P/1 – Boa tarde, seu Fernando, gostaria de começar a entrevista pedindo que o senhor nos diga o seu nome completo, o local e data de nascimento.
R – Meu nome é Fernando Humberto Delatorre, nasci numa cidade do interior de Santa Catarina, chamada Tangará.
P/1 – E a data de nascimento?
R – A data de nascimento é 23 de julho de 1945, hoje estou com 68 anos.
P/1 – O senhor cresceu em Tangará?
R – Eu vivi em Tangará até os oito anos de idade e logo em seguida, meus pais fixaram residência em Balneário Camboriú, Santa Catarina.
P/1 – Mas a memoria da infância, o senhor se lembra mais de Tangará, ou lembra mais de…?
R – Olha, eu lembro bastante de Tangará, cidade onde eu nasci, né, e lembro mais, é logico, esses anos todos, né, depois dos oito anos, mudamos para a cidade Balneário Camboriú e até hoje, estou na cidade, portanto permaneço em Balneário Camboriú há 60 anos.
P/1 – Conta uma lembrança da sua infância, assim, marcante.
R – Olha, tenho diversas lembranças marcantes, mas vou me fixar mais num ponto, que é exatamente uma questão de museu que nós estamos construindo no Balneário Camboriú. É que na cidade de Tangará, quando eu tinha um ano de idade, o meu pai já construiu e possuiu o primeiro cinema da cidade, quer dizer, isso nos idos de 1946.
P/1 – Olha, e o museu era de quê?
R – Era um museu… não era museu, era um cinema.
P/1 – Um cinema.
R – Era um cinema, um cinema normal, um cinema de rua, né, quando ele exibia todas as noites, filmes para a população da cidade, né, então uma cidade pequena, com aproximadamente cinco mil habitantes.
P/1 – Que delicia. Então, era uma festa?
R – É, era uma festa. E depois, posteriormente, em Balneário Camboriú, no ano de 1967, né, meu pai, Eduardo Delatorre, era um apaixonado por cinema e nesse ano de 1967, ele construiu, em Camboriú,...
Continuar leituraP/1 – Boa tarde, seu Fernando, gostaria de começar a entrevista pedindo que o senhor nos diga o seu nome completo, o local e data de nascimento.
R – Meu nome é Fernando Humberto Delatorre, nasci numa cidade do interior de Santa Catarina, chamada Tangará.
P/1 – E a data de nascimento?
R – A data de nascimento é 23 de julho de 1945, hoje estou com 68 anos.
P/1 – O senhor cresceu em Tangará?
R – Eu vivi em Tangará até os oito anos de idade e logo em seguida, meus pais fixaram residência em Balneário Camboriú, Santa Catarina.
P/1 – Mas a memoria da infância, o senhor se lembra mais de Tangará, ou lembra mais de…?
R – Olha, eu lembro bastante de Tangará, cidade onde eu nasci, né, e lembro mais, é logico, esses anos todos, né, depois dos oito anos, mudamos para a cidade Balneário Camboriú e até hoje, estou na cidade, portanto permaneço em Balneário Camboriú há 60 anos.
P/1 – Conta uma lembrança da sua infância, assim, marcante.
R – Olha, tenho diversas lembranças marcantes, mas vou me fixar mais num ponto, que é exatamente uma questão de museu que nós estamos construindo no Balneário Camboriú. É que na cidade de Tangará, quando eu tinha um ano de idade, o meu pai já construiu e possuiu o primeiro cinema da cidade, quer dizer, isso nos idos de 1946.
P/1 – Olha, e o museu era de quê?
R – Era um museu… não era museu, era um cinema.
P/1 – Um cinema.
R – Era um cinema, um cinema normal, um cinema de rua, né, quando ele exibia todas as noites, filmes para a população da cidade, né, então uma cidade pequena, com aproximadamente cinco mil habitantes.
P/1 – Que delicia. Então, era uma festa?
R – É, era uma festa. E depois, posteriormente, em Balneário Camboriú, no ano de 1967, né, meu pai, Eduardo Delatorre, era um apaixonado por cinema e nesse ano de 1967, ele construiu, em Camboriú, uma cidade com 12 mil habitantes, ele construiu o Cinerama, que era o Cinerama Delatorre, situado na Avenida Brasil, naquela cidade e o Cinerama, ele tinha uma capacidade para mil e duzentas pessoas, quando a população da cidade não chegava a 12 mil.
P/1 – Nossa!
R – Então, é um dado assim, muito significativo, porque quase 10% da população da cidade dava para ser acomodada nas instalações do Cinerama.
