P/1 − Boa tarde Luiz, pra começar eu gostaria que o senhor falasse o seu nome completo, a data e o local do seu nascimento.
R − Boa tarde. Minha filha, o meu nome completo é Luiz com Z, Roberto Paixão Passos, sou natural de Petrópolis, estado do Rio.
P/1 − O nome do seus pais?
R − Meu pai era um cearense de Viçosa, Mario Passos.
P/2 − E o senhor nasceu quando?
R − Em 1928, 10 de novembro de 1928.
P/1 − E o nome da sua mãe?
R − Minha se chamava Lucilia Paixão Passos, natural de Petrópolis, ela era professora, escritora...
P/1 − E o pai?
R − O pai era comerciante, negociante.
P/1 − O senhor sabe um pouquinho mais da origem dos seus pais?
R − A origem do meu pai?
P/1 − É, do pai e da mãe.
R − Meu pai era filho de cearenses, de nortistas, meu avô era também negociante e queria dar uma educação melhor aos filhos, fez o seguinte, era hábito mandar os filhos estudarem na Europa, mas surgiu uma novidade que aqui em Petrópolis. Teria bons colégios, então ele mandou quatro filhos para Petrópolis, foi papai, Mario, um outro irmão de papai, Olavo que era padre, morreu, a Onorina, que era freira, morreu, e a Diva, foram todos para Petrópolis e a Onorina era aluna do colégio Santa Isabel em Petrópolis, onde conheceu minha mãe, e ela fez a aproximação da Lucília com o Mario, eles se casaram e tiveram seis filhos, a origem é essa. E mamãe, foi natural de Petrópolis, era filha de um engenheiro também de Petrópolis e o avô de mamãe foi o precursor do ensino em Petrópolis. Ele fez o primeiro ginásio em Petrópolis, ele era amigo do Imperador, o imperador saía e passava pelas ruas, ia lá no colégio Paixão para visitar o professor.
P/2 − Como era o nome do professor?
R − O nome desse meu avô? Deixa eu lembrar aqui, era José Ferreira da Paixão. Contam até que, esse é um fato mais interessante, que o imperador...
Continuar leituraP/1 − Boa tarde Luiz, pra começar eu gostaria que o senhor falasse o seu nome completo, a data e o local do seu nascimento.
R − Boa tarde. Minha filha, o meu nome completo é Luiz com Z, Roberto Paixão Passos, sou natural de Petrópolis, estado do Rio.
P/1 − O nome do seus pais?
R − Meu pai era um cearense de Viçosa, Mario Passos.
P/2 − E o senhor nasceu quando?
R − Em 1928, 10 de novembro de 1928.
P/1 − E o nome da sua mãe?
R − Minha se chamava Lucilia Paixão Passos, natural de Petrópolis, ela era professora, escritora...
P/1 − E o pai?
R − O pai era comerciante, negociante.
P/1 − O senhor sabe um pouquinho mais da origem dos seus pais?
R − A origem do meu pai?
P/1 − É, do pai e da mãe.
R − Meu pai era filho de cearenses, de nortistas, meu avô era também negociante e queria dar uma educação melhor aos filhos, fez o seguinte, era hábito mandar os filhos estudarem na Europa, mas surgiu uma novidade que aqui em Petrópolis. Teria bons colégios, então ele mandou quatro filhos para Petrópolis, foi papai, Mario, um outro irmão de papai, Olavo que era padre, morreu, a Onorina, que era freira, morreu, e a Diva, foram todos para Petrópolis e a Onorina era aluna do colégio Santa Isabel em Petrópolis, onde conheceu minha mãe, e ela fez a aproximação da Lucília com o Mario, eles se casaram e tiveram seis filhos, a origem é essa. E mamãe, foi natural de Petrópolis, era filha de um engenheiro também de Petrópolis e o avô de mamãe foi o precursor do ensino em Petrópolis. Ele fez o primeiro ginásio em Petrópolis, ele era amigo do Imperador, o imperador saía e passava pelas ruas, ia lá no colégio Paixão para visitar o professor.
P/2 − Como era o nome do professor?
R − O nome desse meu avô? Deixa eu lembrar aqui, era José Ferreira da Paixão. Contam até que, esse é um fato mais interessante, que o imperador saía para passear e passava no colégio Paixão para cumprimentar o professor Paixão e de uma feita, eles estavam em classe, Quando o imperador chegou, o professor Paixão suspendeu a aula, deu acesso ao imperador e os alunos todos se prostraram em posição de sentido, né, em respeito a autoridade e ele “Não, fiquem à vontade, eu vou me sentar aqui”, o professor Paixão lhe deu a cátedra, ele não quis, “Não, eu vou me sentar aqui numa cadeira”, e começou a assistir a aula, acontece o seguinte, em dado momento, um aluno fez uma pergunta, o professor Paixão ia responder, mas Paixão se precipitou e deu uma resposta, ai o professor Paixão disse: “Majestade, permita-me lhe dizer que a sua resposta não condiz com a realidade dos fatos, a resposta correta seria essa, assim e assim...” Ele disse: “Pois é professor Paixão, por isso que eu não quis a cátedra, eu me sentei aqui para aprender com o senhor” [risos]. Fato verídico e interessante, né?
P/1 − Muito interessante, o senhor tem irmãos?
R − Olha, nós éramos sete irmãos, hoje somos dois, éramos sete, quatro homens e três moças, dois rapazes, duas moças, dois rapazes e uma moça, morreram cinco já, ficamos eu, que era o número cinco da prole, Maria Helena, que era a mais moça, que foi também funcionária do Banco do Brasil, então só restaram nós dois, ex funcionários do banco aposentados hoje.
P/1 − Quais são as lembranças de infância? Da casa, da infância, das brincadeiras...
R − Olha, a nossa vida foi bastante plena de coisas gostosas, mamãe tinha um coleginho tico-tico, um jardim da infância para o primário, onde nós aprendemos a ler e a escrever, então ao final do ano, tinha sempre uma festa, ela obtinha o teatro Santa Cecília em Petrópolis e nós éramos os artistas, nós representávamos, então tinha que ter aquela tendência para ser artista [risos], não sabia que isso iria se prolongar até à essa época, essa idade [risos], mas é um fato bastante pitoresco, os outros fatos também, nós, frequentávamos a igreja católica em Petrópolis e ajudávamos na missa, nos batizados, casamentos, então, domingo a missa das 11 horas era a mais concorrida, era a missa da society, então nós ficávamos naquela expectativa, uma almofadinha vermelha de veludo e quando aquelas figuras importantes, veranis de Petrópolis entravam na igreja, nós corríamos e oferecíamos aquela almofadinha e eles davam uma moedinha para nós, e aquilo era uma beleza, viu, é um ganho maravilhoso! Umas coisas assim, eram bastante interessantes sim.
P/2 − E de brincadeiras que vocês tinha, as crianças, canções de criança que você se lembre...
R − Olha, mamãe tinha muita criatividade, então ela acionava o dispositivo dela, que éramos nós e os alunos, então nós éramos compelidos a participar de uma série de tipos diferentes de recreações, era bastante agradável a amizade que se fez aí, né, muito bom. Tínhamos sim, recreação inocente, pura, mas maravilhosa e satisfatória.
