia, vestirem a camisa... Às vezes a pessoa não é aquele camisa dez, mas é muito melhor você ter um belo camisa cinco, que está suando o sangue, que dá um carrinho no meio de campo pra você ganhar o jogo, e aí os rapazes estão me entendendo bem porque tem aquele camisa 10 que não corre, toca a bola de lado, todo mundo aqui vai preferir o cinco robusto que te ajuda a ganhar o jogo, então eu acho que esse é o nosso grande diferencial, eu acho que as pessoas, seja na área de On-site, seja na White Martins, elas vestem muito a camisa, é um pouquinho da resposta que estou buscando com vocês, do porque a empresa é tão cativante, porque que as pessoas não saem, porque que eu estou aqui sentado nessa cadeira com vocês sete anos depois. Meu telefone toca o mercado é muito...Toda hora alguém te convidando pra alguma coisa sem você procurar, porque eu não procuro nada porque estou muito feliz e estou muito bem dentro da companhia, isso é um negócio interessante pra vocês colocarem no livro: porque a White Martins é tão cativante, porque todo mundo que vocês entrevistam tem 15, 20, 25 anos de casa, é uma belíssima de uma pergunta ? Vocês vão me ajudar a responder.
P/1 – Bom, Marcelo, eu vou encaminhar a entrevista pra uma parte final, um pouquinho mais avaliativa e eu queria que você falasse pra gente qual é o legado que a White Martins continua deixando pro Brasil nesse processo de desenvolvimento industrial?
R - Eu acho que o legado da White Martins é enorme, eu acho que a White Martins fornece para as indústrias, então ela está no meio da cadeia, e eu acho que a participação da White nesse processo do Brasil ir adiante é fundamental porque ela é parceira estratégica dos principais players, dos principais clientes, seja na indústria de aço, de química , de papel e de vidro e essa parceria estratégica com a White é fundamental pras empresas irem a adiante. Temos esse modelo hoje de terceirização, a gente esteve, por exemplo, há pouco tempo na Coréia, e lá na Posco que é a quarta maior siderúrgica do mundo, tem 15 plantas de separação de ar no site dela, o modelo é diferente: definiu- verticaliza-se toda a cadeia. Aqui não, o modelo foi fazer parceria estratégica com a White Martins, e essa parceria tem se mostrado muito bem sucedida, então a White tem um papel fundamental no desenvolvimento do país. Você pode ter certeza do seguinte, se você quer saber se o país está indo bem, você liga pra mim e pergunta como é que está a venda de confiabilidade, quer dizer, de oxigênio. Se a venda de oxigênio estiver boa, se estiverem consumindo muito oxigênio, é que esse país está indo adiante, não tem crescimento sem aço, e não tem aço sem oxigênio, e 90% de todas as indústrias siderúrgicas estão conosco em parcerias de longo prazo. Então se você quiser saber se esse país vai pra frente você me dá uma ligadinha que eu te falo se nós estamos indo bem.
P/1 – (risos)
R - Eu falo assim ‘nós estamos indo bem’, temos muito pra melhorar ainda, acho que o governo tem aí um papel fundamental a gente tem bastante competitividade, muitas das nossas indústrias, principalmente para exportação, o câmbio não está ajudando muito, deu uma melhoradinha, deu uma alavancadinha, mas de qualquer maneira o governo tem um papel fundamental, temos que desonerar as empresas, acho que a parte de tributo é fundamental, a gente perde muita competitividade pela quantidade de impostos... Pra você ter uma ideia, hoje o lugar mais interessante pra você produzir aço é no Brasil, em função de vários fatores, entre eles a proximidade com o minério de ferro porque a Vale está aqui dentro, e só tem a Vale e as australianas. Mas às vezes o aço fica menos competitivo pela quantidade de impostos, então hoje, se custa 500 pra fazer uma siderúrgica na China, aqui custa 1500, três vezes mais, pela questão de impostos, da burocracia, então o Brasil ainda tem um dever de casa muito grande pra fazer, só que o momento chegou, é o famoso agora ou nunca porque o Brasil está na moda, o Brasil está em evidência, a Europa andando de lado em crise, os Estados Unidos com dificuldade de crescimento, a turma vai pra área geográfica aonde vai crescer, Rússia, México, Brasil, China... China é uma febre, tudo bem, mas tem toda uma dinâmica diferente aí de mercado, o Brasil é muito atrativo, agora a gente tem que fazer o nosso dever de casa pra ver se a gente vai adiante... Acho que o Brasil melhorou muito, se a gente pegar de 10 anos pra cá, é impressionante como melhorou o poder aquisitivo da população, agora o que a gente tem que estar é muito focado, além dessa parte do governo, de impostos e etc., é a questão da educação, eu acho que isso é fundamental. Hoje a gente vai lá pra Buenos Aires, você vê a Argentina mal das pernas e tal, mas o nível de educação do argentino ainda é diferenciado em relação ao brasileiro, isso dá um diferencial competitivo porque gente é tudo. Então esse país tem que despertar pra essa questão da educação e investir pesado nisso, e nós estamos largando atrás, os asiáticos já largaram bem lá na frente, China está dando um foco grande nessa questão de educação, então esse país tem tudo pra dar certo, potencial pra fazer acontecer. Espero que a Dona Dilma nos ajude bastante aí na gestão dela, estamos de olho nela!
