Arte Cidade
Depoimento de Gilmara Ferreira da Silva
Entrevistada por Rosali Henriques e André Goldman
São Paulo, 14/05/1999
Realização: Museu da Pessoa
Entrevista n.º ARTCID_HV005
Transcrição de Neuza Guerreiro de Carvalho
Revisado por Genivaldo Cavalcanti Filho
P/1 – Gilmara, a gente queria começar nossa entrevista com você falando seu nome completo, local e data de nascimento.
R – Meu nome é Gilmara Ferreira da Silva. Nasci no dia sete de setembro... Não! Nove de julho de 1980, em Diadema.
P/1 – Fala um pouquinho de seus pais.
R – Minha mãe, que… Aliás, não era minha mãe, mas como meu pai falou que era uma história muito demorada de contar, ele contou só um pedaço. Ele falou que essa mulher, a mãe dos meus irmãos, falou que me adotou. Eu estou achando que é mentira. Minha mãe verdadeira, estou achando que é ela.
P/1 – E qual o nome dela?
R – Minha mãe? Neide.
P/1 – E o nome de seu pai?
R - Meu pai era Pacheco, mas infelizmente o perdi com sete anos.
P/1 – E quantos irmãos você tem?
R – Nós somos em doze, mas como moramos longe a gente fica uma separada da outra. Como eu moro pra cá e as outras moram lá, [isso] nos distanciou.
P/1 - Conta pra gente. Seu pai, qual era a profissão dele?
R – Meu pai matava gado. Trabalhava num negócio de matar gado, boi. Como o dono morreu, aquilo foi a falência. Meu pai morreu, o dono morreu e aquilo lá ficou parado até hoje. Virou uma borracharia.
P/1 – Isso lá em Diadema? E a sua mãe, o que ela fazia?
R – Minha mãe estava dentro de casa. Não tinha condições de trabalhar, porque criar doze filhos e fazer comida pra doze já era muito. Foi um casando, outro casando, ficaram só os menores, eu e meu irmão, [que] tem hoje 27 [anos].
P/1 – Você é a caçula?
R – Não. A caçula tem quatorze. Está fazendo quinze hoje.
P/1 - Gilmara, conta pra gente um pouco de sua infância lá em Diadema.
R – A minha infância, como é que eu posso lhe...
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Depoimento de Gilmara Ferreira da Silva
Entrevistada por Rosali Henriques e André Goldman
São Paulo, 14/05/1999
Realização: Museu da Pessoa
Entrevista n.º ARTCID_HV005
Transcrição de Neuza Guerreiro de Carvalho
Revisado por Genivaldo Cavalcanti Filho
P/1 – Gilmara, a gente queria começar nossa entrevista com você falando seu nome completo, local e data de nascimento.
R – Meu nome é Gilmara Ferreira da Silva. Nasci no dia sete de setembro... Não! Nove de julho de 1980, em Diadema.
P/1 – Fala um pouquinho de seus pais.
R – Minha mãe, que… Aliás, não era minha mãe, mas como meu pai falou que era uma história muito demorada de contar, ele contou só um pedaço. Ele falou que essa mulher, a mãe dos meus irmãos, falou que me adotou. Eu estou achando que é mentira. Minha mãe verdadeira, estou achando que é ela.
P/1 – E qual o nome dela?
R – Minha mãe? Neide.
P/1 – E o nome de seu pai?
R - Meu pai era Pacheco, mas infelizmente o perdi com sete anos.
P/1 – E quantos irmãos você tem?
R – Nós somos em doze, mas como moramos longe a gente fica uma separada da outra. Como eu moro pra cá e as outras moram lá, [isso] nos distanciou.
P/1 - Conta pra gente. Seu pai, qual era a profissão dele?
R – Meu pai matava gado. Trabalhava num negócio de matar gado, boi. Como o dono morreu, aquilo foi a falência. Meu pai morreu, o dono morreu e aquilo lá ficou parado até hoje. Virou uma borracharia.
P/1 – Isso lá em Diadema? E a sua mãe, o que ela fazia?
