P/1- Ainda bem que você veio de branco, a gente esqueceu de passar essa recomendação. R/1- Ah, tá. P/1- Mas enfim, todos vieram de roupa clara. R/1- Legal. P/1- Que como o fundo é escuro... Boa tarde! R/1- Boa tarde. P/1- Gostaria que você se apresentasse. A gente costuma começar a nossa conversa pelo princípio. Então é: onde, quando você nasceu e seu nome? R/1- Bom, meu nome é Valdoeste. Valdoeste José de Sousa. Nasci em Seabra, no estado da Bahia. Vim para São Paulo em 1982 e entrei no Pão de Açúcar, na companhia, em 1986. P/1-Você nasceu em que ano? R/1- 1965. P/1- 65, que dia, mês? R/1- 22 do 10 de 1965. P/1-Conta pra gente o nome dos seus pais. R/1- Valdomiro José de Souza e Petrina Ferreira de Souza. P/1- E eles também eram, são de Seabra? R/1- São, são de Seabra. Nascidos na mesma cidade, né? E moram lá até hoje. P/1-Onde é Seabra, Valdoeste, que região da Bahia? R/1- Seabra, ela fica há 15, 20 minutos da Chapada Diamantina, né? Tem uma outra cidadezinha turística, também, que é Lençóis. E fica bem ali na Chapada Diamantina. P/1-Nossa, então você cresceu nesse lugar maravilhoso. R/1- Com certeza. P/1-Como é que foi a infância num lugar tão abençoado? R/1- Na verdade, assim, a infância, não aproveitei muito da minha infância, né? Porque a gente era da roça e desde novinho eu trabalhava com o meu pai, na roça também. Então, não aproveitei muito a infância. Também vim pra São Paulo novo e comecei a trabalhar, também muito novo. Então, não aproveitei muito a infância, foi mais... P/1- E seus pais, agricultores. O que que eles produziam, eles trabalhavam com o que? R/1- Trabalhava na roça, né? A gente fazia várias plantações, né, de feijão, milho, arroz, um monte de coisa. Onde a gente morava, o que se plantava mais, era mais valorizado, também, era o fumo, né? O fumo. P/1- O fumo pra fazer os charutos baianos? R/1- Pra fazer charutos, pra fazer cigarro. Aquele fumo...
Continuar leituraP/1- Ainda bem que você veio de branco, a gente esqueceu de passar essa recomendação. R/1- Ah, tá. P/1- Mas enfim, todos vieram de roupa clara. R/1- Legal. P/1- Que como o fundo é escuro... Boa tarde! R/1- Boa tarde. P/1- Gostaria que você se apresentasse. A gente costuma começar a nossa conversa pelo princípio. Então é: onde, quando você nasceu e seu nome? R/1- Bom, meu nome é Valdoeste. Valdoeste José de Sousa. Nasci em Seabra, no estado da Bahia. Vim para São Paulo em 1982 e entrei no Pão de Açúcar, na companhia, em 1986. P/1-Você nasceu em que ano? R/1- 1965. P/1- 65, que dia, mês? R/1- 22 do 10 de 1965. P/1-Conta pra gente o nome dos seus pais. R/1- Valdomiro José de Souza e Petrina Ferreira de Souza. P/1- E eles também eram, são de Seabra? R/1- São, são de Seabra. Nascidos na mesma cidade, né? E moram lá até hoje. P/1-Onde é Seabra, Valdoeste, que região da Bahia? R/1- Seabra, ela fica há 15, 20 minutos da Chapada Diamantina, né? Tem uma outra cidadezinha turística, também, que é Lençóis. E fica bem ali na Chapada Diamantina. P/1-Nossa, então você cresceu nesse lugar maravilhoso. R/1- Com certeza. P/1-Como é que foi a infância num lugar tão abençoado? R/1- Na verdade, assim, a infância, não aproveitei muito da minha infância, né? Porque a gente era da roça e desde novinho eu trabalhava com o meu pai, na roça também. Então, não aproveitei muito a infância. Também vim pra São Paulo novo e comecei a trabalhar, também muito novo. Então, não aproveitei muito a infância, foi mais... P/1- E seus pais, agricultores. O que que eles produziam, eles trabalhavam com o que? R/1- Trabalhava na roça, né? A gente fazia várias plantações, né, de feijão, milho, arroz, um monte de coisa. Onde a gente morava, o que se plantava mais, era mais valorizado, também, era o fumo, né? O fumo. P/1- O fumo pra fazer os charutos baianos? R/1- Pra fazer charutos, pra fazer cigarro. Aquele fumo ia pra fora, pra Goiás, até mesmo pra São Paulo. P/1- Dizem que o trabalho com o fumo é muito duro, né? R/1- Muito, muito duro. P/1- E quantos irmãos você tem? R/1- 12, 12 irmãos. P/1- 12? R/1- 12. P/1- Você sabe o nome de todos? Você lembra? R/1- Eu lembro. P/1- Com eles chamam? R/1- Foram cinco mulher, depois veio homem, que sou eu, mais velho dos homens. Teve a Lili, que é minha irmã mais velha, a Nelian, a Maria Divina, a