P/1 − E a casa, o local, vocês brincavam em casa, na rua?
R − Nós moramos em diversos lugares em Petrópolis, eu me lembro, a minha irmã mais moça, nasceu na Rua Santos Dumont, 178, ainda existe a casa lá, eu e o meu outro irmão Geraldo que já faleceu, nascemos na Rua Paulo Barbosa, perto da rua, da rodoviária, por ali, e da Santos Dumont, 178, fomos para o 410. O 410 era muito interessante, tinha uma pedra enorme, bem grande e nós fazíamos os piqueniques em cima da pedra [risos], a arte de criança, fazíamos cabanas, fazia umas comidinhas na cabana, era muito interessante, uma brincadeira na época, né, uma brincadeira inocente e boa, hoje em dia a criança não tem oportunidade de desfrutar disso, por outras razões, mas era muito bom! De lá, da Santos Dumont, 178, fomos para o 410, depois fomos para Rua Floriano Peixoto, 71, e o colégio ia nos acompanhando, e o colégio seguindo. Depois fomos para a rua Piabanha, 473, o rio encheu, tivemos mais de 50 centímetros de água dentro de casa, foi uma coisa horrível!
P/1 − O que é que o senhor lembra em contato com a natureza, né, Petrópolis, a mata atlântica tão próxima!
R − Pois é, naquela época não se tinha assim uma conscientização como hoje, em termos de mata atlântica, mas nós preservávamos. O meu avô que era muito rigoroso, era engenheiro minucioso, ele não admitia que destruísse qualquer planta, então a gente foi educado já cultuando a natureza, essas coisas bonitas da natureza, então as flores, as plantas, para nós é um símbolo sagrado, né, bastante bonito, bastante agradável.
P/1 − O senhor lembra de algum bicho, alguma planta específica dessa época de infância?
R − Uma planta?
P/1 − Ou um bicho, alguma coisa da natureza.
R− Bicho, nós tínhamos um cachorro, tinha o nome de jipe, o Jipe era uma novidade, meu irmão mais velho apareceu com um cachorro lá, com o jipe e nós nos dedicamos bastante a ele, criança, né, então o Jipe nos acompanhava para todo quanto era canto, setor, e saíamos e o jipe ia atrás também. Nossa casa tinha assim, uma área muito grande, a gente alugava bicicleta para andar de bicicleta, aliás, minha frustração na vida, é que eu sempre gostei de ter uma bicicleta e não consegui ganhar uma bicicleta de papai, e não tinha recursos assim, a filharada quer, né, então alugava bicicleta, uma hora, e passeava de bicicleta alugada, na área interna da casa que era bastante ampla.
P/2 − Uma curiosidade sobre a sua casa, o senhor falou que tinha uma área grande, tinha um jardim, plantas, o que é que tinha?
R − Tinha, nessa Santos Dumont, 410, uma frente bastante ampla, um jardim acompanhando a linha divisória do muro, e tinha uma árvore em determinado trecho, uma árvore frondosa, bonita, e nós jogávamos futebol e o campo de futebol ficava prejudicado com aquela árvore no meio, mas ninguém dizia nada, porque a gente ia com a bola, o adversário saía por aqui, a gente contornava pelo lado direito e marcava o gol [risos]. E, nós tínhamos também, plantávamos, fazíamos aquela horta doméstica, plantava laces, moranguinhos, morango era aquele miudinho, gostoso, não era como esse de hoje, era uma moranguinho saboroso, alface, cenoura, e nós plantávamos, cultivávamos aquilo e meu avô é que era o mentor, ele que dava as coordenadas, e com isso a gente enchia o tempo, vivia a vida, foi bem agradável.
P/1 − E a escola, era uma escola familiar, né, era o externato Paixão, que era aberto as pessoas da cidade, então normalmente tinha uma porção de alunos, e lá os filhos todos aprenderam a ler, escrever, foram alfabetizados, e eu também, fui na onda do externato Paixão, né.
P/1 − E quais eram as lembranças assim, dessa época de escola?
R − Nessa época de escola, essas representações que eu me referi anteriormente, os ensaios para essas festas de final de ano eram muito engraçadas, né, chegava o dia da festa a gente estava caracterizado, fantasiado e tudo isso era uma coisa assim deslumbrante e ficava convencido de que era artista mesmo [risos], era gostoso.
P/1 − E de estudar, o senhor era bom aluno ou teve que pegar no pé um pouquinho para estudar?
R − Eu sempre fui um bom aluno, modéstia à parte, eu estudei bastante, fiz o curso primário e de admissão já com mamãe no externato Paixão, depois fui fazer o ginásio, aos 11 anos de idade você fazia o exame de admissão no ginásio, e eu cuidei da papelada, dos exames todos, fui ao cartório tirar certidão de nascimento, eu fiz a minha matrícula, fiz o ginásio, fui muito bem, fiz o ginásio muito bem, terminei e consegui fazer o científico. Em Junho fui ao Rio de Janeiro, então aqui, arranjei um emprego, fui trabalhar na Texaco como office boy, consegui uma matrícula no colégio Pedro II à noite e dormia no escritório que papai tinha na Rua _______do Rio Branco, um escritório comercial, péssimo, então na minha vida, eu comecei cedo, sabe, isso me deu uma _______, um senso de responsabilidade muito grande, eu fiquei, no fim de semana arrumava a mala, punha a roupa usada, levava para Petrópolis, mamãe preparava tudo, domingo eu voltava, e foi uma luta, mas não me arrependo não, acho que foi muito bom pra mim, muito bom, eu aprendi a viver, foi muito agradável.
P/2 − O senhor lembra o que o senhor fez com o primeiro salário?
R − Olha, o salário era tão insignificante, porque eu era menor, era salário mínimo de menor, era a metade de um salário mínimo, o salário mal dava para me manter, mas eu me lembro que ainda assim, eu comprei para mamãe uma caneta e dei de presente, ela ficou maravilhada, sabe, uma caneta com o meu primeiro salário [risos] que gostoso! Foi assim, um gesto carinhoso, de reconhecimento a tudo o que ela fez por aquela filharada toda, e a mim, éramos sete.
P/1 − E nessa época de juventude, quais eram as atividades de lazer, de diversão, tinha um grupo de amigos?
R − É, como eu dizia anteriormente, eu saí muito cedo de casa, então com isso eu assumi uma série de cargos, de responsabilidades, que me restringiam bastante de aproveitar a vida, mas ainda assim, eu era sócio do Fluminense e eu frequentava o Fluminense, e gostava, de manhã era piscina, depois jogo futebol juvenil, depois almoçava no clube, depois tinha o jogo de aspirante, depois futebol e emendava 5:30 com uma chá dançante, saia de 9:30 da noite feliz da vida, dormia pleno de satisfação para segunda-feira, ó, trabalhar [risos].
P/2 − Nessa época, o senhor lembra se tinha moda entre os jovens, se tinha um lugar, um jeito de ser, na época tinha isso?
R − Na época, os costumes eram bastante moderados em relação aos atuais, não tinha tóxico, não tinha nada dessas coisas, mas, basicamente, nós gostávamos muito dessas tardes dançantes, onde nos fazíamos bons relacionamentos, tínhamos um grupinho permanente. Nós tocávamos informações e marcávamos de ir ao cinema e banho piscina, enchíamos a vida ali, com aquele grupinho que se identificava bastante, era bastante bom!
