P/1 – Boa noite Fernando.
R – Boa noite.
P/1 – Eu gostaria que você nos dissesse o seu nome completo, local e data de nascimento?
R – Fernando José Pantaleão Falcão. Minha idade que você me perguntou?
P/1 – Local e data de nascimento.
R – O local e data? Niterói, Rio de Janeiro 23 de novembro de 1966.
P/1 – Qual é o nome dos seus pais?
R – José Marinho Falcão Neto e Maria Lucia Pantaleão Falcão.
P/1 – Você sabe a origem do nome da sua família?
R – Um pouco, pouco. O “Pantaleão” eu sei que é meio europeu assim meio Portugal, Espanha e meio Chico Anysio também e o Falcão, o Falcão ele é nordestino, ele é nordestino, veio da Paraíba. O meu avô era da Paraíba, nasceu na Paraíba então é nordestino, mas o Falcão é um nome meio misturado com índio. Esse é brasileiro mesmo.
P/1 – E o seu avô nasceu na Paraíba e veio pro Rio você sabe o porquê?
R – Ah, ele era militar. Viajava muito e o meu pai era filho único também então ele era meio, andava muito pelo Brasil por conta de ser militar. Naquela época, não seu nem bem qual era a época, mas chegou a pegar coisa de guerra e tal, né, e casou com a minha avó que era de Campo Grande. Essa é a família do meu pai, né, o Falcão. E eles ficaram em Campo Grande e o meu pai acabou vindo pra estudar no Rio que era o sonho do menino lá do interior e tal e acabou se formando em Engenharia na Fluminense, né, do Rio na UFF que é em Niterói. Aí ele conheceu a minha mãe e eu cheguei.
P/1 – E o seu pai fez Engenharia do que Fernando?
R – Engenharia Mecânica, Industrial Mecânica, era um curso até diferente e tal. Era Industrial Mecânica ele cuidava de usina hidrelétrica. Era uma coisa bem específica, ele curtia, parecia pelo menos que ele curtia.
P/1 – E os avós por parte de mãe?
R – De mãe o meu avô era médico e minha avó era dona de casa, não trabalhava....
Continuar leituraP/1 – Boa noite Fernando.
R – Boa noite.
P/1 – Eu gostaria que você nos dissesse o seu nome completo, local e data de nascimento?
R – Fernando José Pantaleão Falcão. Minha idade que você me perguntou?
P/1 – Local e data de nascimento.
R – O local e data? Niterói, Rio de Janeiro 23 de novembro de 1966.
P/1 – Qual é o nome dos seus pais?
R – José Marinho Falcão Neto e Maria Lucia Pantaleão Falcão.
P/1 – Você sabe a origem do nome da sua família?
R – Um pouco, pouco. O “Pantaleão” eu sei que é meio europeu assim meio Portugal, Espanha e meio Chico Anysio também e o Falcão, o Falcão ele é nordestino, ele é nordestino, veio da Paraíba. O meu avô era da Paraíba, nasceu na Paraíba então é nordestino, mas o Falcão é um nome meio misturado com índio. Esse é brasileiro mesmo.
P/1 – E o seu avô nasceu na Paraíba e veio pro Rio você sabe o porquê?
R – Ah, ele era militar. Viajava muito e o meu pai era filho único também então ele era meio, andava muito pelo Brasil por conta de ser militar. Naquela época, não seu nem bem qual era a época, mas chegou a pegar coisa de guerra e tal, né, e casou com a minha avó que era de Campo Grande. Essa é a família do meu pai, né, o Falcão. E eles ficaram em Campo Grande e o meu pai acabou vindo pra estudar no Rio que era o sonho do menino lá do interior e tal e acabou se formando em Engenharia na Fluminense, né, do Rio na UFF que é em Niterói. Aí ele conheceu a minha mãe e eu cheguei.
P/1 – E o seu pai fez Engenharia do que Fernando?
R – Engenharia Mecânica, Industrial Mecânica, era um curso até diferente e tal. Era Industrial Mecânica ele cuidava de usina hidrelétrica. Era uma coisa bem específica, ele curtia, parecia pelo menos que ele curtia.
P/1 – E os avós por parte de mãe?
R – De mãe o meu avô era médico e minha avó era dona de casa, não trabalhava. Era uma família mais arrumada. Eram cinco filhos então dois médicos, minha mãe, a irmã dela e ainda tem um caçula que é da Administração e a minha mãe acabou trabalhando mais depois de velha, que eu brinco com ela, aí montou uma confecção de moda e até hoje tem uma confecção de roupa, né? E a minha outra tia ela era professora, aposentou, então está aí também. Mas é uma família mais tradicional de Niterói e tal. O meu avozão era parteiro lá, foi um ginecologista bem, bem renomado assim dentro de Niterói tal e a minha avó dona de casa, figurinha também.
P/1 – E você lembra do bairro, da sua rua e da sua infância Fernando?
R – Bairro, rua, infância. Lembro algumas coisas, lembro. Lembro lá em Niterói uma casa lá que a gente morava e agora com os meus filhos também eu fico tentando pensar como é que eu aprendi a andar de bicicleta pra poder passar um pouco e lembrava dos tombos, como é que a gente ia para o Jardim da Infância. O meu irmão é muito colado comigo, ele tem um ano só de diferença então a gente meio que fez as coisas tudo junto no início da vida então aprendemos mais ou menos na mesma época as coisas. Era uma vida diferente assim, era diferente. A gente foi construindo algumas amizades, né, Jardim de Infância aquela coisa que você ainda não se conhece muito e aí depois a gente foi pra uma casa no, isso em casa, a gente morava em casa, eu fui pra uma casa na Vital Brasil e aí já foi uma fase mais futebol, futebol. Naquela época era muito futebol gente. Meu Deus, hoje fico olhando e, putz, nossa, jogava futebol o dia inteiro. E aí foi se formando mais amizade e tal e aí fui tocando a vida.
P/1 – E essa casa que você morava em Niterói como é que ela era? Conta um pouquinho pra gente.
R – Ai, deixa eu ver. Eu tenho que lembrar de foto. Bem cafoninha assim. Hoje, pra hoje assim era micro a casa, micro. Depois que a gente vê, né, depois de grande, né, você fala eu não acredito que eu jogava futebol aqui nesse, né, cinco, seis metros quadrados, mas rolava de tudo ali, né? Era uma casa simples, casa simples.
P/1 – E qual era a sua brincadeira preferida?
R – Ah, era futebol cara, futebol. Eu nem passei fase de bola de gude, a gente chamava cafifa, né, não era nem pipa, né, cafifa o pessoal corria lá e tal, mas era uma loucura o futebol. O meu pai gostava muito e Botafogo e aquela coisa. Até hoje eu sofro por causa dessa porcaria. O pior é que os meus filhos já são Botafogo. Porque eles ficam olhando assim cara, como que pode um ser ainda ser botafoguense, né? Mas eu ainda curto, o meu pai liga: “como é que foi? O jogo foi ruim, o jogo foi assim, o jogo foi aquilo?” Mas futebol era assim meio que facilitava muito a vida, né, bastava uma bolinha, uma meia dúzia e a gente se arrumava. Acho que era com certeza a diversão preferida assim.
P/1 – E dos amigos dessa época de infância você recorda de algum?
R – Amigos de infância. É infância, infância, né? Infância poucos assim, poucos às vezes a gente encontra, engraçado que são pessoas que te marcam muito, né, então você, às vezes, encontra, mas é tudo esbarrão, né, você não tem, sempre aquelas coisas completamente inusitadas, né, não acredito que eu encontrei. Por você passar uma fase assim marcante você acaba lembrando daquela fisionomia quando a pessoa era desse tamanho, né? Mas lembro assim de dois, três assim. Lembro da professora de alfabetização. Essa eu lembro bem.
P/1 – E como é que era essa escola, agora que você tocou no assunto da professora, como é que era essa escola que você frequentou quando você entrou na escola? Ela era uma escola pública, privada?
R – Era uma escola privada, escola privada. Nessa história de educação acho que o meu pai foi uma pessoa muito boa porque na época a minha mãe era meio bobona assim, né, casou muito cedo, casou com 19 anos e com 21 já tinha os dois. Então assim dolorido, né, o negócio. E o meu pai era o cara que mais puxava isso. Então ele tinha assim os ideais de educação muito fortalecidos e fazia das tripas coração pra esse negócio da educação foi um investimento legal que ele fez e era uma escolinha bacaninha, bacaninha. Se você for olhar hoje num Jardim da Infância era do nível; em frente à praia, legal. E Jardim da Infância pra mim foi marcante porque até hoje eu converso muito com a minha mãe sobre isso, porque a gente tomou uma decisão lá. Teve uma decisão no Jardim da Infância já cedo pra mim que eu tive que pular uma fase lá dentro e isso trouxe algumas coisas, algumas sequelas pra mim. Não que fossem negativas, sabe? Mas trouxe uma; acelerou um pouco o meu processo de aprendizado, vamos dizer assim, né? Então quando eu estava ali na época era o primeiro, segundo e o terceiro período de alfabetização. Quando eu estava ali no segundo período eu estava já meio que escrevendo já estava achando tudo meio chato e aí fizeram uma aposta e nessa aposta o meu pai e minha mãe bancaram na época e já fui eu lá pra alfabetização. Mas ainda muito novo, eu fiz com cinco anos já estava me alfabetizando. Naquela época tinha um grupo muito mais velho então eu era meio bobeirão assim meio bobão assim na sala e tal. Ainda tinha algumas dificuldades, mas muito mais comportamental. Na hora de fazer as coisas eu até me virava e daí foi. Então eu fui pagar na faculdade depois, né? Paguei todos os meus pecados na faculdade porque cheguei com 17 anos mal feitos numa UFRJ da vida. Cheguei lá, o mundo, ninguém dava bola pra ninguém e lá eu fiquei sete anos num curso de cinco. Então eu falo sempre: “olha, não adiantou nada.” Às vezes a gente até conversa muito disso porque eu acho que é um processo de aprendizado assim um speed-up, né, mas sempre você paga aí em algum momento da tua vida você vai pagar. Acho que bom ou mau o negócio não adianta acelerar, né?
P/1 – E você falou um pouquinho da sua professora que ela te marcou essa professora de alfabetização. Por que?
R – Acho que foi por isso, né, foi por isso. Porque desde aquela época eu já tenho um estágio a mais de cobrança. Eu sempre fui um cara que me cobrei muito das coisas da qualidade do trabalho que eu faço. Eu era muito preocupado com o que as pessoas estavam achando do que eu estava fazendo e também para não decepcionar as apostas e tal. E ela era ultra-rígida, era aquelas professoras, putz, das antigonas assim. Metodologia rudimentar assim. Não era rudimentar, mas eu tinha medo daquela professora. “O que que eu estou fazendo aqui? Um monte de gente grande pra caramba e essa mulher dando já...” Porque é uma ruptura, né, porque você passa do “oi fofinho, tudo bem, como é que você está?” “___________ que vamos lá galera.” Então aquele negócio me deu um pouco de susto, mas ela depois ela gostava de mim pra caramba. Eu acho que ela até entendeu um pouco a história, né, essa trajetória meio mais rápida do que a turma lá na época e acho que ela entendeu e ela começou também a se adaptar um pouco mais tanto é que no final eu fui o, lembra? Putz, agora eu me lembrei de um negócio, meu Deus do céu. Festa do Livro, né, o primeiro livro eu fui o orador da turma. Fui escolhido pra ler, né, fazer a primeira leitura e tal. Então acho que é. Aí depois disso fui embora.
