P/1 - Judith Zukim
P/2 - Soraia Moura
R - Victório Henrique Corradi
P/1 – Seu Victório, então vamos começar com o senhor dizendo seu nome completo, local e data de nascimento.
R – Meu nome é Victório Henrique Corradi, nasci em 5 de maio de 1945, em Minas Gerais, Sabará.
P/1 – O senhor passou sua infância em Sabará?
R – Passei minha infância um pouco em Sabará, Belo Horizonte [e] São Paulo.
P/1 – E o seu pai fazia o quê?
R – Meu pai era metalúrgico, trabalhou na Belgo-Mineira [Bekaert], em Minas, [e] trabalhou na siderúrgica Aliperti, aqui em São Paulo - é onde veio a falecer, aqui.
P/1 – E a sua mãe?
R – A minha mãe sempre [foi] do lar.
P/1 – O senhor tinha irmãos?
R – Tinha, nós éramos em cinco homens e cinco mulheres.
P/1 – O senhor lembra de Sabará, como era a cidade?
R – Não lembro, hoje eu vou passear lá, é uma cidade histórica, mas a minha infância mesmo eu não lembro [de] lá. Acho que eu nasci e minha mãe já foi para Belo Horizonte, porque meus avós moravam em Belo Horizonte também, então não tenho muita lembrança de Sabará [e] sim de Belo Horizonte, eu tenho um pouco, e São Paulo também.
P/1 – E o senhor esteve em Belo Horizonte com quantos anos?
R – Eu estive em Belo Horizonte de seis anos até os dez anos.
P/1 – E o que o senhor lembra?
R – Eu lembro de escola, o primário, estudei numa escola, no Carlos Prates, lá em Belo Horizonte, me recordo. Essa escola era, Padre Eustáquio [que] chama.
P/1 – Nessa época, o seu pai estava trabalhando na Belgo?
R – Meu pai trabalhava na Belgo - agora eu não lembro quando que ele veio para São Paulo.
P/1 – E por que ele veio, o senhor lembra?
R – Também não lembro, eu era muito pequeno e, com 6 anos, eu estava em São Paulo.
P/1 – E vocês se instalaram onde?
R – Onde meu pai faleceu, 6 anos eu tinha....
Continuar leituraP/1 - Judith Zukim
P/2 - Soraia Moura
R - Victório Henrique Corradi
P/1 – Seu Victório, então vamos começar com o senhor dizendo seu nome completo, local e data de nascimento.
R – Meu nome é Victório Henrique Corradi, nasci em 5 de maio de 1945, em Minas Gerais, Sabará.
P/1 – O senhor passou sua infância em Sabará?
R – Passei minha infância um pouco em Sabará, Belo Horizonte [e] São Paulo.
P/1 – E o seu pai fazia o quê?
R – Meu pai era metalúrgico, trabalhou na Belgo-Mineira [Bekaert], em Minas, [e] trabalhou na siderúrgica Aliperti, aqui em São Paulo - é onde veio a falecer, aqui.
P/1 – E a sua mãe?
R – A minha mãe sempre [foi] do lar.
P/1 – O senhor tinha irmãos?
R – Tinha, nós éramos em cinco homens e cinco mulheres.
P/1 – O senhor lembra de Sabará, como era a cidade?
R – Não lembro, hoje eu vou passear lá, é uma cidade histórica, mas a minha infância mesmo eu não lembro [de] lá. Acho que eu nasci e minha mãe já foi para Belo Horizonte, porque meus avós moravam em Belo Horizonte também, então não tenho muita lembrança de Sabará [e] sim de Belo Horizonte, eu tenho um pouco, e São Paulo também.
P/1 – E o senhor esteve em Belo Horizonte com quantos anos?
R – Eu estive em Belo Horizonte de seis anos até os dez anos.
P/1 – E o que o senhor lembra?
R – Eu lembro de escola, o primário, estudei numa escola, no Carlos Prates, lá em Belo Horizonte, me recordo. Essa escola era, Padre Eustáquio [que] chama.
P/1 – Nessa época, o seu pai estava trabalhando na Belgo?
R – Meu pai trabalhava na Belgo - agora eu não lembro quando que ele veio para São Paulo.
P/1 – E por que ele veio, o senhor lembra?
R – Também não lembro, eu era muito pequeno e, com 6 anos, eu estava em São Paulo.
P/1 – E vocês se instalaram onde?
R – Onde meu pai faleceu, 6 anos eu tinha. A gente morava no Bosque da Saúde, e ele trabalhava na Aliperti, ali na Água Funda.
P/1 – O senhor lembra do bairro, como é que ele era?
R – São Paulo, naquela época, era São Paulo da garoa - era muita chuva. Então, contando uma passagem das minhas irmãs, todos trabalhavam, meu pai veio a falecer, muita chuva, então o que elas faziam? Elas saíam de casa com um sapato, para sair amassando barro para chegar até a Praça da Árvore, onde circulavam os ônibus, chegando lá nos ônibus, elas trocavam de sapato, colocavam o outro sapato para ir para o serviço, onde já tinha asfalto. Então eu lembro de tudo isso aí, a batalha que era tanto das minhas irmãs como dos meus irmãos que trabalhavam aqui na Vila Mariana - se eu não me recordo, era Bozzano, uma firma de cosméticos. Essa era a minha vida. A minha mãe [foi] sempre do lar.
