P/1 - Boa tarde Seu Ademir.
R - Boa tarde.
P/1 - Para começar eu gostaria que o senhor dissesse seu nome completo, local e data de nascimento.
R - Meu nome é Ademir Wolf, sou nascido em Indaiatuba, no interior do estado de São Paulo, nasci dia seis do dez de 1954.
P/1 - E qual é a função que o senhor ocupa hoje na Tetra Pak?
R - Minha função lá é operador de Doctor Machine.
P/1 - E o nome dos seus pais?
R - É Carlos Wolf e Helena Escupiem Wolf.
P/1 - Certo, e eles nasceram onde?
R - Nasceram em Indaiatuba mesmo.
P/1 - Em Indaiatuba?
R- É.
P/1 - Os dois?
R - Hum.
P/1 - E a atividade deles?
R - Meu pai era lavrador, trabalhou sempre na roça. E minha mãe era do lar. E a nossa família, nós éramos em doze irmãos, era uma família grande.
P/1 - Ah.
R - E foi assim a luta.
P/1 - E mas eles nasceram em Indaiatuba, mas a família do senhor é mesmo local de Indaiatuba ou veio de alguma outra cidade, de alguma outra região?
R - Na realidade nós somos descendente de alemães, meu avô veio da Alemanha com quatro anos de idade e acho que se instalaram por ali.
P/1 - Ah quando ele veio ele já ficou por Indaiatuba mesmo?
R - Isso. Ali tem umas fazendas ali, eles ficaram trabalhando ali ao redor do município de Indaiatuba ali.
P/1 - E tem colonização alemã ali naquela região ou é um caso específico do seu avô?
R - Não, tem bastante alemão.
P/1 - Ah tem bastante?
R - Tem bastante, suíço, alemão, tem bastante ali.
P/1 - Em Indaiatuba isso.
R - Indaiatuba.
P/1 - Ah, não sabia! E como que era o cotidiano da sua casa quando você era criança?
R - Ah era, era tudo muito simples. Nós éramos pobres, mas era tudo, era muito gostoso. Era muito simples, família grande e nós vivíamos bem.
P/1 - O senhor tem doze irmãos, ou vocês são em doze?
R - Não, na realidade éramos doze, já perdemos, já faleceram quatro irmãos.
P/1 - E o senhor é o mais novo, o mais velho ou...
Continuar leituraP/1 - Boa tarde Seu Ademir.
R - Boa tarde.
P/1 - Para começar eu gostaria que o senhor dissesse seu nome completo, local e data de nascimento.
R - Meu nome é Ademir Wolf, sou nascido em Indaiatuba, no interior do estado de São Paulo, nasci dia seis do dez de 1954.
P/1 - E qual é a função que o senhor ocupa hoje na Tetra Pak?
R - Minha função lá é operador de Doctor Machine.
P/1 - E o nome dos seus pais?
R - É Carlos Wolf e Helena Escupiem Wolf.
P/1 - Certo, e eles nasceram onde?
R - Nasceram em Indaiatuba mesmo.
P/1 - Em Indaiatuba?
R- É.
P/1 - Os dois?
R - Hum.
P/1 - E a atividade deles?
R - Meu pai era lavrador, trabalhou sempre na roça. E minha mãe era do lar. E a nossa família, nós éramos em doze irmãos, era uma família grande.
P/1 - Ah.
R - E foi assim a luta.
P/1 - E mas eles nasceram em Indaiatuba, mas a família do senhor é mesmo local de Indaiatuba ou veio de alguma outra cidade, de alguma outra região?
R - Na realidade nós somos descendente de alemães, meu avô veio da Alemanha com quatro anos de idade e acho que se instalaram por ali.
P/1 - Ah quando ele veio ele já ficou por Indaiatuba mesmo?
R - Isso. Ali tem umas fazendas ali, eles ficaram trabalhando ali ao redor do município de Indaiatuba ali.
P/1 - E tem colonização alemã ali naquela região ou é um caso específico do seu avô?
R - Não, tem bastante alemão.
P/1 - Ah tem bastante?
R - Tem bastante, suíço, alemão, tem bastante ali.
P/1 - Em Indaiatuba isso.
R - Indaiatuba.
P/1 - Ah, não sabia! E como que era o cotidiano da sua casa quando você era criança?
R - Ah era, era tudo muito simples. Nós éramos pobres, mas era tudo, era muito gostoso. Era muito simples, família grande e nós vivíamos bem.
P/1 - O senhor tem doze irmãos, ou vocês são em doze?
R - Não, na realidade éramos doze, já perdemos, já faleceram quatro irmãos.
P/1 - E o senhor é o mais novo, o mais velho ou está no meio?
R - Sou o mais novo, sou o caçula.
P/1 - Ah, o mais novo! E vocês moravam em uma fazenda, em um sítio, em Indaiatuba, na sua infância?
R - Depois mudamos para cidade.
P/1 - Mas quando, na infância era um sítio?
R - Era um sítio.
P/1 - E como que era esse sítio, como que era a vida do sítio, como que era esse convívio com a natureza?
R - É uma vida simples, você sabe como é vida de roça, mas nós éramos felizes isso que importa. Era uma vida dura lógico, de roça, tudo limitado, mas éramos felizes.
P/1 - E depois vocês mudaram para cidade?
R - Era, como era mais, meio “dificultoso”, o meu pai resolveu se mudar para cidade.
P/1 - Mas continuou trabalhando na roça?
R - É depois mais para frente ele entrou para uma empresa, também e não deu certo, acho que ele não, não deu certo para ele, gostava da roça mesmo. Ele preferia trabalhar na roça.
P/1 - E quando vocês mudaram para a cidade, quantos anos o senhor tinha mais ou menos, o senhor lembra?
R - Ah eu tinha acho que uns dez anos.
P/1 - E foi uma mudança muito grande ou foi tranquilo?
R - Ah, no começo foi difícil porque nós estávamos acostumados ali, depois uma mudança brusca assim do sítio da cidade, demorou um pouquinho para se adaptar.
P/1 - E seu Ademir, então quando mudou para cidade foi um choque para todo mundo?
R - Sim, uma mudança muito rápida. Demoramos a nos adaptar, mas depois nós nos acostumamos.
P/1 - Já não queria voltar para roça.
R - Não, já foi melhorando a coisa.
P/1 - E como que era Indaiatuba nessa época?
R - Indaiatuba era uma cidade que eu acho nessa época tinha oitenta mil habitantes, nessa época. Já era grandinha a cidade...
P/1 - Já.
R - Bem grande. Hoje ela deve ter quase duzentos mil habitantes. Então, e eu fiquei lá morando em Indaiatuba, nós ficamos. Depois meus pais faleceram. E ficamos entre os irmãos ali cuidando um do outro.