P/1 – E aí você continuou nessa escola até quando Fernando?
R – Só o Jardim da Infância.
P/1 – Só o Jardim da Infância.
R – Depois fui para uma outra.
P/1 – E essa outra escola?
R – Nessa outra escola eu fiquei na época fiz o primeiro e o segundo grau inteiro e o pré-vestibular.
P/1 – E como é que era essa escola?
R – Essa era um barato. Essa eu fiz muita amizade, muito, professor. E o meu pai jogava bola porque tinha um campeonato, então era assim um familião assim. Até hoje a gente encontra as pessoas e tal. Encontra os professores os que estão vivos ainda, mas assim e essa escola acabou, entrei lá era muito pequeno então acabou gerando um mesmo grupo que frequentava clube e que a gente é amigo até hoje.
P/1 – E como era o nome dessa escola?
R – Instituto Abel.
P/1 – E me diz uma coisa que disciplina ou que professor que você mais gostava nessa escola?
R – Disciplina? Ah, não tem assim disciplina que eu nunca fui assim Química, Matemática, Ciências, Biologia, Português eu levava a vida ali. Não tive preferência assim.
P/1 – E teve algum professor que te marcou?
R – Nenhum. Nenhum. Todos eles fazendo o trabalho deles ali e eu aprendendo. Nenhum assim que “putz, esse foi”, sabe, aquele professor. Tem gente que tem, né, é verdade que tem. Eu não tive “putz, aquele cara me ensinou cada coisa.” Você fazendo essa pergunta eu até a gente é obrigado a fazer meio que um flashback. Vem dos piores aos melhores, mas assim nada com um destaque pra que eu tivesse assim uma integração grande ou até uma amizade fora. Teve um professor de Estatística uma vez, vocês vão fazer a entrevista com o Fernando Teles ou não?
P/1 – Vamos.
R – Vão, né? Ele vai lembrar desse cara que era um professor da faculdade que chamava Hamilton. Era um professor de Estatística e tal e foi um cara que se chegou mais assim chegou a frequentar a minha casa. Uma vez a gente tomando whisky acabamos lá em casa ouvindo rock e tal. Mas, putz, era um cara legal, assim, não foi pra frente também não. A gente acabou, foi um laço de amizade muito curto. Eu lembro desse porque foi engraçado porque a gente tomou um porre uma vez juntos e o Fernando certamente vai lembrar porque ele tem uma memória de cão então ele vai lembrar.
P/1 – Me diz uma coisa Fernando. Você falou que nessa época fez muitos amigos e tal e esses amigos você me disse também que em Niterói por ser uma cidade menor o grupo que frequentava a escola frequentava fora também.
R – É. A praia, tudo junto, né?
P/1 – E o que vocês faziam? Que local que vocês frequentavam, o que que vocês faziam nessa fase de adolescência?
R – O que que a gente fazia? A gente viajava ia muito pra Cabo Frio, Friburgo. Eram dois lugares que a gente frequentou muito nessa época de adolescente assim. Fazia muita turminha, ia para as baladas da vida. Era o futebol o tempo inteiro. Era o futebol, futebol, futebol. Eu cheguei até a treinar em clube e muitos amigos meus também treinaram, meu irmão chegou a jogar e tal. Então o futebol foi uma coisa. Depois começamos com o negócio de praia e fazia surf, tinha lá as boates, né, putz, aquela vida boa pra caramba, né, de jovem e adolescente e tal e frequentava a faculdade, frequentava a faculdade. E aí nessa história de faculdade quando eu já tive que ir pro Rio já foi pra mim meio que um divisor porque ali eu tinha que ficar muito no Rio de Janeiro então eu já começava a chegar tarde nas brincadeiras quando a gente se encontrava fazia sauna, jogava futebol lá no clube lá no Country. Tinha uma turma gigantesca a gente se encontrava quarta, quinta, sábado e domingo assim quando não era na praia. Ia muito pra praia também Itacoatiara. Mas era mais isso, mais isso, a gente vivia a vida tinha segurança, né, a gente conseguia andava muito a pé, ninguém tinha carro. Andava muito a pé para as coisas era tudo perto de se fazer. Diferente, né, bem diferente do que é hoje, bem diferente. Pegava muito ônibus, putz, ônibus. Às vezes eu pegava um ônibus até pra passear. Saía da minha casa, pegava, era um ponto final perto. Pegava ia até o outro ponto final só pra passar pela praia. Olhava todo mundo que estava lá e depois pegava o mesmo ônibus e voltava. “Pô, fulano está ali”, às vezes, eu parava e batia um papinho e depois pegava de novo embora pra casa, imagina isso? Imagina isso. O ônibus era bom porque eu gostava desse ônibus porque ele tinha musiquinha. Então foi um dos primeiros ônibus que tinha rádio. Ar condicionado claro que não, mas aí abria a janela na beira da praia ia lá, musiquinha, tranquilo e acabava vendo as pessoas jogar bola nós tínhamos um time de praia também então tinha muita gente conhecida então você sempre encontrava um ou outro. Parava, conversava, falava as coisas.
P/1 – E Fernando em que medida os seus estudos básicos influenciaram um pouco pra escolha do seu curso universitário ou porque que você escolheu fazer Engenharia?
R – Aí eu acho uma sacanagem esse negócio de escolher profissão com 16, 17 anos. Eu acho que é a coisa mais ingrata. Hoje a gente pelo menos ainda vê as escolas tentando dar uma praticidade pra coisa, né, dizer exatamente o que você vai fazer, mas a gente era muito mal orientado então ia meio pela vocação. Eu achava que eu tinha vocação pra desenho e para a educação física porque eu vivia fazendo esporte e tal. No começo eu achei que era Educação Física mesmo, que foi o que a grande maioria acabou “emburacando” porque já está ali no futebol e depois eu fiz pólo aquático, joguei muito tempo pólo aquático. Mas também foi uma fase grande assim. Eu acho que fiquei quase dez anos jogando pólo aquático. E eu falei: “é isso aí cara. Eu vou entrar na Educação Física e tal.” E aí veio a figura lá do velho lá, do pai. “Cara, educação Física é __________ que tem perna, até onde você tem saco, isso aí não é que não é bom, né, cara, a vida é dura pra cacete, pensa melhor aí e tal.” Lógico que não foi com esse ar gentil que eu estou falando pra vocês aí, mas: “putz, cara, pensa aí de novo.” “Tá bom vou pensar.” Aí o segundo foi Arquitetura. Essa história eu contei até outro dia. O pessoal riu pra cacete. Pô, desenho bem, tenho um traço legal, né, vou fazer Arquitetura. E naquela época já estava entrando o CAD e o traço teu não queria dizer nada. O traço era fino bota o computador ali e o software e vrum. Aí eu falei com o meu pai: “pô, Arquitetura cara, esse eu acho que é legal e tal. Tenho um traço bom, olha o desenho.” E ele olhou assim e: “putz, Arquitetura. Esse cara é louco.” Aí ele chamou um amigo dele. “Não, então eu vou eu quero que você bata um papo.” Aquela coisa que o jovem odeia. “Eu quero que você bata um papo com um amigo meu que é arquiteto, pô, um cara bem sucedido e tal.” Depois eu fui saber que o cara estava falindo. Depois. Mas aí eu fui conversar com o cara e o cara “pô, Arquitetura cara, mas por que?” Eu falei: “Ah, acho que é legal tem mercado aí.” “Mercado que nada. Agora os computadores estão atrapalhando a nossa vida, estou procurando outra coisa, estou passando uma fase super difícil, mas sei lá, se você quer muito.” Putz, animador pra caramba. Aí eu falei: “ah, tá bom, Engenharia.” “Ah, está pensando legal, hein cara, está começando.” Mas não sabia o que queria. O __________ on line desta história eu não sabia o que queria. Aí foi um misto de Matemática, Física aí você vai não tem nada a ver com a sua escolha profissional. Ai você vai para aquelas matérias assim que você acha mais gostosinho fazer uma questão ou outra e acaba indo nessa, né? Como eu sabia que o meu papo não era muito relações humanas, não é nem relações humanas porque hoje eu estou num lugar que é pura relação humana, mas área biomédica eu sabia que não era muito a minha praia. Até podia “emburacar” lá, mas nunca me senti bem em hospital. Eu somatizo muito, estou num lugar que está ruim pra mim onde tem gente passando mal é uma coisa que eu não gosto, de entrar num hospital, eu não gosto de tomar remédio. Tem uns negócios assim que desde criança. E aí eu falei “isso aí não vai ser.” Então vai Engenharia mesmo. E eu sabia que Administração era um subset da Engenharia. Eu falei esses caras aqui que vão ter moleza depois eles vão comer na mão da gente. Era meio que uma visão antiga, né? E aí foi na Engenharia. Aí fui fazer o vestibular e fui.
P/1 – E como é que foi esse período de faculdade?
