A minha história é muito simples. Acredito que até irrelevante. Pois diante de tantas maravilhosas tenho pouco a registrar. É nessa simplicidade que encontro com a minha família numa viagem a 112 anos passados em um navio mal reformado (escravos) para a travessia dos imigrantes, que buscavam esperanças de vida melhor.
Foram agenciados em Treviso (Mansué), família Vettoretti inclusive o meu avô de 12 anos ,eram alfabetizados (conforme certidões) com letras góticas. Chegaram e aquilo que era a terra da riqueza pareceu um pouco utópico. Porém tudo na busca aconteceu -- logo que chegaram após 2 meses a matriarca Elisabetta Marchetti faleceu de febre amarela em Ribeirão Preto e restou para essa família a garra, fé e o mais importante do ser humano o berço familiar muito bem estruturado. Sempre com dificuldades a "Mérica" não foi aquela mina de esperanças, porém, bem diferente dos dias de hoje as dificuldades não estimularam a pobreza do espírito e sim a dignidade e caráter se faziam mais fortes e presentes. Louvados imigrantes, que herança bonita recebi. Muito obrigada aos avós que nunca conheci, porém tão presentes no meu ser. Imaginem se uma família italiana na miséria -- faria o que está se fazendo hoje -- é isso que falta no nosso pais caráter.
*existe um livro italiano "Mérica Mércia", que são cartas do italianos enviadas do Brasil para a Itália, relatando a viagem, chegada, vida e muito mais. É maravilhoso -- importei --livraria Siciliano na Av. São Luiz.
Tchau
(Marli Gutierrez Vettoretti Cardamone deu o seu depoimento ao Museu da Pessoa no dia 08 de junho de 1998 através do nosso site da internet)