P/1 - Continuaram morando todos os irmãos juntos?
R - Todos os irmãos juntos. De repente um se casa, outro vai para cá, outro vai para lá. Eu também me casei e com uma pessoa de Monte Mor que é a empresa, minha esposa é de lá.
P/1 - E qual o nome da sua esposa?
R - Lourdes Marins Wolf.
P/1 - O senhor tem filhos?
R - Tenho um.
P/1 - Um filho, quantos anos ele tem?
R - Vai fazer vinte e um.
P/1 - Vinte e um. E ele estuda, trabalha...
R - Ele está trabalhando, não está estudando no momento.
P/1 - E ele trabalha em...
R - Ele trabalha em uma empresa também.
P/1 - De Monte Mor mesmo.
R - Monte Mor.
P/1 - E hoje vocês moram em Monte Mor?
R - Moramos em Monte Mor.
P/1 - E como é que foi nesse período que você mudou para Indaiatuba quando criança, e o senhor começou a estudar, foi para a escola?
R - E, fui para a escola, e tive que começar a trabalhar rapidinho também, porque família pobre, necessitava trabalhar. Então eu não pude estudar muito naquela época já era mais “dificultoso”, então tinha que ajudar meu pai, minha mãe trabalhando.
P/1 - E o senhor foi trabalhar do que nesse período?
R - Indústria, eu sempre trabalhei em indústria. Indaiatuba é uma cidade que tem bastante.
P/1 - Ah tem bastante indústria!
R - É, então trabalhei ali esse tempo.
P/1 - E quantos anos o senhor tinha mais ou menos, quando começou a trabalhar?
R - Na escola eu já trabalhava.
P/1 - Ah então era bem novo?
R - Bem novo, com oito, dez anos eu já saía da escola e ia trabalhar, fazer alguma coisa para ajudar o pai.
P/1 - E o senhor trabalhava, qual o, o que o senhor fazia nessa, nesse primeiro emprego?
R - No primeiro emprego que eu lembro era uma fabriquinha de fundo de quintal assim, fazia caixinha de figo. Sabe essas caixinhas?
P/1 - Ah.
R - Então eu comecei a fazer ali as caixinhas com martelinho e preguinho e fazia as caixinhas de figo e recebia um dinheirinho e levava para o pai e para mãe.
P/1 - E o senhor ficou em Indaiatuba até que ano, até que época?
R - E, na realidade já que eu me casei, que eu conheci minha esposa ela e, em Indaiatuba. É que ela tinha parentes lá, eu fiquei conhecendo ela em Indaiatuba. Depois nós casamos. Desempregado eu estava nessa época, foi um apuro. Nós não tínhamos nem móveis, não tinha nada na realidade. Ela falou, “vamos lá para Monte Mor nós temos um sítio lá e minha avó tem uma casinha, podemos morar lá. Fica morando lá até você se virar, achar alguma coisa para fazer”.
P/1 - Vocês foram para Monte Mor?
R - É daí nós mudamos para chácara lá para o sítio. E foi daí que fiquei sabendo que tinha Tetra Pak, a empresa. Meu cunhado falou “tem uma empresa lá para frente, vai lá ver se você acha alguma coisa”. E eu peguei a bicicletinha velha, subi aquele morro lá que tem. Meu cunhado falou “Ah, eu não vou não, daqui vou voltar para trás”. “Vamos lá ver se nós arrumamos um emprego lá”. “Ah não eu vou voltar para trás”. E ele voltou e eu fui. E eu fui no dia certo parece.
P/1 - E isso foi que ano?
R - Em 1985.
P/1 - Mil novecentos e oitenta e cinco?
R - É.
P/1 - E o senhor chegou na Tetra Pak, como que foi isso? O senhor chegou lá falou “quero trabalhar”? Como é que funciona?
R - Eu cheguei lá era o seu Marcos que era o guarda naquele tempo, ele ficava na portaria. Eu falei para ele “estão precisando de funcionário ?”. Ele falou “estão precisando de alguns, mas você tem um estudo?”, porque a Tetra Pak exigia realmente. Eu falei “eu tenho o primeiro grau e um curso no SENAI”. Eu tenho um curso, que eu estudava em Indaiatuba.
P/1 - Curso de, do SENAI em quê?
R - Em desenho e mecânica. Comecei estudar um tempo que eu trabalhava em metalúrgica. Eu saía do trabalho e ia estudar em Itu, que o SENAI era lá. Daí ele ligou para o departamento, daí mandaram eu subir para lá. Eu cheguei lá tinha dez candidatos e duas vagas. Eu falei “não vou desistir, eu estou aqui”, e uma dessas duas vagas era minha, graças a Deus.
P/1 - Ah que, e era vaga para quê cargo?
R - Para auxiliar.
P/1 - Auxiliar do?
R - De produção.
P/1 - De produção. E no que consistia a função de auxiliar de produção, o que o senhor fazia?
R - Auxiliar, na realidade você auxilia os operadores das máquinas. Por exemplo, tem as cortadeiras, nós iniciávamos nas cortadeiras, auxiliava no que era possível ali que o operador pedisse para nós, passava as bobinas, entendeu? Tudo que precisava para auxiliar o operador e depois você ia desenvolvendo e você próprio passava a operador. Eu saí lá das cortadeiras já fui direto para doctor machine. Isso em, acho que em três meses de emprego eu fui para lá.
P/1 - Ah, então foi rápido?
R - É, de lá eu estou até hoje.
P/1 - E qual, o senhor conhece a pessoa que ocupou a outra vaga, junto, que participou com você nesse processo seletivo?
R - Conheço.
P/1 - Por que eram duas vagas, a pessoa já saiu ou ainda...
R - Já saiu.
P/1 - Ah já saiu?
R - Já saiu.
P/1 - Então o senhor é que ainda está firme lá?
R - Já saiu e já passaram muitas pessoas por lá. E é gratificante trabalhar na Tetra Pak porque, porque nós fizemos muita amizade, além do profissionalismo que tem dentro, as amizades que nós cultivamos lá durante esses anos aqui.
P/1 - Ademir, o senhor está desde 1985, são o que, vinte, vinte e dois anos .
R - Vinte dois anos.
P/1 - É muito tempo.
R - É muito tempo. É que nem nós estávamos conversando esses dias, praticamente a minha vida.
P/1 - Sim.
R - Que eu vou fazer cinquenta e três, é meia vida de uma empresa.
P/1 - E antes de o senhor começar a trabalhar na Tetra Pak, o senhor já tinha ouvido falar na Tetra Pak, ou nada?
R - Nada. Nunca ouvi falar, foi o meu cunhado que falou para mim.
P/1 - Nem sabia do que se tratava então quando foi lá?
