Sempre me inquietou muito a questão do modo de vida na zona rural; a questão do semi-árido, as condições e as oportunidades para essa região. Quando ouvi falar da Ashoka, eu acabara de participar de um concurso de projetos sociais, onde apresentei a idéia do aproveitamento de uma palmeira, a carnaúba, resistente às condições do clima semi-árido e com muitas possibilidades de uso. Esse projeto, que chamei de Árvore da Vida, não foi aprovado, mas posteriormente consegui um pequeno financiamento e voltei para o Ceará. Comecei a implantar a idéia no município de Santana do Acaraú, paralelamente ao assentamento rural na região. Recém-formado e praticamente morando nesse assentamento rural, me dediquei inteiramente a esse trabalho e com algumas pessoas da comunidade implantamos, em 1998, o primeiro núcleo de beneficiamento da carnaúba.
A idéia, que antes estava restrita ao aproveitamento da carnaúba, foi ampliada para a busca de outras soluções para o semi-árido, como trabalhar com a comunidade, com o ser humano. Com essa perspectiva, eu e alguns amigos fundamos o Instituto Sertão. Outras pessoas foram chegando e hoje trabalhamos muito mais com a educação do que com alternativas econômicas pura e simplesmente. O trabalho está mais focado na questão da transformação do indivíduo, através da formação dos adolescentes.