P/1 – Então vamos por partes. Me conta um pouco as suas lembranças desse cinema de rua, que é tão bonito também. Qual foi um filme marcante para o senhor?
R – Olha, esses cinemas de rua tiveram diversas passagens marcantes, por exemplo, na cidade lá de Balneário Camboriú era o centro de encontro da alta sociedade da cidade e de todas as autoridades, até municipais, estaduais, era o ponto de encontro dessas unidades no Cinerama.
P/1 – Mas… mas no de rua?
R – No de rua, esse do Balneário Camboriú, inauguraram em 1967.
P/1 – Não, mas esse anterior.
R – Ah, esse anterior, eu tenho poucas lembranças, porque eu tinha só um ano de idade, né, então eu tenho poucas lembranças desse cinema, eu só lembro que era m cinema, a construção era totalmente de madeira, né?
P/1 – Totalmente de madeira?
R – Totalmente de madeira a construção, né?
P/1 – O senhor tinha falado da manivela?
R – Não, não. esses são projetores… a manivela que nós vamos ter no Museu da Imagem e do Som. No futuro.
P/1 – Ah tá, então vamos por partes. Mas o projetor do seu pai… da rua…
R – Era projetor… da época, né, dos anos 40, né, então era um projetor que projetava normalmente os filmes de 35 milímetros.
P/1 – Mas era importado, né?
R – Ah sim, era importado. Naquela época, no Brasil, ainda não se fabricava esses tipos de projetores, né?
P/1 – Seu pai te contou da onde veio essa ideia de… paixão dele…?
R – Não, ele não chegou a me contar da onde que veio, mas eu tinha só um ano e ele já tinha o primeiro cinema, né?
P/1 – Então, me conta assim também, do cinerama. Qual a diferença do Cinerama para um cinema, por exemplo, para podermos…
R – O Cinerama foi construído em 1967 e o meu pai fez a importação de dois equipamentos, né, de 70 milímetros, que é a largura do filme, que era em Cinerama e naquela época, no Brasil, não existiam… acho que não existiam mais de cinco desses equipamentos e desses tipos de projeção em Cinerama. Eu tenho uma lembrança era do Cine Comodoro em São Paulo, né, que era nesse mesmo sistema, de 70 milímetros. E o Cinerama lá no Balneário Camboriú, como era bem falado, era o centro assim, de concentração das pessoas da alta sociedade, das autoridades e a única vez que o Presidente da Republica foi fazer uma visita oficial lá no Balneário Camboriú, ele foi recepcionado exatamente nas instalações do Cinerama, porque era o local assim, mais luxuoso e mais aconchegante, que foi o Presidente João Batista Figueiredo.
P/1 – Olha só! Dessa época então, dos filmes, do que o senhor se lembra do Cinerama? Ou um que marcou mais…
R – Olha, o impacto do Cinerama era muito grande, né, e começou… como eu havia falado, que diversas personalidades frequentavam o Cinerama, uma dessas personalidades, que seguidamente estava lá, que os pais residiam em Blumenau e ele tinha uma casa de veraneio no Balneário Camboriú, então, normalmente nos fins de semana, era uma frequentadora assídua…
P/1 – Quem?
R – No Cinerama Delatorre, que era a Vera Fischer.
P/1 – Ah, Vera Fischer.
R – É, que ela é natural ai de Blumenau, né, Blumenau fica a cerca de 60 quilômetros do Balneário Camboriú, né, então todos os finais de semana, ela vinha veranear no Balneário Camboriú e à noite, o lazer era assistir a um filme no Cinerama.
P/1 – E o senhor adotou essa paixão também?
R – Ai, você vê, em 1967… em 65, o meu pai iniciou a construção do Cinerama e eu acompanhei ele, sempre fui o braço direito dele na construção do Cinerama. Então, fiquei o tempo todo ali, construindo, acompanhando a construção do Cinerama, inclusive, toda a instalação do equipamento, que foi importado… eram dois projetores da marca Cine Mecânica, fabricados em Milão, na Itália e o meu pai foi diretamente, ele mesmo fez essa importação da Itália, né, e ai, vieram os técnicos para fazer a montagem dos equipamentos e eu acompanhei essa montagem toda e acompanhei de perto, dia a dia, não saía do lado dos técnicos, até que no fim, inaugurou o cinema, logo em seguida, nós tínhamos um operador dos equipamentos e quando esse operador, por qualquer razão, às vezes, saúde, ou qualquer compromisso social que ele tinha e que não podia comparecer, eu, pessoalmente ia lá e projetava os filmes.
P/1 – Assumia o comando?