P/1 − E depois de office boy na Texaco que foi quando o senhor veio pro Rio de Janeiro?
R − A Texaco foi no Rio de Janeiro, né, trabalhei oito anos na Texaco, tinha uma lei que restringia dar encargos maiores ao funcionário com 10 anos, dava uma instabilidade, e as empresas não queriam saber de funcionário com instabilidade, eu estava com oito para nove anos, estava noivo, com casamento marcado, a Texaco me demite. Me demitiu, eu tinha 21, 22 anos, mas eu comprei um jornal, isso foi na sexta-feira, sábado eu comprei o jornal, vi uns anúncios que era mais fácil do que é hoje, consegui emprego no Santander Branders, gelatina Royal, fiquei oito meses lá, quando surgiu assim um primo meu, que é do banco e despertou interesse pelo banco, aí eu me preparei convenientemente, fiz concurso, o meu concurso tinha dois mil e novecentos candidatos, eu fui o vigésimo nono, eu acho que foi uma colocação boa, né, aí entrei para o banco e a minha vida mudou completamente, foram 33 anos.
P/1 − E esse dia, o receber dessa notícia, que tinha sido aprovado no concurso?
R − Ah, foi uma euforia desmesurada, viu uma coisa tão maravilhosa, isso influenciou mais adiante, anos depois, ao meu filho mais velho que também, veio para o banco e ficou 30 anos e se aposentou agora. Papai tinha muito orgulho, ele achava que o banco do Brasil era o máximo, supra-sumo, né, e quando me apresentava assim numa roda de amigos “meu filho é alto funcionário do Banco do Brasil”, digo, “É, papai, eu trabalho no 22º andar do edifício de Itaboraí”[risos]. Eu trabalhava mesmo lá nas alturas,
P/1 − E qual foi essa primeira função, né, o primeiro contato com o banco, em que área?
R − Eu fui nomeado para a agência Centro-Rio e fui para um setor de depósito de funcionários e só tinha conta de funcionários, então a clientela ali era tudo colega, tudo funcionário, aí, eu comecei a me familiarizar, eu queria saber tudo, me puseram um fichário, tirar ficha, botar ficha, mas eu queria saber o porquê daquilo, eu era muito curioso e fui aprendendo e fui enriquecendo meu profissionalismo, e foi muito bom, a minha carreira no banco foi maravilhosa e um foi mesmo.
P/2 − E daí como é que foi a trajetória do senhor a partir daí no banco do Brasil?
R − A minha trajetória no Banco do Brasil? Eu fiquei no depósito de funcionário, funcionava próximo a travessa do comércio, junto a rua da alfândega, mas pertencia, a agência centro que era na Rua Primeiro de Março, 66, eu saí do depósito, vim para o (Concco?) controle de contas correntes, na Rua Primeiro de Março, 66, no 2º andar, aí, então eu comecei desenvolver meu conhecimentos, não só contábeis, mas também de atividades, e com isso eu aprendi o manejo de contas, de contas de depósitos judiciais, depósitos à vista, poderes públicos... Eu comecei, a enriquecer profissionalmente, isso foi muito bom, e esse setor que eu trabalhava, foi o primeiro a ser mecanizado, racionalizado pelo sistema holerite cartão perfurado, aí, eu comecei a me bandear para essa área e gostei, gostei e conduzi minha vida toda no Banco em função da racionalização de serviço, organização e método de trabalho, fiz faculdade, fiz administração, depois fiz mestrado, tudo nessa área de organização de serviço e aqueles cartões perfurados depois se tornaram já computadores de grande porte IBM 1401, era uma sala enorme cheia... Hoje nos temos um computadorzinho, uma flexibilidade imensa e pequeno, né, em cima de uma mesinha, aí, naquilo nasceu meu interesse pela racionalização, organização de serviço e tudo dentro de uma metodologia, lógica, o banco criou um serviço de mecanização geral, era o nome (Semeg?), eu fui convidado para trabalhar no Semeg, fui o precursor, editor da racionalização dos métodos de trabalho, foi muito interessante porque eu aprendi, muita coisa me despertou interesse inclusive para fazer faculdade e o nosso chefe de departamento viajou aos Estados Unidos, foi com o superintendente, na época era o Osvaldo Roberto Collins que chegou à presidência do Banco e nós ficamos na expectativa da novidades que eles trariam para nós e trouxeram muitas, aí que surgiu o caixa executivo, que lá no exterior, nos Estados Unidos, chama (Teller?), teller aqui abrasileirado é o caixa executivo, que já hoje está bem diferenciado porque com a implantação nas máquinas de caixa, nesse sistema atual, a função do caixa ficou reduzida a expressão mais simples, ele não paga mais cheque, não saca mais depósito, nós depositamos na máquina e não informa mais saldo, a gente tira o saldo na máquina, né.
P/1 − E como era o processo antes da chegada do teller? Qual era o processo?
R − O processo? O processo era bem empírico, mas era o único que se conhecia até então. Você tinha uma estrutura de pessoal numerosa, mas, cercada assim, de muita segurança, porque para o pagamento de um cheque envolvia vários funcionários, você entregava o cheque no balcão, recebia uma senha, o funcionário pegava aquele cheque, passava para um outro, ele ia lá no arquivo, puxava o cartão de autógrafo para conferir a assinatura e conferir o preenchimento do cheque, se estava dentro das formalidades legais, tudo ok, rubricava, passava para um outro funcionário, era aí que eu comecei, tirava a ficha do fichário, juntava o cheque, passava para o mecanógrafo, ele escriturava, era à máquina, passava para o conferente, o conferente conferia e passava para o boca de caixa, o boca de caixa fazia o registro, enumerava e passava para o caixa para pagamento, então você vê, vejam só quantas pessoas estavam envolvidas nessa rotina, o caixa executivo simplificou tudo, um só faz tudo, pega o cheque, confere a assinatura, registra no computador, paga o cheque e pronto, então agilizou muito, deu um senso de grande objetividade e um custo menor, mas adiante, nós temos as máquinas que entraram a todo vapor, né, e a função do caixa ficou reduzida a uma expressão mais simples, mas importante, de alta responsabilidade, mas não com aquele volume de serviço, que ele enfrentava até então e foi uma coisa maravilhosa.
P/1 − E esse processo do caixa executivo, mexeu com duas coisas, né, com a tecnologia que entrava e também com as pessoas?