Lívia, a Nívea, a Neuza, a Nelci, depois veio o Valdoeste, a Miriam, o Valdomiro, que é o meu irmão, o Valdomiro Filho, né, que é o meu irmão, o Manoel, a Marli e a Noeli. P/1- Puxa. R/1-São vários irmãos. P/1- Então sua mãe devia, quando ia dar bronca em alguém, ela se confundia? R/1- Se confundia. P/1- Como que era a sua relação com seus pais e com tantos irmãos, como que era o convívio na tua casa antes de você vir? Vamos falar um pouquinho, pra você... R/1- Muito bom. Eu sempre respeitei meu pai, apesar de trabalhar muito, de ter vindo pra São Paulo, eu até hoje tenho, assim, meus pais, tenho meu pai como exemplo, entendeu? Vim pra São Paulo novo. Morei sozinho, morei com a minha irmã. Não segui nenhuma outra coisa errada, né, a não ser trabalhar. E tenho, tenho meu pai como exemplo, entendeu? Tudo que eu aprendi, tudo que eu sei, eu aprendi com ele. Mesmo estando longe, respeito muito e acho que a gente se deu muito bem. P/1- Que que você acha dos valores que você tem pra você, da tua conduta, que que você acha que é o mais importante que você aprendeu com o seu pai? R/1- Sei lá, acho que é respeitar as pessoas. Valorizar a família. Eu acho que é muito importante. P/1- Fundamental. R/1- É fundamental. P/1- E aí você veio pra São Paulo, que que aconteceu pra você decidir vir pra São Paulo e não foi pra Salvador, por exemplo? R/1- Não, eu já tinha problema de saúde, na época, né, tinha problema de estômago e passava muito mal. E a gente tinha aquela ilusão de ir pra São Paulo que melhorava, né? E realmente melhorou. Eu vim até pra fazer um tratamento e voltar. Nunca mais voltei. Acabei fazendo, né, o tratamento e fiquei por aqui até hoje. P/1- E onde é que você foi fazer o tratamento? R/1- Acabei indo, porque a cidade que a gente mora, morava, era muito pequena, né? Então não tinha hospitais. Aí, eu vim pra cá e aqui sim a gente procurou hospital, tal. Fiz os tratamento. Melhorei. Comecei a trabalhar, não voltei mais e estou aqui até hoje. P/1- Como que foi chegar de uma cidade como Seabra, que está no meio da Chapada, que é uma cidade mais, bem diferente. Na verdade, mais não, ela bem diferente dessa coisa, chegar em São Paulo, que imagem você teve da cidade? R/1- Ah é bem diferente, bem diferente. Bate aquela saudade, dá vontade de voltar, mas depois você acaba acostumando. E quem mora em São Paulo acaba entrando no ritmo da cidade, acaba acostumando, né, com a correria, com tudo, né? E acaba gostando. P/1- O que mais te impressionou quando você chegou em São Paulo? R/1- Sei lá, a cidade muito grande, muita agitação, muita correria, talvez foi isso. P/1- Aí você chegou já arrumou emprego, como é que foi esse comecinho na cidade? R/1- Eu cheguei, assim, dentro de duas semanas, né, minha irmã arrumou uma vaga no colégio pra mim, onde eu comecei a estudar. Dentro de um mês arrumei serviço na guardinha mirim, aqui em São Paulo. Trabalhei. Depois entrei na rede Morita, né, que era uma rede de supermercado também, que foi vendido pro Peralta, que o Peralta acabou sendo vendido pro Pão de Açúcar depois, também. Só que antes do Peralta ser do Pão de Açúcar, eu já tinha saído de lá e entrado no Pão de Açúcar. P/1- Então uma coincidência, né? R/1- Foi, foi uma coincidência. Se tivesse esperado mais um pouco teria vindo do Peralta pro Pão de Açúcar. P/1- E como é que foi essa entrada? Como é que você conheceu o Pão de Açúcar? R/1- Oh, foi assim, foi bem curioso, porque houve uma escolha da minha parte. Na verdade quem me chamou foi um senhor que eu conhecia, sei o nome dele, conheço por Luís, né, que era da loja Borba Gato, loja 1201 Borba Gato. Uma loja especial 24 horas. E eu trabalhava no Peralta ali da Américo Brasiliense. Ele olhando a loja do Peralta, gostava da sessão e me convidou pra vir trabalhar no Pão de Açúcar. O escritório do Pão de Açúcar, o RH do Pão de Açúcar era na 13 de Maio, na época. Aí eu vim, chegando na 13 de Maio, eram duas vagas. Uma pra loja 1, aqui na Brigadeiro, e essa vaga pra Borba Gato. E a moça até perguntou: “Valdo, eu tenho duas...” Porque o horário do Borba Gato era a tarde e aqui era de manhã. Aí, ela foi legal, ela falou: “ Valdo, eu tenho duas vagas, tenho essa vaga da Borba Gato, que você veio atrás e tenho uma vaga pra loja 1.” Onde eu