P/1 – O senhor lembra da sua casa como era?
R – A minha casa era uma casa enorme. A gente morava de aluguel, nós não tivemos casa própria, mas graças a Deus tinha muito amor naquilo lá.
P/1 – O senhor estudou lá no Bosque da Saúde?
R – No Bosque da Saúde, eu estudei sim. Numa escola, Monteiro Lobato.
P/1 – O senhor lembra da escola?
R – Era aqui na Avenida Jabaquara. Eu não sei, eu estava que nem cigano: minha mãe ia para Belo Horizonte, ia para São Paulo, Belo Horizonte, São Paulo; então que eu me recordo mesmo que estudei uma parte aqui e depois voltei para Belo Horizonte, estudei lá. Aí quando eu fiz 18 anos, eu vim para São Paulo, porque eu me apresentei no exército aqui, então eu não tive assim muita formação, não consegui me formar direito. Aí eu vim para São Paulo com 18 anos, me apresentei no exército [e] eu fui fazer um curso técnico de desenho no Protec, aqui na Liberdade. Fiz um curso técnico [e] consegui trabalhar numa construtora.
P/1 – E o senhor era bom de desenho?
R – Eu era bom sim, tanto é que, hoje, eu até estraguei um pouco minha caligrafia: eu escrevo muito em letra de forma - que o desenho técnico você escreve muito em letra de forma.
P/1 – O senhor lembra por que decidiu fazer um curso de desenho?
R – Eu tinha intenção de trabalhar na área técnica lá da construtora, não deu certo, mas eu continuei estudando. Aí eu saí da construtora e vim trabalhar na Votorantim, e tinha uma área técnica também, como tem até hoje, que a minha intenção era trabalhar lá.
P/1 – Mas daí o senhor entrou no exército?
R – Não, eu fui dispensado [por] excesso de contingente, naquela época falava. Eu fui dispensado do exército, me apresentei no Parque D. Pedro II, aqui no 2º Batalhão.
P/1 – Esse foi seu primeiro emprego?
R – Na minha vida, em si, a Votorantim seria emprego, mesmo, registrado. É o segundo emprego.
P/1 – Como é que o senhor chegou na Votorantim?
R – Eu cheguei através de um colega meu. Ele já trabalhava aqui no Departamento Pessoal, então me convidou para mim vir fazer uma ficha aqui. Naquela época, não pedia currículo, você preenchia uma ficha com os seus dados, o que você sabia fazer, seu grau de estudo, aquelas coisas toda, e não passou muito tempo, eles me chamaram, que tinha uma vaga no contas à pagar. Eu já tinha um pouco de prática em contabilidade, então não tive muita dificuldade para me ingressar aqui.
P/1 – O senhor tinha ideia do que era a Votorantim? Nessa época, o senhor já conhecia?
R – Não, não tinha ideia. Aí eu entrei aqui, fui vendo que era uma potência, a Votorantim, um grande grupo.
P/1 – E qual foi sua primeira impressão?
R – A minha primeira impressão, eu falei: “Acho que vou fazer minha carreira aqui”. Sempre pensei em tudo, continuei estudando, fazendo desenho técnico - não consegui a transferência para a área técnica, não tinha vaga -, mas continuei na empresa. Depois de 4, 5 anos, surgiu uma vaga na tesouraria, onde eu fui convidado para trabalhar.
P/1 – Esse seu primeiro cargo aqui na Votorantim, o que o senhor fazia exatamente?
R – Eu cuidava das contas da Norte/Nordeste que tinha aqui. A gente comprava lá e pagava tudo por aqui, o faturamento vinha tudo para cá. Quem comprava lá na Norte Nordeste, então, tinha muita coisa e eu era responsável por essa parte e os meus colegas eram responsáveis pela parte aqui em São Paulo, entrei com esse cargo aqui.
P/1 – Era só você que cuidava disso, tinha uma equipe?
R – Nesse caso, era só eu, porque a Norte/Nordeste não era tão grande assim, dava para eu acompanhar os pagamentos. Agora, o da Votorantim em si, os pagamentos da Votorantim, eram enormes, então tinha uma equipe de mais ou menos umas seis pessoas, fora a chefia.
P/1 – O senhor trabalhava onde?
R – O local era aqui na Praça Ramos. Exatamente, era ali onde hoje é o correio interno, ali era o contas a pagar.
P/1 – O contas a pagar geral?
R – Geral, é. Então, ali era entrada para você marcar o ponto de manhã e era nosso setor, todos os funcionários entravam por ali.
P/1 – E como é que era o teu dia de trabalho?
R – Meu dia de trabalho é como é até hoje, agitado. É bastante coisa, muito papel mesmo, que a Votorantim tem. Mesmo entrando nessa área de informática, ainda continua a mesma coisa.
P/1 – E aí o senhor ficou na contabilidade [por] quanto tempo?
R – Não, eu fiquei no contas a pagar.