R – Horrível, horrível. Horrível porque um curso... Essa minha história de faculdade é meio fora da curva mesmo. Assim porque eu não tenho saudade nenhuma daquele lugar. Eu entrei no fundão em 91, foi uma época... opa, 91 não, 84, né. Foi uma época que estava estourando greve à torta e à direita. Eu achava que a greve era um barato porque eu ficava três, quatro meses em Cabo Frio. E aí acabou alimentando um processo de vagabundagem assim monstro, né? Você com 17 anos todo mundo sorrindo pra você, você no auge físico, mental, tudo recém passado numa federal, pai começa a sair do jogo, né, pai e mãe que não paga nada então para de cobrar, sai. Você começa a se achar poderoso e aí fui. Nessa eu fui e é um lugar muito gelado, muito concreto, fundão, a Universidade Federal naquela época foi uma época muito ruim que a gente passou e por várias vezes eu pensei em trancar e tal várias vezes. Procurar um outro curso, mas também eu não podia dar aquela de “putz, não vou largar, jogar a toalha agora também é bravo, né?” Aí cortei e ____________ lá. Foi difícil. O básico é dois anos normalmente, né, que é aquela maçaroca de gente fazendo Física, Cálculo, bando “aula pra cá, aula pra cá” pode assistir oito, pode assistir duas. Entra quem quer, sai quem quer, o banheiro não tem privada, greve. “Quem é o professor?” “Não sei, saiu, agora é outro.” “Tem livro?” “Ah, pega na biblioteca.” Você não conhece ninguém, não faz. E eu lembro que foi até uma fase que o sistema de crédito estava chegando meio que pra dissociar mesmo, né, não formar aquele grupo de faculdade, ainda mais numa escola de engenharia que é um bando de gente. E aí foi isso. Ao invés de fazer dois anos eu fiz em quatro. Ali sabe Deus como eu me mantive ali e aí você começa a fazer algumas amizades o pessoal de Niterói, mas era meio assim: eu chegava de ônibus, às vezes, chegava a aula dez horas, dormia, vinha dormindo no ônibus, chegava às dez e encontrava uma galera que estava voltando de carro “estamos voltando, você não quer voltar? Nós vamos pra praia direto.” “Ah, claro.” Então eu chegava na faculdade e voltava na mesma hora. E foi uma fase assim meio nada era muito estimulante até entrar no profissional. Aí eu entrei no profissional que são os três anos que você se profissionaliza. Ali eu comecei a tomar gosto pela coisa, ali foi, ali já começa a ficar mais... Porque o básico de Engenharia de novo, né, aquela coisa é pra, sei lá, aumentar a tua capacidade neurológica porque assim coisas que a calculadora faz você tinha que fazer no papel em 18 páginas. É um negócio insano, mas é mais pra capacitar o raciocínio, sei lá o que que é aquilo. Só sei que eu nunca usei nada daquilo, se teve algum progresso pra cabeça pensar melhor ótimo, não consigo ver. E foi curioso também a maneira como eu escolhi a profissão porque eu tinha assim o bafo da Mecânica, né, do pai assim “putz, Mecânica é legal”, mas Mecânica é o hiper tradicional. Na época o boom era eletrônica e eu não curtia muito esse negócio de programação, computador. Naquela época Fortran, Pascal e todo mundo já entrando em curso e tal e eu fazia curso pra ter diploma só. Não queria nada com isso. Eu falei eletrônica eu não vou e tinha que ter um CR um Coeficiente de Rendimento acima de sete e o meu CR era baixo, né, porque eu vinha bombando, né. E aí eu falei olha eu vou fazer Mecânica, ia fazer Mecânica ou Civil. Não. Era Civil ou Naval, Mecânica eu tinha abandonado. Aí eu fui lá ver o que que precisava e tinha um CRzinho que dava pra eu chegar e tal e tinha aula sábado. Eram dois cursos que tinham aula sábado. Eu falei “puta vou entrar num negócio que tinha aula sábado? Não, não faz isso, não vou. Qual é a outra que tem aí?” “Tem Engenharia de Produção. Um curso novo, moderno, está saindo um monte de gente pra banco de investimento e pá, pá, pá e pá, pá, pá.” E me interessei, me interessei e me interessei; entrei. Foi ali que eu escolhi. E lá e aí você já começa a ter um pouco mais de realidade do que você vai fazer na vida. Ali, né? E ali eu já estava com 21, 17 com quatro? Já tinha 21, 22 anos e aí você começa e ali você realmente tem uma turma que fica junto três anos. Então foi uma turma que foi a turma do Fernando, Fernando Teles. A gente fez os três anos juntos. Já até conhecia ele antes lá no moedor de carne, mas a gente acabou fazendo mais amizade mesmo na turma. Aí foi legal. Aí eu comecei a tomar gosto e aí no meio do caminho já começamos a estagiar e muita gente indo pra consultoria e a minha turma era quase que, o final da minha turma quase que 90% foi pra banco, né, foi pra área financeira e acho que uns dez, 15% seguiu carreira em chão de fábrica ou então mestrado e doutorado, né? Foi uma divisão ali legal e o Rio estava bombando com esse negócio de banco de investimento na época. Foi oportunidade boa. Acho que eu dei sorte nessa na escolha e na época da escolha. Eu sei que as duas turmas antes e as duas depois, que você vai e acaba acompanhando, né, porque mais ou menos a mesma massa que vai andando junto assim de turmas diferentes todo mundo eu ouço tem várias pessoas que são expoentes aí no mercado foram bem, foram muito bem.
P/1 – E aí você nos disse que você começou a estagiar e você foi pra essa questão de banco de investimento. Pra onde que você foi fazer o seu primeiro estágio?
R – O primeiro estágio, nada a ver, não foi nem pra banco de investimento. O meu primeiro estágio foi numa fábrica de metalúrgica. Metalúrgica? Ela fazia cano de aço, tubo, ela fazia tubão, tubulação. Aí eu fiz estágio em qualidade eu era um inspetor da qualidade, depois eu fiz uns desenhos de layout, né? Putz, saí correndo de lá. Fiquei uns quatro meses e voei. Tinha que bater ponto seis e meia da manhã e fazia ginástica laboral e eu “o que que eu estou fazendo aqui?” Saí voado de lá. Depois eu entrei pra banco e foi eu acho que o primeiro estágio já foi depois dessa roubada que eu peguei aí que não deveria ter feito nunca, mas acabei aprendendo que não era isso o que eu queria. Acho que foi o Banco Nacional que eu já entrei e aí fui trabalhar em PAB, né, que eram aqueles postos bancários que estava na época disso e depois entrega eletrônica que também era na área de tecnologia do banco e tal e aí entrou esse programa de trainee entrei e aí eu fui para a seguradora e aí foi.
P/1 – E aí como é que foi um pouco dessa sua trajetória profissional? Você saiu da seguradora e você foi pra onde Fernando?
R – Na seguradora eu tinha um diretor de marketing na época e era um cara assim diferente pra época. Era um cara que tinha um histórico de Mesbla. Naquela época era uma pessoa mais de vanguarda com as ideias bacanas, meio que revolucionário. Ele era até um pouco entendido dentro do mundo Nacional, né, um cara de marketing tocando uma seguradora também quando você tem algumas ideias assim mais criativas tinha um pouco de dificuldade de implantação e tal. Aí ele foi convidado para ser o gerente geral do Moinho Atlântico do Grupo J.Macêdo. Aí ele foi e depois de um tempinho ele me ligou “olha, cara preciso de você.” Eu falei “pra fazer o que?” “Ah, eu preciso de um coringa aqui cara. Está ruim, tem um monte de coisa pra fazer e eu acho que você pode ajudar num monte de coisas.” Mas eu falei “mas é pra fazer o que?” “Ah, cara vem aqui e a gente...” E naquela época eu também já estava meio de saco cheio porque eu cheguei a bater num potencial de carreira ali cheguei a ser um gerente sênior, tinha um tempo pra virar um regional, era muito novo e eu falei “ah, eu acho que está na hora.” E foi muito legal porque eu tirei a gravata e fui pra farinha, né? Então eu entrava no final do dia e farinha mesmo, pó, andava pela fábrica. Teve um período de adaptação assim, calor pra caramba, instalação, nada de bonito e tal e foi um belíssimo aprendizado. Eu fiquei um ano lá fazendo um monte de coisa mesmo. Eu era coordenador de marketing, fui staff dele, acabei fazendo programa de sensibilização em qualidade. Então eu juntava grupo e passava conceito de qualidade e ele era um cara que estava querendo dar uma sofisticada na galera. Depois fui pra vendas, fiquei um tempo em vendas, um monte de coisas assim. Era onde eu meio que “cara faz aqui, agora me ajuda aqui” e foi nessa. E aí um ano depois eu acabei tendo uma visibilidade boa e foi quando o J.Macêdo abriu uma holding e começou a fazer o esquema da holding aqui em São Paulo e aí ele me chamaram pra ser gerente da linha de sobremesas, né, mistura pra bolo, gelatina, pipoca pra microondas. Era a menor linha que tinha de faturamento. Aí vim pra São Paulo, aí vim pra cá solteirão bom pra caramba aquela época. E estava bem, estava bem pra caramba e fui subindo na empresa também fui com esse negócio de pipoca e depois fui e cuidei de uma outra linha que era mais forte e acabei chegando no maior faturamento da empresa que era de panificação depois da farinha Dona Benta lá. E também comecei a bater no topo. Era uma empresa familiar e começou também a vontade de voltar pro Rio e tal. E aí um belo dia veio um raio de ___________ pra mim e “olha, tem uma empresa aqui pra mim e tal. Só tem um problema que você tem que ir pro Rio porque a vaga é no Rio.” “Nossa Senhora é Deus que mandou isso.” Que foi a Brahma. Aí passei por um processo também grande seletivo, grande e era um jump, era uma bela posição e fui pra lá, fui pra lá. A Brahma foi outro aprendizado gigante de como não tratar um profissional. Como uma empresa... Como não; nossa, aquilo ali é uma coisa louca. Entrei lá pra ser gerente regional de marketing e era vitrine da empresa porque o marketing da Brahma ele cuidava de um orçamento que era alto, né, você imagine cervejaria e refrigerante e tal e acabei indo para um lugar que era vitrine e eles têm uma, não é nem uma crença, né, mas eles são muito ligados em dar oportunidade pra “prata da casa.” Eles são os caras que revolucionam ali e mexem muito com as pessoas também, né, o cara vai pro sul, vai pro norte e eu cheguei lá e me deram um plano de treinamento assim monstruoso e eu cuidava do Rio, Minas, Espírito Santo e Bahia. A visibilidade era total, né, porque cuidava do carnaval da Bahia, cuidava do camarote da Brahma na Sapucaí e era “o cara.” Era a primeira vez que eu ia ter bastante funcionário porque até então eu tinha dois, três, nunca tive muito funcionário até essa época. Era uns 50 mais ou menos e que eu ia cuidar lá na Brahma. Fui e passei por um treinamento gigante e depois eu fui pra uma outra área e aí os caras começaram a “cozinhar o galo”, mudou, o diretor que me contratou foi afastado, o gerente que me contratou foi afastado e aí eu comecei a ver a coisa estava meio esquisita. E aí eu falei “olha vai fica ruim pra mim aqui.” Comecei já olhar pra fora sem entrar no jogo, tá? Eles não deixavam eu botar a mão na massa. “Agora você vai treinar em tal lugar.” Então eu fui para Espírito Santo viajar lá até chegar lá, resumindo um pouco a ópera, chegou uma hora que eles me ofereceram uma outra vaga que era igual a minha e foi assim do jeito que eu estou te falando: “vai vir um gerente comercial de Goiânia está vindo um pouco para tampar a sua posição. A gente tem uma outra pra saber aqui é questão de saber se você quer ou não.” Eu falei “qual é a posição?” “É uma posição no sul pra cuidar, mesma posição, só que pra cuidar da região sul e é isso aí.” “E se eu não quiser?” “Ah, se você não quiser a gente arruma um outro lugar pra você aqui dá um...” E eu tinha um salário alto. Eu tinha vindo de fora já estava meio descompensado também. E aí eu pedi pra pensar, fui em casa pensei cinco minutos e no dia seguinte eu voltei: “quero.” Só que antes de eu voltar me ligaram, agora eu lembrei, me ligaram e me disseram: “olha.” O Francisco, né, acho que o Francisco, por isso que eu não me lembro muito o nome dele. “Ele está pedindo pra te ligar porque ele errou a região. Não é sul, é Mato Grosso e Goiânia.” Falei: “putz, o cara está interessado na minha carreira, na minha pessoa, está muito interessado.” Porque é uma diferença gigante, né? E eu tinha acabo de mudar e eu falei com ele “olha preciso de dois anos no Rio, depois você... Vou pra Manaus se você quiser, mas dois anos eu quero ficar aqui.” Acho que é o mínimo pra se fazer um trabalho e tal. Aí não deu. Aí eu voltei e falei: “de jeito nenhum.” “E então você vem aqui, vai chegar o cara, você vê como é que você se arruma com ele.” Não me arrumei. Saí. O Fernando era um cara que tinha acabado de entrar na Credicard, ele estava na Andersen, liguei pra ele e falei: “olha estou de bobeira aqui, vê o que que você faz.” “Oh, eu não acredito ________. Amanhã você fala com o Ivo.” Aí eu fiz uma entrevista com o Ivo acho que no Rio de Janeiro mesmo. Depois já conheci o Irélio, depois já conheci um monte de gente, já teve o Costa e acabei vindo pra Redecard aí voltei pra São Paulo.