R – Minha mãe estava dentro de casa. Não tinha condições de trabalhar, porque criar doze filhos e fazer comida pra doze já era muito. Foi um casando, outro casando, ficaram só os menores, eu e meu irmão, [que] tem hoje 27 [anos].
P/1 – Você é a caçula?
R – Não. A caçula tem quatorze. Está fazendo quinze hoje.
P/1 - Gilmara, conta pra gente um pouco de sua infância lá em Diadema.
R – A minha infância, como é que eu posso lhe dizer? Não é triste, mas também não é alegre. Eu perdi meu pai e perdi minha mãe. Perdi meu pai com sete e perdi minha mãe agora, com dezessete. Minha mãe, o tempo que fiquei com ela [foi de] dois anos. Depois que meu pai morreu, vieram meus irmãos pra querer bater na gente. E eu fugi de casa.
P/1 – Conta pra gente. Você não brincava lá em Diadema? Como é que eram as brincadeiras de sua infância?
R – Pular corda, amarelinha. Nós íamos para a pracinha. Brincava de vôlei.
P/1 – E você estudava lá?
R – Estudava.
P/1 – Como era a escola?
R - Era legal. Tinha umas professoras que eram legais, outras que eram ruins. Teve uma professora que estava estudando.
P/1 – E seu irmão, também estudava lá?
R – Não. Nós estávamos em cinco… Só tem quatro que estudaram lá. Meu irmão mesmo não queria estudar lá porque quando ia estudar ele fugia da escola , ia pra casa sem minha mãe saber. Minha mãe ficou sabendo e o tirou da escola.
P/1 – Já que sua mãe não trabalhava, quem sustentava a casa quando seu pai morreu?
R – Meu irmão.
P/1 – Ele trabalha com que?
R - Trabalhava de lavar carro.
P/1 – E como era Diadema onde você morava? É um bairro? Que bairro é?
R – É o Campanário, o famoso Campanário que o pessoal fala. Um tempo era perto do Beira Rio. Tivemos que sair do Beira Rio pra ir morar no Campanário.
P/1 – E como é que era a casa?
R – A casa era de barraco. A minha mãe não queria que construísse agora, então meu irmão não construiu. Até hoje ele não construiu. Agora está pretendendo construir, mas acho que ele não quer. Pela vontade da minha mãe acho que ele faz pouco.
P/1 – E como é essa casa? Conta pra gente. Ela é de que?
R – Ela é de madeira. Meu irmão, minha mãe ganharam mil blocos, mas desses mil, minha mãe foi emprestando pras minhas irmãs construírem. Umas construíram, outras não construíram. [Da] minha mãe mesmo, acho que tem uns cem blocos pra construir.
P/1 – E quem mora atualmente na casa?
R – Agora estão meu irmão e minhas três - aliás, minhas duas... Três irmãos. Tem dois sobrinhos e só - aliás, três sobrinhos que moram na casa.
P/2 – Gilmara, você sabe de onde vieram seus pais?
R – Um veio da Bahia e o outro minha mãe conheceu. Meu pai mesmo, minha mãe conheceu... Minha mãe veio da Bahia.
P/1 – Você sabe de que cidade da Bahia eles são?
R - Minha mãe falava que era de Salvador. Meu pai também falava que era de Salvador.
P/1 – A sua mãe morreu quando?
R - Minha mãe morreu em setembro. No dia sete de setembro.
P/1 - Do ano passado?
R - É.
P/2 – Então porque você saiu de Diadema aqui pra região?
R - Em novembro.
P/2 – Você poderia contar pra gente como foi sua saída?
R – Foi porque eu vim uma ocasião na casa de um amigo meu. Tinha ido para o salão com amiga. Como minha amiga tinha deixado o salão, aí eu falei: “Vou pra casa uma hora dessa? Eu não vou.” Já era uma hora da madrugada. Falei: “Não vou voltar pra casa. Durmo na casa da minha amiga e amanhã de manhã vou embora.” Não fui. Fiquei lá e de dia fiquei na rua. Não voltei pra casa nem pra dar explicação. Eu falei assim: “Já que estou aqui vou dar um passeio.” Fui até a casa do meu padrinho nesse dia, no dia quatro. Eu vim pra cá no dia cinco.
