Projeto Morro dos Prazeres, este morro tem história
Realização Instituto Museu da Pessoa
Entrevista de Otávio Gomes
Entrevistado por Emanuel Campos Filho
Rio de Janeiro, 06 de julho de 2002
Código: MP_CB007
Revisado por Vinícius Abrahão de Oliveira
P/1- Qual o seu nome completo?
R -...Continuar leitura
Projeto Morro dos Prazeres, este morro tem história
Realização Instituto Museu da Pessoa
Entrevista de Otávio Gomes
Entrevistado por Emanuel Campos Filho
Rio de Janeiro, 06 de julho de 2002
Código: MP_CB007
Revisado por Vinícius Abrahão de Oliveira
P/1- Qual o seu nome completo?
R - Otávio Gomes.
P/1- Local e data de nascimento?
R – Nasci em Inhapim, Minas Gerais, no dia cinco de novembro de 1952.
P/1- Quando e porque a sua família, ou você, veio morar no Morro dos Prazeres?
R – Porque naquela época, na cidade onde a gente morava, ou seja, no interior de Minas Gerais, havia uma escassez de emprego muito grande, e dificuldade para a sobrevivência. Então a minha família começou a se deslocar do interior para a cidade. E vieram primeiro do que eu, três irmãos meus, que vieram aqui pro Rio de Janeiro, e logo após, em 1964 eu vim com eles, com a idade de dez anos.
P/1 - Quais são as lembranças marcantes de sua chegada?
R - Lembranças marcantes é que eu morava num lugar onde não tinha nenhum tipo de iluminação, era uma cidade de interior muito pequena e fiquei emocionado quando cheguei numa cidade grande como o Rio de Janeiro.
P/1- Como era o Morro dos Prazeres naquela época?
R - Naquela época, praticamente o Morro dos Prazeres era feito de barracos de madeira ou de estuque, feito com barro.
P/1- E luz, gás e água, como é que era?
R - Naquela época, quando eu cheguei no Rio de Janeiro, não havia luz, não havia instalação de água, e nem havia o gás.
P/1- Aqui no morro?
R – Aqui no morro.
P/1 – Como é que era a história de solidariedade entre a comunidade do Morro dos Prazeres?
R, - Essa história é contada da seguinte forma: as pessoas que chegaram primeiro se instalaram de qualquer maneira, e foram se organizando praticamente por famílias. Cada família se organizava e trazia outras pessoas daquela família para o Rio de Janeiro. Ao chegar no Rio de Janeiro, reunia aquele grupo que já estava na cidade, mais o que vinha do interior para o morro, para a comunidade e ajudava àqueles que viessem depois para que conseguissem construir também um barraco pra morar.
P/1 - E a ocupação do Morro dos Prazeres, basicamente ela se deu através de mineiros, ou teve um outro grupo?
R - O pessoal forte da nossa comunidade são do Estado de Minas, da Paraíba, da Bahia e Alagoas.
P/1- O senhor poderia falar se existia alguma ação coletiva, algum mutirão, alguma organização coletiva entre os moradores, para melhorar as condições?
R – Isso não havia no início entre os moradores. Era uma questão de que cada grupo de pessoas fazia para si aquilo que era o melhor. Por exemplo, uma pessoa da família, daquela família, precisava de uma casa, aí juntavam todos, reuniam todos e ajudavam a fazer aquela casa. Aí foi crescendo...
P/1- E a comunidade já tinha o hábito de se reunir, fazer festas, de datas como o Natal. Existia esse hábito?
R - Existia porque nós herdamos isso de onde viemos. Tinha o Natal, tinha o Ano Novo. O mês de maio era o mês das procissões, rezas.
P/1- O senhor sabe porque o nome Morro dos Prazeres?
R – Morro dos Prazeres? A correta explicação sobre isso eu não tenho. Só que uma coisa pode se ver hoje: um dos melhores lugares do Rio de Janeiro é este aqui.
P/1- Qual a história que o senhor tem em relação à sua vivência no Morro dos Prazeres, que o senhor acha que marcou a sua vida.
R - A minha vivência aqui no Morro dos Prazeres, pra mim, é desde que eu cheguei. Porque eu sempre fui bem recebido. Não posso falar nada da comunidade. Acho a comunidade uma das melhores comunidades do Rio de Janeiro. Então, não tem um espaço que eu tenha que dizer que foi o pior, ou foi diferente dos outros. Sempre posso dizer que todos eles foram normais, porque todos eles pra mim foram proveitosos.
P/1 - Conte alguma coisa ligada ao Casarão dos Prazeres.
R – Aqui no Casarão dos Prazeres, a gente já teve, em diversas épocas diferentes, também coisas diferentes, tais como escola... Já foi escola, já foi seminário. Aqui já foi residência e uma série de outras coisas, em épocas diferentes mudavam.
P/1- E no seu entender, qual seria a importância do Casarão dos Prazeres para a comunidade atualmente?
R - Para a comunidade atualmente? O Casarão dos Prazeres é no meu modo de pensar a coisa principal, o que devia ser construído, foi construído, é importante para toda a comunidade e para o povo de Santa Teresa em si. Porque tem como... Podemos realizar aqui várias coisas, fazer com que Santa Teresa tenha este espaço aqui disponível para ser usado para outros fins além dos fins comunitários da comunidade do Morro dos Prazeres, o que eu acho que é super importante.
P/1- O que significa o Morro dos Prazeres para você?
R – Pra mim significa o lugar onde eu me criei, onde eu vivi bem, vivo até agora, e não pretendo sair daqui nunca.
P/1- O que o senhor achou de ter participado dessa entrevista e contribuído para o projeto de Memória do Morro dos Prazeres?
R - É o mínimo que eu podia fazer para o bem estar não só desta comunidade, como de outras comunidades, como daqueles que participam desse trabalho para o bem estar de todos.
P/1- Seu Otávio, muito obrigado pela sua atenção.Recolher