P/1 – E Fernando quando você veio pra Redecard ela estava iniciando, ela estava se reestruturando, né? E você veio pra fazer o que?
R – Eu vim para estruturar uma área marketing. Tinha acho que quatro funcionários, né, uma coisa assim bem pequenininha. Mas era um desafião porque tinha uma área de produtos que eu achava que tinha muita coisa pra contribuir também pelo perfil que eu vi. O VP na época eu também achei que era uma pessoa assim que precisava dar uma arrumada, né, dar uma melhorada assim era um cara mais duro. E a empresa tinha uma proposta legal. O Ivo eu gostei, era um cara que estava a fim de dar uma melhorada de evoluir ferramenta e tal e relacionamento com os clientes então tinha uma proposta boa. E acabou que eu não acabei chegando logo porque teve uma confusão no meio do caminho porque o Costa era pra ser o VP e acabou saindo pra ser outra coisa e o Fernando virou VP e eu ia reportar para o Fernando ao invés de reportar pro Costa. E aí na época eles pediram pra eu ficar em casa um pouco porque estava meio confuso com aquele negócio. Foi no meio de uma operação e tal. E aí beleza eu vim pra cá para montar um Datawarehouse pra fazer o marketing ter uma cara diferente pra começar a ter cara de marketing, trabalhar mais canais e tal. Melhorar a comunicação, fazer um plano estratégico mais arrumadinho, olhar cliente e aí fomos nessa.
P/1 – Me fala uma coisa: qual é o negócio da Redecard na época, qual era o negócio da Redecard?
R – Qual era o negócio da Redecard na época? Naquela época?
P/1 – É.
R – Como estratégia de empresa naquela época era ter uma independência. Acho que a primeira gestão foi uma gestão “precisamos ter uma identidade.” A Redecard precisa ser uma empresa, vinha lá junto com a Credicard, né, a Credicard era. E tinha uma coisa do orgulho, né, porque a Redecard foi meio montada em cima de um recurso que não era o melhor recurso da Credicard, então: “isso aqui vai pra Redecard, isso aqui vai pra Redecard.” “Não, isso aqui fica pra Credicard.” “Não, isso aqui vai pra Redecard e tal.” Então o Ivo chegou muito pra despertar esse negócio de que a empresa precisava ter uma identidade, precisava ter um orgulho, o colaborador começar a sentir que ele fazia parte de uma empresa que tinha um nome e tinha uma missão pra fazer no mercado e tinha uma baita de uma importância. E ele fez assim nota dez. Ele foi um maestro nessa história porque ele conseguiu até orgulho demais porque depois ficou complicado porque a gente começou a ter raiva da Credicard. Hoje eu falo, que eu não estou mais aqui e eu falo mesmo. A gente começou não é nem raiva, mas a gente começou a “putz, os caras tiraram a gente e vamos mostrar para os caras o que que a gente é.” E foi ali que... E o Ivo meio que deixou isso, sabe, permear na estrutura, né, na organização. E eu tinha uma vantagem nisso aí que era muito boa porque eu não era do Citibank, eu não era da Credicard. Então eu trazia mesmo os conceitos de fora e botava pra discutir. Às vezes não andava muito, mas foi uma contribuição boa por ser um outsider assim. Pra mim foi legal pra caramba.
P/1 – E quais foram...
R – E eu estou falando até assim que qual era o negócio da Redecard, eu estou falando do ponto de vista o que que deveria ser feito naquela época. O negócio é rede de estabelecimento e tal. Eu acho que o negócio e a essência continuam a mesma até hoje, né, manter um relacionamento com a rede, ser 100% em qualidade em capturas de transação e aquela coisa toda da missão e tal. Imagine, naquela época era dar identidade para uma empresa. Putz quando a gente olha a história dela eu acho que o trabalho foi mais do que bem feito, né? Vocês estão fazendo um livro da vida dela por cima.
P/1 – Fernando me diz uma coisa, quando você chegou aqui como é que era e o que que era o marketing da Redecard?
R – O que que era o marketing?
P/1 – É.
R – Era comunicação com os estabelecimentos assim na essência, era comunicação com os estabelecimentos. Tinha um pouquinho de cuidar da marca, tinha uns eventos de campanhas promocionais algumas coisas assim. É por aí. Sinalização dos estabelecimentos, né, material de merchandising, tal, era um começo.
P/1 – E quais eram os produtos existentes na Redecard quando você ingressou?
R – Produtos? Era o Parcelado Sem Juros que era o grande que era a grande oportunidade que a gente tinha naquela época eu lembro bem e o Vitor Esteves vai lembrar também que ele adorava esse produto. A gente tinha, não só ele, mas todo mundo, né? A gente tinha acho 3,5%, 4% do faturamento e o Parcelado Sem Juros era 4% do faturamento e a gente fez em, não vou saber certo assim, mas em dois anos já estava num patamar de 10%, 15% e eu lembro que quando eu saí daqui já era 30%. Isso porque a gente não podia crescer mais porque aí tem a questão do risco, então tiveram muitas discussões, mas esse era a grande oportunidade do produto e esse foi um sucesso aqui dentro e está sendo ainda, né?
P/1 – E quais foram as ações que foram feitas na área de marketing para a maximização desses produtos no mercado? Pra maximizar mais esses produtos porque a minha pergunta é neste sentido. Vocês ficaram com poucos produtos pra maximizar ou não, ou vocês foram procurar outros produtos também?
R – Não. No começo a gente foi trabalhar pro que tinha. Porque tinha muita coisa pra fazer, né? Acho que nunca tinha sido trabalhado também os produtos. Então como naquela época tinha um superintendente que cuidava de produto ele ficou com a missão mais de procurar coisas novas e tal, aplicações novas, que é mais variações do mesmo tema, né, a gente está falando de crédito e débito. E eu fiquei com a incumbência de aumentar a quantidade de transação com os produtos que já estavam. Já existiam os produtos de turismo também. Então foi mais trabalhar o portfólio que já existia. Tinha muita oportunidade. Essa do parcelado foi assim bater em bêbado assim, estava esperando pra... E foi um sucesso, esse foi o sucesso maior assim que eu vejo assim de retorno.
P/1 – E quais foram as estratégias definidas e utilizadas pela Redecard do ponto de vista de marketing nesses produtos?
R – Estratégia? Foi no começo foi acertar um pouco mais do target. A gente tinha, pô, estou falando assim o que eu estou me lembrando de oito anos atrás e tal. Mas eu lembro que a gente começou a dar uma segmentada e ao invés de fazer uma grande ação pra todos os estabelecimentos a gente começou a trabalhar mais nicho, começamos a segmentar a coisa do shopping versus o centro comercial versus a massa. Acho que a gente gastou um pouco menos de dinheiro e teve um resultado mais rápido num curto prazo. Mas depois a gente teve que voltar pra coisa de você tem que podem ser tidos diferentes, mas você tem que atingir todos os mercados. Não dá pra não ter um mercado atingido, né? Então foi mais ou menos por aí: uma estratégia de fragmentação.
P/1 – E que novos produtos foram criados durante a sua gestão aí nessa área do marketing?
R – Novos produtos? O Débito Pré-Datado, o Construcard, o Commerce, o velho Commerce, que era captura por internet, Pagamento Periódico, o que mais gente? Sei lá, o que que eu posso lembrar mais? Débito Pré-Datado eu falei.
P/1 – O Débito Pré-Datado o que que era?
R – O Débito Pré-Datado você podia fazer em à vista e mais uma parcela de trinta dias. Mas eu lembro que na época eu estava saindo e nem eu tinha terminado ainda. Tinha o Pagamento Periódico que foi muito bem. Sei lá, esse é o que eu me lembro mais.
P/1 – O que que era a Datawarehouse?
R – Datawarehouse. Datawarehouse foi uma palavra complicada que o Ivo pediu pra mim. “Eu quero que você faça um DW.” Eu falei: “O que que é isso?” “É um Datawarehouse.” Eu falei “deixa comigo.” Nunca tinha ouvido falar sobre o assunto. E aí busquei bibliografia assim que eu também nunca fui muito de buscar em livro, mas foi só dar uma pesquisada e eu percebi que era de novo era uma ideia que ele tinha bem avançada assim e fomos construindo isso. E hoje temos um B.I. (Business Intelligence) aí que é motivo de orgulho para a empresa. Isso foi uma coisa aí que eu botei uma grande mão, eu acho que foi uma grande contribuição minha.
P/1 – O que que era basicamente?
R – Era juntar todo o sistema transacional da empresa em um único lugar. O Datawarehouse é um grande armazém de dados e depois você joga inteligência nele. Mas pra começar a jogar inteligência nele você tem que botar tudo num lugar só. Era um projeto que acabou dando certo porque eu fiz uma parceria boa com a tecnologia, tinha uma interface boa com eles e o trabalho e o projeto acabou saindo rápido, bem devagar assim. Bem degavar que eu digo é sem grandes sofisticações, mas começou funcionando super bem, pequeno, caseiro e aí a gente só teve que esquentar a chapa, né, que a gente brincava porque tinha um servidor que era emprestado. Era um demo de software e a gente começou a mexer essas coisas e fomos evoluindo nesse processo. Até tem o B.I. com tudo de bom aí, o _________ Strategy tudo uma área voltada para a inteligência e tal. A empresa toda voltada para aquele sistema de informação gerencial de inteligência de informação. Então foi bacana de acontecer.
P/1 – E por que que ela foi criada? Por que o Ivo viu como estratégico?
R – Ele achava que tratava mal o cliente, que a gente não tinha segmentação, que a gente não conhecia o comportamento dele que era tudo igual, né. A gente tinha uma segmentação meio só de faturamento. Era a época de conhecer o comportamento do cliente e aí eu acho que foi meio que por aí. Pelo menos é o que eu me lembre. Eu não sei nem se ele sabia muito o que era DW. Mas enfim, foi a sementinha.
P/1 – E essa área de atendimento ela também ficou sob sua responsabilidade?
R – É, depois veio a área de atendimento. Isso foi curioso porque eu cheguei para o Fernando, eu estava numa fase do marketing já que eu achava que já podia contribuir mais com outras coisas. Eu estava ficando mais monótono e tal. Tinha um desafio da empresa de resgatar toda a área de atendimento que estava dentro da Credicard. A gente queria fazer isso. E eu disse ao Fernando “pô, vamos fazer cara. Dá aí eu faço pra você, a gente faz junto e tal.” E a proposta pro Ivo foi a de trazer a inteligência pra cá e o planejamento e a gente continua comprando força de trabalho de fora da Credicard, né, deixa esse negócio de mulher grávida toda aquela parte difícil de gestão de pessoas, principalmente de um ___________ deixa continuar a gestão de pessoas lá, mas a gente fica com o comando dos negócios, né, que nem o _______________, né? E eu lembro dessa reunião que foi interessante. Estava eu e o Fernando, fizemos uma apresentação grande pra ele e no final ele “tudo bem, eu topo, mas vocês vão levar tudo, vão levar as pessoas também e pode tratar de já contar e...” E aí o Fernando: “não, mas aí a história é diferente.” Aí eu olhei pra ele e falei “Fernando vamos nessa cara, vamos nessa, depois a gente vê qual é o que que vai rolar.” O Ivo gostou até da prontidão de aceitar o desafio e foi mesma na sala do __________ “vamos embora.”