P/1 – Seus irmãos sabem que você está na rua?
R – Sabem.
P/1 – E eles não pedem pra você voltar pra casa?
R – Não. Meu irmão queria, mas já que eu falei que não queria porque eu estava com o Marcos... Eu falei: “Mas eu não vou deixar o Marcos sozinho.” Aí o Marcos contou a verdade pra ele. Estava grávida, assim...
P/1 – E você não pode ir morar com o Marcos lá na sua casa?
R – Não, porque minha casa é pequena. Meu irmão ainda estava querendo levar a mulher dele. Como a mulher dele tem uma casa, então não vai levar. Como minhas irmãs não vão muito com a cara dela, não tem nem como levar pra lá. E a mãe dela também mora do lado, não tem nem como ela morar na minha casa. A mãe dela é vizinha da gente.
P/2 – Quando você conheceu o Marcos, você já estava na rua ou você foi pra rua porque conheceu o Marcos?
R – Não. Eu estava na rua e conheci o Marcos.
P/1 – Como você o conheceu? Conta pra gente.
R – Foi assim: eu estava no Pátio do Colégio, na Sé. Estava eu e uma amiga minha, Fabiana, e uma tiazinha que estava com a gente, que era amiga dela. Aí ele veio fazer pergunta pra mim, se eu conhecia umas amigas da namorada do irmão dele - não era irmão, era amigo. Aí eu falei que não conhecia, que eu nunca tinha visto.
Ele falou pra menina conversar comigo. Ela veio conversar comigo, perguntou se eu queria ir morar na casa dele, aí eu fui. Perguntou se eu queria ir morar porque lá tinha roupa, tinha comida, tinha tudo. Pra tomar banho, nós temos que ir lá na da Erundina, só água que não tinha.
P/1 – Como é morar na rua? Você veio morar na Sé primeiro. Conta pra gente como você veio morar, como funciona essa coisa de morar na rua. Onde você morava lá na Sé?
R – Vamos dizer: na rua mesmo não é bom de morar, porque tem muita droga. Uns cheiram farinha, outros fumam pedra, outros cheiram cola. Teve uns amigos meus que eu conheci lá que já moravam [há] muito tempo na rua. Eu peguei umas palavrinhas com eles, por cima... Aí fui acostumando e aprendendo a morar na rua. Eu nunca morei na rua.
P/1 - E como foi esse impacto? Você saiu da casa e veio pra cá?
R – Saí pra casa do meu amigo, fui pra casa do meu padrinho. No outro dia à tarde eu ia pra casa da minha irmã procurá-la pra falar que eu ia sair, que eu ia ir embora e fui à casa do meu cunhado, lá onde meu cunhado mora agora. Chegando lá, meu cunhado falou que podia me levar pra casa da mãe dele. Quando chegou na casa dele, ele falou que não podia, e aí eu fui embora de novo pra Diadema.
P/1 - Porque você veio morar aqui no centro, na Sé?
R - Uma amiga minha me chamou pra eu dar um passeio com ela porque ela ia procurar a irmã dela. Ela não foi, aí ela falou assim: “Ah, vamos lá pro Ipiranga.” Falei: “Ipiranga é muito longe.” “Vamos, eu peço para o motorista.” Aí nós fomos. Quando chegamos aqui, nós descemos no ponto final do Parque Dom Pedro. Pegou e veio, aí eu fiquei por aqui mesmo, a levamos até lá no outro dia e eu voltei.
P/1 - E você dormia onde, ali na Sé?
R – Eu não dormia, não conseguia dormir. Eu ficava andando a noite inteira.
P/1 – E durante o dia?
R – De manhã?
P/1 – É.
R - A gente estava sem almoçar, sem beber café, sem nada.
P/2 – E como você se sustentava? Como você conseguia comida?