R - Não. Ele falou, é uma fábrica de papel que tem aqui para cima, que tem um morrão assim, passou o morro é ali. E eu falei “vou lá, estou desempregado, estou precisando”. Quando eu cheguei em Monte Mor eu fui fazer caixa de tomate para não ficar parado. Caixinha de tomate ali que tinha o senhor Jovenaldo que era, já foi prefeito da cidade, ele levava o pessoal para fazer caixinha de tomate. Eu falei “vou ganhar um dinheirinho ali. Vou fazer o quê? Não posso ficar parado”. E daí que o meu cunhado falou “tem a empresa Tetra Pak, vai lá, quem sabe você...”.
P/1 - E...
R - “Tetra Pak? O que é Tetra Pak? Eu não sei que é...”
P/1 - O senhor não sabia o que era Tetra Pak, mas qual foi a primeira impressão que o senhor teve da empresa quando o senhor foi lá fazer lá, pedir emprego?
R - Não, do jeito que ele me disse eu achei que era uma empresinha assim pequena. Mas quando eu cheguei lá vi a fachada falei “a empresa é boa. Deve ser bom trabalhar aqui”.
P/1 - E o senhor lembra do primeiro dia de trabalho na Tetra Pak?
R - Lembro.
P/1 - Como que foi?
R - Ah eu até fiquei meio assustado sabe? Porque as máquinas lá são grandes, aquele barulho que faz. Falei “será que eu vou me adaptar aqui?”. É tudo estranho, aquela barulheira, falei “ah não sei não hein”. Mas fui acostumando.
P/2 - O barulho acostuma então?
R - Ahn?
P/2 - Dá para se acostumar com o barulho?
R - Ah acostuma, acostuma.
P/1 - Mas não foi, porque o senhor já tinha trabalhado em alguma...
R - É, eu já trabalhava em empresa metalúrgica, trabalhei muito em Indaiatuba, e lá tem muita metalúrgica. Então é, não estranhei assim totalmente, mas pelo tamanho das máquinas. Achei que ia, “não sei se eu vou conseguir ficar aqui, mas vou tentar”. foi passando o tempo, já vi que o pessoal também era bastante bacana o ambiente bom de trabalho, o pessoal...
P/1 - E como é que foi a recepção por parte dos funcionários que já trabalhavam na Tetra Pak quando o senhor começou?
R - Então, eu gostei, achei que foi bom viu.
P/1 - Então já foi bem recebido logo de cara!
R - Então só assim já ajudou muito.
P/1 - Já ajuda.
R - Já ajuda. E o pessoal parece também ficava falando “Ó o alemão trabalha bem, o alemão é trabalhador, vai firme”. Gostaram da minha pessoa, e foi passando o tempo.
P/1 - Bom o senhor falou que três meses depois que começou como auxiliar de produção já foi transferido, já mudou de cargo.
R - Daí precisavam de uma pessoa na doctor, meu supervisor chamou e falou “você vai trabalhar nesse setor agora”.
P/1 - E o que é doctor machine?
R - A doctor machine na realidade é uma máquina que elimina os defeitos do papel. Por exemplo, a cortadeira manda para as doctors um papel que não é conforme e no meio também tem partes boas. Então a função da doctor é eliminar o papel ruim, só mandar coisa boa para o cliente, entendeu?
P/1 - Entendi. E assim, todo material passa pela doctor machine ou só os que têm problemas?
R - Só os que têm problemas.
P/1 - Ah.
R - Em uma produção de cem por cento em uma base de quinze por cento vai para ser retirados os defeitos do papel, que o cliente só quer coisa boa. Então a doctor é, é um, vamos falar assim, como que eu posso explicar para você? Se não fosse a doctor você imagine quanto daria de perda.
P/1 - É.
R - Então ela, ela...
P/1 - Ela diminui a perda.
R - Diminui o número da perda, porque se eu fosse jogar tudo fora o que vai para doctor seria uma perda grande, e ela só, por exemplo, tira aquele defeitinho, faz a emenda e já manda para o cliente, quer dizer...
P/1 - E a doctor machine já faz vários anos que tem a, que a Tetra Pak possui uma máquina dessa?
R - É desde que eu entrei lá já tinha.
P/1 - Ah é.
R - Tinha uma maquininha só.
P/1 - É.
R - Essa máquina ela já foi descartada porque não tinha mais condição de trabalhar com ela. E as bobininhas eram pequenas ali, de quinhentos metros, hoje tem bobinas de quase cinco mil metros, para você ver a diferença que é. E a maquininha não tinha por exemplo, o contador de embalagem era uma roldana que ficava em cima do cilindro e mostrava as embalagens e os metros que passava. E foi com o tempo ela não conseguia mais rodar, virar. Depois chegou a doctor dois que já era mais moderna e produzia melhor, era bem mais moderna e foi melhorando. Depois foi chegando outra, outra, hoje estamos já com sete doctors.
P/1 - São sete as que têm?
R - Sete, essa última que chegou é muito moderna, é bem mais moderna do que das outras.
P/1 - E qual a diferença dessa mais moderna por exemplo, é toda digital, é isso, tem visor, como é que é?
R - É ela, ela, por exemplo, ela não tem fotocélulas, só sei que não, sei lá, ela roda mais rápido também, a velocidade dela é maior.
P/1 - E cada doctor tem um operador.
R - Cada doctor, na realidade são quatro turnos, deve estar com vinte operadores de doctor mais ou menos, porque...
P/2 - Seu turno é de dia?
R - Não, nós fazemos quatro turnos.
P/1 - O turno é variável?
R - É variável.
P/1 - Assim, tem dias que o senhor trabalha em um horário, tem dias...
R - É.
P/1 - É isso.
R - Exatamente.
P/2 - Sempre foi assim?
R - Não, nós trabalhávamos em três turnos. Às vezes dava um fracasso assim, voltava dois turnos. Mais agora de um tempo para cá, vamos supor, de uns dez anos para cá, então nunca mais teve fracasso de trabalho e depois teve que aumentar as doctors e não pára, é direto.
P/1 - E como é que são esses turnos, são turnos de oito horas?
R - Oito horas.
P/1 - Mas tem turnos que batem duas turmas não?
R - Não, na realidade o quarto turno é assim, o quarto turno ele vai suprir a folga do, do outro pessoal entendeu? Foi embutido quatro turnos para substituir a folga dos outros. Então tem...
P/1 - Entendi, a fábrica não pára então.
R - Não pára.
P/1 - É vinte e quatro horas funcionando?
R - Vinte e quatro horas. Eu saio entra outro, depois entra outro e vai.
P/1 - E, o senhor trabalha com a doctor desde então e está nesse cargo até hoje?
R - Até hoje.
P/1 - Mas no momento que o senhor chegou por exemplo, que o senhor começou a trabalhar na doctor, foi fácil para entender como ela funcionava, o processo, ou o senhor teve que...