P/1 – No contas a pagar, [por] quanto tempo?
R – Eu fiquei de 69 até 75, 74, melhor.
P/1 – E depois?
R – Aí eu fui promovido para a tesouraria, comecei ali, nós estávamos numa equipe de umas sete pessoas também e era muito serviço. Eu chegava a fazer o cheque, pegava assinatura, corria no banco e pagava, era aquele dia a dia. Existia o fechamento - isso, trabalhando na tesouraria, que era o meu serviço. Depois, tive um colega meu que aposentou, ele era o caixa, aí me colocaram no caixa, para eu ser responsável pelo valor lá que tinha em si um fundo em dinheiro, e eu era responsável por aquilo; aonde quem precisava de dinheiro, trocar cheques, essas coisas, diretores, eu atendia.
P/1 – Como é que era esse atendimento, seu Victório? As pessoas iam até o setor, como funcionava?
R – As pessoas gastavam as suas despesas de condução, do dia a dia, então era emitida uma ordem de pagamento que vinha para o meu setor; eu pegava e reembolsava em dinheiro isso aí. Depois, a gente contabilizava esses documentos e alguns diretores pediam para trocar cheque - a gente trocava cheque também -, contabilizava e assim por diante.
P/1 – O senhor teve contato então com vários diretores?
R – Tive. Às vezes, quem vinha era um próprio funcionário dele, um “[office] boy” que seja, vinha trocar comigo, mas eu tive o privilégio, a oportunidade de atender a Dona Maria Helena de Moraes, ela é a mãe do Dr. Antônio e o senador também, José Ermírio de Moraes - eu tive oportunidade de atendê-los. A Dona Maria Helena, ela vinha pessoalmente na minha mesa, pedir para eu pagar alguns compromissos dela, então ela deixava comigo e eu efetuava esses pagamentos. Na outra semana, ela vinha, retirava aqueles. Voltava toda semana, era uma senhora muito educada, muito simples, falava um pouquinho do dia a dia dela e, para mim, foi um prazer estar com a família. Essa aí seria a primeira geração da família Moraes. Eu peguei a primeira, um pouquinho, em 69, não, comecei a atender ela em 74, por aí, peguei a segunda geração e agora estou na terceira geração aí, atendendo.
P/1 – O que o senhor lembra da primeira geração, como eles eram, como era o contato?
R – Só tinha esse contato com a Dona Maria Helena, que ela vinha na minha mesa mesmo - todas as vezes que ela vinha com o senador aí, ela acompanhava o senador aqui no prédio, quando ele estava em vida. Depois, ele veio a falecer, mas mesmo assim, ela ainda voltava aqui, ela vinha.
P/1 – Ela acompanhava ele aqui?
R – Acompanhava ele aqui, inclusive, ele entrava no nosso setor, no contas a pagar, na época - antes deu ir para a tesouraria. Eles entravam ali, porque o Dr. Ermírio não podia subir as escadas. Se você notar, a garagem aqui tem uma escada, e com a idade dele, ele não podia subir aquela escada, então o carro parava bem na porta do nosso setor. Quantas vezes a gente ia lá, abria a porta, eles vinham. Se tivesse chovendo, eu ia lá com guarda-chuva, acompanhava os dois até o elevador. Então eu tive essas passagens com eles, isso, na época, quando eu entrei na Votorantim, em 69, que ele era em vida.
P/1 – E ela passava o dia inteiro aqui com ele?
R – Não, ele vinha e ficava umas horinhas, só o período da manhã - a maior parte era o período da manhã. Depois [que] ele veio a falecer, aí ela vinha.
P/1 – O senhor lembra do dia em que ele morreu?
R – O ano...
P/1 – Não, não o ano, mas...
R – Ele morreu em 9 de agosto de...
P/1 – Não, não a data, mas se o senhor lembra a reação das pessoas, como o senhor recebeu a notícia.
R – Foi muito chato. A gente estava trabalhando e veio a notícia. O setor parou um pouquinho, mas continuamos a trabalhar - não deu folga não, não paramos. Não fechou, nem nada. [Com] a Dona Maria Helena foi da mesma forma. Então eu lembro que nós não paramos de trabalhar, a Dona Maria Helena também, foi uma perda também.
P/1 – O senhor lembra como as pessoas reagiram?
R – Não, eu não estive no enterro, não compareci - fiquei aqui no prédio -, mas todo mundo sentiu.
P/1 – E os funcionários ficaram sabendo como?
R – Exatamente eu não sei. Vem um comunicado da chefia da gente, [que] comunicava o setor, a própria chefia nossa. O comunicado ia só para ele, [e] eles comunicavam a gente.
P/1 – O senhor lembra o tipo de pagamento que ela solicitava, do que se tratava?
R – Eram coisas particulares dela, da residência, mas era só isso.
P/1 – E depois, com a segunda geração, como foi o contato?
R – Segunda geração foi o Dr. José Ermírio de Moraes Filho, que aí eu já estava na tesouraria, onde eu tive mais contato com ele.
P/1 – Como que era o contato, o senhor lembra?