P/1 – Que ano foi isso Fernando?
R – Noventa e oito. Noventa e oito. E aí a gente fez em várias fases a gente primeiro fez uma gestão forte em cima das pessoas. Aí começamos já a chegar no resultado, né, em meta nos resultados que a gente queria alcançar e depois a gente foi numa segunda fase mais pensando na terceirização até fazer a terceirização de fato que foi um sucesso e tal gerou redução pra gente.
P/1 – E me fala uma coisa: qual é a importância dessa área de atendimento para o negócio da Redecard?
R – Tudo. A área de atendimento é importante pra qualquer empresa, é uma das coisas mais importantes. E por ser importante você tem que ficar o tempo inteiro ligado nas evoluções tecnológicas que é uma área muito tecnológica e a gente sabia que não tinha nem gente pra fazer isso e nem ____________. E outra coisa, a gente tinha sazonalidade, né, até hoje tem aí a sazonalidade Natal, Mães e tal que vende muito. Então essa captura ela ia e voltava e a gente tinha que contratar gente, mandar gente embora porque o _______________ ele vive de pessoas e não pode ter ociosidade, né? Você tem que trabalhar ele como maximizado e tem gente que sabe contratar bem e rápido. ____________, máquina, servidor. Então a gente optou em ter uma inteligência bem estruturada aqui que foi o processo de terceirização. Tinha uma equipe aqui que administrava o terceiro, né? Não era uma terceirização “toma que o filho é teu.” Deu certo, deu certo. Tinha uma parte que era bem mecânica que era uma parte de autorização. Essa foi caminhando super bem e depois o que geram mais valor até, né, que são os telemarketing ativo que a gente começou a vender produto depois. A empresa começou a criar uma outra visão de negócio por ali. Eu acho que é importante pra qualquer empresa. Eu acho que esse empenho, essa dedicação, essa preocupação na terceirização de ser um sucesso de fato e prestar atenção nos mínimos detalhes da operação inteira desde o sigilo de fazer um processo que durou dois, três meses dentro de sala pra na trazer nenhum mal para as pessoas e tal até a construção mecânica mesmo tecnológica foi muito cuidadoso e aí foi um sucesso mesmo.
P/2 – Fernando, juntamente com esse processo de terceirização do Call Center, o departamento de RH também desenvolveu um programa que foi o “Em Frente”, né, e que foi ganhador de prêmios da DVB e teve outros prêmios também que a Redecard foi ganhando ao longo desses tempos. Eu queria que você falasse um pouquinho também na área de marketing a repercussão desses prêmios e de todas essas premiações e como isso influenciou e trabalhou ao lado de todos os planos de marketing e estratégia?
R – A questão dos prêmios ela ajudou muito no processo de como o _____________ marketing bem feito, ele é craque nesse negócio, o “Em Frente” é outra coisa, o “Em Frente” ele acabou gerando prêmio e tal, mas foi um projeto de recolocação em cima das pessoas que a gente estava demitindo do Call Center. Então teve um sucesso muito legal, botamos dentro da sala como fazer um currículo, né, ajudamos as pessoas e tal. Mas aí em cima de uma coisa traumática, mas a Redecard sempre trabalhou muito bem o endomarketing e como ela tinha esse despertar daquele da coisa da identidade do orgulho que a empresa nasceu com esse negócio, né, foi meio que um ________ ali na gestão do Ivo. Quando a gente começou a ganhar prêmio esse negócio potencializava de uma forma incrível. E o processo de endomarketing dava cabo disso. Então cada, nós ganhamos muitos prêmios e continua ganhando aí, né? Sempre foi muito trabalhado, a gente sempre teve muito cuidado em estar transmitindo isso pra dentro e pra levantar e pra manter aquela chama acesa de a Redecard é a melhor empresa pra se trabalhar. A gente comemorou muito isso. O processo de celebração é uma coisa que marca as pessoas demais. A gente não economizou dinheiro em festa aqui dentro e isso foi super importante. O Irélio sempre batalhou muito esse negócio de manter o orgulho de estar trabalhando na empresa, de reconhecer os prêmios, de celebrar as vitórias e tal mesmo passando por algumas fases difíceis. Isso foi o fundamental. E os prêmios ajudam nisso, né, apesar de a premiação ter aquele escopo também tem uns prêmios que você está ali, faz tudo bonitinho e ganha. Se você está você ganha, se você é uma empresa renomada você ganha. Só que a gente batalhou pra ter o nome ainda, né? Era uma logomarca que, nossa, eu lembro das brigas com o Ivo: “não, eu quero tirar esses disquinhos daqui, esse cartão não tem nada a ver, bota esse cartão aqui, vira pra cá.” Sabe? Uma coisa amadorística, sabe? Na época era um negócio muito ______________ sabe nem o que representa isso, né? Depois viemos, teve exercício de breed. Quando eu estava saindo daqui tinha coisas sofisticadésimas. A área de marketing então, eu vivi esse negócio inteiro. Eram três pessoas: era o Fabio Martineli mais Ana Lucia e tinha mais um funcionário cada pessoa. E quando eu saí daqui só marketing devia ter umas 35, 40 pessoas, 30 pessoas, sabe? Com coisa pra fazer, né, não é sem fazer nada, com coisa pra fazer.
P/1 – Fernando me fala uma coisa você contou um pouquinho pra gente do Call Center que vocês viram como estratégico trazer isso a questão da informação pra se trazer dentro da companhia. Então vocês tiraram isso da Credicard trouxeram pra Redecard e ela já nasceu com a ideia de se terceirizar esse Call Center ou não?
R – Tinha uma ideia no fundo sim de terceirizar, mas era muito a gente que achava que ia fazer aqui dentro. No começo quando tiramos a Credicard pra colocar aqui a gente achava que ia fazer aqui dentro e foi uma mistura porque não que a gente era não tinha. A gente chegou até a ganhar competência no meio do assunto, né? Já estava fazendo uma gestão legal e tal, mas aí pintou aquela coisa de oportunidade de gerar uma bela redução de custo para a empresa de ter um saving grande assim e quando você fala de atendimento a cada mexidinha são alguns milhões de dólares e também teve uma época de boa demanda no mercado, né, o mercado de calcinha estava bombando e não foi falta de proposta. Então começaram a chegar na gente. Uma das empresas foi a Quatro A que acabou foi a que a gente fez a parceria, então foi um misto disso. Mas não foi, tiramos de lá e já pensamos terceirizar; não. No meio do caminho pintou uma oportunidade e rolou.
P/1 – E a estratégia para esta terceirização qual foi?
R – A estratégia foi não fazer a terceirização enquanto a gente não tivesse níveis adequados de serviço. Isso foi realmente uma estratégia então a gente já tinha pensado na terceirização e a gente demorou uns dois, três meses até chegar nos indicadores que a gente achava que estavam bons e aí a empresa, a empresa, né, o Call Center já estava imbuído e sabia: bom chegamos num ponto que deveremos trabalhar. E a partir daí a gente começou a negociar pra sair. Então quando a gente negociou pra sair a gente negociava “olha a qualidade é boa.” Ao contrário de você chegar e “vamos terceirizar: pega isto daqui que está uma porcaria e o último a sair apaga a luz.” Porque aí a barganha fica bem pior, né? Então a gente fez isso, foram dois, três meses e até chegamos rápido no resultado. Foi bem focadinho, foi bem ritmo e tal e depois veio o processo mesmo de binge de parceria e acabamos fechando com a Quatro A e eles também foram rápidos e esse processo acho que durou quatro, cinco meses. Em janeiro de 99 a gente já estava fazendo a primeira fase. Foi isso, janeiro de 99.
P/1 – E a área de business intelligence ela foi criada pra poder dar conta um pouquinho como é que foi esse processo do B.I.?
R – O B.I. foi outra coisa. O B.I. foi para a inteligência de marketing mesmo. Começou com esse negócio do datawarehouse, mas era uma fase porque o datawarehouse era “junta aqui tudo dentro desse bolo e depois o que que a gente faz com isso?” Vamos gerar uma inteligência aqui que movimente a área de vendas e maximize o esforço do vendedor. Então assim o cara no final das contas o vendedor virou refém daquela ferramenta que ele na hora de ir embora na hora de ir pra rua ela abriu o Data, abriu o B.I., né, agora o B.I., e ele sabia o que que ele tinha que fazer e qual a oportunidade que ele tinha de cross-selling, que tipo de produto que ele tinha que fornecer para um determinado cliente, qual a curva de comportamento do cliente, né, onde que você tinha oportunidade de aumentar o ticket, enfim, onde você deveria botar tecnologia e não tinha ainda e porque que não tinha. Começou a gerar muito ___________ de venda. Esse troço demorou culturalmente, né, porque a área de vendas também tem a própria estratégia dela de atuação no mercado, mas, assim, a ferramenta era tão boa, tão boa que passou a ser usada assim naturalmente e foi um processo cultural, treinamento pra caramba e pá, pá, pá, pá e aí hoje já está totalmente estabelecida. Mas foi um trabalhinho aí de dois anos, três anos até ter robustez necessária. A gente começou o DW a gente pegou um servidor que era um super micrão cheio de memória, tinha um monte de dado ali dentro e a gente pegou uma demo de estatística era um SAS começamos a rodar a apareceram uns clusters, umas oportunidades de vendas de produto e isso gerava lista, gerava papel e nesse papel a gente botava o Call Center pra fazer a ligação, começou assim. O segundo passo não precisou mais gerar lista porque a gente conseguiu conectar e via intranet, ou internet na época agora já não me lembro, o operador conseguia “logar” lá e ele tinha já a lista que ele todo dia de manhã com a lista dos clientes que ele tinha que ligar para oferecer o que e começou aí. É simples e é a melhor coisa que tem até hoje, né, deveria ser assim, né, porque às vezes a gente complica tanto que começa a sair do rumo, mas começou assim. E aí as campanhas sempre davam um baita de um resultado porque é oportunidade até não poder mais, né, é isso aí.
P/1 – E isso fez com que a Redecard começasse a trabalhar em outros nichos de mercado?
R – A gente tentou várias segmentações. Segmentação também é um assunto super complicado pra qualquer empresa, mas a gente tinha o arroz com feijão bem feito então assim dá pra fazer um paralelo pensando em “clusterização” mais sofisticado, mas a gente fazia o arroz com feijão muito redondo e aí evoluía, evoluía mesmo e foi nessa de procurar melhor oferta, né, maximizar a relação que você tem com o cliente e tal, mas sem viajar muito, né, eu tinha essa preocupação também porque numa área dessas se você começava a viajar muito você acaba perdendo o cliente ao invés de achar. Você perde.
P/1 – Deixa eu te perguntar uma coisa Fernando. Você na época da sua gestão houveram patrocínios da Redecard e quais foram os principais patrocínios vai vamos dizer assim?
R – Patrocínio? Festa do Peão de Barretos. Agora eu tinha que parar pra pensar um pouquinho.
P/1 – Tudo bem.
