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Personagem: Gilberto Dimenstein
Por: Museu da Pessoa, 29 de abril de 2020

Toda glória do mundo é efêmera

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Toda glória do mundo é efêmera

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Eu me lembro pela primeira vez. Eu não sei quantos anos eu tinha, era muito pequeno, mas eu era muito pequeno. A minha vó falou assim: “Olha, meu neto, pega essa galinha e leva lá no galinheiro”. Eu fui levar a galinha no galinheiro, quando eu cheguei no galinheiro eu falei assim: “Pô, mas isso não é justo!”. Não sei se eu falava exatamente assim, mas foi exatamente o que eu pensei: “Isso não é justo”. Aí eu peguei a galinha, libertei e libertei todo o galinheiro, todo o galinheiro, não sobrou nada. Aí eu falei: “Puts, eu vou tomar uma surra”. Eu libertei todo o galinheiro e as galinhas saíram correndo, correndo, porque lá tudo era quintal. E, para a minha surpresa, o meu avô, meu avô era a figura mais importante para mim, toda a minha vida, mais que meu pai, mais que minha mãe, meu avô era a figura. Ele viu isso como um gesto divino, eu ter a sacada de libertar as galinhas. Então, lógico que eu não apanhei, se meu avô achou uma coisa legal, ninguém ia me bater. Eu carreguei essa imagem por toda minha vida, quando eu pensava sobre mim, onde que estava e tal, eu lembrava da coisa da revolução do galinheiro que eu tinha feito. Eu entendi exatamente naquele momento, mas eu entendia, não é que eu não entendia, que eu estava promovendo a liberdade das pessoas

E na adolescência e foquei em uma cultura meio de rua, porque depois eu virei um moleque de rua, adorava conversar com as prostitutas, eu não transava, adorava conversar com as prostitutas, achavam que elas tinham muito ensinamento, elas me perguntavam se eu era gay? Eu gostava de escutar. Depois eu fui saber que isso virou uma temática minha jornalística, das pessoas marginalizadas. Eu me lembro que uma vez, eu estava conversando com uma prostituta que ela tinha uma conversa muito legal, elas têm muito ensinamento de vida, quem sofre tem muito ensinamento de vida, quem não sofre, não, pode ler o que quiser...

Eu descobri em...

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Entrevista de Gilberto Dimenstein

Entrevistado por Karen Worcman

São Paulo, 29 de abril de 2020

Transcrito por Fernanda Regina

P/1 – É uma sensação, é uma imagem, é um toque. É uma sensação. Escolhe essa sua lembrança. Ás vezes não é uma lembrança completa, é um fragmento de lembrança. Percebe se ele traz algum som, se ele te traz algum sentimento, se a sua mente para nesse momento ou se ela começa a circular. Percebe. Só busca tranquilamente esse momento. Tem cheiro? É calor? É quente? Tenta sentir esse momento que é a primeira lembrança. Quando você sentir que esse momento está lá, que você consegue sentir lá e aqui. Você pode ir voltando e se percebendo nesse dia de hoje, lembrando o dia de hoje, o seu acordar, a sua sensação ao acordar, o tempo que passou entre você acordar e chegar aqui nessa sala, refazendo, tudo que você fez de lá até aqui. As palavras, os detalhes, as sensações do corpo, da mente, as sensações do coração. E vamos refazer esse seu caminho no jardim, passo por passo, percepção por percepção. Você chegava aqui, tudo que a gente falou e brincou, os olhares, a poesia, as trocas, até a gente chegar nesse momento que a gente está. E quando você sentir que você encontrou esse próprio momento agora, pode chegar.

R – Eu posso falar? Respirei fundo, fui fazendo uma pescaria em minha memória e apareceu a primeira cena em que Gilberto Dimenstein foi Gilberto Dimenstein. A paisagem é o seguinte: os sons, os sabores, os... são os seguintes. Ilha de Mosqueiro, no Pará, onde minha família tinha casa. Por que em Ilha de Mosqueiro, no Pará, alguém chamava Gilberto Dimenstein? Porque a minha família veio do Marrocos, se instalou em Belém e comprou essa casa de praia e rio. Um lugar chamado Mosqueiro, que era um paraíso, nós íamos de carro, era um paraíso. As casas muito antigas, as conversas longas dos mais velhos, os pescadores que paravam na casa do meu avô e chamavam ele de Marcos, que...

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