optei e acabei escolhendo a loja 1. Até por saber, assim, da história do Pão de Açúcar, e tudo, onde tinha começado aqui. Eu achei que ali também podia começar pra mim e acabei vindo pra cá. P/1- E me diz uma coisa, você quando trabalhava nesse outro supermercado já escutava sobre o Pão de Açúcar? R/1- Escutava, porque eu sempre fui um cara, assim, que eu gostava de fazer contato, de conversar com os amigos até mesmo do concorrente. E a gente sabia da história do Pão de Açúcar, mesmo trabalhando no Peralta ou trabalhando no Morita, da história do Seu Santos que começou com a doceira na Brigadeiro. Então a gente sabia da história e foi isso que aconteceu. Eu vim, tinha a vaga, eram duas vagas, pra Borba Gato e pra cá e eu optei, acabei escolhendo, a loja 1. E acabei, assim, a maioria da minha história, o que marcou da minha história foi na loja 1. P/1- E como é que foi pra você o primeiro dia, chegando na loja 1 do Pão de Açúcar, no começo de tudo, como que você se sentiu, quem te recebeu? R/1- Foi assim, claro que quando você começa, você chega num novo ambiente, você chega meio quietinho, meio que tímido, né? Mas você sente a diferença, também hoje, já sentia diferença naquela época, do pessoal do Pão de Açúcar, né? O Pão de Açúcar, acho que mesmo nos anos 80, ele já buscava isso. Já era um lugar de gente feliz, já era um lugar de gente feliz, os funcionários trabalhavam muito contente. Tinha aquele diferencial, aquela aproximação dos funcionários de fazer aquela apresentação pros colegas que trabalhavam, então não foi difícil, não. Foi muito gostoso. P/1- E você foi trabalhar em que área da loja 1? R/1- No setor de frios, frios e laticínios. P/1- Como que ele era organizado nessa época? Isso foi em que ano? R/1- 1986. P/1- Como que era a organização da loja? A organização do setor de frios? R/1- Nossa mudou muito, assim, quem viu a loja 1 dos anos 80 e vê ela hoje. Totalmente diferente. Era uma loja pequena. Uma loja pequena, mas uma loja muito boa. A organização é outra hoje. Mas, era... a gente procurava sempre. Tinha uma equipe muito boa na época e a gente procurava manter sempre bem organizada. É diferente, né? Eu peguei na loja 1, até gôndolas de madeira, né, no setor de mercearia. Então foi bem diferente. P/1- E como é que era o relacionamento entre você e os clientes da loja? Tinha os clientes que eram fixos, que ficavam seus amigos, que viravam amigos seus, que tinha camaradagem, como é que funcionava? R/1- Tinha, tinha vários. Eu não me lembro, mas até pouco tempo eu me lembrava de alguns clientes dessa loja. Pão de Açúcar sempre teve isso, né? Acho que toda loja tem isso. Daquele cliente fiel que sempre comprou lá na loja do Pão de Açúcar, mesmo ela sendo pequena, ela sendo velha, sabe? Pode ter uma loja nova, uma loja mais bonita, ao lado, o cliente acaba não saindo daquela loja pequena, daquela loja, sabe? Sempre teve esses cliente e, graças a Deus, sempre tive aquele respeito com os clientes. Os clientes tiveram por mim, também. Foi, acho que mais ou menos isso. P/1- E por quanto tempo você ficou trabalhando na loja 1? R/1- Foi onde eu trabalhei mais. Eu trabalhei, eu acredito assim, entre... Por que eu fui... Não eu comecei na loja 1, depois eu saí e retornei. Eu devo ter trabalhado de seis a sete anos na loja 1. P/1- E você teve contato quando, com certeza você teve, mas quando foi a primeira vez que você viu, por exemplo, o Seu Santos? R/1- Ah, no mesmo ano. No mesmo ano que eu entrei, eu tive a oportunidade, né, de ver e conhecer o Seu Santos. E sempre, assim, com aquele jeito, por isso acho que eu citei o nome do Seu Santos em duas vezes, né? Eu acho que pelo jeito, pela humildade, a simplicidade. E a maior vontade, que marcou mais foi ver e conhecer o seu Santos. P/1- Como é que foi esse encontro? Conta pra gente. R/1- Foi na loja, né? Ele nunca deixa de visitar a loja. Ele passou na loja, fazendo a visita. Ele costuma, né, se apresentar pra todo mundo, cumprimentar todo mundo. E foi comigo. Eu recém-contratado pelo Pão de Açúcar, ele entrou na loja, veio, pegou na minha mão: “a loja está muito bonita, parabéns, tal.” E, foi sempre assim. P/1- E o que você sentiu quando falou com o fundador do Pão de Açúcar? R/1- Nossa, você acaba se emocionando, né? Muito, assim