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Sem enxergar, vê tudo

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NAIRA HISTÓRIA/TEXTO Eu nasci no dia 30 de dezembro de 1969, em Santos, São Paulo. Eu gostava muito de brincar de ‘polícia e ladrão’ – geralmente eu queria ser sempre a chefe dos ladrões –, de ‘seu reizinho mandou’ e eu gostava de ser sempre o reizinho. Eu lembro d’eu aprendendo a andar de bicicleta, bem pequena, eu aprendendo a andar de bicicleta, e era um amiguinho meu da rua que tava me ensinando, só que eu não sabia fazer curva ainda, aí eu fui fazer a curva e caí numa poça d’agua, fiquei muito brava, chorei muito, fiquei com muita raiva. Era uma infância, infância mesmo, né. Nessa época na década de 70, foi quando foi diagnosticado que eu tinha retinose pigmentar, eu tinha seis anos de idade, eu estudava numa escola de educação infantil perto de casa, uma escola pública. E aí foi feito um exame, dessas campanhas de prevenção, né, de saúde ocular na escola, e viram que eu tinha alguma dificuldade, foi aí que os meus pais me levaram no oftalmologista e ele falou que eu tinha uma doença muito rara na época, que se chamava retinose pigmentar, e que eu ia ficar cega um dia, e que era melhor eles me colocarem no internato pra pessoas cegas, aqui em Santos tinha um internato na época, pra moças cegas, inclusive o nome é Lar das Moças Cegas até hoje, e que me levassem pra lá, que eu ia ficar cega um dia, então que era melhor eu já ir me acostumando com essa vida. Meu pai brigou com o médico, minha mãe ficou arrasada, foi sempre uma tortura pra eles, né, e a partir daí eu passei um pouco a ser uma menina muito blindada de tudo, cuidada, eu era a única neta mulher também, então sempre bem mimada. Eu pensava em querer alguma coisa, queria comer alguma coisa e aí a minha vó já fazia, já trazia, era sempre assim. E eu lembro da minha infância que era só o aqui e agora, né. Talvez essa tenha sido a única fase da minha vida que eu vivi o presente intensamente....

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Projeto Medley

Depoimento de Naira Rodrigues

Entrevistada por Luiza Gallo

São Paulo

Realização Museu da Pessoa

Transcrito por Camila Inês Schmitt Rossi

[00:00:01]

P/1 – Eu queria que você começasse se apresentando, dizendo seu nome completo, data e local de nascimento.

[00:00:07]

R – O meu nome é Naira Rodrigues Gaspar, eu nasci no dia 30 de dezembro de 1969, o ano do festival de Woodstock, o ano que os homens pisaram na lua, e nasci na cidade de Santos. E eu vou tomar a liberdade de me auto descrever porque como imagem vai ser veiculada posteriormente pra que todas as pessoas tenham acesso a essa imagem... então, eu sou uma mulher, branca, de cabelo claro, to com o cabelo preso num rabo de cavalo, estou sentada, to com um vestido preto com bolinhas brancas de manga curta, to usando um brinco de argola de coração prateado, com batom vermelho e estou sentada na bancada do meu quarto aqui em Santos.

[00:01:19]

P/1 – E quais são os nomes dos seus pais?

[00:01:21]

R – Minha mãe se chama Nair e o meu pai que já falecido, chama-se Arnaldo.

[00:01:29]

P/1 – Você sabe quais são as atividades deles?

[00:01:31]

R – Minha mãe foi professora, ela é aposentada, tem 80 anos de idade, e o meu pai foi operário da indústria petroquímica, ele já é falecido.

[00:01:45]

P/1 – E você tem irmãos?

[00:01:47]

R – Tenho um irmão.

[00:01:50]

P/1 – Como que é a relação de vocês?

[00:01:53]

R – Nós somos extremamente grudados, meu irmão é mais velho, tem 57 anos, o nome dele é Marcos Vinícius e ele é meu ídolo (risos)! Nós somos bastante próximos.

[00:02:11]

P/1 – E ele é mais velho?

[00:02:13]

R – Mais velho, ele tem 57 anos, eu tenho 50.

[00:02:19]

P/1 – E quais eram os principais costumes da sua família?

[00:02:24]

R – Bom, a minha família é de descendência, né, espanhola e portuguesa.

Sempre os nossos hábitos, as nossas relações sempre foram permeadas pela comida, então sempre em volta de uma...

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