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Por: Museu da Pessoa, 13 de agosto de 2020

Talentos múltiplos

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Talentos múltiplos

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Meu nome é Sérgio Luís de Oliveira Mesiano. Nasci na cidade de São Paulo, na zona norte, no dia 27 de junho de 1970. Minha mãe se chama Celi Lima de Oliveira e meu pai se chamava José Mesiano.

Minha mãe [era] dona de casa, trabalhou como manicure e faxineira. Meu pai sempre foi cabeleireiro. Eu ficava na rua ou dentro de casa, assistindo televisão. Meu pai era militante do Partido Comunista.

Eu lia muito. Eu lembro que meu pai tinha uns livros e minha mãe falava pra eu tirar pó dos livros. Com o passar do tempo, eu já sabia ler e um dia eu vi escrito “Sítio do Pica-pau Amarelo”. Ele tinha a coleção inteira. Eu assistia na televisão. “Será que é igual?” Eu descobri que era e foi um portal! Eu li todos, não sei quantas vezes.

Eu passei em algumas casas. Tem uma especial, a que eu morei mais, no Parque Santo Antônio, na zona sul. Fiquei dos dez aos trinta anos.

O bairro era um misto incrível do melhor e do pior pra uma criança viver. Quando eu mudei, a maioria do pessoal vinha do Nordeste e tinha muitos negros também. Aprendi uma cultura diferente. Tive uma relação com o samba e depois, no final dos anos 80, com o hip-hop. O bairro era totalmente precário, eu morava numa rua de terra. A gente tinha que colocar sacolinha de plástico pra não sujar o pé. Tinha uma favela no final da minha rua, muito grande, a maioria dos meus amigos moravam ali. [Tinha] esgoto a céu aberto. Era um bairro muito violento, ainda é. Nós convivíamos durante o dia, jogando bola na rua, brincando como crianças do interior, mas à noite era muito perigoso. Tinha muitas milícias, eram chamados de justiceiros.

Quando eu penso na cidade, São Paulo nos anos 70 e 80, eu penso em uma cidade muito cinza, muito suja. Muita poluição. Mas ao mesmo tempo, era uma cidade fantástica, pela idade que eu tinha. Eu estava fazendo descobertas.

[Eu sonhava em ser] jogador de futebol. Eu ainda tenho esse sonho.

Meu primeiro emprego foi numa...

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Depoimento de Sérgio Luís de Oliveira Mesiano

Entrevistado por Genivaldo Cavalcanti Filho

São Paulo, 13/08/2020

Realização: Museu da Pessoa

Entrevista número PCSH_HV868

Transcrito e editado por Genivaldo Cavalcanti Filho

Meu nome é Sérgio Luís de Oliveira Mesiano. Nasci na cidade de São Paulo, na zona norte, no dia 27 de junho de 1970. Minha mãe se chama Celi Lima de Oliveira e meu pai se chamava José Mesiano.

Minha mãe [era] dona de casa, trabalhou como manicure e faxineira. Meu pai sempre foi cabeleireiro. Eu ficava na rua ou dentro de casa, assistindo televisão. Meu pai era militante do Partido Comunista.

Eu lia muito. Eu lembro que meu pai tinha uns livros e minha mãe falava pra eu tirar pó dos livros. Com o passar do tempo, eu já sabia ler e um dia eu vi escrito “Sítio do Pica-pau Amarelo”. Ele tinha a coleção inteira. Eu assistia na televisão. “Será que é igual?” Eu descobri que era e foi um portal! Eu li todos, não sei quantas vezes.

Eu passei em algumas casas. Tem uma especial, a que eu morei mais, no Parque Santo Antônio, na zona sul. Fiquei dos dez aos trinta anos.

O bairro era um misto incrível do melhor e do pior pra uma criança viver. Quando eu mudei, a maioria do pessoal vinha do Nordeste e tinha muitos negros também. Aprendi uma cultura diferente. Tive uma relação com o samba e depois, no final dos anos 80, com o hip-hop. O bairro era totalmente precário, eu morava numa rua de terra. A gente tinha que colocar sacolinha de plástico pra não sujar o pé. Tinha uma favela no final da minha rua, muito grande, a maioria dos meus amigos moravam ali. [Tinha] esgoto a céu aberto. Era um bairro muito violento, ainda é. Nós convivíamos durante o dia, jogando bola na rua, brincando como crianças do interior, mas à noite era muito perigoso. Tinha muitas milícias, eram chamados de justiceiros.

Quando eu penso na cidade, São Paulo nos anos 70 e 80, eu penso em uma cidade muito cinza,...

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