R – Ele era muito bom, muito educado. O departamento financeiro, a tesouraria, todo dia tinha que apresentar um fechamento diário, que era chamada tabela financeira e, todo dia, no final do dia, era fechamento. Formava essa tabela e entregava para ele - e eu muitas vezes fui levá-lo. Às cinco e meia eu levava na sala dele - ele ficava na sala dele, aguardando lá, essa tabela - aí você batia na porta: “Dá licença?”; você entrava, ele fazia questão de levantar da mesa, vim te cumprimentar e pegar a tabela. Primeiro ele te cumprimentava, aí ele pegava a tabela e agradecia você, todos os dias. Quer dizer, a gente sentia satisfeito da educação que ele tinha, Dr. José.
P/1 – E com quem mais o senhor teve contato?
R – Mais... Foi só com ele que eu tinha.
P/1 – Tinha alguma outra tarefa que o senhor tinha que cumprir?
R – O dia a dia do departamento financeiro, os fechamentos... Como eu disse, era muito serviço: você emitia vários cheques, você mesmo corria, pegava a assinatura, ia no banco, pagava.
P/2 – Seu Victório, o senhor lembrou um pouco que o senhor acompanhou algumas causas sociais e culturais que o Dr. José Ermírio promoveu. O senhor podia falar um pouco delas, quais foram as mais importantes que o senhor acompanhou?
R – Eu acompanhei porque a gente trabalha [que] na área financeira, vê isso tudo. A obra do Hospital do Câncer, ele fez várias reformas lá, muitas mesmo; até no último dia dele morrer, ele deixou reforma dele para terminar - foi terminada essas obras no Hospital do Câncer. Também teve uma reforma na Igreja da Sé, foi feito, a Votorantim participou dessa reforma. Tivemos também a Sala São Paulo. O Teatro Maria Della Costa, ele trocou todo aquele telhado, eu lembro. E esportiva, ele foi um grande Presidente da Federação Paulista de Futebol.
P/2 – Ele gostava?
R – Gostava do esporte. O tênis então, ele chegava a ir treinar com a Dona Maria Éster Bueno, uma grande jogadora - tive a felicidade de trabalhar também com o Pedro Bueno que foi irmão dela, também treinava com ele. Inclusive, voltando a falar da Federação Paulista de Futebol, o Dr. José, ele chegou a me dar uma credencial da Federação - vocês veem aqui, isso foi assinado por ele, que ele era Presidente da Federação, isso em 1975.
P/2 – Ele foi presidente da Federação.
R – Foi, ele fez um mandato lá. Depois, ele chegou a ser Vice-Presidente da CBF, quer dizer, ele era muito ligado ao esporte, gostava de ajudar os clubes, na medida do possível.
P/1 – E tinha muita gente ligada ao futebol que vem aqui?
R – Que vinha aqui? Eu tive a oportunidade de pegar um autógrafo aqui do Pelé, o Pelé esteve aqui. Inclusive, eu tenho esse autógrafo até hoje.
P/1 – O que ele veio fazer aqui?
R – O Pelé era santista, o Dr. José era corintiano, então, naquela época, o Santos só ganhava do Corinthians - ficou na fila mais de 20 anos por causa do Santos -, mas eram bons amigos. O Pelé também foi um grande homem, tinha tudo para se darem bem, os dois.
P/1 – De quem mais ele era amigo no mundo do esporte?
R – João Havelange, muito amigo, irmão, que é uma grande pessoa, o Dr. Farah também da Federação Paulista, o Dr. Ricardo Teixeira da CBF, o Dr. José teve contato com esse pessoal todo, tinha amizade com eles todos.
P/1 – E eles vinham aqui?
R – Se vinham, eu não percebia, mas eu cheguei a ver quando eu mudei para a Rua Amauri, na Cidade Jardim, o Farah ia sempre lá almoçar com ele. O João Avelanche já esteve presente também com ele na sala. Agora, aqui no prédio, a gente, às vezes, não via, passava desapercebido, que é muito grande o prédio. Não notava, mas vinha sim.
P/1 – E sobre a campanha, o senhor trabalhou na campanha, ajudou na campanha o Governo do Estado?
R – Eu fiz parte, me inscrevi no comitê - tinha um comitê aqui da eleição dele. Quem comandava isso aqui era o Dr. Renato Justi. Então nós nos inscrevemos aqui para trabalhar na campanha dele, nas nossas horas de folga. Eu trabalhei como fiscal de apuração no Anhembi, eu trabalhava aqui até as 17h30 e 18 horas eu já estava no Morumbi, no Anhembi, melhor, e ficava lá até as 23 horas trabalhando de fiscal de apuração das urnas. Porque, naquela época, era voto a voto, então a gente ficava trabalhando lá com uma planilha, anotando os votos.
P/1 – Mas da campanha mesmo o senhor participou?
R – Da campanha, eu fiz boca de urna, essas coisas, fim de semana, no dia da eleição. Só isso aí, porque a gente trabalhava aqui, então era hora de folga mesmo. Infelizmente, ele ficou em segundo lugar nas apurações, e nós ficamos surpresos porque a gente achava que ele ia ganhar.
P/1 – Mas o senhor lembra do clima, como é que estava, dos comícios?