R - Em si o funcionamento da máquina é fácil, mas o processo é, é complicado porque tem muita coisa para você aprender lá coisa. E uma coisa, você não pode mandar para o cliente o defeito, então é uma responsabilidade muito grande. Você tinha que mandar só material bom, se mandasse um material com defeito o cliente reclama. A pessoa vinha falar conosco, não pode, seu serviço é mandar coisa boa para o cliente. Até hoje, até hoje é assim.
P/1 - E a Tetra Pak ela dá cursos para aprender a mexer nas máquinas, como que é isso?
R - Dá cursos, é aperfeiçoamento do trabalho.
P/1 - Tem esse tipo?
R - Tem, tem, a pessoa desenvolve.
P/1 - O senhor já participou de cursos desse tipo?
R - Ah já.
P/1 - E é algo constante que acontece esses...
R - É constante, a empresa é inovadora está sempre inovando, equipamentos novos que vem chegando, então a pessoa tem que estar sempre atualizada. Então para isso tem que ter os cursos...
P/1 - Sim.
R - As palestras. Existe o grupo tarefa que é autônoma que é para você ficar conhecendo o equipamento entendeu?
P/1 - E com relação a, porque tem também o CIPA .
R - A CIPA, a CIPA é a segurança comissão de segurança.
P/1 - A comissão de segurança. E como é a atuação da CIPA? O senhor que é um operador, que tem contato...
R - É bastante atuante viu?
P/1 - É bastante atuante?
R - É, eles pegam no pé mesmo porque é uma questão da pessoa entrar quando se emprega lá, entrar bem na hora do trabalho e sair bem, sem machucado na mão que pode acarretar o afastamento da pessoa, prejuízo para pessoa, para empresa também não é bom porque falta funcionário na hora do trabalho. Então é bastante atuante o trabalho da CIPA.
P/1 - E quais são as medidas de segurança, básicas, que os funcionários tem que tomar todo dia antes de começar a trabalhar?
R - Ali nós temos um sistema que chama, um cartãozinho que chama Podar, o Podar na realidade eu estou vigiando você. Se você tiver fazendo um ato inseguro, que lá nós chamamos de ato inseguro, que pode acarretar em um acidente na sua mão no caso. Você está enfiando a sua mão lá eu chego e “tcha!”, meto a caneta. Então um vigia o outro para não se machucar, você entendeu como é que é? Então é, é um trabalho bastante complexo, um vigia o outro. Se eu ver que você vai pôr a mão em um lugar que vai se machucar eu falo “não, não”. Mas eu não vou falar para você, eu vou anotar e isso daí, eu posso até falar, mas eu tenho que anotar aquele relatório ali para mandar para e a segurança que vai pegar. Depois ela chega e fala para pessoa, “você não pode fazer isso”.
P/1 - Ah!
R - Você entendeu, “você está correndo risco de acidente”. Então com isso diminui bastante o risco de acidente. Entendeu?
P/1 - Com certeza.
R - Fora o...
P/1 - E faz tempo que tem isso?
R - Ah o PODAR faz um tempinho já. Fora outras coisas também. Os bombeiros também agora estão atuando bem lá, olham tudo.
P/1 - Segurança em primeiro lugar.
R - Segurança em primeiro lugar. Só machuca se o cara for apavorado demais, não pode, tem que tomar cuidado. Eu com vinte anos, vinte e dois anos, nunca sofri um arranhão dentro da empresa.
P/1 - Nossa.
R- Graças a Deus. E se eu vir alguém fazendo um ato inseguro eu sou obrigado a falar para ele “não faça que você vai se machucar”.
P/1 - E no geral não só em relação às doctors machines que o senhor já falou que mudou muito ao longo desses anos.
R - Sim.
P/1 - Mas desde que o senhor entrou, mudou muita coisa na produção, na forma de trabalho, teve muitas mudanças na Tetra Pak?
R - Ah teve sim, teve, muitas mudanças. Quem viu a Tetra Pak, no caso vamos pôr quinze anos atrás, e quando vê agora, não é a mesma empresa, mudança muito grande.
P/1 - Mudou muito.
R - Para melhor. Para melhor.
P/1 - Ah, e com relação a produção em si? Aumentou muito o número de, a produção aumentou, como é que é isso?
R - Aumentou, aumentou muito. Clientes novos. A empresa tem muito cliente e cada dia aumenta. A produção dobrou, triplicou, foi fantástico. E os equipamentos tiveram que ser melhorados também para suprir essa demanda: máquinas novas, laminadora tinha uma só, examinadora era uma só. Deixa-me explicar para vocês como é a laminadora. Ela coloca o plástico e o alumínio no papel, o papel passa por cilindros, ela coloca. A primeira laminadora tinha que passar três vezes o papel lá, duas três vezes, ir e voltar, porque só tinha uma matriz, então você tinha que passar uma vez, passar outra vez. Hoje com a evolução da tecnologia você passa uma vez só. Quando colocada a matriz o papel passa, sai.
P/1 - Sai prontinho.
R - Sai prontinho, quer dizer, olha como agilizou.
P/1 - Então vamos falar um pouquinho sobre o processo de produção para ver se nós entendemos, só para deixar bem claro. Como é que, desde a hora de colocar, primeiro vai o papel, é isso?
R - É isso.
P/1 - Explique, vai o papel...
R - O papel ele vem do fornecedor, da Klabin, e ele vem branco, um lado branco e um lado marrom, e do lado branco que vai ser o impresso. Ele passa por uma impressora, cada cliente vai ter o seu design, que ele escolhe, ele que escolhe o desenho.
P/1 - E essa impressão é feita na Tetra Pak ou é feita na empresa?
R - Na Tetra Pak, na Tetra Pak.
P/1 - Ah, na própria Tetra Pak.
R - É, os clientes mandam o design que eles quiserem, o desenho, eles projetam fazem os, existe o clichês que fala, são montados em cilindros e depois é impresso o papel ali.
P/2 - Então a primeira, primeira coisa...
P/1 - Primeiro imprime.
R - A primeira coisa é a impressão.
P/1 - Ah tá.
R - A primeira fase é a impressão.
P/1 - quando esse papel no lado branco já está impresso, ele vai para onde?
R - Isso, é que ele vai para essa laminadora. Essa laminadora coloca na parte impressa, do lado de cima um plástico um polietileno para proteger de, de molhar, e na parte interna do papel é um alumínio é, e depois em cima mais uma parte de plástico.
P/1 - E a embalagem está pronta?
R - É, só que são rolos grandes.
P/1 - Ah.
R - Em faixas, depois vai para cortadeiras, e a cortadeiras dividem as faixas. São bobinas que são chamadas lá, bobinas, rolos, bobinas. E no cliente ela vai em rolos.
P/1 - Para o cliente vai em rolos?
