Sou Carlos Massayuki Hasimoto, nascido em Ituverava, estado de São Paulo. A data de nascimento é 11 de abril de 1962. Meu pai é Akinori Hasimoto, e minha mãe é Catarina Kakushi Hasimoto. O meu pai veio para o Brasil nas vésperas da Segunda Guerra Mundial, com nove anos. A minha mãe nasceu aqui em Pedregulho, estado de São Paulo, terra do Quércia. (risos) E eu sou ainda 100% japonês – o meu sangue, o modo de falar -, porque ainda não teve miscigenação. E eles vieram aqui pro estado de São Paulo, porque o governo cedia terras para os imigrantes. Eles foram pra agricultura, então, e por isso os japoneses geralmente têm tradição na agricultura.
Só que o japonês não ficava muito tempo como colono; depois ele virava proprietário de sítio, e a história da minha família é exatamente assim: colono, depois vira meeiro e, mais tarde, proprietário. Meu pai ficou na agricultura até 1968, mas era muito difícil, porque tinha que contar com a natureza, e às vezes não pegava preço pra vender. Então, em 1968 nós viemos para Ribeirão Preto, e meu pai abriu loja aqui no ramos de materiais de construção. Graças a Deus, nós estamos aqui de pé até hoje.
Meu pai sempre procurou residir próximo à empresa, num raio de 500 ou 600 metros, no Ipiranga - o bairro. Eu acho que toda infância do pessoal de mais de 50 anos foi uma infância de rua, com aquelas brincadeiras coletivas de rua: futebol, bola de gude e outras brincadeiras. E tive uma vida saudável, graças a Deus. Pratiquei esporte, judô, natação, beisebol... tive uma infância boa e, na juventude, ótimos amigos, amizades importantíssimas.
Na escola, eu comecei o grupo escolar no outro bairro, distante daqui. E depois passou pro colégio. O colégio, eu já comecei aqui no bairro do Ipiranga, dá uns 500 metros. Aí o ginásio também era nessa mesma escola, tudo na escola pública. Depois eu fui cursar faculdade, fiz Administração na...
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Sou Carlos Massayuki Hasimoto, nascido em Ituverava, estado de São Paulo. A data de nascimento é 11 de abril de 1962. Meu pai é Akinori Hasimoto, e minha mãe é Catarina Kakushi Hasimoto. O meu pai veio para o Brasil nas vésperas da Segunda Guerra Mundial, com nove anos. A minha mãe nasceu aqui em Pedregulho, estado de São Paulo, terra do Quércia. (risos) E eu sou ainda 100% japonês – o meu sangue, o modo de falar -, porque ainda não teve miscigenação. E eles vieram aqui pro estado de São Paulo, porque o governo cedia terras para os imigrantes. Eles foram pra agricultura, então, e por isso os japoneses geralmente têm tradição na agricultura.
Só que o japonês não ficava muito tempo como colono; depois ele virava proprietário de sítio, e a história da minha família é exatamente assim: colono, depois vira meeiro e, mais tarde, proprietário. Meu pai ficou na agricultura até 1968, mas era muito difícil, porque tinha que contar com a natureza, e às vezes não pegava preço pra vender. Então, em 1968 nós viemos para Ribeirão Preto, e meu pai abriu loja aqui no ramos de materiais de construção. Graças a Deus, nós estamos aqui de pé até hoje.
Meu pai sempre procurou residir próximo à empresa, num raio de 500 ou 600 metros, no Ipiranga - o bairro. Eu acho que toda infância do pessoal de mais de 50 anos foi uma infância de rua, com aquelas brincadeiras coletivas de rua: futebol, bola de gude e outras brincadeiras. E tive uma vida saudável, graças a Deus. Pratiquei esporte, judô, natação, beisebol... tive uma infância boa e, na juventude, ótimos amigos, amizades importantíssimas.
Na escola, eu comecei o grupo escolar no outro bairro, distante daqui. E depois passou pro colégio. O colégio, eu já comecei aqui no bairro do Ipiranga, dá uns 500 metros. Aí o ginásio também era nessa mesma escola, tudo na escola pública. Depois eu fui cursar faculdade, fiz Administração na instituição Moura Lacerda, em Ribeirão Preto mesmo. Aí me formei em Administração.
Mas comecei a trabalhar aqui já em 1978, pois nós passamos por dificuldade, e a empresa teve muitos problemas financeiros - meu pai demitiu vários funcionários, e eu vim, mais por necessidade familiar. Aí tomei gosto e fiquei pra sempre. O tempo passou, e agora já tem outra geração na loja, que é o meu filho. O meu filho ajuda, trabalha comigo aqui - ele tem 25 anos. E ele também está igual a mim, está muito satisfeito, gosta do que faz e se dedica. Eu já passei funções importantes pra ele; ele que faz as compras pela empresa.
Antes, a gente tinha uma boa porcentagem da venda mensal, era no “pendura”, pra marcar na caderneta. Mas de uns tempos pra cá nós estamos cortando essa parte, porque ela é de risco. É meio difícil cortar, porque são clientes antigos. Mas tem aqueles que dão uma canseira: “Pago a hora que der”. Então, nós estamos sendo exigentes agora.
Como nós iniciamos em 1968, nós passamos por várias crises, vários planos econômicos: Collor, Cruzado, Cruzeiro, Sarney... nossa, cada crise violenta! E mesmo há três anos, eu passei por dificuldades, mas hoje está bom. Infelizmente, houve muitas empresas no meu segmento que encerraram as atividades nesse período todo que você falou, dos vários planos. E eu falo “infelizmente”, porque cada empresa que fecha, apesar de ser concorrente, tem aquela família que é afetada, envolve muita gente, vários funcionários.
Já esta pandemia, do Coronavírus, pegou a gente de surpresa. A minha sorte é que o meu segmento é essencial. Materiais de construção é ramo considerado como essencial. Então eu não deixei de atender o público, o meu consumidor. Eu fui até ‘beneficiado’, porque aumentaram as minhas vendas. Eu cresci nesse período. O cliente, ficando em casa, resolve fazer uns reparos, uma reforma... mas um problema desses é sempre ruim, pois eu creio que já chegamos a ter 20 funcionários, e hoje está bem restrito - nós estamos trabalhando em cinco.
E nós pretendemos ficar aqui mesmo, deste tamanho. Conheço vários casos de empresas que tiveram dificuldades no financeiro. Então, é melhor você tocar uma empresa pequena, no bom sentido, com saúde, do que você querer abrir muito, expandir muito ou abrir mais filiais e não dar conta. Porque aí o tombo é grande. E a hora que cai, não levanta, não. Porque aí já está endividado em banco, endividado com fornecedores. É perigoso.
Quando eu não estou trabalhando, eu gosto de ler, faço muita leitura de jornais e revistas. Gosto também de natureza, gosto de mato, rio, montanhas. Esse aí é o meu gosto. Tem gente que gosta de shopping, hein? (riso) Shopping! Eu detesto shopping. Eu vou ao supermercado porque tem que ir. Mas o meu hobby é leitura. Leitura e natureza. Então, assisto a muitos programas também que envolvem mar, rios, montanhas, matas. Eu gosto. Faz bem. Eu acho que eu sou japonês ainda, porque o Japão tem prioridade em manter a natureza. O riacho lá, que corta qualquer município, tem pouca porcentagem de poluição. Aqui no Brasil, o município é pequeno, o riacho que corta já desce tudo com as fezes, desce poluído. É triste ver isso aí, né? Vida mal planejada.
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