R – O comício maior que eu peguei foi aqui, mesmo, no interior; também foi muito bom. A gente ouvia falar nos jornais, fizemos uma passeata aqui, tinha em torno de 40 mil pessoas que vieram do interior. As fábricas, vieram todo mundo. Saiu da Praça da Sé, a passeata, e viemos até aqui na Praça Ramos, naquela marcha de: “Vamos vencer, vamos vencer, para Governador Dr. Ermírio, Dr. Antônio.”.
P/1 – O senhor lembra como é que foi feita a organização dessas passeatas, da campanha, quem que cuidava disso?
R – Isso aí eu não me recordo muito bem, eu só participei dela, na caminhada. Mas quem organizou, acredito que foi o comitê aqui mesmo.
P/1 – Tinha um comitê aqui dentro?
R – Tinha um comitê aqui dentro, nessa sala mesmo.
P/1 – E como que funcionava?
R – Funcionava assim: os candidatos apareciam [e] quem queria trabalhar na campanha dele, recebia uma credencial para trabalhar, tinha que fazer uma ficha e pela sua ficha, eles iam colocando as pessoas nos seus devidos postos, o que você deveria fazer.
P/1 – Que tipo de trabalho que tinha na campanha, o senhor lembra?
R – Não me lembro, eu acabei entrando nesse cargo de apuração, mas eu não lembro todos os cargos que tinham não, mas era tudo que era para uma campanha.
P/1 – E era aqui mesmo, nesse salão da Praça Ramos?
R – Nesse salão mesmo. Aqui foi montado um palco. Nesse dia da passeata, foi montado um palco lá fora, aonde tivemos a presença do Roberto Carlos, Tarcísio Meira, naquela época, da novela, fazendo sucesso, e o Roberto Carlos como até hoje o Rei - o Dr. Antônio, como é fã nº 1 dele... Não só ele, como nós todos. Então eu achei muito bom, maravilhoso a festa aqui.
P/1 – Ele fez um show, o Roberto Carlos?
R – Fez um show, um mini show. Não chegou a cantar assim, porque não tinha orquestra nem nada, mas só a presença dele já é um show, todo mundo quer vê-lo, quer autógrafo.
P/1 – O senhor lembra de outras pessoas que chegaram a apoiar a candidatura?
R – Não estou lembrado, mas teve muita gente, pessoas importantes. Eu não estou lembrado.
P/1 – E depois? Essa campanha ficou na história.
R – É, essa campanha ficou. Essa passeata, sem dúvida, foi muito boa. Se ele fosse Governador, São Paulo estaria ótimo, não é? Porque é um grande homem o Dr. Antônio.
P/1 – E o senhor teve contato com ele também?
R – Tive já, estive na sala dele também, uma oportunidade. Eu já estive com ele, mesmo lá no prédio onde eu estou lá na Amauri. Quando ele entra, cumprimenta. Aqui no Teatro Municipal, eu já estive com ele - teve um show do Roberto Carlos, ele foi promovido pela Beneficência Portuguesa [e] foi maravilhoso! O Dr. Antônio sempre me cumprimentou, ele não esquece das pessoas não, ele é muito simples, muito humilde. Então, é um grande homem.
P/1 – O senhor chegou a receber uma homenagem por uma década de trabalho na Votorantim, o senhor lembra como foi?
R – É, eu recebi. Isso foi quando você fazia 10 anos de empresa, a Votorantim te dava um broche desses aqui com um rubi - cada rubi representa dez anos. Então esse foi [dos] meus primeiros 10 anos e eu recebi pela mão do Dr. Ermírio Pereira de Moraes, foi entregue por ele.
P/1 – Em que ano foi isso?
R – Foi 79, 80.
P/1 – E como é que foi a cerimônia? O senhor lembra da cerimônia, como foi, aonde foi?
R – A cerimônia foi aqui na Praça Ramos mesmo, no auditório, e era convidado toda a diretoria para vir entregar esses símbolos para a gente. E todos aqueles funcionários das fábricas que completavam de 10 a 40 anos de empresa recebiam esse símbolo. E aqueles que fariam, tivemos pessoas que fariam 50 anos de empresa aqui, receberia uma homenagem, um cartão de prata, que era entregue pelo Dr. Antônio, o Dr. José, e uma festa muito boa - depois aquele coquetel, tudo aqui no salão.
P/1 – O senhor trabalhou aqui na Praça Ramos até quando?
R – Aqui, eu trabalhei 26 anos.
P/1 – Onde que o senhor almoçava por aqui?
R – Nós tínhamos um refeitório aqui. A Votorantim montou um refeitório, então a gente almoçava nesse refeitório e era descontado em folha da gente.
P/1 – O senhor morava aonde aqui em São Paulo?
R – Eu morava no Jabaquara e moro até hoje.
P/1 – E o senhor vinha como até aqui?
R – Naquela época, eu vinha de ônibus. Pegava um ônibus - não existia essa 23 de Maio, era a Ibirapuera e 9 de Julho - [e] de acordo com o trânsito, eu gastava um hora para vir aqui.
P/1 – E entrava que horas?