R - É, vai em rolos assim e lá que a máquina de envase vai cortando, vai enchendo, cortando e dividindo as embalagens.
P/1 - Mas esse material, essa bobina, quando ela vai para o cliente, ela já está esterilizada? No sentido de...
R - Não, essa esterilização é feita no cliente.
P/1 - Ah, é feita no cliente. Ah entendi!
R - Ela vai bem embaladinha sabe? Com plástico, papel, não entra, bem limpo, fechadinha.
P/1 - Mas a esterilização mesmo?
R - É feita lá.
P/1 - É feita lá, daí a máquina que o cliente tem...
R - Ela passa por um banho, passa por um banho para eliminar as bactérias, ela passa limpinha a embalagem.
P/1 - Daí o cliente já monta na máquina.
R - Envasa.
P/1 - Envasa, fecha.
R- Daí encaixota e já vai para o consumidor, no caso mercados.
P/1 - Uhum.
P2 - Posso perguntar uma coisa, eu não entendi. É, ela é cortada, envasada, a embalagem no cliente?
R - No cliente.
P/2 - Então as cortadeiras cortam...
R - É porque na realidade o rolo que vai para imprimir são em faixas, embalagens aqui, embalagens aqui, embalagens aqui, embalagens aqui, você entendeu? Tudo igual, em rolo, e a cortadeira divide essas embalagens, cortando. Então na realidade o rolo pára, laminado ele seria desse tamanho, vai dividindo fica desse tamanhinho que é a largura da embalagem, cortada a largura da embalagem. E lá no cliente o que é feito? É colocada em um vaso, sobe e vai virar um tubo a embalagem. Vai virar um tubo, envasa e é enquadrada a caixinha.
P2 - Corta só o comprimento.
R - Só o comprimento, já sai...
P2 - Certo.
R - Já sai com o líquido prontinho na frente.
P/1 - E as embalagens na verdade tanto faz se for para leite, para suco, para molho, sempre é esse mesmo processo.
R - Esse mesmo processo.
P/1 - E o senhor tem noção de quantas, em um turno por exemplo, quantas...
R - As embalagens fazem.
P/1 - Quantas embalagens são produzidas?
R - Ah, são milhões.
P/1 - São milhões? Em um turno o senhor consegue é, cuidar na doctor machine de quantas embalagens por exemplo?
R - Que ali as bobinas que vão para nós, que nem eu falei para você, tem bobina de até quase cinco mil metros, Você calcula quantas embalagens tem?
P/1 - Muita coisa.
R - É, então na realidade dá para se fazer no meu trabalho umas vinte, vinte e cinco bobinas por turno, cada máquina. Então vamos por uma embalagem de litro, são mil. Ela tem 2.110 metros, seriam 6.000 e poucas embalagens, cada bobina daquela, é vezes vinte, você faz a conta.
P/1 - Nossa, 120.000, mais de 120.000 embalagens.
R - Isso contando uma máquina, contando as sete já vai dobrar, fora as embalagens que já saem da cortadeira boas que já são mais de setenta por cento que vão embora já, sem defeito já vai embora direto, nem passa pelas doctors. Então ela já tem, as bobinas que vão para doctor elas são identificadas com etiqueta tudo, e vai para a doctor separada das boas.
P/1 - Tem um setor que cuida só de ver o que está bom e o que não está bom, é isso, para mandar para doctor?
R - Não, isso é o operador de cortadeira que tem que fazer. Porque vem os documentos das máquinas anteriores, as laminadoras, se tiver uma falha de alumínio ela identifica. O operador da cortadeira identifica para nós, ele separa, fala “esse aqui tem que ir para doctor para retirar essa falha de alumínio”, lógico que ela não pode ir para o cliente. E é tudo por computador, você já sabe aonde vai estar o defeito e tudo, você desce o cacete, para no ar, corta a embalagem ruim, faz a emenda e manda para frente, é assim que funciona.
P/1 - É bem prático também.
R - É bem prático, cada vez a coisa vai melhorando. Cada vez, cada ano que passa se inventa coisas para melhorar. Até nós trabalhamos em um sistema de sugestões, que eles pedem para dar sugestões, ganha ponto, essas coisas. Então a pessoa fica incentivada, aqui você pode fazer uma coisa para melhorar o processo aqui, avançar mais para frente, demorar menos. Então é bastante dinâmico.
P/1 - E teve algum momento de, de desafio para o senhor desde que o senhor começou a trabalhar na Tetra Pak? Qual um grande desafio que o senhor tenha passado lá? Ou uma meta que tinha que ser atingida.
R - O desafio, na realidade lá, cada ano que passa e é, isso não é pregado só para mim, isso é para, no geral, é bater o recorde de vendas. Por exemplo, esse ano nós queremos oito bilhões de embalagens, então nós temos que fazer, cada ano que passa, se vende mais. Então o desafio é fabricar o que eles pedem. Então é corrido.
P/1 - Quando a Tetra Pak alcançou a marca de sete bilhões de embalagens foi uma comemoração grande. Conta para nós um pouquinho como é que foi esse dia, como que foi atingir essa marca.
R - Então isso foi muito bom, foi um passo muito grande, foi uma comemoração gostosa, uma alegria total. Para empresa também foi muito bom que ela conseguiu atingir a meta, ficou contente com todo mundo, que uma meta você tem que atingir, não adianta você pôr desculpa. Chegou o fim do ano aquela meta tem que ser atingida de qualquer maneira. Então é trabalhando.
P/1 - E teve uma comemoração, teve uma festa ou foi...
R - Teve festa sim.
P/1 - Ah teve festa?
R - Teve uma festa muito grande, nós armamos um circo lá, e champagne, e vídeos e...
P/1 - E para todos os funcionários isso?
R - Para todos os funcionários.
P/1 - Fala um pouquinho disso mesmo, porque na fábrica de Monte Mor sempre acontecem comemorações em datas especiais. Ou os vinte e cinco anos da fábrica, ou porque atingiu uma meta, ou...
R - Exatamente.
P/1 - Fala um pouco.
R - Exatamente, quando se atinge meta se tem o reconhecimento. Então sempre tem festa de batida de recordes, recordes de acidentes, ficar dias sem acidentes de, sempre tem alguma comemoração tem.
P/1 - E na de vinte e cinco, foi vinte e cinco anos que teve uma festa grande da fábrica.
R - Isso.
P/1 - O senhor participou dessa festa?
R - Participo, eu participo porque eu gosto de cantar, então você trata de cantar, eles te chamam. Não só eu como algumas outras pessoas, inclusive na festa de vinte anos foi feito uma gincana, vários grupos falaram para mim, “você vai fazer uma parte de, vai fazer uma letra da Tetra Pak. Você pode escolher uma música já gravada, mas você vai colocar uma letra falando sobre os vinte anos da Tetra Pak”. E junto comigo nesse grupo que eu estava da gincana, caiu um rapaz também que é bastante dinâmico nessa parte de música, chamei ele falei “vamos fazer uma letra, já escolhi a música, vamos fazer uma letrinha bem caprichada”. Nós fomos concorrer tinha dez concorrentes, e nós ganhamos o primeiro lugar.