muito gostoso. P/1- E vocês entre vocês, amigos, colegas de trabalho, vocês comentavam, vocês falavam dele? P/1- Comentava, comentava o jeito, a simplicidade, a humildade é... que ele trata as pessoas, né? A gente sempre comentou. R/1- O que que mudou dessa loja, dessa experiência na loja 1, pras outras experiências que você teve em outras lojas da bandeira, o que que mudou em termos de visual, em disponibilização dos produtos? O que mais te chamou a atenção nessas mudanças? R/1- Eu acho que no Pão de Açúcar houve várias mudanças, acho que continua mudando. Mas o que mudou mais no Pão de Açúcar, acho que foi mais na área de informática, né, foi onde mudou mais coisa na área de informática. E começou a fazer reformas em loja, né, a padronização, um monte de coisa. P/1- Fala um pouco dessa padronização, que que é a padronização da loja? R/1- O padrão operacionais, que a gente não tinha e passou a ter. O padrão de atendimento. A padronização, né, de loja, a padronização de sessão, um monte de coisa. P/1- E você tinha sonhos durante o tempo que você estava trabalhando na loja 1? Assim, você estava lá fazendo o teu trabalho, estava trabalhando na loja que você escolheu, estava começando uma vida em São Paulo, você tinha, que sonhos você tinha em relação ao seu trabalho, em relação a sua vida aqui na cidade? R/1- Sonho que eu tinha, claro, era de estar sempre crescendo. Que o meu objetivo era esse desde quando eu trabalhava no Morita e, graças a Deus, assim, eu sempre consegui, né, aquilo que eu queria. E muito rápido. No Morita eu era guardinha mirim, a gente passou a trabalhar no Morita como empacotador, mesmo pela guardinha mirim. Dentro de um ano e pouco eu era chefe de seção. No Peralta eu já fui como chefe de seção, né? E no Pão de Açúcar eu entrei como balconista e, dentro de 1 ano, o meu esforço foi reconhecido, né, e fui promovido a chefe de seção, no caso, a encarregado de seção. Então eu tinha o sonho de estar crescendo no Pão de Açúcar. P/1- E como é que você foi conquistando esse sonho, realizando esse sonho? R/1- Acho que com muito esforço, com muito trabalho, muita humildade, respeitando as pessoas, sabendo falar com as pessoas e buscando as inovações, acompanhando as mudanças, as inovações do Pão de Açúcar. P/1- Quais foram as inovações que mais marcaram o seu trabalho? Facilitaram, que você falou: “puxa, que legal, está acontecendo isso.”? R/1- Eu acho que foram a informatização das lojas, acho que mudou muito. P/1- Como era antes da informatização? R/1- Pedidos. Pedidos a gente fazia pedido por telefone. Era um sacrifício danado, né, a gente tinha que começar muito cedo a ligar, né? Se você tentasse ligar cedo, você até que conseguia muito rápido e se você deixasse um pouquinho pra mais tarde, era uma hora, duas horas tentando fazer o pedido. Então tomava muito tempo, você acabava ficando nervoso, enquanto isso você deixava de olhar a sessão. E houve uma mudança muito grande, né? Que informatizaram tudo, o pedido passou a ser em D.I, você fazia pelo sistema, né, pelo sistema né, pelo paidinternet então tudo mudou. Houve uma grande mudança. P/1- Mas como é que era, você tinha que ligar pra fazer o pedido e o telefone ficava ocupado? R/1- Ficava. Ficava ocupado. O depósito era na Anhanguera, né. Na Anhanguera não, no Jaguaré. Então eram duas linhas de telefone, onde todas as lojas de São Paulo ligava, pras esses dois números e você tinha uma planilha, né? Uma lista onde você fazia o pedido naquela planilha e ali você ia virando a folha e falando o que você precisava, o que você queria, o seu pedido. Hoje não, hoje você entra no sistema, você acaba fazendo tudo. P/1- Facilitou, né? R/1- Facilitou bastante. P/1- Já imaginou a vida de quem ficava recebendo pedido? R/1- Muito difícil. Assim, era difícil pra nós e pra eles acho que era muito mais complicado ainda. Que eram duas pessoas, na época, que pegavam o pedido. Era muito complicado. Eu lembro que na mercearia os pedido era feito numas fichazinhas, né, onde tinha que furar aquelas fichas. Que eram feitos os pedidos da mercearia. Então era muito complicado. P/1- E na sua sessão assim, era sessão de... R/1- Frios. P/1- Como é que ela era, como ela foi mudando, o que que teve de inovação no tratamento, na