R – O Petkovic foi um patrocínio legal que a gente fez de arte, né, a Daniele Hypólito também foi uma sacada do Fleury, assim. Pô, nem falei muito do Fleury aqui. O Fleury deu tanta oportunidade pra gente, o Fleury era uma figuraça. Um cara que dava muita liberdade pra você trabalhar, pensar, fazer e tal. E a Daniele Hypólito foi uma coisa bem assim, sabe? A gente estava vendo o jornal, ele lendo o jornal na sala dele de manhã tomando café “pô, senta aí vamos conversar.” E aí ele: “putz olha só cara. Essa mulher, eu não acredito cara, ela está matando a pau na ginástica olímpica e está passando fome, pô. Procura aí, sei lá, um empresário. Essa menina aí dá uns quatro, cinco paus pra ela aí por mês. O que que vai mudar a nossa vida?” Aí depois você faz aquele, né? As coisas não sei não, mas faz um _______________ bota ela com a camisinha, bonezinho, foi assim simples e aí achamos o rastro dela e fizemos o patrocínio e acabou o Diego vindo no rastro, né, porque ele era muito novo e a gente ainda ficou assim “pô, esse garoto aí, será?” E o garoto agora está matando a pau, né? E ele que está levando o nome, né? A menina saiu e ele entrou em cena. Então deu muito certo nisso. Mas com a Mastercard a gente fez muita coisa de patrocínio, muita coisa. Associação com o restaurante, eu não estou me lembrando assim vários não, mas tiveram muitos, muitos porque a gente essencialmente trabalha com uma relação de pessoas jurídica, né, então hotelaria, muita coisa.
P/1 – E qual é a importância desses patrocínios para a Redecard, Fernando?
R – A importância primeiro alavancar em cima de parceria. Eu acho que é um negócio dizer que está dedicado a segmentos que fazem diferença na utilização dos cartões e nas transações aí dos cartões, eu acho que você tem que estar presente ali pra dizer “eu sou o seu parceiro, estou contigo.” A própria Mastercard que tem um nome forte internacional e tal. Trazer a marca para os clientes, dizer que está presente. A Mastercard com este patrocínio do futebol e tal e depois a gente fazendo festa de peão foram assim ações que deram muito resultado porque você está num lugar de massa e você acaba falando da você acaba falando bem da marca, e aí não estamos falando da marca Redecard, estamos falando da marca Mastercard que a gente também pega essa carona, mas também fazer muita relação comercial com o pedaço de vendas de compra de produto que tinha ali, por exemplo, em Barretos tinha muito restaurante, né, e aí acabamos unindo o útil ao agradável. E pela Redecard, o patrocínio da Redecard, é manter pelo menos vivo assim aparente e com boa visibilidade que a gente tem ligações, pelo menos intenções, grandes em responsabilidade social, intenções grandes em responsabilidade ambiental. Eu acho que a Redecard andou bem nisso. Ela trabalhou com uma boa transparência. Não foram muitos projetos, mas projetos assim coerentes, sabe? _____________, a coisa do papel reciclado, muito legal. Soubemos fazer isso dentro da empresa, custou mais caro até num primeiro momento. A questão da responsabilidade social o Irélio sempre trabalhou super bem isso. A associação que a gente teve com a Fundação Gol de Letra, fizemos vários projetos levando criança pra circo e tal. A gente conseguiu mesmo num mundo financeiro duro trabalhar esses dois pontos que são importantes para as empresas, né? E mais do que trabalhar é ter uma postura de que aquilo está realmente dentro das crenças e valores, né, não é simplesmente uma oportunidade de fazer marketing.
P/1 – Fernando, você vivenciou ou presenciou alguma situação em que foram tomadas decisões que envolviam pessoas?
R – A da terceirização foi uma. Braba. Porque a segunda a gente demitiu muita gente. Acho que foi umas 300 pessoas, né? Foi a primeira leva foram 400 e depois foram mais 300, então é ruim.
P/1 – E que valores que você acha que foram levados em consideração pra essa tomada de decisão?
R – É tentar ser o mais justo possível. Tem uma coisa que eu acho que infelizmente a gente convive, né, a organização ela vive também de movimentos de negócios, né, movimentos voltados pra resultado que às vezes faz com que a gente tenha que sacrificar uma parte maravilhosa que são as pessoas que trabalham na empresa, né? Eu acho que a gente trabalhou com toda a justiça do mundo porque era uma decisão empresarial e o Irélio teve todo o cuidado pra fazer inclusive um projeto que acabou gerando empregos pra pessoas fora, né? Mas a gente sempre tratou esse assunto com muito cuidado. Essas foram as que envolveram mais gente foi um processo acho que até da Redecard. Eu poderia arriscar aqui que eu acho que nem vendas teve nenhum processo assim de demissão em massa e tal. Nas duas vezes foram muito complicados. A gente sofreu um bocado, a gente sofreu um bocado. Tinha que ter todo um cuidado com as pessoas, né, pagava tudo o que tinha direito e ainda dava um prêmio, tentamos realocar todo mundo. Sempre teve esse cuidado. Que é um assunto chato de qualquer forma, né? Você tomou uma decisão empresarial e vai acontecer.
P/1 – Fernando me diz uma coisa, houve alguém dentro da Redecard muito importante para o seu desenvolvimento de carreira? Quem foi e por que foi?
R – Duas pessoas aqui. É difícil ficar falando de um e de outro e não falar do outro. Mas assim, tiveram relações chefe, Fleury, o Ivo não chegou a ser o meu chefe. O Fleury era um cara... o Fleury eu sou amigo dele até hoje. Um cara que deu muita abertura pra gente fazer acontecer, me deu a oportunidade, foi quem me foi um cara que chegou junto comigo, quer dizer, eu já estava na empresa. Foi um cara que chegou novo, olhou pra mim e me promoveu. Então assim, apostou, eu era novo e tal ainda tinha muita coisa pra me preparar e ele apostou as fichas e jogou. Então eu acho que é um cara que eu tenho que destacar assim pela confiança e o olho, né, porque ele não me conhecia muito. Bateu o olho e falou “putz, esse cara vai, é nele que eu vou.” E ele é um cara fora de série e o Fernando Teles foi quem me trouxe pra cá e tem um diálogo engraçadíssimo porque a gente sempre foi muito amigo. Eu era padrinho, né, porque o casamento dele já não é mais, já casou duas vezes. Fui padrinho do primeiro casamento dele, então a gente tinha uma relação pessoal muito legal e quando ele me indicou a posição aqui mudou aquela história toda que eu contei pra vocês aqui que eu não era pra me reportar pra ele e ele me ligou “você tem algum problema de se reportar a mim porque eu fui promovido aqui e tal, você não vai se incomodar?” Eu falei: “putz, incomoda cara, vamos embora, vai ser bom pra você também, vai ser bom pra gente.” E fizemos uma baita dobradinha. Esse cara é o meu amigo pessoal. É um cara muito legal também. Admiro. Um crânio, um gênio, um gênio, um gênio. Então tem uma relação aí de aprendizado também com ele. A gente aprendeu junto muita coisa e a gente riu também muita coisa. Foi um cara que cresceu junto comigo aqui dentro e acabou me dando oportunidade. Isso que é o paradoxo da história, né, engraçado. Eu só virei vice-presidente porque chegou uma hora que ele queria um outro desafio e não conseguiu aqui. Foi a época que trocaram presidente. Ele queria ser o presidente da Redecard, queria porque queria, e como, estava disputando, e como não ganhou ele pediu as contas e foi embora acho que foi a opção dele na época e por causa disso acabou ficando a cadeira dele vazia. Então tem tanta coisa maluca, né, nesse troço, muito louco. E o Irélio, o Irélio também. Eu acho que são esses três. Irélio é um cara fora de série assim, um paizão. Aqui foi meio família, né, a minha história de Redecard foi meio família. Foi um lugar que eu entrei meio verde ainda, né, meio verde de São Paulo, meio verde de relação cooperativa, meio verde de multinacional, sabe? Estava muito em familiar, nacional, tudo familiar brasileiro, né e tal. Então foi uma escola corporativa assim pesada. E a Redecard não tinha muito isso, mas tinha sempre aquela coisa, aquela reverência ao Citibank, né, aquele negócio. Tinha a coisa da Mastercard que tem toda essa coisa, mas é uma bagunça. A Credicard que é uma empresa imponente com um nome gigante. Então foi uma família, foi uma época foi oito anos que eu cheguei verde e saí maduro. Aprendi muito, aprendi com todos, aprendi com o Anastácio pra caramba a ter paciência, apesar de não ter tido muita paciência aqui eu acho que já melhorei muito nisso. O Edson que é um cara meio cientista, putz, o Fabio Palmeira que é uma pessoa muito legal também uma cabeça boa pra caramba, maduro, né, um profissional maduro, sabe se comportar bem nos momentos de crise, né, uma pessoa mais jovem geralmente em crise ela fica mais saltitante, vamos dizer assim. O próprio Sérgio Murtinho que também não está aqui. Putz, quantas coisas, quantas aventuras com o Sérgio Murtinho, também outro gênio da lâmpada, sabe tudo, inteligentíssimo, trabalha pra burro, ritmo bom de trabalho. Então foi um aprendizado, um aprendizado, várias escolas diferentes, né, falo mais ele porque com eles eu convivi mais. Fora a minha equipe inteira que eu deixei aqui que foi um sacrifício deixar, mas faz parte da vida.
P/1 – Fernando me diz uma coisa quais foram os maiores desafios que você enfrentou aqui na Redecard?
R – Os maiores desafios foi me afirmar como vice-presidente naquele momento que eu queria tanto e eu lembro que logo depois que eu fui promovido eu quebrei a perna jogando futebol, já no futebol, e eu tinha que fazer uma fisioterapia e doía pra caramba, eu vinha trabalhar de muleta e foi uma época que aí a cobrança já muda um pouco o ritmo e sempre foi uma empresa muito política, né, a Credicard, o Citi sempre foi. Então o fato de você ser promovido também não é uma coisa querida por 100% das pessoas, né, tem uma disputa, tem uma competitividade. Então você fica meio aéreo, meio fora do trono ali, foi um processo difícil pra mim, foi um processo difícil. Eu fiz uma escolha boa de não botar muita gente de fora, né, de promover a equipe, mas em contrapartida eu fiquei com uma equipe júnior muito tempo e tive que crescer junto com a equipe pra me consolidar enquanto vice-presidente. Isso foi um desafio pessoal e acho que profissional também porque eu não podia errar ali e foi a hora que só que eu já tinha a prova de que eu tinha tamanho por causa da terceirização. Eu acho que foi uma coisa mais concreta que eu fiz, de tudo foi a coisa mais concreta que eu fiz do pessoal pensar: “pode entregar o chapéu pra ele porque a operação que ele fez aí tem tamanho e tal” e depois foi mais pra criar o respeito, eu era mais novo. Eu entrei junto com o Sérgio, o Sérgio tem mais ou menos a minha idade também é um pouquinho mais velho então o pessoal olhou assim e falou “putz, já vem a garotada” eu lembro que tinha o Zé Valdir de finanças, é um cara também meio “cotovelo alto” então assim, foi difícil, foi difícil. Eu acho que foi o maior desafio assim. Agora desafio de carreira aqui dentro é manter a equipe inovadora, ter as melhores relações que a gente pode ter e aí tinha os indicadores financeiros, enfim, né, e aí depois vem uma área também essa área também foi um desafio pra mim que foi uma área que eu não lidava há muito tempo que era uma área comercial que foi quando veio a relação com o emissor quer era uma área que ela parece pequena porque tem pouca gente e tal, mas ela é de uma sensibilidade. Você entra no Itaú fala uma frase errada e o troço vem igual um balão pra dentro dos acionistas e vem rasgando pra tudo quanto é lado então é uma relação ultra-sensível. Ali também aprendi a respirar um pouco mais, ter cuidado onde boto o pé e tratar de negócios, tratar de negócios. Ali foi um baita desafio.