R – Eu entrava oito da manhã e saía às cinco e meia - a gente tinha duas horas de almoço. Uma época só que a gente tinha a jornada de sábado também. Depois de comum acordo, eles resolveram colocar a jornada de almoço uma hora e meia e eliminar o sábado, os sábados então não trabalhava mais.
P/1 – Esse refeitório, ele...
R – Esse refeitório, ele veio depois, porque nessa época que a gente trabalhava de sábado, tinham duas horas de almoço. Eu chegava a ir almoçar em casa, às vezes, bem corrido, mas ia. Aquela época, acho que não existia nem esse negócio de “ticket” refeição, nada. A gente almoçava mesmo...
P/1 – E era boa a comida?
R – Aqui no centro? Mais ou menos, tinham algumas pessoas que traziam comida de casa, tinha um refeitório, esquentava a comida e comia. Depois que resolveram fazer um restaurante.
P/1 – E esse restaurante era da Votorantim?
R – Era da Votorantim, funcionários mesmo que tocavam. A Votorantim sempre trabalhou com funcionário próprio. Naquela época, nunca trabalhou com terceiro, essas coisas - todo mundo era funcionário: da segurança até o engraxate, o barbeiro; tinha tudo aqui.
P/1 – Aqui no prédio?
R – Falando em barbeiro: aqui era triste, você não podia trabalhar cabeludo; tinha que manter sempre o cabelo curto senão era barrado na porta e não entrava para trabalhar. Voltava e tinha que cortar o cabelo.
P/1 – E quem controlava o comprimento dos cabelos?
R – Era o departamento pessoal, o senhor, naquela época, era o Túlio Brejão, ele era o chefe de departamento pessoal. Quantas vezes você cortava o cabelo, aí ele pedia e você tinha que subir lá [para] mostrar para ele, para ver se estava bom ou não.
P/1 – E com as roupas?
R – Roupas, sempre gravata. Sempre exigiram que a gente trabalhasse de gravata.
P/2 – E as mulheres?
R – Mulheres, nada de saia curta. Ou era calça comprida ou uma saia mais longa.
P/1 – Mas calça comprida podia?
R – Podia [e] saias longas, abaixo do joelho.
P/1 – Ele controlava também o comprimento da saia?
R – As mulheres, na época, eram mais comportadas, os homens é que com esse negócio de cabelo...
P/1 – É verdade que não podia namorar?
R – Namorar eu acho que podia sim, porque nós tivemos colegas aqui que namoraram. Eu acho que tinha casos aí, não sei se é a CBA, mas acho que não podia casar.
P/1 – Namorar podia?
R – É, você não podia casar. Se ela casasse, ele tinha que sair da empresa.
P/1 – Ela?
R – É.
P/1 – E isso aconteceu muito?
R – A gente só ficava sabendo o que acontecia, que eles colocavam, mas eu não vi nenhum caso de sair secretária. A gente notava que elas iam pegando idade na hora de casamento. (risos) As secretárias nunca eram mocinhas, sempre já aquelas senhoras mesmo de 38, 40 anos.
P/1 – E eram, em sua maioria, solteiras mesmo?
R – Solteiras, que a gente sabia.
P/1 – Mulheres casadas não?
R – Mulheres casadas era na CBA. Falavam isso, mas eu não posso afirmar - corria esse boato.
P/1 – Isso era uma regra informal, de que não pode casar?
R – Eu acredito que sim. Eu não vi nenhum caso [de] casar [e] sair - não cheguei a presenciar nenhum.
P/1 – Então daonde que vem essa regra?
R – Então era regra e falava mesmo no prédio, não sei se alguém já deu esse depoimento também aqui, sobre isso, mas eu acredito que tinha sim.
P/1 – Que outras regras tinham, que o senhor lembra?
R– Nós chegamos a ter um Major aqui dentro, trabalhando na área dele, no departamento pessoal, Major Simões.
P/2 – Para?
R – Para organizar, pôr disciplina, para manter. Disciplina sempre teve na Votorantim, mas ele olhava esse negócio de cabelo também, quem estava bem arrumado. Brinco nem pensar, brinco nós tivemos um caso aqui, o rapaz veio trabalhar de brinco e quando ele foi marcar cartão - sempre fica fiscal no cartão de ponto -, o rapaz pegou, tirou o cartão e tiraram dele, falou: “Você está de brinco.” Levou ele para o departamento pessoal e mandaram ele embora, isso aconteceu.
P/1 – O senhor lembra esse Major quando ele entrou, o que mudou? O senhor lembra?
R – Não mudou muita coisa não. Eu acho que disciplina, como eu disse, a Votorantim sempre tinha.
P/1 – E não tinha nenhum caso, o senhor não lembra de nenhum caso que ficou assim...
R – Ficou marcado assim sobre... Nós tivemos casos aqui de morte, uma época aí, um segurança que morreu.
P/1 – Mas morreu aqui dentro?
R – Morreu aqui dentro, foi um assalto [no] final de semana.
P/1 – Um assalto?
R – É, nós tivemos um feriado dia 1º de maio e, nesse feriado, houve um assalto aqui.
P/1 – Entraram no prédio?