disponibilização pelos clientes, dos frios... R/1- As loja, né, foram, começaram a reformar as loja. As loja começou a se modernizar. Os equipamento, a variedade que aumentou muito também. Tudo era precificado na maquininha ou a balança que você precificava, aí veio o código de barras também que facilitou muito. Acho que tudo isso que facilitou, acabou facilitando pro cliente. P/1- E os frios embalados, pré-embalados... que não existia isso, existia? Você comprar a bandejinha de frios já cortados. R/1- Não a gente trabalhava muito com os frios a granel dentro do balcão, onde era pego com a pinçazinha, né? Mas mesmo naquela época a gente já embalava alguma coisa, né? Tinha loja que embalava, tinha loja que não embalava. Ia muito, assim, do encarregado das pessoas que operavam a sessão. Então você começava criar alguma coisa, né? Inovar algumas coisas na loja. Então a gente tinha isso. A gente já embalava alguma coisa, já preparar algumas coisa pra facilitar pro cliente também. Mas era tudo a granel, tudo solto no balcão, coberto com o celofane, e você pegava com a pinçazinha, tal, colocava no celofane, depois embrulhava naquele papel, entendeu? Era bem complicado. P/1- E teve resistência do consumidor pra comprar o frio já cortado? Os frios já pré-embalados? R/1- Eles achavam, alguns clientes reclamavam ou preferia como antes que pedia a quantidade que eles queriam, lá no balcão, lá na fila. Eles achavam que lá, já embalado, ficavam mais caro os produto. Tinha isso também. P/1- Aí vocês tinham que argumentar, convencer os clientes R/1- Que não que o preço era o mesmo, que aquilo pra agilizar, era pra facilitar pra eles, pra diminuir ou pra não existir a fila. Tudo isso a gente falava pra eles. P/1- E você lida, ou lidava, nessa tua área com os fornecedores, também, do Pão de Açúcar? R/1- Muito. E sempre assim, sempre procurei ter ou manter um bom relacionamento com todo mundo, né? Com os fornecedores também, que já existia, né, aquela parceria, aquele relacionamento. P/1- Que que a vivência lá na área, no setor, o dia-a-dia aprendendo que “olha isso tem que ser assim”. Que tipo de conhecimento você foi adquirindo que você passa pros fornecedores, ou passou, você deu dicas pra eles? Você acha que você contribuiu para a melhoria do trabalho do fornecedor também? R/1- Eu não lembro, assim nesse momento eu não lembro. Mas, claro que eu fiz muito, assim, a qualidade do produto, como ele vinha embalado, a embalagem que a gente recebia esse produto, tudo isso a gente falava, dava um toque pra eles estar melhorando. Engraçado, naquela época, a gente nem tinha, nem existia o código de defesa do consumidor. Então a validade dependia muito da gente também, né? A gente sabia ou analisava o produto se estava em condições de venda ou não, e tirava. Depois tudo foi mudando. Aí passou a ter o Código de Defesa do Consumidor, onde aí sim tinha a validade nos produto e você tinha que tirar, né, o prazo antes de vencer aqueles produto. Mas a gente deu, eu dei vários toque pra alguns fornecedores. P/1- O Código de Defesa, então, também foi uma boa pro consumidor, mas também ajudou a orientar o trabalho de vocês. R/1- Ajudou bastante. P/1- E tem uma curiosidade, assim, em 1986, mais ou menos, quando você estava... você entrou em 86. Teve uma crise grande, uma crise econômica. Tinha os fiscais do Sarney. Toda aquela bagunça nos supermercados, a mulherada vigiando. Você lembra disso? R/1- Lembro. P/1- O que que você lembra dessa época? R/1- Eu lembro que, uma época, deve ter sido essa época, eles foram muito rigorosos e existia o Decon, hoje é o Procon, né? O Decon que era muito mais complicado, que era a polícia, né? E vários colegas nossos foram pegos, tinha que ir na delegacia. Então era complicado. Eu, graças a Deus, a gente se prevenia muito, a gente orientava bem os funcionários, a gente ficava muito atento, pra que a nossa loja não fosse pego. Mas existiu, eu passei por essa época. P/1- Tinha que ficar sempre alerta. R/1- Sempre alerta e cuidando muito bem dos produtos, muito bem daquilo que você cuidava. Você tinha que cuidar muito bem. P/1- Como que é o ambiente de trabalho, você com seus colegas, como que vocês se relacionam, durante o trabalho, fora do trabalho? R/1- Eu acho