R − É, realmente, mexeu de uma substancial, e se precisava para implantar o caixa executivo, você precisava treinar funcionários e mudar as instalações físicas da agência, mudar, aquilo que era um guichê, fechado, assim parecia uma gaiola, o pobre do caixa parecia enjaulado, passou a ser uma coisa mais agradável, ele começou a ser tratado como gente, né, não como bicho perigoso, e essa rotina toda de pegar o cheque, conferir, conferir assinatura, isso tudo acabou por que? O caixa absorveu essas atividades, nós precisávamos do quê? Precisávamos treinar funcionários, para que isso tudo, fosse possível acontecer, precisava mudar as instalações físicas das agências, desmontando aqueles guichês e dando assim outro aspecto mais funcional, mais agradável até para quem trabalhava e para quem estava sendo atendido. O nosso chefe de departamento, uma sumidade Décio de Oliveira Araújo, esse que foi aos Estados Unidos com Osvaldo Roberto Collins, ele nessa viagem, eles viram o teller e inventaram esse nome “caixa executivo” e trouxeram manuais, nós não tínhamos manuais de serviço, eles pegaram aqueles manuais dos bancos americanos, entregaram para nós “se virem”, nós tínhamos que ler os manuais, entender as rotinas americanas e ajustá-las à nossa realidade, aí começamos a fabricar manual de serviço, foi muito interessante, tinha um grupo de cinco, eu era um dos cinco [risos], foi muito bom! Fizemos os manuais e teríamos que implantar isso nas agências, e de que maneira, qual o critério para você premiar uma agência com uma modificação de vulto assim? Então foi feito um levantamento do movimento de uma gama de agências, primeiramente as capitais, São Paulo, Rio, Porto Alegre, Belo Horizonte e esse levantamento com modelo estatístico, nos decidimos o volume de serviço de cada agência, e estabelecemos uma lista de prioridades, então dentro dessa concepção, nós precisávamos ir às agências para executar o serviço, acontece que não tinha ninguém, éramos três funcionários só, era Gilberto Pereira Bueno, André de Moraes e eu, três para fazer e o Banco do Brasil naquela época já tinha centenas de agências, né, o que aconteceu? Simplesmente o Décio, com a sua clarividência, uma coisa maravilhosa, lucidez, ele com aqueles índices de volume de serviço ele bolou, bolou chamar os subgerentes dessas agências ao Rio e dá um treinamento. Treinamento não existia no Banco do Brasil, não tinha treinamento [risos], então meu Deus do céu, o Décio chamava grupos de 25 subgerentes, eles vinham, passavam três semanas no Rio e tinham curso, aí entrava, serviço, relações humanas, direito, uma série de coisas assim e terminava sempre com churrasco, mas ele virou-se pra mim, o Décio, e disse: ”Ô Luiz Roberto, você vai ser o coordenador, você vai ser o professor, não sei o quê”, meu Deus do céu, fiquei horrorizado, mas assumi aquela postura, tinha que ser, mas eu tinha um problema pessoal que me afligia muito e eu tinha que me dirigir aquele público, eram 25 colegas, mas eu tinha que vender o peixe, né, eu fiquei horrorizado, eu falei com Décio: “Décio, não vai dar, ponho um outro porque eu sou gago, como é que vai ser, esse curso em vez de três semanas vai levar seis, não dá”, “Não, se vira”, aí, eu fiz o seguinte, tinha um médico aqui no Rio de Janeiro que já é falecido, Pedro Bloch, já ouviu falar? Ele era fonoaudiólogo, não sei quê, eu fui ao Pedro Bloch, conversei com ele, expliquei meu caso, na terça-feira, ele disse “Volte aqui na quinta”, conversando “Volta aqui na terça”, “volta aqui na quinta” e um dia ele puxou um chiclete, insistiu que eu usasse o chiclete, eu não queria, eu não gosto de chiclete, “não, tome o chiclete”, e ele mastigava, eu também, e ficamos naquele negócio, chegou no fim do mês, ele me apresentou a conta altíssima, né, eu recorri a caixa de assistência, e a caixa de assistência ao quis pagar, disse que não era do interesse do Banco, mas é do interesse do banco, o banco me deu uma missão e eu tenho que cumprir. Não pagava, aí, eu saí do Pedro Bloch, eu disse: “Ó Dr. Pedro Bloch, não dá pra continuar por essas razões”, “Você venha mais quatro vezes aqui e não vai pagar nada”, aí, eu voltei. Aquelas quatro vezes, ele tinha gravado em cassete, todo aquele nosso bate-papo, disse, olha, a primeira vez que você veio aqui, isso, a segunda vez, isso, lembra aquela história do chiclete? Está aqui, então ele me dizia que os homens, pré-históricos, né, eles se alimentavam com raízes, arrancavam as raízes, não sei quê (argh!) começava a falar e falando e mastigando eles conseguiam alguma coisa, por isso que ele queria que eu falasse mastigando também, mas ele me tirou aquela inibição e eu esqueci da gagueira, às vezes eu vacilo ainda, não resta dúvida não, mas não era tão feio quanto eu achava que fosse, então foi uma coisa maravilhosa para mim, aquilo me ajudou muito na vida, eu assumi mesmo a postura de professor, não só no banco do Brasil, mas também fora do Brasil, eu dava administração em duas faculdades aqui no Rio, foi muito bom pra mim, uma faceta nova, aberta na minha vida, em função de uma necessidade de serviço, o Banco me despertou para outra coisa, não é, foi muito bom! Então a gente fazia o seguinte, trazia os sub-gerentes ao Rio, dávamos o curso, eles retornavam às suas origens e toda semana mandava um relatório padronizado, nós íamos acompanhando. De acordo com o andamento, aí sim, nós éramos poucos, saíamos, íamos as agências e fazia um check naquilo que os subs gerentes tinham feito, corrigia os desvios, implantava a etapa B que aí, já era mais robusta e precisava de maiores conhecimentos, de máquinas eletromecânicas, fazia balancete, fazia folha de pagamento, fazia uma série de serviços, todos os serviços contábeis, e assim a gente foi sentindo a necessidade de aumentarmos os implantadores, aí, o Décio, veio “não, vamos fazer curso, vamos fazer um curso para implantação, vamos fazer curso para implantador”, aí, abriu assim um voluntariado, muita gente acolheu a idéia e nós começamos dar os cursos e aí, entrou uma série de pessoas amigas, o Samuel e outros mais, Gilberto Pereira Bueno, e foi aumentando o quadro, aí, nós podíamos fazer uma racionalização, uma mecanização maior em número e em qualidade, foi aí, que criou-se essa função de implantador e os cursos de implantação, e por força desse treinamento, o banco sentiu a necessidade de criar um departamento de treinamento, é o (Deseiv?), que começou com a nossa experiência, né, então nós éramos do Desec, mas ajudávamos a tocar do Deseiv se emancipar, então são coisas pioneiras, bonitas, viu, na carreira da gente, coisas maravilhosas, eu achava isso muito bom, gostava muito.
P/1 − Luiz, o implantador então, ele era uma pessoa que levava uma novidade, uma maneira diferente de trabalhar.
R − Sem dúvida.
P/1 − Como é que isso era recebido pelas pessoas?