R – Através das comunidades, que o pessoal fala. Através das comunidades que leva comida pro pessoal, leva roupa... Só que como lá era sopa, eu não comia. Era difícil eu comer alguma coisa, mas tinha um pessoal que era bom, pagava lanche.
P/1 – Essa sopa era onde?
R – No Pátio do Colégio. O pessoal parava o carro lá e dava. Como era a religião de Ação Católica, chamavam a gente pra ir pra igreja, pra fazer uma atividade. Falavam que no outro dia iam buscar e não iam.
P/1 – E você fazia o que durante o dia?
R – Durante o dia? Nós ficávamos andando. Como a menina que eu estava andando bebia muito, ela saía pra encher a cara. Ela só queria saber de cerveja. Aí foi que eu conheci um amigo meu no Parque Dom Pedro. Ele me chamava de Greice. Ele falou: “Você parece com uma amiga minha, Greice.” Aí eu falei: “Mas eu não sou a Greice.” Ele queria porque queria ficar comigo, mas eu não quis ficar com ele porque eu falava que eu era casada.
.
P/ - Até aí você não tinha conhecido o Marcos?
R – Não, ainda não.
P/1 – Você conheceu o Marcos quando?
R – Eu conheci o Marcos através dessa história que eu falei pra você.
P/1 – Da menina?
R - Foi em novembro agora que eu conheci o Marcos. Eu conheci o Marcos, a Solange e a Marcela. Aí vim conhecer o pessoal.
P/1 – Mas você foi morar com o Marcos onde?
R - Na Encol.
P/1 – Onde é isso?
R - Lá na Mooca.
P/1 – O que é, um prédio abandonado?
R – Não. Era uma… Estava sendo construído um prédio lá, aí falaram assim... Antiga Encol, eles pararam de construir o prédio e estavam tendo aquelas casas dos pedreiros que eles montam pra dormir, pra comer, pra no outro dia montar o prédio. Ali tinha umas casas.
P/1 – Aí vocês ficaram morando até quando?
R – Ficamos lá… Desde o começo, que eu cheguei lá.. Eu saí antes do Natal, Ano Novo.
P/2 – E tem muita gente morando lá?
R - Não, agora saiu todo mundo de lá.
P/1 – Por que?
R - Foi oficial de justiça, esse negócio todo. Uma ‘pá’ de polícia também. Foi até a dona do prédio. Só que como eles construíram vários prédios por aí, que... Inclusive caiu até um no... Acho que no... Num lugar aí caiu um prédio. E o pessoal tinha que indenizar o prédio... Os mortos, o pessoal que ficou na rua.
P/1 – Quantas pessoas moravam nesse prédio da Encol?
R – Da Encol? Tinha muita gente, porque era casa dos dois lados, onde eu morava e atrás, que era o esqueleto [do prédio].
P/1 – Não ficou ninguém lá?
R – Não ficou ninguém. Agora o prédio está sendo ativado de novo. Estão montando agora. Agora tem… Agora eles fecharam tudo lá, tem guarda lá. Puseram até um cachorro lá.
P/1 - E depois vocês foram morar onde? Depois que você saiu...
R – Depois nós fomos pra Favela do Fuá.
P/1 – Favela do?
R - É a Favela da Paz.
P/1 – Onde é isso?
R – Lá também, no Brás. Lá perto da [Avenida] Alcântara [Machado].
P/2 – É grande essa favela?
R – É debaixo da ponte, só que são casas-barraco. Tem um pessoal que está indo embora dali porque está tendo muita morte. Semana passada mataram um cara e falaram que foi o irmão dele, mas ninguém sabe da história até hoje.
P/1 – Vocês não sabem quem mata os outros?
R – Não, eu não sei. Não conhecia ninguém lá. Naquela favela não conhecia ninguém, só o pessoal que saiu da Encol e foi morar lá. Alguns moram lá.
Eu morei, fiquei lá um tempo. Como a filha da mulher que era enjoada tinha brigado com o namorado, marido dela, nos mandou embora. Eu e o Marcos, nós pegamos as coisas e fomos morar na casa do Marcelo. [Ele] falava que era o irmão dele. Aí nós fomos morar na casa do Val, que é amigo da gente até hoje, só que a gente saiu da casa do Val pra ir morar na ponte.