que, assim, com várias pessoas que eu passei no Pão de Açúcar... Eu até citei o nome de uma pessoa, “ah, Seu Boca, tal” Você acaba aprendendo muito a respeitar as pessoas. Quando você vai conversar, você ouvir as pessoas. Então eu, graças a Deus, todas as lojas que eu passei, tive equipes muito boas, né? Soube montar várias equipes que me ajudaram bastante. E existia respeito da minha parte, da parte deles, então nunca tive, nunca tive problema de relacionamento com funcionário, com superior, nunca tive. P/1- E quais as lojas, depois que você saiu da loja 1 qual foi sua trajetória? Por onde mais você passou? R/1- Olha, eu comecei na loja 1, fui pra uma loja que fechou, na Rua Iguatemi. Foi naquela fase de, eu até coloquei no... foi aquela de 89 a 90. Que a empresa atravessou aquela fase difícil. Essa loja acabou fechando. Onde vários colegas meu, vários colegas, vários amigos, vários profissionais quiseram sair da empresa. Chamavam pra sair. Falei: “não, não vou sair porque isso vai mudar.” E acabou mudando... Qual foi... Até esqueci da pergunta. P/1- Quais são as lojas, como é que foi? R/1- Fui pra essa loja. P/1- As lojas que você passou, aí já entrou um pouquinho na década de 90, que era minha próxima pergunta. R/1- Então, em 89. Eu saí da loja 1, fui pra loja 63, na Rua Iguatemi, essa loja fechou. Acabei voltando, né, me pediram de volta pra loja 1. Fiquei na loja 1. Da loja 1, eu fui pra loja do Cambuci, a loja 168. Da 168, eu vim pra 1205, Ibirapuera. Onde esse tempo todo eu fiquei mais aqui, na Zona Sul, né? 170, Borba Gato e agora na 61, essas loja aqui da Zona Sul. P/1- Qual que é a diferença? Tem diferença nessas comunidades? Você percebe a diferença do cliente, tem algumas lojas que são clientes mais do bairro, tem outras que são mais trânsito. Dá pra perceber essas... R/1- Tem, tem a loja. Tem. Essa loja 61 é uma loja de bairro, né? Não é... Mesmo ela estando na Santo Amaro, no Corredor Santo Amaro, é uma loja que o cliente é ali da redondeza, mesmo. Diferente da 170, que é uma loja mais de povão, uma loja de passagem. Mas tem, tem muito disso. A loja de bairro, a loja de povão, que é o pessoal de passagem, tem muito disso também. P/1- E quais são as diferenças que tem uma loja pra outra, assim? De povão, de passagem, de bairro. R/1- Eu acho que é a classe do cliente, tudo. Tipo a gente... Existe uma grande diferença da 170 pra loja 61. O poder aquisitivo do cliente da 61 é muito melhor do que o da 170, até mesmo da Borba Gato. A Borba Gato também pega muitas pessoas, assim, de passagem, né? Mas tem pessoas de bairro também. E a gente define isso, né, no ticket médio dessas lojas. O ticket médio da 61 é muito melhor do que a 170, do que a Borba Gato. P/1- Mas isso não interfere no atendimento, na forma... R/1- Não, de maneira alguma. O tratamento é igual. A gente aprendeu uma coisa e leva, né, pra toda loja que a gente vai. Ou as loja hoje é bem padronizada, né? Já existe esse atendimento em todas as lojas, não muda muito, não. P/1- Teve alguém especial no Pão de Açúcar que foi teu conselheiro, que te ajudou, que te orientou…? R/1- Tive várias. Muitas. Dos anos atras, tive o próprio Mário Piçarro, não sei se alguém lembra. O senhor Lázaro, o senhor Vanderlei, que tem até a fama assim de mais… uma pessoa que me ajudou muito, me aconselhou muito, aprendi muito. O Seu Buca, que a gente fala Seu Albuquerque, durante 20 anos, no varejo, entre Morita, Peralta e Pão de Açúcar, uma pessoa diferente de todas as pessoas que eu já conheci. Eu acho que não tem igual. Foram várias pessoas, conselheiros, amigos, chefe que eu tive, que aprendi bastante, que aprendi muito. P/1- E essa época de reestruturação que o Pão de Açúcar passou, de mudança, foi o final da década de 80 e o comecinho dos anos 90. O que que você percebeu de tensões, de acontecimentos, e como que era o Pão de Açúcar de antes e como que ele é hoje? Que mudanças que você percebeu no teu trabalho, na filosofia do dia-a-dia? R/1- Acho que até na cultura, está na cultura. A empresa, o Pão de Açúcar era uma empresa, assim, paternalista, né? Muito familiar e mudou, né? Ela se profissionalizou muito e as cobranças aumentaram. Mas isso é bom. Com isso a gente acaba se profissionalizando também. Foi muito bom Apesar, assim, de