No Instituto Sea Shepherd Brasil organizamos várias campanhas de mobilização, algumas de intervenção direta. Em 2000 e 2001, por exemplo, mapeamos embarcações que estavam pescando ilegalmente no litoral do Rio Grande do Sul. Na primeira vez ligamos para o órgão governamental e dissemos: “Olha, tem nove embarcações em tal local” e eles responderam: “Nós não temos barcos para ir autuá-las”, e argumentamos: “Podemos conseguir um barco e vocês podem ir conosco”, mas também não funcionou: “Não podemos ir no barco de outras pessoas”. Depois disso ligamos para a Marinha: “Há nove embarcações em tal lugar, fizemos um sobrevôo, marcamos com GPS (localização por satélite) e temos imagens”. Resposta da Marinha: “Não podemos autuar porque não tem como deslocar nossa embarcação para lá”.
Então, compramos uma lata de tinta laranja, entramos na embarcação de um pescador e marcamos esses barcos. Liguei então para a Marinha e falei: “Vocês não precisam fazer nada. Só esperem no porto. Os barcos que chegarem marcados com tinta laranja são os que vocês devem autuar”. Não foi fácil? Bom, essa ação gerou um constrangimento entre o Ibama e a Marinha e duas semanas depois eles fizeram um acordo de monitoramento, com o apoio de uma companhia que iria pagar as despesas da operação. Claro que isso foi para a mídia. Não é tão difícil fazer as coisas e, às vezes, uma lata de tinta laranja resolve.