R − Era recebido de duas maneiras, um grupo numa expectativa bastante grande e entusiasta, já outros mais conservadores, assim numa visão ampla, tinha medo de perder o controle das coisas, abrir mão dos seus conhecimentos, né, e tinha medo de adquirir outros, e esses novos conhecimentos, será que teriam para ele, dariam aquela segurança que eles tinham? Então ele era uma pedra no caminho de um implantador, as mudanças, todas as mudanças têm situações assim, os funcionários, as pessoas têm medo de assumir outra postura pensando que não vai dá conta do recado, aí, dificulta o trabalho do implantador, Nós estivemos aqui no Rio de Janeiro, quando fizemos um trabalho de cobrança, a unificação da cobrança no Rio na agência de Ramos, nós acabamos com o livro de vencimento de títulos, mudamos os arquivos e colocamos os arquivos em função de datas de vencimentos de títulos, então não precisava daquele livro de registro e desativamos o livro, mas o chefe do setor não admitia, ”Não vai jogar o meu livro fora, como é que eu vou saber?” “Com o arquivo” “Mas o arquivo, eu não confio no arquivo” e pegava o livro, punha sobre o assento e sentava em cima, quando ele saía para almoçar, a gente tomava o livro e jogava fora, jogava na lata de lixo, aí, depois quando ele voltava, pegava do lixo e sentava outra vez [risos], até ele se convencer de que aquilo realmente foi uma maravilha pra ele. Esse tipo de reação, você encontra, viu, bastante mesmo, mas tem um grupo que já é otimista, já vê aquilo com bons olhos, vê que realmente as coisas evoluíram e a segurança de serviço, segurança de controle, menos cuidado porque o serviço em si, já está amarrado, já tinha os seus nozinhos de segurança, né, mas a pessoa precisa ceder um pouco, não pode se colocar na posição de intransigência, então esse era um fator bastante difícil, convencimento, doutrinação, vender a idéia, você tinha que ser vendedor, você vendia a idéia, também quando ele comprava a idéia era o maior colaborador, fã nº 1 de um processo, era gostoso, era bom[risos].
P/1 − E os implantadores que eram três, depois eram cinco, depois os cursos multiplicando os implantadores...
R − É, como eu disse a você, éramos três, depois por força das circunstâncias, da necessidade, o Décio propôs, montou curso para implantador e nós antigos, os pioneiros, é que dávamos os cursos e aqueles novos implantadores que eram burilados, eram trabalhados por nós, iam no final do curso, iam às agências para fazer implantação, mas, sob controle nosso, implantador mais antigo, então eu por exemplo ia pra dois lugares, eu fiz Campina Grande na Paraíba e João Pessoa, então tinha dois implantadores novos que eu controlava, eu fiz Cataguazes e Ponte Nova também, com dois implantadores novos eu corria de uma agência para outra, fiz Duque de Caxias e Niterói e aí, também em Duque de Caxias tinha um colega muito bom, o Samuel que foi meu aluno no caso [risos], muito bom, Samuel é excelente, então na medida que eles iam ganhando experiência, nós íamos soltando as amarras, e aqui só fazendo novos cursos e fabricando novos implantadores, realmente criou-se uma nova mentalidade.
P/2 − Das inovações que o senhor citou, caixa executivo, a questão desse livro que foi abolido, que outras inovações que o senhor pode dar exemplo pra gente?
R − Olha, nós fazíamos o seguinte, nós mudávamos o método,o processamento das contas de depósito, então, aí, entrava uma máquina robusta, uma máquina grande, a National MCR31, era uma máquina com dez somadores, pareciam dez máquinas somadoras e um teclado de datilografia, ali nós implantávamos todo o serviço o serviço de contabilidade da agência, e chamava pequenas contas, contas interdepartamentais, contas entre uma agência e outra. Entre as várias agências entre si, tem troca de registros contábeis, o balancete, a folha de pagamento, mudou substancialmente, isso mudou a estrutura do serviço completamente, isso exigia a introdução da máquina, a mudança dos arquivos, dos procedimentos, mudança da elaboração dos documentos, de guiar as partidas de diário, tudo aquilo tinha que ser muito bem elaborado, muito bem explicitado que é pra evitar do operador errar no registro, isso refletia no balancete, o contador chegava com o balancete [risos], uma fera, porque o balancete não fechava, então nós mexíamos em tudo e dava uns cursos dentro da agência para os funcionários aceitarem essas modificações, muitos gostavam, era interessante, depois aquilo ganhava uma dimensão muito grande, inclusive, em Piracicaba em São Paulo, teve uma repercussão, tinha um funcionário lá que era conhecido de um jornalista, eles foram lá e fizeram uma reportagem, tirando fotografias, saiu nos jornais de Piracicaba que o Banco do Brasil estava se renovando, isso foi um sucesso! Em Campina Grande, a TV Borborema, sabe, em Campina Grande na Paraíba, fui uma vez, me convidaram para um programa de televisão assim, de variedades, fui entrevistado [risos], foi engraçado, eu jamais pensei em aparecer num programa de televisão em Campina Grande, jamais, coisas assim engraçadas e interessantes. Mas, as coisas foram evoluindo e as agências do exterior também começaram a receber assistência da direção geral, eu, por exemplo, eu estive nas três agências da Bolívia, Santa Cruz de la Sierra, Cochabamba e La Paz, sendo que em Cochabamba eu peguei a revolução com a queda do Garcia Meza, foi uma parada viu, foi dureza, estive na Venezuela, Caracas também, agência difícil, mas a gente com habilidade e mostrando a eficácia daquelas modificações, aquilo era muito bom demais, aquilo se comparava... Eles se entusiasmaram e aceitaram e a gente entrava com força lá, porque era da direção geral do Banco, né, era muito bom, minha experiência foi maravilhosa!
P/1 − Agora pra gente ter uma idéia, por exemplo, essa inovação do caixa executivo, desde que ele veio, a idéia dos Estados Unidos com os manuais, até que ele chegou à todas as agências e passou por esse processo de multiplicação, quanto tempo levou isso?
R − Você há de convir o seguinte, o número de agências é altíssimo, o Banco do Brasil tem em torno de 2.500 agências, já teve mais, né, houve uma recomposição, mas para que houvesse esse tipo de coisa, teriam outras variáveis que entravam na composição da equação, porque não era só você dá o curso para o administrador, você teria o equipamento também, você dependia da importação da máquina e as empresas que forneciam esses equipamentos, não tinha uma disponibilidade assim generosa, isso restringia um pouco o nosso campo de ação, limitava, então foi um processo que demorou razoavelmente cinco anos, antes de cinco anos, e nesses cinco anos você já estava produzindo novos implantadores, vendendo a idéia a outros colegas para que eles fossem levar adiante aquela mensagem de racionalização e simplificação dos serviços. O importante é isso, é que você quando entrava para fazer uma implantação, você tinha que analisar o fluxo do papel, uma partida de diário era elaborada por um funcionário que passa para um outro conferir e passar para um outro que centraliza as partidas do dia e tem um outro que vai para o balancete e outro vai escriturar na conta, então você tem que racionalizar o serviço de um modo que você coloque todas essas etapas numa linha reta, não num zig zag, o papel vai e volta, não, você tinha que seguir assim uma lógica, um raciocínio lógico e um percurso objetivo para não perder tempo. Um implantador chegava numa agência e nós tivemos agência de Resende, tinha documentos circulares, cartas circulares do banco sobre reajuste salarial de 1905, pra quê aquilo? Eles guardavam religiosamente, a gente fazia um expurgo do arquivo de tudo que já era superado, expurgava, queimava tudo, a agência ficava um brinco, sobrava espaço [risos], era um trabalho assim bastante audacioso e criava uma área de conflito, mas nos tínhamos o respaldo da superintendência e do nosso chefe de departamento, mas os inspetores não gostavam, diziam que nos desobedecíamos as instruções circulares contidas nos livros, era CIC então todas as instruções são catalogadas, são disciplinadas nesses livros de instrução, mas esses livros precisam ser também atualizados e isso nós fazíamos, nós mudávamos o serviço tínhamos o respaldo, mandávamos a minuta com as modificações e eles é que mudavam a CIC e os inspetores não diziam nada, os inspetores não gostavam que nós antecipássemos as providencias que não estavam na CIC, então esse lado pioneiro de implantador foi uma coisa maravilhosa e tinha que ser um cidadão, um funcionário de alta resolução, de discernimento, criativo e os inspetores normalmente eram aqueles senhores mais idosos[risos], “Os garotos estão aí passando por cima da CIC”, não é, nós estávamos atualizando a CIC, o trabalho era abrangente, né, o trabalho era abrangente, mas era gostoso. A família é que ficava pouco prejudicada, né, saía, voltava, ficava um mês...