você fazer parte dos funcionário antigo, acho que o importante é você acompanhar as inovações e as mudança da companhia, né? E eu sempre procurei isso, estar acompanhando as mudanças e as inovações da companhia. Não tive muita dificuldade, não. R/1- Você tem alguma história engraçada ou ligada às suas lojas, às lojas que você passou, à tua história aqui no Pão de Açúcar? P/1- Histórias engraçada? Acho que tenho, assim, eu não lembro, assim. Fica difícil, você acaba ficando nervoso, então é difícil pra você lembrar. Você vê tudo aquilo que eu marquei, que eu fiz, eu estava em casa sossegado, tal, então você vai lembrando de muitas coisas. Aqui pra você lembrar é difícil, né, mas eu tive, tive várias histórias no Pão de Açúcar, mas pra te falar agora, assim, lembrar uma, acho que eu não lembro. P/1- Que que você diria a respeito do Sr. Abílio Diniz, o que que você acha? R/1- Nossa eu tenho, tenho uma admiração muito grande pelo Abílio. Eu acho que não só eu, acho que todos têm uma admiração muito grande pelo Abílio. Pela pessoa que ele foi, pela pessoa que ele é. Uma pessoa que pensa em gente, né? A volta por cima que ele deu, a superação que ele teve. Quem viu o Pão de Açúcar em 89, 90, caindo, fechando muitas lojas, ele acabou dando a volta por cima, se superando tudo. E o que que ele faz, o que ele faz pelo funcionário. Eu tenho uma admiração muito grande por ele. P/1- Se você pudesse falar em poucas palavras, assim, quais os aprendizados que você teve, que você tem tido ao longo desse anos de grupo que que você diria? R/1-O aprendizado do? P/1- Para tua vida, pro teu trabalho, pro teu crescimento, que você ganhou, tem de mais precioso nessa experiência? R/1- Mais precioso? Sei lá, acho o que eu conquistei, o que eu tenho hoje e o pensamento que eu tenho também. Acho que é mais ou menos isso P/1- Você é casado, não? R/1- Sou casado P/1- Tem filhos? R/1- Tenho. Tenho uma linda família. Realizei meu sonho de conseguir a casa, a casa que eu tenho, o carro. Então tudo isso. P/1- E você? O que você gosta de fazer, quais são seus hobbies, os seus programas? Todo mundo aqui tem sempre um... tem gente que corre, tem gente que anda... O que que você gosta de fazer fora o trabalho? R/1- Corro também, não corro pelo Pão de Açúcar, mas corro. Gosto muito de futebol e jogo toda a semana. Não tenho vício, vícios, assim, mas gosto de reunir os amigos e estar conversando, batendo papo. Tudo isso P/1- Você quer fazer alguma pergunta? P/2- Você falou da padronização e você falou do padrão operacional, conta pra Carla o que é o padrão operacional que ela não sabe, Valdoeste. Pra quê que ele serve, vê se você lembra quando começou, conta um pouquinho do padrão pra ela. R/1- Não, assim, quando começou eu não lembro. Mas o padrão operacional são... o que você precisa fazer na sessão pra manter a qualidade dos produto, as aparência do produto, a higiene do produto. Toda aquelas regra que a gente tem, que é o padrão operacional, o que a gente precisa fazer, como lavar a sessão, como guardar os produto. Mais ou menos isso. P/1- E é medido isso? É avaliado? R/1- É avaliado. P/1- Como ele acontece, é diário? R/1- Caiu. O Pão de Açúcar tinha uma equipe de controle de qualidade, né? Onde o pessoal visitava bastante as loja. Então, esse controle de qualidade acabou, né, acabou com esse departamento. Então, se não me engano são duas ou três pessoas que tem hoje pra companhia inteira. Então com a aquisição do Sé, do Barateiro, então é muitas loja, né, pra eles olharem. Mas eles acaba, ainda, passando nas loja e é feita uma avaliação. Eles olham tudo, né? Como é feita a limpeza, qualidade do produto, validade do produto, o sistema Pepsi, tudo. E é feita uma avaliação P/1- O que é sistema Peps? R/1- O rodízio da data dos produto. P/1- Como que é feito isso? Conta pra mim. R/1- Primeiro, sistema Peps, primeiro que vem é esse o primeiro que sai. Então é feito esse rodízio. Você recebe o produto novo. Ao abastecer, você tira o produto velho da gôndola, coloca o novo, né, lá atrás, e o velho na frente, que precisa sair primeiro aquele produto. Não deixar o produto velho atrás e o novo na frente, que vai vender o novo primeiro. Então precisa estar atento a esse detalhe e estar fazendo esse rodízio de produto. P/1- E isso é feito diariamente, como que é? R/1- Diariamente. Diariamente. Até por causa das exigências hoje, né, do Procon, da fiscalização. O controle que a gente precisa fazer quase que diariamente. Precisa fazer isso. P/1- Tem uma curiosidade que eu... é muito pessoal, que é assim: durante muito tempo o Sé, por exemplo, era o concorrente, concorrente forte. Vocês trabalhavam: “olha a concorrência!”