P/1 – (risos) E Marcelo, o que você acha que significa a White Martins comemorar esses 100 anos através de um projeto de memória, resgatando essa trajetória de vocês, da empresa?
R/ - Olha, eu acho fantástico, eu não sei como nasceu a ideia dentro da companhia, mas eu fiquei muito feliz porque não dá pra fazer 100 anos sem comemorar muito, então eu acho que vocês estão de parabéns, fiquei muito empolgado, fiquei bastante lisonjeado de ter a oportunidade de participar aqui com você, de compartilhar um pouquinho... Vai uma reclamação, não era pra serem duas horas - tinha que ser um final de semana!
P/1 – (risos)
R - Pra a gente poder conversar o final de semana todo, porque é muito assunto, é muita história, provavelmente eu vou sair daqui e vou me lembrar de algumas histórias que eu não contei, de alguns feitos que eu não disse... Então acho esse projeto fantástico, isso é memória da companhia, e a gente não tem como fazer 100 anos e não compartilhar um pouquinho. Somos 4500 parados em toda América do Sul, eu acho que o nosso grande desafio é trazer todo mundo pra dentro desse processo. Estamos falando do Rio, São Paulo, mas nesse momento tem alguém vendendo um cilindro lá na Bolívia, e esse cara faz parte da empresa, então eu acho que o grande desafio é a gente integrar todo mundo nesse processo aí de celebração dos 100 anos. Eu sei que a Natália está cuidando disso daí com muito carinho. Espero que ela seja muito bem sucedida, a gente está apoiando no que for preciso. Acho que o fruto desse apoio, que a gente estava conversando no coffee break, foi o agendamento. Porque agendar com essa turma toda pra entrevistar não é mole não. Ela fez um pacto, seguinte: “Isso é prioridade cada um dá seu jeito e aparece lá para fazer a entrevista”.
P/1 – (risos)
R/ - Então vocês estão de parabéns, eu acho que esse projeto é fantástico e eu fico lisonjeado de fazer parte dele e agradeço a você pelo convite.
P/1 – Marcelo, o que você achou de ter dado a entrevista pra a gente? (risos)
R/ - Eu achei o maior barato, eu não estou querendo mais ir embora... Estou querendo ficar aí...
P/1 -(risos)
R/ - Estou triste que acabou, agora que eu me empolguei! Agora que começou é muito legal... Isso é uma conversa muito gostosa, você se lembrar de toda a história e a maneira como vocês conduzem é muito interessante, deixa você bem à vontade, eu estou aqui bem à vontade, tomando café...
R/ - Tem um negócio chegando pra vocês, um presente pra vocês lembrarem da gente......
P/2 – A White Martins parece ser uma marca já. Como a Xerox por exemplo. Você lembra essa marca na infância, seus pais... A White Martins tinha uma presença?
R/ - No meio de onde eu vinha, pela questão dos tanques em hospitais você passa e vê tanques. Graças a Deus a maioria é da White Martins , então eu sempre tinha essa imagem. Eu não entendia direito o que era quando eu era mais jovem, eu via aquele tanque... ‘o que é aquilo?’, Sabia que tinha alguma coisa ali dentro, mas não sabia exatamente o que era. Então tinha esse negócio da marca é muito interessante. Você falou esse negócio da marca...Tem umas marcas que se confundem. A própria Gilete. Acho que ninguém diz aparelho... Não sei nem como é que fala, aparelho de barbear, todo mundo fala Gilete, mas Gilete é a empresa... Eu acho que a White Martins tem esse privilégio, de ter uma marca muito forte, tanto é que nós mantivemos a White Marins, porque era pra ser Praxair – White Martins, ficou White Martins – Praxair. Porque é uma marca tão forte que a gente não pode perder esse diferencial. Eu acho que quando o cliente ouve White Martins eu acho que passa pra ele confiabilidade, tranqüilidade, reputação, uma empresa séria, com princípios, ética, integridade, então essa questão da marca realmente é muito forte, e é uma coisa que a gente tem muito orgulho, a gente tem muito orgulho de falar que a gente trabalha na White Martins muito interessante. E muitas vezes você está fora do Brasil, quando faço algum curso fora do Brasil eu me apresento como White Martins barra Praxair. Praxair todo mundo sabe o que é. White Martins ninguém sabe o que é porque é South America. Mas eu faço questão de botar no crachá White Martins, é até engraçado, fica um nome grande White Martins barra Praxair. White Martins eu não abro mão. A gente tem muito orgulho de fazer parte da White Martins e isso nos abre, também, muitas portas pra fazer negócio porque quando você fala White Martins as pessoas te recebem diferente e isso é fruto dos 100 anos, nada é por acaso, não existe coincidência na vida eu acho que nenhuma empresa faz 100 anos se ela não for por definição uma história de sucesso.
P/1 – Muito obrigada.
R/ - Valeu, obrigada aí a vocês, vocês estão de parabéns, obrigado mais uma vez pela oportunidade.
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