P/1 − Vocês tinham que viajar muito?
R − Muito, viajávamos muito, ficávamos um mês fora, era terrível, sabe, era bravo.
P/1 − E aí, nessas viagens vocês iam e acompanhavam todo o processo de implantação e deixavam a agência diferente?
R − Completamente diferente.
P/1 − Como era esse processo?
R − O processo, como eu disse à você, começava pela modificação das instalações físicas da agência, você tirava guichê de caixa, fazia bateria de guichês e ordenava as mesmas dentro de um fluxo racional do papel, então mudava assim o visual da agência.
P/1 − Então vocês iam também acompanhados de uma equipe, de marceneiros, de homens trabalhando?
R − Ah! Marceneiro, eletricista, tudo, aliás, tem um fato engraçado, a gente passou por coisas muito engraçadas. Em Cochabamba na Bolívia, lá tinha um problema muito sério, nas agências do exterior que você tem que ajustar às nossas normas de serviço aos hábitos e legislação de outro País, o que é bom aqui, talvez não seja bom para outro País juridicamente, então você não podia ferir certos princípios, você tinha que ajustar e você tinha que ter criatividade, convencimento, mas essas modificações físicas, isso é engraçado, parece piada, mas foi verdade mesmo, em Cochabamba a gente fazia geralmente as modificações físicas numa sexta-feira no final do expediente, até domingo à noite, porque segunda-feira o Banco abria diferente, era surpresa, todo mundo até os próprios funcionários ficavam assim boquiabertos e eu estava em Cochabamba nessa fase de mudança das instalações físicas de sexta para segunda e estava no banco, era duas e meia da manhã, estava cansado e ia embora, aí, perguntei lá, um táxi, naquela hora em Cochabamba não tinha táxi, era motocicleta, “No señor, solamiente motorizado”, aí, motorizado eu amo, motocicleta, e eu esperei, esperei, vi que não tinha táxi mesmo, veio uma motocicleta daquelas, deu o sinal, parou, e eu pulei na garupa, ele perguntou a mim, “Donde quiere ir?”, “En el Prado” “Como quiere, con palo ou sin palo? Com pau, ou sem pau? “Pero cual la diferencia?” “La diferencia es lo precio, con palo es uno peso y médio, sin paloes um peso solito”, disse um peso e meio com pau, um peso só, sem pau, eu disse “Com palo”, ele mexeu lá na carenagem lá da moto, puxou um porrete deste tamanho e me deu, botou debaixo do meu braço e el prado, arrancou com a moto, passamos, e Cochabamba hein, um, dois, três, quatro quarteirões, um dado momento, eram quase três horas da manhã, tinha uma cachorrada na rua, avançou na moto, “Señor el palo en el perro” e eu pá[risos], por isso que ei a pagar mais caro [risos], pra não ser mordido, “El perro comia os calcanhares da gente, mas isso é verídico, não é piada não, verídico, tão engraçado, então são coisas assim que você enfrentava, viu, surpreendentes, muito engraçado, valia a pena.
P/1 − Valia a pena, né, tantas aventuras?
R − Valia a pena, era legal.
P/1 − Agora, você falou um pouquinho da família, voltando lá, né, você disse que foi estudar administração impulsionado pela experiência no banco, e aí quando que é que ia entrar esse casamento?
R − O meu casamento? Quando eu entrei no banco?
P/1 − Não não, você falou que a família sofria um pouco.
R − Ah, sofria.
P/1 − Eu queria colocar a família nessa história do implantador aventureiro.
R − Havia certas situações, certos lugares, que nós levávamos as esposas, elas ficavam conosco acompanhando, agora, muitas vezes nós tínhamos filhos menores e a esposa não podia se afastar assim, não é, então a gente dava umas fugidas, volta e meia no fim de semana eu fugia, eu fui o recordista das coisas. Eu fui fazer uma viagem ao nordeste e naquela época a aviação era precária, eu tinha medo de avião e pra voltar de Recife ao Rio tinha um navio lá Princesa Isabel, Princesa Leopoldina, Rosa da Fonseca, eram quatro navios, eu voltei de navio, me deram um baile aqui, “Pô quatro dias de viagem de navio” mas o banco me pagou as diárias como se fosse normal, aí, mudou as instruções do banco, “viagem de navio não tem direito a diária [risos]”, porque já tem casa e comida[risos], foi muito engraçado, muito bom!
P/2 − Mas voltando ao que Marta disse, nesse meio tempo em que o senhor foi implantador, é que talvez a gente não tenha entendido, como é que o senhor conheceu sua esposa, casou, como é que foi essa combinação?
R − Meu modelo especial a princípio, eu quando entrei para o banco do Brasil estava casado, eu já estava casado, porque eu trabalhava na Texaco, a Texaco me demitiu, eu fui para Santander Brands, lá eu já estava casado quando fiz concurso para o banco.
P/1 − E ela, como era o nome da sua esposa?
R − Se chamava Aldir Enir, era de Vassouras.
P/1 − E vocês se conheceram aonde?
R − Também foi muito pitoresco, eu trabalhava na Texaco, na seção de telegramas, e naquela época telegrama era uma coisa importante demais, não era como os dias de hoje que nem tem telegrama mais, e todas as instruções da Texaco, dos Estados Unidos pra cá, e daqui pra lá, eram feitas por telegrama e esses telegramas eram codificados e transmitidos por telefone, então eu ligava para companhia telegráfica para transmitir um telegrama, tinha uma moça que atendia o telefone, aí, eu comecei a namorar a moça [risos], aí namoramos pouco tempo, ela um dia disse pra: “Olha Luiz Roberto, não dá não, porque você tem 18 anos e parece um garoto, eu tenho 19 e pareço uma mulher de 25, a gente sai na rua e todo mundo fica olhando...”, acabou com o namoro, eu aceitei aquilo assim, aí, eu saí da sessão de telegrama, depois fui pra engenharia, não sei quê, quatro anos depois, um funcionário do telegrama faltou, estava de férias, alguém se lembrou de mim, “Luiz Roberto trabalhou lá”, ligaram para o meu chefe lá no setor de engenharia e o que era americano me emprestou o telegrama, cheguei lá era uma bagunça total, tudo atrasado, peguei o telefone e comecei a atualizar tudo, aí, a moça atende ao telefone, quando ela atendeu ao telefone e disse “É Enir que ta falando?” “É, como é que o senhor sabe meu nome?” [risos] “É Luiz Roberto”, “Ah”, Aí, voltou tudo, quatro anos depois, voltou tudo, incrível, né?
P/1 − Aí você já estava mais moço?