. Como foi quando o Pão de Açúcar comprou, incorporou esses supermercados que eram concorrentes? Que é a sensação que vocês têm? R/1- Foi bom. Inclusive eu fui fazer integração no Sé. Então o pessoal acabou recebendo, né, sabe por ser… eles gostaram até, gostaram de fazer parte do Grupo Pão de Açúcar, né? E a gente foi pra fazer integração ele aceitaram numa boa. Até pegamos experiência, eu acredito que o Pão de Açúcar ter adquirido o Sé até pegamos experiência nisso. Agora essa... chefe de operações, eu acredito que tenha vindo do Sé, né? Porque o Sé já funcionava nesse sistema. Tinha o líder e o chefe de seções, o chefe de mercearia e bazar, tinha o chefe administrativo e o chefe de perecíveis, que o Pão de Açúcar agora fez isso também. Eu acho que foi até experiência do próprio Sé. P/1- Bacana, né, você adquirir a cultura do outro também. R/1- A cultura do outro, também. P/2- E, Valdoeste, como era o departamento de marketing? R/1- Não existia o Marketing, era um departamento de promoções. Era um departamento de promoções, então era poucas pessoas. Hoje, sabe, hoje é uma outra estrutura. Tem pessoas, né, profissionais treinados naquilo. Tem todo um material. Mudou muito, acho que mudou bastante. Tem ações promocionais, eventos. Um monte de coisa P/1- Então como que era para pôr um produto em destaque? O que vocês faziam? Era tudo amador, assim, feito por vocês mesmo? R/1- Não, tinha pessoas muito boas na época. Então, pessoas criativas que improvisavam com cartolina. E tinha. Naquela época também tinha, era um simples folheto, mas tinha. E tinha a criatividade do pessoal, pessoas muito boas, cartazistas muito bom, criativos, que acabava dando um jeito com cartolina e tudo e fazendo. Deixando a loja bonita, arrumada, cartazeada, com as promoções. Desde aquela época tinha, também. Mudou hoje é tudo mais prático. Hoje a gente recebe quase todo o material pronto, naquele tempo não, era mais feito na caneta mesmo. P/1-Tem alguma campanha do Pão de Açúcar que você tenha gostado mais? R/1- Campanha do Pão de Açúcar que eu tenha gostado mais? Acho que teve, mas agora eu não lembro não. P/1- Pão de Açúcar lugar de gente feliz? R/1- Com certeza. Desde aquela época. Sempre foi. Busca inovações e tudo mas sempre foi. P/1- O que que você achou de poder contar um pouquinho? Apesar de você estar tão tímido. R/1- Tímido e nervoso, mas... P/1- Falar da história. R/1- Muito bom, muito bom. E eu não sou assim não, acho que é a câmera, hein? (risos). A câmera que deixou assim. P/2- Valdoeste, só mais uma coisa. Você escreveu uma coisa ali muito bonita, que você falou do tanto que você gosta de ensinar. Conta pra gente um pouquinho como é que você faz isso na loja. R/1- Acho que tipo assim. A comunicação, a informação pra mim é tudo. Tudo que passa pra mim eu procuro passar pras pessoas, né? E uma coisa que eu aprendi e agilizo, e as pessoas até reconheceram, e vê, né, e acaba até elogiando. Eu saio de uma reunião aqui na Brigadeiro, eu procuro reunir o pessoal e passar no mesmo dia. Eu participo de uma reunião com o meu gerente, pela manhã, à tarde eu já quero fazer a minha reunião pra estar informando tudo, pra estar passando tudo. Ensinando aquilo que eu aprendi. Então eu gosto muito de ensinar. Não centralizar as coisa, né? Passar tudo que eu sei, tudo que eu aprendi. Porque eu acho que ensinando se aprende, né, ensinando se aprende. E quem tem medo de crescer, acho que não ensina. E quem quer crescer tem que ensinar. Acho que é isso. P/1- Puxa, Valdoeste, da próxima vez acho que eu vou vir só com gravador. Obrigada. Muito legal conhecer você. R/1- Desculpa, desculpa ter ficado nervoso, aí. P/1- Você gosta de futebol, é? Pra quem você torce? R/1- Meu time está ruim. P/1- Palmeiras, né? R/1- Não. P/1- Não? R/1- Torço pra um time...
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