R – Entraram, subiram no sétimo andar, onde ficava a mesa do Dr. José, chegaram a vasculhar tudo, mas que eu saiba não roubaram nada não, mas houve morte.
P/1 – Com o segurança?
R – Com o segurança.
P/1 – E que mais que o senhor lembra? Não precisa ser só ruim não, pode ser bom também.
R – De bom, trabalhar na empresa aqui [e] de ruim, só esse caso aí, mas isso é coisas da vida mesmo.
P/1 – O que o senhor acha que mudou? O senhor entrou em 69, quando que isso começou a mudar, essa disciplina?
R – Isso aí começou a mudar foi em 93, a Votorantim resolveu mudar para Sorocaba, só a Votorantim, então foi a área financeira, a área de sistema, foi a auditoria e outros setores. Eu, como trabalhava na tesouraria, estava ligado aos acionistas, eu consegui permanecer aqui mais um ano, enquanto eles ficaram, e eles foram para a Rua Amauri, que eu também fui em 93, 94. [Em] 93, foi o pessoal daqui para Sorocaba. Em 94, eu fui para a Rua Amauri, continuei lá tocando o que eu faço hoje, os pagamentos, que eu cuido das contas das residências; existe uma conta acionista que eu cuido, isso desde aqui, da Praça Ramos, até hoje, [e] eu levei para a Rua Amauri. Tanto é que os compromissos da residência do Dr. Antônio e da Dona Maria Regina, a esposa, eu pago tudo por lá, eles mandam daqui, daqui mandam para mim. Eu não sei, acho que é um cargo de confiança, que eles têm comigo até hoje, e eu mantenho isso aí. E a mudança, a informática que veio também. Começou a informatizar tudo, porque antigamente era tudo na máquina de escrever - isso aqui parecia um cartório, a sessão que você entrava [tinha] só máquina de escrever. Depois entrou a área de informática, começamos com a IBM, o pessoal mandou fazer curso e tal.
P/1 – O senhor lembra como é que foi a entrada da informática, mudou muito, em que época foi, qual foi o setor que foi informatizado?
R – Eu não lembro muito não, porque, sei lá, não era assim meu setor.
P/1 – No seu setor, o senhor lembra?
R – Porque eu comecei mesmo a pegar um computador aqui, foi em 90, 92. De 90 para frente, que eu lembre, e isso foi indo.
P/1 – O senhor lembra se foi feito algum treinamento específico?
R – Eu, por exemplo, no início, não tive treinamento - fui só o básico, na raça. Os outros colegas que já tinham formação, vinham trabalhar e ensinavam a gente, que era sair da máquina de escrever e entrar para aquilo lá. Depois, com o tempo, eu fui fazer curso. A Votorantim dava uns cursos para gente, de Windows, para você aprender a mexer mesmo e mais alguma... E hoje está tudo informatizado.
P/1 – Como que foi essa mudança para a Rua Amauri, seu Victório, o senhor trabalhou aqui tantos anos?
R – A Amauri foi pequena porque só foi o acionista, o Dr. José Neto. O Dr. Antônio permaneceu aqui. Foram poucos setores e o meu, que é o caixa - todo lugar tem que ter um caixa. Foi mais um diretor comigo, o Dr. Nelson Shimada, que ele era o diretor financeiro, me levou junto com ele e a secretária dele, a Selma; então nós ficávamos em três. Depois foi começando a crescer de novo, foi crescendo de novo, aí o predinho ficou pequeno lá, onde a gente trabalhava na Amauri [e] resolveram alugar um prédio maior. Então hoje cresceram muitas áreas. Criaram a área de comunicação - hoje a gente recebe muito mais informação que o ano passado, essa área de comunicação é muito boa.
P/1 – Com é que era que o senhor viu, por exemplo, a criação do Instituto?
R – A criação do Instituto, ele substituiu - quem tomava conta de tudo isso aí era o Dr. José, ele controlava, tinha uma cabeça fora de série, todas essas doações.
P/1 – E passava pelo senhor isso tudo?
R – Passava comigo, passava tudo comigo. Era eu, o Nelson Shimada que era que passava, “Paga isso.” e o Dr. José vinha a ordem dele - ele acompanhava tudo. Hoje foi criado o Instituto que toma conta disso aí tudo, que é muitas doações, apesar que hoje aumentou bem mais porque tem um Instituto tem um outro controle bem melhor. Mesmo essas doações do Instituto passam tudo comigo ainda, todas as doações passam pela tesouraria.
P/1 – Hoje ainda passa?
R – Hoje ainda passa, tudo. Nós contabilizamos e tudo mais, tudo lá na Amauri.
P/1 – Você que passou tanto tempo na Votorantim, como que o senhor vê, por exemplo, o papel da Votorantim na história do desenvolvimento do país? O senhor acha que o país seria diferente sem a Votorantim, por exemplo?
R – Eu acho que seria, porque a Votorantim não para; ela está crescendo, indo para o exterior, comprando fábricas no Canadá e daí para frente. Então eu acho que o país ia sentir mesmo a falta da Votorantim. Hoje, está entre as 10 maiores empresas do Brasil, ou do mundo até, acredito eu.