R − É, já estava mais responsável, né, engraçado não? aí, nos casamos, tivemos quatro filhos, vivemos 54 anos, ela foi pra Bolívia comigo, teve lá.
P/1 − E ela acompanhou toda essa fase, né?
R − Ah, coitada, ele fez um sacrifício grande porque quatro filhos pequenos, ela trabalhando fora, era uma barra, viu? Mas graças a Deus, superamos isso tudo. Agora mais adiante, aconteceu uma coisa, né, um câncer de medula óssea, mieloma múltiplo, já ouviu falar? É uma coisa horrível, aí, desmontou tudo [risos], eu estou aí.
P/2 − Essa união do implantadores parece que é uma coisa forte.
R − Muito forte, dentro do Banco do Brasil, aquele grupo de implantadores tinha uma identificação muito grande até os dias atuais, tanto isso é verdadeiro que todos, depois do dia 20 que é dia de pagamento, crédito em conta, a primeira quarta-feira nós nos reunimos num almoço de confraternização muito interessante. Existe muita afinidade e uma vez por ano há um encontro na nacional em determinado local, em determinado Estado que fica definido com uma não de antecedência, na nossa reunião deste ano, nós já temos a programação para de hoje há um ano nós nos encontrarmos em outro Estado e todo mundo vai, quer dizer há uma identificação muito grande, coisa que dentro do banco não existe, pelo menos eu não tenho conhecimento disso, é uma turma muito boa.
P/1 − E o último encontro do implantadores foi aonde?
R − O último foi em Florianópolis, nós corremos o Brasil todo[risos], muito interessante, é uma boa viu!
P/2 − Uma curiosidade, esse negócio de percorrer as várias agências no Brasil inteiro, o que o senhor lembra, assim, de coisas , de particularidades? O que o senhor sentiu de diferente assim, no Norte, diferente no Sul, tem alguma coisa da região?
R − Evidentemente, o lado cultural do povo é bastante diferenciado, então você tem que se ajustar e da minha parte, não sou social mas também... Alimentação, você tem que se habituar a comer certas coisas que habitualmente você não tem, mas isso é bom porque você vai enriquecendo os seus conhecimentos, os seus gostos, por uma série de coisas, vocês não estranha nada na vida, você vai moldando a situação real, é clima...
P/2 − O senhor tem uns exemplos assim de situações que o senhor passou em função disso?
R − É, realmente em termos de implantação ou fora?
P/2 e P/1− Em função dessas diferenças culturais de um lugar para o outro, como que isso implicava no trabalho do implantador?
R − Olha, o implantador precisava de uma dose muito grande de persuasão, convencimento, viu, segurança no que estava fazendo para transmitir tudo isso à aquele funcionário que não queria mudar seus hábitos com medo, não tinha experiência, queria aprender daquela maneira, você tinha que vender a idéia.
P/1 − E o senhor se lembra assim de alguma situação onde essas diferenças regionais, né, que o Brasil é muito grande, causaram alguma situação assim inusitada?
R − Evidentemente que acontecia casos atípicos, em que o implantador muitas das vezes tinha que recorrer à sede, ia um outro implantador pra dá cobertura, então esse tipo de coisa era oneroso para o banco e atrasava a programação, mas era necessário porque o funcionário da agência, tinha medo de mudar os procedimentos e ele não se convencia como implantador e ia mais um outro pra reforçar, o Samuel foi um que em Duque de Caxias, ele pegou um sub-gerente com que ele trabalhara anteriormente no departamento de câmbio e quando eu estava na agência , o sub-gerente atendia, quando eu saia da agência que eu estava com duas agências, ia pra Nova Iguaçu, tudo o que o Samuel queria fazer ele não deixava, Samuel me telefonava, eu voltava correndo e convencendo o Marcos a aceitar que o Samuel tinha absoluta razão com absoluta segurança no trabalho dele, se ele não fosse seguro, a direção geral não teria o mandado, não é, porque realmente você dá uma sacudidela de 180 graus, mas existe isso, às vezes você tem que (abcessar?) o negócio para mais um, botar mais um pra vender a idéia, né, impor a idéia, já não era mais vender, é impor a idéia e nós somos implantadores da sede, da direção geral do banco, então nós temos outras prerrogativas, nós estamos com a razão, nós somos o dono do banco, a agência é uma filial, ela tem que seguir a orientação da sede, por isso que implantador tem que entrar com força e é realmente uma equipe de alto conhecimento de serviços, podia confiar no que eles estavam fazendo que eles estavam fazendo absolutamente certo com absoluta segurança e os resultados vinham logo a seguir. O povo mesmo, os clientes da agência ficavam satisfeitos, boquiabertos, “O banco mudou?” “Mudou sim”, mudou, mas era muito bom, depois na hora de ir embora, a despedida, um jantar, uma coisa assim, e esse pessoal vinha ao Rio de Janeiro e nos procurava aqui, então a nossa família é muito grande, é no Brasil inteiro, muito gostoso!
P/1 − E o senhor se lembra de alguma situação assim, onde houve uma resistência e depois do trabalho feito, acabado, a coisa se reverte?
R − Foi em Resende que o sub-gerente, a implantação do balancete, não admitia o balancete, fez na máquina MCR31, então ele ficava com o balancete dentro da gaveta, o balancete de ontem e o funcionário elaborava o balancete de hoje, ele olhava o balancete e dizia assim: “Me dê uma conta qualquer”, quantos departamentos, relações internas, nossa conta, “Quanto é que você tem aí?” “Tanto”, “Não, não é isso não”, era, mas ele fazia isso de maldade pra testar, então isso deixava o funcionário desorientado, quer dizer, você tinha que convencer o funcionário de que estava certo, o errado era o sub-gerente[risos], não é difícil? É, muita força de persuasão, muita segurança, né, procedimentos que você estava gerando ali.
P/1 − E depois desse posto de implantador, qual foi o passo seguinte no banco? Seu, pessoal de carreira?
R − Meu, de carreira? Eu era um implantador de primeira leva, né, criou-se um departamento novo, departamento geral de assuntos do Pasep, e essa lei Pis/Pasep e o Banco do Brasil passou a responder pelos serviços do Pasep [Programa de Formação do Patrimônio do Servidor Público], eu fui convidado mais um grupo de funcionários para criar do departamento geral dos fundos do Pasep, aí, fui pra lá, e fui encarregado, e fui sub-chefe de divisão, mas o Pasep ia para Brasília depois de uns quatro anos, sei lá, e eu já tinha até apartamento em Brasília, na Super quadra norte 516, mas eu não estava assim muito ligado à Brasília, eu já tinha estado lá em outras oportunidades, em 71 fazendo implantação lá da Metropolitana Sul, Brasília estava nascendo, eu fui convidado para área internacional, eu não vacilei e fui ser implantador na área internacional, caiu a sopa no mel, né, foi ótimo, fui a estas agências todas, mudar os métodos de serviços, com outras situações atípicas como o problema da legislação local é diferente, diferente, totalmente diferente, estivemos na Bolívia, em Santa Cruz de la Sierra. O sindicato dos motoristas queria comprar carros no Brasil, 14 carros usados em Bauru e queriam financiamento do Banco, o Banco financiou direitinho e exigiu garantias, seria alienação fiduciária que é usado aqui, e também uma segunda garantia que seria a penhora da casa, então aconteceu simplesmente o seguinte, eles nunca pagaram uma prestação ao Banco, nunca, aí, o gerente ficou em cima, em cima e entrou na justiça local para fazer valer essas garantias, acontece que as leis da Bolívia não concebiam alienação fiduciária e também não aceitava a penhora. E o sindicato deles alegou que o gerente do banco estava tomando a moradia do pobre coitado do motorista, prenderam o gerente do Banco!