P/1 – Essa relação com o emissor o que que era esse papel seu? O que que você tinha que fazer?
R – Na verdade o escopo da Redecard tem uma relação com os bancos muito grande e em diversas formas: na forma de domicílio bancário e na forma de alavancar transação com os cartões que tem lá nos bancos. E isso gera uma série de parcerias, contratos, prestação de serviço, o próprio banco também faz credenciamento pra Redecard. Tinha uma série de, não é parcerias, tinha uma série de interfaces que o banco trabalhava pra gente e a gente trabalhava pro banco. Então era um __________, só que era um __________ que ia desde o Banco Tribanco até o Itaú que é acionista e geralmente os acionistas são os mais complicados, Unibanco, Citi, Itaú esses eram pisar em ovos e tal porque tinha a relação comercial, mas também tinha a relação de chefe. Então eu aprendi um bocado aí, aprendi um bocado aí. É um terreno perigoso, você não pode bobear.
P/2 – E sobre a questão da comunicação interna Fernando como a Revista Vitrine e todas essas ações?
R – Você trabalha aqui?
P/2 – Não.
R – Você é da equipe, né?
P/1 – É, da equipe.
P/2 – Qual é o papel dela, da comunicação interna, da revista e dessas ações na construção da identidade mesmo da Redecard? Até que ponto ela foi importante?
R – Eu acho que não só a revista, mas todos os vários projetos que o Irélio fez aqui você trabalha aquela história que eu estava te falando o orgulho, né, você começa a aparecer dentro da empresa. Eu lembro, pra você ver, eu lembro que eu tinha uma meta eu tinha uma meta pessoal no início lá quando eu era superintendente de marketing que era de dois em dois fascículos, edições, né, eu tinha que estar lá, a minha foto tinha que estar lá. Isso era uma meta minha, minha, independente de qualquer coisa. E pra fazer isso eu tinha que me destacar em alguma coisa ou um projeto ou estar numa equipe ou... Então acaba dando você mexe um pouco no colaborador, né? Eu acho que é fundamental isso, fundamental. O orgulho começa fazendo as coisas de dentro e se mostrar para os amigos que estão aqui dentro. Depois você vai se mostrar pra fora, né, então foi, eu acho que é de total importância e o Irélio faz cada vez melhor isso, é impressionante.
P/2 – E a gente consegue ver com tudo isso que a identidade da Redecard _____________ e que tem uma importância muito grande junto aos funcionários. E no mercado e com os clientes, né, que seriam os estabelecimentos, como a Redecard ela é vista na sua opinião?
R – Olha é um caminho longo. Com os estabelecimentos é um caminho muito longo porque dependendo da onde você está trabalhando, dependendo de que cliente você está falando tem várias percepções. Quando você está falando de uma companhia aérea com certeza a gente tem a percepção de uma empresa parceira que está sempre ali, que ajuda você a alavancar o teu negócio. Agora, de repente, pro cara que tem uma lojinha lá na Vinte e Cinco de Março eu sou um cara que posso ser o mal necessário pra ele “putz é um cara que sem esse desgraçado aqui eu não posso usar os cartões, eu juro que eu não queria ter ele aqui do meu lado.” Então essa é a maluquice da empresa, né? Essa é a maluquice, essa complexidade e ao mesmo tempo é um baita desafio. Como é que você vai fazer um cara da Vinte e Cinco de Março te perceber como valor. O que que você gera de valor pra ele, né, pela natureza do negócio. É muito complicado. Porque coisa que uma máquina gera mais transação pra mim isso foi argumento de venda há dez anos atrás quando eu cheguei aqui. A gente chega já “olha sem a gente; eu vou te trazer cliente.” O cara “putz, beleza.” Botava lá a maquininha e trazia mesmo. Agora não. Toma aí, “o cara que tem Mastercard tem Visa também então eu acho que não está trazendo muito cliente pra mim não. Se eu for contar eu acabo pagando mais taxa de administração e aquele papo furado aí.” Mas o desafio é gerar valor pra essa gama inteira aí, né? Acho que muitos segmentos já entendem já vêem a Redecard como a empresa que gera valor na relação pra ele, principalmente a que tem mais volume e tal. Agora a massa continua sendo o desafio. E aí tem a questão da marca, que são as coisas difíceis, né, tem a questão da marca, tem a questão da bandeira de aceitação que muitas vezes é confundido e tem até a questão da Credicard que eu acho que hoje eu não sei como é que está agora depois de um ano e meio fora e tal essa ligação Redecard e Credicard ela foi aos poucos se separando. Deve ter muita gente aceita Credicard aqui ainda, né, mas aqui assim. Ou então quando falam com alguém da Redecard “ah, vocês são da Credicard, né?” Mas isso já mudou muito, mas o caminho continua sendo esse desafio, né? E cada vez maior porque já tem quase um milhão de estabelecimentos, né? Vai crescendo, vai crescendo.
P/1 – E Fernando, em cima do que você está colocando as estratégias elas têm que ser feitas, uma pergunta, tanto para os vários segmentos do mercado porque você tem que atuar e também regionalmente? Eu tenho que ter uma preocupação para esse tipo de negócio?
R – Tem, tem. Tem porque são muito diferentes. Eu já aprendi que o Brasil você tem que tratar ele de várias formas. Não adianta você achar que uma festa de São João não tem a importância que tem lá no nordeste, tem. Aliás, é outro patrocínio que eu até tinha esquecido. Fizemos bastante festa de São João. Tem que tratar regional sim, mas agora não tem tanta diferença, né? Você tem algumas questões culturais, mas você não pode deixar de não olhar essa coisa de geografia. Eu estou preocupado porque fecha o estacionamento nove horas.
P/1 – Mas a gente pediu autorização pra ficar.
R – Ah, é?
P/1 – É. Mas também a gente já está acabando. Eu queria te fazer outra pergunta: quais os valores que você percebe que existe e permeia as relações da Redecard?
R – Os valores? Eu acho que tem uma questão da ética, da qualidade dos serviços. Isso acho que está muito percebido, acho que é muito percebido na grande maioria das pessoas aqui. Compromisso com uma operação de qualidade, de respeitar o tempo do cliente, de ser pró-ativo nessas coisas. Tem a história do compromisso social e ambiental, isso é bacana e deve se perpetuar e deve ser fortalecido. Acho que ele está, bom também de novo falando de um ano e meio pra cá. Eu não acompanho mais a indústria, né, se eu estivesse acompanhando eu poderia estar até mais atualizado do que a Redecard está fazendo, mas eu lembro que na época era uma coisa que a gente podia encaminhar, né, ganhar mais robustez no tripé negócio, ambiente e social. Mas é vista como uma empresa que olha muito o cliente. Acho que tem esses valores da ética e da transparência até pelos _________ que geram a empresa, da maneira de como a gente foi criado, do cuidado que a gente tem com essas relações e tal.
P/1 – Bom continuando Fernando o que que significou pra Redecard estar entre as 100 melhores empresas pra se trabalhar?
R – Nossa! Foi uma coisa assim cara, uma conquista. Viramos gente, viramos gente. E o Irélio é craque nesse negócio. Ele soube tratar e soube fazer com que todo mundo percebesse que aquela conquista foi um negócio assim cara...Chegamos lá. E pra logo depois ficar entre as 50, depois ficar entre as 10 e quase beliscar o terceiro. A gente foi vice-campeão ou terceiro lugar, agora eu não me lembro. Acho que chegamos a ser vice, putz cara, foi assim foi bom demais e ao mesmo tempo foi frustrante porque chegamos muito perto, muito perto. E aí passamos por uma fase ruim aí e acabamos saindo, né, tomando uma pernada. Mas essas coisas acontecem _________ e tal. Na Natura também saíram das dez melhores pra mulher trabalhar, deram uma bobeada lá e saíram, mas, enfim, foi tudo. Na época foi tudo, comemoramos, comemoramos. E era só. Acho que o primeiro foi entrar em T-50, o primeiro concurso depois eles aumentaram pra cem porque teve uma aceitação tão grande, mas foi tudo pra gente. Uma bela conquista.
P/1 – E me fala uma coisa. Como é que você percebe a Redecard no mercado de cartões de crédito Fernando?
R – Como é que eu percebo? Ela é fundamental. Ela tem braço, a gente não pode deixar de dizer que é um braço muito operacional, mas ela é de uma importância. Nada funciona se a maquininha não estiver de pé, sabe? E você andar também em termos de tecnologia pra trazer inovação pra dar mais conveniência pra quem está vendendo e pra quem está comprando. Então assim é uma empresa que tem assim esse expertise e ela paga para correr atrás desse expertise. Trazer cada mais conveniência e de novo, para quem está comprando em relação ao emissor e pra quem está recebendo que é a relação com o lojista. Então é fundamental, sem ela não existe nada.
P/1 – E como é que você imagina a Redecard daqui a dez anos?
R – Eita. Daqui a dez anos? Uma empresa com dois milhões de estabelecimentos, né, se alguém foi ver esse vídeo é capaz de rir. Uma empresa ainda não compartilhada com a Visanet. Isso é um assunto, Nossa Senhora, mas eu acho que daqui a dez anos eu arriscaria a dizer que ainda eu vou ver as duas maquininhas daqui a dez anos, mas não sei, quem sabe, né? As coisas evoluem tanto. Uma empresa que eu acho que pra se sustentar ela vai ter que ser uma referência tecnológica. Uma empresa que sabe ser metálica porque a tecnologia ela acaba trazendo essa coisa metálica, mas a coisa metálica também dá um ar de competência tecnológica, mas ao mesmo tempo é uma empresa que é quente nas relações com os clientes, entendeu? Isso é super importante porque se você começa a ser muito tecnológico competente você acaba perdendo aquela razão de ser da redecard, né, muito de atender o que está acontecendo e tal. Acho que ela deve ser uma empresa de referência e inovação tecnológica. Acho que é o caminho para o sucesso aí pra frente.
P/1 – Dando continuidade aqui como é que foi a tua saída da Redecard? Por que você saiu Fernando e como é que foi esse processo aí?
R – Esse vídeo vai ser editado? O que que vai ser deste vídeo?
P/1 – Esse vídeo assim a gente vai editar.
R – Depois vocês vão pegar o depoimento pra fazer um...
P/1 – Um livro.
R – O depoimento vai ser pra gerar o livro, né? Depois vocês vão fazer um filme disso aí?
P/1 – Não, não, não. Você vai receber uma cópia do seu depoimento na íntegra.
R – Isso aqui?
P/1 – É.
R – Nossa!
P/1 – Você vai receber. Você.