P/2 – E agora, vocês moram onde?
R – Debaixo da ponte. Nós saímos debaixo da ponte, fomos morar num prédio azul da Radial Elevadores. Ali, o cara levou um tapa na cara, foi embora no outro dia e teve que sair todo mundo do prédio, aí eu fui morar no outro lado da rua, depois da ponte. Fiquei lá [por] uns cinco meses. Aí chegou lá foi o oficial de justiça, pediu pra todo mundo se retirar. O dono estava com dinheiro pra indenizar, só que não indenizaram ninguém. Passou dois mil pra indenizar duas famílias só, que era eu, Marcos, um menino que mora com a gente e um outro casal, porque o casal que tinha brigado lá tinha ido embora. [Eles se] chamam Sheila e Daniel.
P/1 - Atualmente, então, você está morando debaixo da ponte?
R – É. Agora estou lá.
P/1 – E como é o dia a dia? O que vocês fazem?
R – De dia nós vamos lá pra Erundina. À tarde nós saímos pra procurar uma casa pra gente ficar e a noite nós voltamos pra dormir. À noite nós esperamos a comunidade.
P/1 – O que vocês fazem lá na casa da Erundina?
R - Nós lavamos roupa, nós tomamos banho, nós fazemos atividade quando tem. Quando tem é em grupo... Nós estávamos fazendo um negócio de Moradores de Rua, aí nós fizemos… Um grupo fez num dia, outro grupo fez ontem e hoje vai fazer outro grupo.
P/1 – E você está grávida, não?
R – É.
P/1 - De quantos meses?
R – Cinco.
P/1 – Já sabe o nome que vai dar pra criança?
R - Se for menina vai ser Katheen, se for menino vai ser Kennedy ou Cauê, mas o Marcos quer Júnior, como chama o pai... Acho que de algum dos parentes dele. Katheen eu venho de faz tempo, falei: “Se um dia eu tiver um filho vai se chamar Kathleen ou Kennedy.” Aí ele falou: “Se for menino você pode pôr o nome que você quiser.” Vai ser Kennedy, tá decidido.
P/2 – E quais são seus planos quando tiver esse filho? Continuar morando lá?
R – Não. Eu vou sair de lá e vou pra casa do meu irmão. Onde cabe um, cabe todos. Foi como minha mãe me deu… Foi assim. A casa é da minha mãe. Quer dizer, a minha mãe passou no nome da minha irmã em cartório, essa que está fazendo quinze hoje. Só que como minha irmã ainda é menor, está no nome do meu irmão, que está trabalhando.
P/2 – E você já conversou com ele? Já acertou?
R - Não. Ele não sabe ainda a real, que eu quero ir morar... Eu só falei que eu queria voltar, mas ele não sabe quando. Mas eu estou querendo, depois que eu ganhar o nenê estou querendo ir pra lá. Eu não vou ficar com o nenê embaixo da ponte.
Tem uma mulher que ganhou nenê esses dias aí.. Faz quinze dias que o nenê dela nasceu e a bolsa dela tinha estourado embaixo do viaduto. Ela sentia muito dor. Como ela foi para hospital, o médico já a internou. Aliás, o nome dela é até Gilma também, dá pra confundir. Tem muita diferença em tanta gente. O pessoal lá, pra confundir é dose. Quando bebe umas e outras também... Ela bebe. Eu, graças a Deus, não fumo e não bebo.
P/1 – Gilmara, a gente vai terminando aqui o depoimento e eu queria lhe fazer uma pergunta. Você tem algum sonho?
R – Sonho? Ir morar numa casa, ter uma casa só pra mim. Eu queria também [que] meu sonho tivesse [se] realizado antes do nenê nascer, mas como não consegui ainda... Como vão fazer meu casamento lá na tia Erundina, estou querendo ir pra uma casa antes do casamento.
P/1 – Tá jóia. Obrigada.
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