P/1 - Ah ganhou?
R - Ganhamos o primeiro lugar. É, a música foi escolhida como em primeiro lugar.
P/1 - E isso de dez concorrentes da própria fábrica?
R - Da própria empresa ali, cada grupo fazia uma música e ganhava pontos para, para o grupo dele, e a nossa ganhou em primeiro lugar.
P/1 - E a Tetra Pak ela sempre oferece esse tipo de atividade para os seus funcionários. Fala um pouquinho sobre essa questão do que a Tetra Pak oferece para os seus funcionários.
R - Entretenimentos, fala...
P/1 - De entretenimento, refeitório...
R - Ah é muito bom viu, entretenimento tem bastante. Agora tem um, parece que já tem um, eu não entrei ainda, tem um grupo de música, como é que chama? Como que nós podemos falar? Coral tem um coral lá, que é muito bonito também.
P/1 - Dos funcionários?
R - Dos funcionários, só funcionários, é a coisa mais linda, cada apresentação que tem...
P/2 - Eles apresentam no refeitório.
R- Então, está vendo.
P/2 - E você gostaria de fazer parte, você gosta de coisa...?
R - Eu até gostaria viu, já fui chamado, mas eu falei vou dar um tempinho ainda, por enquanto não deu ainda para participar. Mas todos os eventos que tem música essas coisas eu participo, porque eles já me obrigam a fazer isso, “você tem que participar”.
P/1 - E o refeitório, o refeitório, cada dia eles oferecem uma comida diferente, tem sempre de sexta-feira algo diferente, como que é essa, também esse convívio dos funcionários, o que o senhor acha da comida? Como que é?
R - Eu não tenho o que reclamar, eu graças a Deus, estou até meio gordinho. Eu acho muito boa a comida. E ali também não serve só para você almoçar ou jantar, na hora você conversa, diverte, bate papo a comida boa, são bem servidos pelas funcionárias da cozinha.
P/1 - Além dessas iniciativas para os funcionários a Tetra Pak ela é também reconhecida por conta das suas, das suas iniciativas ambientais. Como que essas ações ambientais são passadas para os funcionários, como por exemplo, economizar água, economizar energia. Como é que o senhor, essas informações chegam até o senhor, quais são as medidas tomadas nesse sentido?
R - Bom, na parte ambiental a Tetra Pak também é, como você falou, é bastante eficaz nessa parte. Ela batalha bastante sobre, vamos falar assim, para não prejudicar o meio ambiente, inclusive a água tratada, a água que é passada ali é retirada do rio, é tratada e volta noventa por cento, quase cem por cento limpinha, e volta para o rio. Você viu como que ela tem uma, uma questão muito assim, o futuro, Tetra Pak nessa parte também trabalha bastante.
P/1 - E isso é passado para os funcionários?
R - Todos, nós temos o ISO 14000 que é, ISO 14000 ela cuida do meio ambiente, então são feitas auditorias, às vezes cada três dias, para saber como é que a Tetra Pak está se comportando nessa parte de meio ambiente. Então vem gente de fora, e faz tudo, pergunta, nós temos que responder as perguntas, o que é feito com o material que pode prejudicar o meio ambiente, onde é colocado, entendeu? O que causa um impacto ambiental no caso. O que a Tetra Pak, causaria um impacto ambiental? Então nós temos que saber explicar tudo certinho para eles o que nós sabemos, de papel, é óleo, essas coisas, tem que ser colocado em local certinho.
P/1 - E vocês recebem palestras, informações para seguir?
R - Sim é, quando é, anualmente nós temos é, assim, vamos supor, mensalmente são feitas as auditorias assim e chama o pessoal para responder as perguntas, para saber se a pessoa está consciente daquilo lá que vai falar, porque ela concorre a um certificado, então a responsabilidade da pessoa tem que saber falar, explicar o que a Tetra Pak faz com isso, se não corre o risco de perder esse certificado que é o ISO 14001, que cuida do meio ambiente. Então ela tem esse complexo de treinar o pessoal para estar bem por dentro do que tem que ser feito.
P/1 - E o senhor aplica coisas na, com relação a essa questão ambiental, que o senhor aprende, que o senhor ouve lá na Tetra Pak, na sua vida pessoal? O senhor passou a, isso conscientizou o senhor?
R - É então, exatamente, isso faz parte da nossa vida já. O que a gente aprende lá dentro nós passamos em casa, não, não faça isso porque pode dar problema. Nós aprendemos lá.
P/1 - E isso acontece também com outros funcionários?
R - Com outras pessoas.
P/1 - Então na verdade ultrapassa os limites da fábrica...
R - Da empresa, da empresa, passa para família.
P/1 - Que passa para outras pessoas, que vai passando para outras pessoas.
R - Exatamente.
P/1 - E o senhor tem alguma história, algum caso engraçado, alguma coisa que tenha acontecido que tenha marcado o senhor nesses seus vinte e dois anos de Tetra Pak?
R - Ah, acontece muita coisa, estando ali acontece bastante coisa. Eu me lembro uma vez que eu estava na laminadora ali, no começo da Tetra Pak, tinha um, nós estávamos fazendo uma limpeza lá, e não tinha ninguém trabalhando, era só nós, tínhamos que limpar, fazer a limpeza da tubulação e o senhor Benny Heide chegou lá na sala lá. Meu amigo falou assim, “vamos cantar a música ‘Moreninha Linda’ que ele gosta para caramba, quando ele abrir a porta você canta ‘Moreninha Linda’ que ele adora”. E foi o que nós fizemos, a hora que ele abriu a porta lá “Moreninha linda, nossa parece que tem um rádio aqui”. São casos assim. E outra coisa, fora a empresa nós vamos, tem churrascos, junta por exemplo a turma em churrascos, canta, diverte, joga baralho, então tem muita coisa que acontece.
P/1 - Time de futebol não tem?
R - Tem, vai começar um campeonato agora.
P/2 - Vocês utilizam Clube de...
R - É, exatamente, sábado agora vai começar o campeonato interno, cada setor monta o seu time, vai lá e joga.
P/1 - O senhor vai participar?
R - Ah não, já não aguento mais. Meu negócio é violãozinho só. “Ah vai cantar para nós lá”. E eu vou lá.
P/1 - E mas nessa, nessas competições de futebol é só dentro da própria fábrica de Monte Mor ou também, por exemplo, concorre com a fábrica de Ponta Grossa, ou...