R – Eu sou um cara que eu sempre procura umas coisas diferentes pra fazer e tal. Eu estava há oito anos aqui na Redecard e nos últimos um ano e meio, dois a gente passou por uma gestão que era um cara que veio da Visanet e uma coisa que não nos foi perguntado também o processo e você começa e foi numa época ruim, foi uma época ruim e acabou trazendo: “putz, eu não estou no paraíso não.” E eu tinha muito esse negócio a Redecard acaba te deixando numa zona de conforto, vice-presidente, está tudo bonito, tudo arrumado. Quando a gente veio pra JK também, né, chegam aquelas mesas maravilhosas e tem que ver onde é que eu trabalho lá na Natura E aí você acaba se inebriando nesse negócio e acaba meio que parar, né? Mas eu sou um cara meio ativo e eu achava que já tinha feito a missão que precisava. E eu estava vendo numa perspectiva de curta prazo, que aí já não está falando de média, né, de curto prazo de eu dar uma evoluída aí na organização. Ou eu virava presidente porque eu queria, claro que eu queria, ou eu tinha que me movimentar dentro dos acionistas. E aí tem esse negócio você acaba para os melhores lugares você não pode ir, né, porque o Citi, o Unibanco e o Itaú teoricamente são os bancos de ponta que você poderia estar trabalhando e evoluindo e é super complicado esse processo de sair da mesma organização. Mastercard eu não queria, nunca quis. E aí veio esse negócio da Natura, aí a Headhunter chegou, né, sempre vem, sempre chega. E foi um namoro de oito meses, não foi fácil não, oito meses pra me encaixar lá.Mas assim eu estava muito com a cabeça muito feita de que já tinha virado a página mesmo. E o negócio da Natura se não desse certo ia acabar dando certo com uma outra empresa porque depois dali eu já estava decididaço e eu sabia que as coisas iam.Até que acabou, eu estou batendo aqui, né, foi mal. Até que acabou acho que o Ruben Washington saiu seis meses depois, foi um processo assim. Mas aí de qualquer forma eu estava virando a página mesmo e foi bom, foi bom. Eu acho que foi bom pra todo mundo, a fila andou. Foi tão bom que não tem substituto até agora. Eles não conseguem contratar outro. Isso eu brinco pra caramba. __________ há um ano e meio e não vem um cara aí, pô. Eu falei das duas uma: ou eu não servia pra nada ou então eu era difícil mesmo encontrar ou está sendo difícil mesmo. Eu falei acabei falando com o João Aquino que é o ________________ que está procurando ele falou “é as duas coisas, é as duas coisas, as duas coisas.”
P/1 – Você falou um pouquinho que fez especialização. Como é que foi esse processo de especialização em administração. Conta um pouquinho dessa sua fase de especialização?
R – Foi a Redecard, foi a Redecard na coisa da mãe, né, da família, putz, mandou um monte de gente pra __________ e aí eu peguei esse trem. Foi logo depois que eu foi logo depois que eu fui promovido à vice-presidente o Irélio conseguiu. Já tinha muita gente que tinha ido e tal em (SEADE?) e tal, tal, tal e aí escolhi queria ir pro ____________ e o Fleury falou que era bom pra caramba e fui pra lá. Fiquei lá uns 15, 20 dias internado lá um programa executivo legal, muito legal, várias culturas e tal. Dá um reforço, né, você volta e “putz, realmente eu sou uma coisa na vida”, né, vale a pena, vale a pena. Eu sempre indico pra quem puder. Quem puder, ter dinheiro e ir, melhor. Quem puder ir pela empresa melhor ainda. Mas é necessário, viu? Mundo globalizado você aprendi coisas de cultura diferente. Agora então pra Natura está sendo super importante pra mim. Super. Porque dá pra perceber cultura diferente como é que você lida, qual é a relação que você tem, como é que é fazer negócio com europeu, com latino americano. Então é importante, é importante.
P/1 – E como é que foi a vida de solteiro que estava muito bom pra chegar em São Paulo? Como é que foi o passo para o casamento?
R – A minha vida de solteiro, ah, eu cheguei casado.
P/1 – Chegou casado.
R – Não, casado não, vou explicar melhor. Eu cheguei em agosto eu estava com, a minha esposa é carioca também, é de Niterói também. O meu casamento com ela foi muito louco porque eu comecei a namorar ela em abril e em agosto eu tive essa proposta de vir pra São Paulo. Então foi assim. E eu sabia como é que era a vida lá e cá porque eu já tinha passado São Paulo namorando mulheres lá de Niterói. Ela já sabia que ____________. E pra voltar pra São Paulo eu estava com a cabeça já de “putz eu tenho que voltar com a mulher senão não vai dar certo isso aqui.” E aí fiz uma proposta pra ela e ela “ah, não, vamos tocando aí” e fui tocando agosto, setembro, outubro voltando todo fim de semana e ela vinha aqui pra São Paulo e tinha vindo poucas vezes aqui e tal e gostou da cidade. Aí chegou em outubro final de outubro novembro eu dei um cheque-mate: ou você vem ou a gente vai ter que parar porque vai ser uma merda, né, mas vai fazer o que? Aí ela veio 15 de novembro, eu lembro até o dia e eu com o meu “Vectrinha” da Redecard, carrinho da Redecard fui pra Niterói catei os sapatos todos dela lá, né, casa da mãe dela rebocamos tudo a mãe chorando um processo traumático, né, aquela coisa. “Eu não acredito que você está levando a minha filha embora” porque são quatro meninas e a mãe é separada e ela tem quatro filhas e a mais velha já era casada e já tinha saído, a Claudia era essa que eu estava arrancando de casa, a Bia já tinha casado e já tinha saído de casa e a caçula na época estava namorando, mas essa também já, já saía todo mundo de casa. Estava todo mundo casado com filhos e ela foi era a caçula era a que mais de estudante e tal e ela era mais parceira da mãe e saía pra tomar chopp, conversar e tal. Catei e tirei de lá. Aí veio pra cá em novembro, transferiu faculdade, fazia Fisioterapia no Rio, entrou aqui na UNISA e até hoje os amigos que ela fez lá são os meus amigos também. E eu operei os dois joelhos então eu tenho um monte de amigos fisioterapeutas, conheço tudo de fisioterapia me aprofundei no assunto à força e aí a gente casou em julho. Seis meses depois a gente casou. Então eu não tive o gostinho do solteiro em São Paulo na segunda vez não. Mas foi uma escolha. Foi a escolha da vida porque sem ela assim é difícil. Quando você tem uma hora que tem que dar uma encostada assim.
P/1 – Me fala uma coisa Fernando como é que você avalia o impacto da sua passagem pela Redecard na sua vida pessoal e profissional?
R – Eu acho que já falei um pouco disso nas entrelinhas da história assim, mas na vida pessoal foi quase que uma formação. Oito anos é um pedaço da vida, né, é uma formação humana, teve família pra caramba aqui eu gosto das pessoas. Briguei, já xinguei, a gente só não se batei aqui, aí também é meio maluco, né? Mas a gente teve de tudo, teve de tudo aqui e como toda família tem. E é um você viver oito anos numa empresa sabendo que você na grande maioria das vezes, grande maioria das vezes não, de fato você fica muito mais vivendo a empresa do que a tua própria família, e é, infelizmente, é assim pra todo mundo, né? No lado pessoal foi amadurecimento total. Foi a construção do meu casamento, foi o nascimento dos meus dois filhos, foi aqui. Então tem um monte de histórias boas pra contar, putz, um monte. Momentos muitos assim marcantes. E profissional eu posso dizer a mesma coisa, aprendi muito, me deu opção pra trabalhar, me deu um bando de oportunidades, né, cheguei numa hora super boa. Acho que aproveitei também, né, então foi o meu grande salto de qualidade profissional foi a Redecard que me proporcionou. Eu acho que isso está feito, está feito. Eu falo com muito carinho sempre da empresa, converso com algumas pessoas sempre que encontro na rua, adoro bater papo, conversar. Empresa trabalhadora, eu ia dar uma paulada aqui e você ia brigar comigo, tem coração.
P/1 – Deixa eu te perguntar uma coisa qual é o seu maior sonho Fernando?
R – O meu maior sonho? O meu maior sonho é ter uma casa na Austrália assim na beira do mar perto dos meus filhos se for possível, mas também não tenho essa coisa de ficar agarrado neles, né, relativamente bem de vida assim sem problemas financeiros eu diria e curtindo a minha esposa, natureza e segurança. Poder viver feliz, seguro, né, de preferência perto do meu irmão também, acho que o meu irmão tem um sonho parecido então eu acho que seria o ideal.
P/1 – E por que Austrália?
R – Eu falei Austrália mais porque tem praia, mais porque tem sol, mais porque tem gente bonita, mais porque é aparentemente segura, é uma empresa, é uma empresa, é um país que tem ainda tem ascensão, né, não é um país não é uma Itália, não é uma França que já vive problema de humanidade, de miscigenação, de imigração. Acho que tem vida lá ainda pra construir e tem oportunidade. Então é uma coisa que você consegue olhar o país como isso aqui tem muita coisa pra andar. Não é coisa que já começa a ter conflito racial, conflito existencial, né, eu falei mais dos países antigos europeus, mas vale para a repugnância dos Estados Unidos também com outra possível, né? Podia ser um Canadá, né, mas Canadá faz muito frio. Acho que mais uma Austrália. Escolhi bem, né?
P/1 – Pra finalizar nós já estamos acabando aqui. Como é que você vê a iniciativa da Redecard comemorar os seus dez anos de existência recolhendo os depoimentos de seus funcionários e ex-funcionários?
R – É muito legal, é muito legal. Eu podia até me preparar mais assim pra falar. Podia me preparar pra falar mais. Mas é muito ficar duas horas aqui dá pra ficar cinco, seis. É sempre chato você, por um lado é chato você falar dez e aí você faz um filme dos dez anos dá uma sensação ________ next. E agora, né, pra quem faz? Quem está vivendo aqui, né, “putz, fechamos dez anos e agora?” Se você não tiver uma mensagem muito clara do que é o “e agora” pode dar, vou usar um termo aqui meio horrível, mas pode dar uma brochada, ficar um troço meio nostalgia e tal. Mas eu sei que o Irélio vocês principalmente vão fazer a coisa direito que já está pra pegar no emocional aqui. Me segurei aqui. Vocês botaram uns nozinhos aqui, mas eu acho que fui bem, hein? Pô, eu sou chorão pra caramba, me safei pra caramba hoje cara. Vou até falar pra minha mulher: “________ você não acredita saí de cara numa sinuca de bico você não tem idéia.” Mas é maravilhosa, maravilhosa. Pra gente que está saindo, para mim que estou saindo que participei mais desses dez anos putz, é show, vai ficar pra mim o resto da vida marcado como ficou, né? E para as pessoas que estão chegando vê um pouco da história e dá uma sensação de “putz, que empresa legal que eu estou porque ela veio pequena, veio construindo” teve uma construção muito clara dela assim, né? Acontecendo as coisas e crescendo e a marca crescendo e tudo.
P/1 – E pra finalizar eu queria que você falasse um pouquinho como é que foi participar dessa entrevista?
R – É foi isso. Um flashback de vida, um flashback de currículo, um flashback de... Eu falei da minha vida um pouco, né, bastante. Exercita, sempre que você exercita a falar de vida você às vezes se emociona e tal. Foi um teste, pô, eu estou melhorando. Impressionado comigo mesmo de não ter chorado aqui umas 20 vezes. Mas assim e lá na Natura também vou te contar putz, a gente chora pra burro lá. Então eu acho que estou treinando já estou começando a ficar craque nisso, mas foi fora de série. Eu nunca tive problema de falar assim com estranhos sobre a minha vida, eu nunca tive. E sempre é um exercício gostoso.
P/1 – Gostaria então de agradecer a sua participação. Obrigada.
R – Legal.
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