P/1 – E o que mudou na Votorantim, daquele dia que o senhor entrou até hoje, o que mais mudou?
R – Hoje me facilita bem a informática, para eu trabalhar - a área de informática, menos papel.
P/1 – Não, eu digo assim...
R – Como assim?
P/1 – No cotidiano de trabalho mesmo, na forma como os funcionários se relacionam com a empresa, o que o senhor acha que mudou?
R – Tivemos muitas mudanças, novos vários diretores que entraram, que eu tenho mais contato com eles hoje. Não sei te explicar assim direito.
P/1 – E o que é exatamente a mesma coisa, desde o dia que o senhor entrou até hoje, o que não mudou?
R – O que não mudou? A minha rotina de serviço com os acionistas, que eu acredito que permanece até hoje, com o Dr. Antônio, a Dona Maria Regina e o Dr. José - mesmo falecido, a senhora dele continua tocando. E o serviço que eu fazia quando entrei, quando passei para a tesouraria para cuidar disso aí, continua até hoje. Desde 74, entendeu? Existe uma ordem de pagamento, é a OP [e] o Dr. Antônio não quis terminar com isso aí. A área de informática tentou entrar, mas ele não permitiu. Tudo que é feito, é datilografado, mostrado para ele, ele vista, tudo passa na mão dele até hoje. Então eu recebo os documentos dele, tudo vistado por ele, aí eu pago, eu efetuo esses pagamentos. No meu caso, é isso que não mudou, eu continuo nesse setor de tesouraria, esses anos todo.
P/1 – Em relação à família mesmo, o senhor acha que os valores da família estão presentes na vida da Votorantim, como é que esses valores eles passam da família para quem trabalha na Votorantim?
R – Eu sinto bem mais próximo deles hoje, a terceira geração, porque eles estão muito lá no prédio, então você vai nos andares, encontra com eles no prédio, ele conversa com você, pergunta como é que vai, como é que não vai, e o dia a dia, desconto os cheques para eles, ele me pedem. Então essa é a terceira geração e estou vendo que estão se espelham mesmo nos pais, e assim por diante. Eu acho que a família acorda, a quarta geração está indo para o mesmo caminho que ainda não apareceu, mas está logo aí, não vai demorar muito.
P/1 – Como é que o senhor vê a entrada da quarta geração, o que acha que vai mudar [e] o que não vai?
R – Será que eu vou estar aqui na quarta geração? (risos) Eu já estou com 59 anos, tenho 36 anos de Votorantim, então eu, sei lá, espero pegar um pouquinho dessa quarta geração. Eu acredito que a cartilha vai ser a mesma, pelo o que eu vejo, que vai estar aí o mais velho, parece que é o filho do Dr. José Neto.
P/1 – O senhor ficou sabendo do Projeto Memória, como o senhor ficou sabendo [e] o que acha?
R – Eu achei legal. A gente fala um pouco da vida aqui, porque isso aqui foi uma vida para mim, são 36 anos - é uma vida, minha vida toda aqui. Construí minha família aqui com a Votorantim.
P/1 – A vida inteira aqui, não é?
R – É, a vida inteira, e estou indo.
P/1 – O senhor acha que é importante esse tipo de trabalho, de resgate da história? O que o senhor acha que isso pode trazer de bom?
R – Eu acredito que as minhas filhas vão ter a oportunidade de ver isso aí ainda, isso vai ficar na história do passado, porque a Votorantim nunca vai morrer. A Votorantim é uma potência, não vai morrer. Então vai vir a terceira, quarta, quinta geração... Isso vai ficar na história. É bonito, eu me sinto satisfeito de dar essa entrevista. Queria até dar uma entrevista melhor, mas não sei se eu falei tudo.
P/1 – Tem mais alguma coisa que o senhor gostaria de falar? Fala um pouco da sua família.
R – A minha família, graças a Deus, eu consegui formar três filhas, formei duas. A Danuze, ela é formada em administração de empresas e MBA, trabalha com bolsa de valores no Banco Itaú; essa minha Danuze tem 28 anos. Tenho a Bianca que ela também se formou em processamento de dados, em informática, ela trabalha no Fleury. E depois eu tenho a Amanda, que hoje ela estuda fisioterapia, está no 3º ano, então, graças a Deus, eu encaminhei duas, agora vou encaminhar a terceira, graças a Votorantim, com muita luta. Só eu que não consegui estudar muito, não dava. Depois que eu casei, piorou mais ainda para estudar, mas eu fiz o possível, batalhei muito para estar hoje aqui na Votorantim. Você sabe, hoje sem estudo ninguém consegue nada, e eu consegui aqui na Votorantim, graça a eles.
P/1 – O senhor ainda pretende estudar?
R – Eu? Não sei te falar, acho que [como] vou fazer 60 anos agora, está certo que nunca é tarde, mas quem sabe. Não sei te dizer, vamos ver quando eu parar.
P/1 – Tem mais alguma coisa que o senhor gostaria de falar?
R – Acho que foi bom trabalhar na Votorantim. Me emocionei.
P/1 – Então, obrigada, seu Victório.
[Fim do depoimento]
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