R - Não, na realidade não foi feito assim um campeonato para concorrer com as outras empresas, é só ali dentro mesmo, não tem...
P/1 - Só dentro?
R - É, participam os funcionários terceirizados. E cada setor monta o seu time, deve dar uns dez times ali dentro, e vai jogando.
P/1 - E sobre os valores da Tetra Pak, o que o senhor consegue perceber? Assim, o que é importante para Tetra Pak que isso passa para os seus funcionários entendeu?
R - Importante para Tetra Pak?
P/1 -É. Quais são os valores da Tetra Pak que o senhor sente, no seu dia a dia como funcionário? O que a Tetra Pak representa para o seu funcionário?
R - Para mim, no meu caso ela representa muito, representa tudo, porque graças a Deus nesses anos de empresa tudo o que eu tenho, não só financeiramente, mas em conhecimento, em amizade, em companheirismo, eu devo a Tetra Pak, sou sincero de falar. Então agrega muitos valores na nossa vida você ter conhecimento com a pessoa, amizade, trabalhar feliz, trabalhar contente, porque não adianta você trabalhar em um lugar que você não está satisfeito. Então você estando trabalhando feliz, contente, é um valor é um valor, eu penso assim.
P/1 - E a maioria dos funcionários são de Monte Mor mesmo ou tem gente de vários lugares ali?
R - Não, tem vários lugares, tem funcionários de vários lugares, Campinas, Capivari, Ubatuba, Sumaré, a região.
P/1 - A região toda.
R - É.
P/1 - E qual a importância da Tetra Pak ali na região, na opinião do senhor?
R - Ah, é muito grande a Tetra Pak é grande ali.
P/1 - Ela desenvolve projetos para as comunidades da região? Tem isso, o senhor conhece algum desses projetos, alguma coisa assim, que ela ajuda?
R - Por exemplo, a Campanha do Agasalho nós sempre fazemos lá na época do frio você ajuda quem não tem agasalho. Doação de leite, às vezes a empresa também faz doação. Ajuda hospital, com ambulância, dando ambulância para o hospital é uma grande coisa, que passa por muita dificuldade o hospital ali. Então acho que ela já deu duas ou três ambulâncias para, para o hospital. Então ela ajuda muito, o município no caso.
P/1 - E na indústria brasileira que o senhor falou que para região a importância da Tetra Pak é bastante é, é clara. E na indústria brasileira como um todo, qual é a importância na opinião do senhor?
R - Também é muito grande, eu acho que é uma das melhores empresas do Brasil, emprega muita gente, bem conceituada a empresa eu acho que é de grande importância também para o Brasil, não só para o Brasil, mundialmente eu acho que, como você sabe, é uma empresa multinacional e, e ela é mundialmente conhecida.
P/1 - E qual é o diferencial da embalagem da Tetra Pak no mercado? Por exemplo, se alguém perguntar “ah mas porque que eu vou escolher uma embalagem da Tetra Pak?”. O que o senhor responderia, “ah escolhe por causa disso, por causa disso, por causa disso...”.
R - Ah, tem vários aspectos que você pode procurar ali, a qualidade da embalagem a maneira como se envasa ela, o produto em si. E as embalagens, é excelente a embalagem, eu não trocaria por uma lata no caso hoje, a embalagem longa vida é muito mais perfeita.
P/1 - E tem muito mais saída também.
R - Tem muito mais saída, hoje ela abrange, não sei se totalmente o mercado, mas muita embalagem vendida já foi substituída, a lata já foi substituída por caixinha longa vida. E acho que futuramente isso vai abraçar o mercado todo.
P/1 - E qual é a imagem que, por exemplo, os seus vizinhos, os seus colegas, fora da Tetra Pak na vida, tem da empresa? Por exemplo quando falam da Tetra Pak para esses seus colegas que não fazem parte da empresa, o que eles sabem da empresa, qual é a imagem que eles têm dela?
R - A imagem, pelo menos em termos de Monte Mor é que é a melhor empresa da região. Se a pessoa fala que trabalha na Tetra Pak ali já, então você trabalha em uma empresa boa. E as pessoas falam “Nossa, parabéns por trabalhar em uma empresa como a Tetra Pak”.
P/1 - E a sua esposa é de Monte Mor.
R - É.
P/1 - Mas ela não trabalha na Tetra Pak?
R - Não.
P/1 - Nunca trabalhou?
R - Não.
P/1 - E o senhor tem colegas que trabalham na Tetra Pak, mas que não trabalhavam quando o senhor entrou, alguém que o senhor indicou, alguém que o senhor falou que tinha alguma vaga, alguma coisa nesse sentido?
R - Ah tem, tem bastante, quando nosso amigo está desempregado, nós já passamos pela mesma situação. É duro nós ficarmos desempregado e ter família. Então nós fazemos o maior esforço para tentar colocar lá dentro. Nem que seja, por exemplo, terceirizado, de repente a pessoa entra terceirizada, depois ele mostra o seu valor e passa para empresa. Bastante pessoas já fizeram isso. Ah agora não tem uma vaga no momento, mas trabalha na faxina, depois futuramente você passa para empresa. E tem bastante pessoas que conseguiram.
P/1 - E a Tetra Pak ela comemora agora em 2007 cinquenta anos de Brasil. O que o senhor sabe dessa história, desses cinquenta anos? O que chega até os funcionários, as pessoas que trabalham na produção sobre essa história de cinquenta anos, seu Ademir?
R - Ah, sobre os cinquenta anos agora é muito bacana saber que a empresa já está meio século em atividades e melhorando dia a dia.
P/1 - Quando o senhor entrou em 1985 quem era o presidente, o senhor lembra?
R - Não, acho que não tenho lembrança agora não.
P/1 - Porque o senhor já passou por alguns presidentes. Quais presidentes que o senhor lembra?
R - Eu lembro desse último que saiu agora, o seu Nelson Findeiss, que tem no jornalzinho que eu trouxe também, mas eu não lembro o nome de todos eles não.
P/1 - Mas do seu Nelson o senhor lembra?
R - Do Nelson eu lembro. Eu, até ele nos conhecia bastante, ele falava “o senhor eu já conheço”, ele passava, “o senhor já é velho aqui na empresa”, falava assim.
P/1 - E quem mais que o senhor lembra de funcionário, de gerente, de pessoas que o senhor tem contato que também estão lá na Tetra Pak já há bastante tempo?
R - Está lá ainda trabalhando?
P/1 - Que ainda estão na Tetra Pak.
R - Ah eu gosto muito do Pacotinho, ele é o Luiz Ribeiro, é conhecido por Pacotinho lá. Ele é uma pessoa muito bacana que, que começou também lá embaixo na empresa, hoje ele é um gerente se não me engano e é muito boa pessoa para nós.
