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Personagem: Alexandre Takara
Por: Museu da Pessoa, 10 de abril de 2013

Um legítimo Okinawano

Esta história contém:

Um legítimo Okinawano

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Meu pai nasceu em 1898 e minha mãe em 1900, portanto dois anos de idade de diferença. Quando nascia uma mulher, existia aquele casamento por combinação familiar. A família do meu pai pediu a minha mãe, ainda criança de berço, para casar-se com meu pai. Então vínculos familiares permanecem até hoje. A grande característica da cultura Okinawana é essa: eles têm apego muito grande ao território e a comunidade. Existe uma outra, que para entender é preciso associar família e religião: a comunidade tem o habito de fazer o culto aos mortos. Eles tem alguns ritos que revelam isso. Aqui no Brasil, existem alguns cemitérios coletivos, que são da cidade. Lá não. No passado, os cemitérios eram familiares, construídos no fundo do terreiro, ou nas regiões mais distantes, no meio do mato. É uma sepultura clãnica. Todos os descendentes takara, por exemplo, estão em uma sepultura clãnica. É onde são sepultados todos os familiares da mesma linhagem. Além de cultuar os mortos, os Okinawanos consideram que mesmo após a morte, há uma relação entre os vivos e os mortos. A cultura grega antiga também era assim. No dia dos mortos no Japão, não me lembro se é em março ou abril, há uma grande cerimônia aos mortos. Eles acreditam que os espíritos dos familiares vão para lá e fazem uma festa, no encontro de ambos. Aqui no Brasil existem religiões hierarquizadas. A religião é exterior a nós. A hierarquia é exterior a nós. Na igreja católica, por exemplo há papas, cardeais, arcebispos, bispos, e assim sucessivamente, onde deve-se obediência a esta hierarquia. Lá não. Temos este culto aos antepassados reconhecendo que os mortos, após um tempo, são tidos como deuses. Os deuses então estão vinculados a nossa subjetividade, e o respeito é muito grande. As famílias japonesas fazem o culto aos antepassados e possuem um vinculo muito grande com a religião. E como lá a religião é comunitária, todas as famílias...

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P/1 – O senhor pode começar falando o seu nome completo, data e local de nascimento?

R – Meu nome é Alexandre Takara, sou natural de Promissão, uma cidade do interior do estado de São Paulo, entre Bauru e Araçatuba. Nasci em 04 de julho de 1931. Portanto, vou fazer 82 anos. Garotão, hein?! .

P/1 – Seus pais são de Promissão?

R – Não. Eles são japoneses, da província de Okinawa, a mais meridional das províncias japonesas. Eles vieram para o Brasil em 1917 e é bom a gente fazer essa correlação: o Japão estava em uma crise econômica muito grande, particularmente Okinawa. Não havia alimentos suficientes para abastecer aquelas famílias todas. Então a saída era a emigração para outro pais. Naquela época, o Brasil se apresentava como uma alternativa mais interessante. Então vieram japoneses para cá, onde o primeiro navio que chegou foi o Kasato Maru, em 1908. A maior parte dos viajantes, cerca de 40 por cento eram de Okinawa.

P/1 – Seus pais já vieram casados do Japão?

R – Sim. Eles casaram-se lá e quatro dias depois do casamento, vieram para o Brasil. Ficaram e lua de mel até a morte. .

P/1 – Seus avós paternos e maternos são de Okinawa?

R – São.

P/1 – Você sabe o que eles faziam?

R – Os dois lados da família eram agricultores. O meu avô materno era um homem bastante rico. Ele tinha meio alqueire de terra que, pelo padrão de lá, era uma fortuna! Então tinha uma riqueza imensa. Porém havia uma desvantagem: as terras de lá são pobres, muitas vezes não se prestam para a agricultura. Isso da família Uehara, sobrenome da minha mãe. E meu pai, Takara, era de uma família mais pobre. Agora, é bom a gente considerar o seguinte, Rosana: os Okinawanos tinham alto sentido de território. As famílias que moram lá na região, moram lá por séculos! A família Uehara, da minha mãe, morava lá naquela mesma rua, por mais de cem anos. Hoje, por mais de duzentos anos. A família Takara a mesma coisa. Eles eram...

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