Meu nome é Gisele Rocha, sou uma mulher negra e como muitos brasileiros, tenho minha ascendência marcada pela miscigenação: africana, indígena e europeia. Não sei muito sobre minha ancestralidade, mas sei que ela foi marcada por episódios de violência. Minha criação foi na periferia da zona sul de São Paulo, no Jardim São Francisco/Guarapiranga, onde apesar do ambiente violento tive bons professores no ensino fundamental - educadores que transformaram minha vida me apresentando novas possibilidades.
A música também teve forte influência na construção da minha identidade, principalmente o Hip Hop brasileiro, gênero que nasceu nas periferias. Meu objetivo era cursar pedagogia ou ciências sociais em universidades públicas, o que não aconteceu e acabei ingressando no curso de ciências contábeis com bolsa. Cumpri o check list dado pelos meus pais: “estude para ser alguém na vida e não passar pelo que nós passamos”. Me considero uma grande estudiosa, porém sem títulos - meu conhecimento é empírico. Não existe equidade racial no ensino básico e tive que atravessar muitas barreiras sistêmicas para chegar onde cheguei.
Foi um grande desafio iniciar um negócio sem dinheiro. Meu primeiro investidor foi meu pai, em 2017, que me deu um computador, e em 2020 recebi suporte financeiro e emocional de toda família e da minha rede de apoio. O ano de 2020 foi desafiador e mesmo assim conseguimos nos reinventar, realizando workshops e mentorias pagas e gratuitas - possíveis também graças ao apoio de toda minha rede de colaboradores, pessoas que entendem o valor em ajudar a ajudar.
Aos 14 anos, quando fui convidada a realizar uma ação com mulheres em situação de vulnerabilidade, me encantei pelo propósito de atuar em ações sociais. Desde então colaborei com diversas ONGs e coletivos como articuladora, gestora financeira, mobilizadora de recursos e tudo que coubesse ajudar. Não foi diferente dentro do empreendedorismo. O desafio...
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Meu nome é Gisele Rocha, sou uma mulher negra e como muitos brasileiros, tenho minha ascendência marcada pela miscigenação: africana, indígena e europeia. Não sei muito sobre minha ancestralidade, mas sei que ela foi marcada por episódios de violência. Minha criação foi na periferia da zona sul de São Paulo, no Jardim São Francisco/Guarapiranga, onde apesar do ambiente violento tive bons professores no ensino fundamental - educadores que transformaram minha vida me apresentando novas possibilidades.
A música também teve forte influência na construção da minha identidade, principalmente o Hip Hop brasileiro, gênero que nasceu nas periferias. Meu objetivo era cursar pedagogia ou ciências sociais em universidades públicas, o que não aconteceu e acabei ingressando no curso de ciências contábeis com bolsa. Cumpri o check list dado pelos meus pais: “estude para ser alguém na vida e não passar pelo que nós passamos”. Me considero uma grande estudiosa, porém sem títulos - meu conhecimento é empírico. Não existe equidade racial no ensino básico e tive que atravessar muitas barreiras sistêmicas para chegar onde cheguei.
Foi um grande desafio iniciar um negócio sem dinheiro. Meu primeiro investidor foi meu pai, em 2017, que me deu um computador, e em 2020 recebi suporte financeiro e emocional de toda família e da minha rede de apoio. O ano de 2020 foi desafiador e mesmo assim conseguimos nos reinventar, realizando workshops e mentorias pagas e gratuitas - possíveis também graças ao apoio de toda minha rede de colaboradores, pessoas que entendem o valor em ajudar a ajudar.
Aos 14 anos, quando fui convidada a realizar uma ação com mulheres em situação de vulnerabilidade, me encantei pelo propósito de atuar em ações sociais. Desde então colaborei com diversas ONGs e coletivos como articuladora, gestora financeira, mobilizadora de recursos e tudo que coubesse ajudar. Não foi diferente dentro do empreendedorismo. O desafio era criar um negócio social que funcionasse através da economia solidária e economia criativa, que pudesse ajudar outros empreendedores sociais de diversas áreas de atuação, através da educação e gestão financeira. O conhecimento adquirido pela experiência profissional na área da ciência das contas me permitiu abrir caminhos para outras possibilidades, como a captação de recursos, e assim ajudar a manter atuações economicamente sustentáveis nas periferias. Dediquei a minha vida entre o trabalho formal e o trabalho social, sempre estudando e me especializando para as oportunidades que era desafiada a realizar. A transição de carreira aconteceu de forma inesperada: de trabalhadora CLT e voluntária em ONG, passei para o mundo das startups e empreendedorismo social na área de finanças. Fundei a Burocras, uma governança social prestadora de serviços de assessoria e consultoria para ongs. negócios sociais, empreendedores sociais e desenvolvimento de projetos para capacitação.
\\\\\\\"A educação financeira é fundamental e urgente para a população brasileira. Enfrentamos uma crise na saúde e na política, onde a desigualdade social é gritante, agravada pelo racismo e sexismo.\\\\\\\"
(Gisele Rocha)
(Gisele Rocha)
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