P/1 - E o senhor não sabe porque ele chama Pacotinho?
R - Isso não sei, não sei viu. Todo mundo o chama de Pacotinho, nem Luiz, nem chama de Luiz.
P/1 - Tem muito disso lá, ou não.
R - Até os gerentes chamam de Pacotinho.
P/1 - Tem muita gente com apelido lá dentro?
R - Tem, tem.
P/1 - Todo mundo tem um apelido lá?
R - Tem, na realidade eles não me chamam de Ademir, chamam de Wolfão.
P/1 - Ah é Wolfão?
R - É meu apelido lá é Wolfão, meu sobrenome é Wolf "chama o Wolfão, chama o Wolfão".
P/1 - E na opinião do senhor qual a importância desse projeto o Projeto Memória Cinquenta Anos Tetra Pak. Essa iniciativa de trazer as pessoas, os funcionários para darem seu depoimento, coletar material, todas essas ações ligadas aos cinquenta anos. Qual é a importância desse projeto na opinião do senhor?
R - Ah, eu acho que é muito importante, porque na idade você vai retratar desde o começo da empresa aqui no Brasil. Você vai, por exemplo, você vai ter uma importância da empresa. É muito importante ter esse acervo para nós passarmos para os… Eu vou poder passar para os meus, para o meu filho, para os meus netos. Falar aqui é a empresa Tetra Pak, está tudo aqui marcadinho a história, a empresa, é muito importante.
P/1 - E o que o senhor espera que aconteça com a Tetra Pak nesses próximos cinquenta anos? Como o senhor vê a Tetra Pak?
R - Eu acho que ela vai crescer muito mais. A tendência é crescer muito mais pela evolução das coisas e pelo desempenho das pessoas ali a empresa só tende a crescer, gerar mais emprego, aumentar mais emprego. É que nem eu falei para você, a embalagem está expandindo no Brasil então acho que a tendência é dobrar, é triplicar essa empresa.
P/1 - E em 1999 se eu não me engano foi quando começou a operar a fábrica de Ponta Grossa porque a fábrica de Monte Mor não estava mais dando conta de...
R - Na realidade não tinha mais o lugar para crescer, para expandir.
P/1 - É isso que eu queria que o senhor falasse, porque o senhor lembra dessa época, de quando teve essa inauguração, porque que foi, não tinha mais como crescer mesmo?
R - Não, na realidade tentaram comprar um terreno ali do lado onde é o clube hoje, mas não deu certo, ficou em um problema jurídico. Foram obrigados a passar para Ponta Grossa também pelo é, incentivo do estado que deu já também anos sem imposto, essas coisas, por ser perto da Klabin também facilitava o papel mais fácil de chegar ali. Por ser no sul tem também bastante leite. É uma série de fatores que levou a empresa a montar em Ponta Grossa e pelo crescimento também. Estava aumentando e tinha que aumentar a empresa, tinha que se virar e montar em algum lugar, e escolheram Ponta Grossa para montar essa empresa.
P/1 - Mas o, a fábrica de Monte Mor fornece embalagem para o Brasil todo?
R - Para o Brasil todo. Eu não sei se Ponta Grossa também, fornece também, porque tem coisas que não se consegue, não dá para fazer em Monte Mor, é feito lá.
P/1 - E todas as embalagens, todos os modelos de embalagem da Tetra Pak são produzidos em Monte Mor também. Quer dizer, Monte Mor produz todos os tipos de embalagem.
R - Todos os tipos, na realidade Monte Mor é uma referência mundial.
P/1 - Mundial.
R - Ela é uma referência mundial para todas as Tetra Pak do mundo. Seria assim como um modelo de, de empresa que as outras vem ali e se procura fazer uma coisa igual para melhorar. É um modelo, é uma empresa modelo.
P/1 - Tem um programa que chama WCM, o senhor já chegou a ouvir falar que tem lá na empresa?
R - Tem, tem sim World Class Manufacturing.
P/1 - Manufacturing.
R - Eu não participo diretamente porque eu não tenho muito tempo para isso, mas é, é bem divulgado lá dentro o WCM, isso é mundial.
P/1 - Todo mundo pode participar, todas as áreas, todas as...
R - Exatamente.
P/1 - É isso mesmo?
R - Participa. Porque quando tem auditoria interna sobre a qualidade das embalagens, que é o ISO 9001, é se usa muito WCM, que é mundial.
P/1 - E depois?
R - Todo mundo tem que participar. Participar diretamente do seu setor. Cada um no seu setor tem a sua incumbência de participar, de fazer a sua parte ali.
P/1 - Entendi.
R - Então todo funcionário, quer queira, quer não, ele participa diretamente ali.
P/1 - Então o senhor já participou também.
R - Já participei de várias coisas. É palestras e...
P/1 - E cada vez a fábrica está melhorando com isso tudo.
R - Está melhorando e cada vez, ela é uma empresa dinâmica, ela tem, ela tem uma coisa contínua de melhoria, se chama melhoria contínua, que tem que ser sempre melhorado, sempre procurando inovação e qualidade em tudo.
P/1 - E isso também depende muito dos funcionários.
R - Dos funcionários.
P/1 - Eles são a...
R - Na realidade quem trabalha na produção ali, a qualidade depende dali, porque a embalagem é feita ali dentro na produção, ali depende da qualidade da, das embalagens. Depende do funcionário, ele tem que estar consciente que está fazendo ali, a embalagem ótima.
P/1 - E isso é reconhecido por todo mundo. Seu Ademir, o slogan da Tetra Pak é “protege o que é bom”. O que é bom para o senhor? O que o senhor considera bom?
R - Protege, na realidade está falando “protege o que é bom”, protege o geral, protege o que é bom é a qualidade do produto, a vida da pessoa, protege tudo no geral, você entendeu?
P/1 - E o senhor gostaria de deixar algum recado, uma mensagem para Tetra Pak em comemoração a esses cinquenta anos de Brasil?
R - Ah, eu gostaria de agradecer as pessoas que estão ali do meu lado que trabalham no dia a dia muito comigo. Agradecer também pela oportunidade de estar aqui com vocês. E desejar a Tetra Pak que ela daqui mais cinquenta anos esteja novamente festejando.
P/1 - Nós estamos chegando ao final desse depoimento, tem algum assunto, algum aspeto que o senhor gostaria de falar e que talvez nós não tenhamos perguntado?
R - Não, acho que está bom viu!
P/1 - Então para finalizar eu gostaria que o senhor falasse para nós o que o senhor achou de ter dado esse depoimento.
R - E, para mim foi muito importante, eu gostei, achei muito importante, achei bom.
P/1 - Valeu a pena vir de Monte Mor até São Paulo.
R - Valeu a pena, valeu a pena.
P/1 - Então muito obrigado, seu Ademir.
R - Imagina, disponha sempre.
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