P/1 − Fora da lei, né, completamente?
R − Prenderam o gerente do banco, aí, entrou Itamarati, foi uma confusão dos diabos, então coisas assim, você tem que saber como conduzi-la viu, é muito perigoso, então são coisas assim, difíceis, né, você tem saber o modo de ir vivendo.
P/1 − E depois dessa fase de implantação no exterior?
P/2 − Na verdade o senhor estava na verdade no departamento do Pasep lá, não é isso?
R − Como?
P/2 − O senhor tinha sido designado para o Pasep?
R − Eu fui para o Pasep, criamos o departamento e quando geral de assuntos do Pasep foi removido para Brasília, eu fui convidado para vice-presidência internacional, fiquei lá sete anos, quando me aposentei, mas voltando ao Brasil eu fui dá também, fui fazer implantação na BB Tour, companhia de turismo do banco e no BB car, no cartão de crédito, depois dessa eu botei meu boné na cabeça e saí [risos].
P/1 − Isso foi em que ano, que você botou o boné na cabeça?
R − 86, agosto de 1986.
P/1 − E aí você se dedicou a fazer o quê?
R − Depois disso? Virei vagabundo, eu queria continuar lecionando, mas minha mulher não queria que eu lecionasse mais, aí, eu saio de caso, não sei que, eu fico aflito, aí fiquei, mas é difícil, aposentadoria é muito difícil na vida da gente.
P/1 − E resumindo toda essa experiência…[conversa interna].
P/1 − Luiz como é que você resume assim essa sua passagem, a importância que essa trajetória no banco teve na sua vida?
R − Olha, o Banco do Brasil mudou completamente a minha maneira de ser e de pensar, minha expectativa de vida até então eu achava que minha tendência estava toda voltada para engenharia, eu pretendia fazer engenharia, mas esqueci a engenharia e me tornei administrador de empresa e professor, coisa que pra mim foi um fato inusitado, superei essa problemática da gagueira, sou gago, não nego não.
P/1 − De gago não tem nada!
R − Mas, sou falante, né, [risos], Mas, eu me encontrei, compreendeu, eu fiz aquilo que eu gostava, que eu gosto, eu me encontrei, fiz muitos amigos e amigas maravilhosas, nós éramos uma família e continuamos unidos e acompanhando, interessados uns nos outros, eu vou fazer 80 anos agora em novembro, puxa vida, é muito tempo,né, muita estrada rodada, né, mas, só peço a Deus que me dê mais um bocadinho, mais, porque eu estou satisfeito e que pese o fato de ter sofrido essas perdas assim que atrapalham muito na vida da gente, não é, principalmente a noite, a noite eu me sinto muito só, muito só, a casa grande, apartamento grande, puxa, sozinho, horrível!
P/1 − É.
R − Mas, eu tenho esses meus amigos, eu telefono, converso com ele, a primeira quarta-feira depois do dia 20, tem aquele almoço gostoso, e a gente recorda tudo de maravilhoso que nós fizemos, é muito bom!
P/1 − É gratificante, né?
R − Altamente gratificante.
P/1 − Luiz e para o Brasil, o que você acha para o Brasil como País, qual que você acha da importância, mais de 30 anos de Banco, para o desenvolvimento do País?
[Reformulando a pergunta P/1]: Luiz, e para o Brasil, o que você acha com mais de 30 anos no banco, qual a importância do Banco do Brasil para o desenvolvimento do País?
R − O Banco do Brasil, tem uma presença extraordinária no desenvolvimento do País, o Banco do Brasil chegava e chega antes do prefeito, antes do juiz de direito, antes do padre, antes do delegado, o Banco do Brasil , assume, abre um agencinha e depois em torno dessa agência, cria uma comunidade, cria uma nova mentalidade, uma nova cidade, um novo aspecto cultural e desenvolve aquilo, o Banco do Brasil é pioneiro, viu, sempre foi pioneiro a vocês. O Banco do Brasil chegou antes do padre, antes do juiz, antes do delegado, antes do prefeito, o banco já estava plantado lá, isso é uma maravilha! Vocês pensaram nisso alguma vez? Mas, é uma evidência, uma realidade, então o Banco do Brasil para o País Brasil, é um alicerce maravilhoso porque a presença do Banco do Brasil no resto do mundo é um respaldo de segurança, de honestidade, de garantia, lisura nos seus negócios, viu, é altamente confiável e o banco do Brasil dentro daquele espírito que sempre existiu, aqui sempre foi uma academia de trabalho, você aprende a trabalhar aqui, aqui é uma faculdade de trabalho, trabalho honesto, consciente, evoluído, ouviu, é uma coisa raríssima nos dias de hoje, o Banco do Brasil é realmente, é fanático, não é, a gente assume uma postura e eu saí há 22 anos, mas, ainda brigo por ele[risos].
P/1 − E Luiz, o que você acha nesse aniversário de 200 anos, o Banco ter essa iniciativa de resgatar a história do Banco pelas pessoas?
R − Eu acho isso muito importante porque essas pessoas é que fizeram o Banco chegar aos 200 anos, se não tivesse esses alicerces calcados nesses funcionários, nessa mentalidade, nesse grau de cultura, ele não chegaria aos 200 anos. Então, acho que o funcionalismo tem um mérito incomensurável, viu, muito mérito, o funcionalismo que era, acabou-se isso tudo, eu acho.
P/1 − Qual que é o seu palpite para o Banco daqui para o futuro?
R − Daqui para o futuro? [risos] Meu palpite não, a minha certeza, é que o Banco do Brasil, vai continuar à frente na hegemonia à frente de todas as instituições da sua espécie e com o exemplo de seriedade para os órgãos públicos, porque o banco do Brasil é uma casa séria, né, não é brincadeira não.
P/1 − O que é que você achou Luiz, de ter participado dessa entrevista?
R − Minha filha, para mim eu fui premiado, porque eu já estou há 22 anos fora do banco, e ontem você me telefonou, eu fui apanhado assim, no contrapé, eu achei fabuloso, eu disse, “mas logo eu, tem tanta gente melhor do que eu lá dentro, tanta gente culta no Banco do Brasil, tanta gente que se dedicou demais às causas dói Banco?”[risos]. Eu estou no exílio, completamente fora de foco, como é que foram se lembrar de mim? Isso foi altamente reconfortante, ouviu, me envaideceu bastante[risos], foi muito gostoso, foi um prêmio!
P/1 − Muito obrigada!
R − Eu agradeço à vocês a gentileza e estou bastante satisfeito, eu já estava realizado como funcionário do Banco, agora eu estou realizado na história do Banco que vocês estão elaborando, muito obrigada do fundo do coração, foi pra mim uma lisonja muito grande,viu.
P/1 − E foi uma contribuição muito valiosa!
R − Muito obrigado, valeu.
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