R – Assumia o comando e eu me tornei um operador desses projetores de cinema.
P/1 – E o seu pai se dedicava exclusivamente a essa paixão de cinema, ou ele tinha alguma outra… algum outro trabalho?
R – O meu pai, Eduardo Delatorre, ele foi um dos pioneiros lá do Balneário Camboriú. Nós nos mudamos pra lá na década de 60 e quando a gente estava lá no… nos mudamos definitivamente, na década de 60… 50, na década de 50, e ele sempre se dedicou lá, foi um dos pioneiros na construção civil. Então, ele construiu diversos prédios, apartamentos para aluguel, né, e prédios também de apartamentos para venda em condomínios, né? E eu segui mais ou menos essa linha dele, né, e fiquei gostando do cinema, até hoje, eu possuo lá na cidade o Cine Itália, né, que é um cinema de rua, com equipamentos de 35 milímetros. Esses equipamentos também importados da Polônia, marca Varinex, né, só que esse cinema, infelizmente, houve uma decadência desse cinema de rua, então o cinema hoje esta fechado, não funciona mais como cinema, mas no entretanto, funciona normalmente como um centro de eventos. Só que as instalações dos equipamentos de cinema, tela, equipamentos de som estão todos funcionando, né, mas como não tem frequência, cinema de rua, então, nós fomos forçados a encerrar as atividades nessa área de projeção de filmes, exibidor cinematográfico. E hoje, então esse espaço, que tem capacidade para 700 lugares, né, esse cinema então hoje, funciona como centro de eventos. Então, são realizadas formaturas, congressos, né, eventos, então a gente esta mais utilizando o espaço pra essas atividades.
P/1 – Seu Fernando, e o senhor… mas o senhor fez a sua formação em uma outra área também diferente, me conta, foi uma complementação? Qual foi a sua…?
R – A minha formação profissional, me formei em 1969 em Direito, pela Faculdade Federal de Santa Catarina, em Florianópolis. Ai, eu me formei em Direito, retornei para Balneário Camboriú, que a capital, Florianópolis e Balneário Camboriú fica a cerca de 90 quilômetros. Ai, continuei residindo com os meus pais, né, e em Balneário Camboriú, eu montei um escritório de advocacia. Ai, advoguei por aproximadamente 20 anos, 25 anos, mas eu tava vendo que era um tanto difícil já naquela época, advogar, então, eu resolvi… ainda continuo até hoje advogando por causa própria, mas a minha atividade principal foi o seguimento da atividade do meu pai, foi a construção civil. Então, hoje a minha atividade principal, eu sou um empresário em Balneário Camboriú da construção civil.
P/1 – Tá certo. E o… essa sua ideia desse projeto desse museu, conta pra gente como é que é.
R – O meu pai, ele já tinha comprado alguns equipamentos antigos de som e de imagem, por exemplo, ele tinha um gravador, que ele mesmo fazia as gravações de som em gravador, que ao invés de ter a fita, como estes modernos, era a fio, quer dizer, a voz era gravada num fio de aço. Era fio, não era… não havia ainda naquela época, os gravadores, esses modernos ai, de fita, né? Então, ele acabou guardando esse gravador, outra vez… ele tinha uns projetores caseiros pequenos, de 16 milímetros, outro de 8 milímetros, que ele comprou, pra exibir filmes para ele em casa, que eram esses projetores domésticos, né, e acabou guardando esses projetores e com o tempo, ele passou pra mim e como eu sempre acompanhei ele na atividade de exibidor cinematográfico, peguei gosto, peguei gosto não tanto pelos filmes, mas pelos equipamentos cinematográficos, os projetores. E com isso, eu comecei a visitar… normalmente, o meu hobby é sempre fazer viagens, então, normalmente, uma vez por ano, eu faço uma viagem e em todas essas viagens, eu costumo visitar essas feiras de rua, feiras de antiguidades e antiquários. E nesses locais eu encontrei diversos equipamentos de imagem e de som. Hoje assim, a gente tem um considerável acervo, temos pecas assim, de imagem e de som muito interessantes, por exemplo, nós temos a história, peças da história do pré-cinema, quer dizer, que antecedeu o cinema, que eram as chamadas lanternas mágicas, nós temos diversas delas, essas lanternas mágicas são equipamentos que podemos considerar hoje, exemplificar assim o que são as lanternas magicas, elas eram os equipamentos de projeção, mas sem movimento, né? Hoje, nós temos esses projetores ai de… de… agora me foge o termo…
P/1 – Digitais, não?
R – Como?
P/1 – Digital, não?
R – Não, não! Anterior ao digital, esses equipamentos de cinema que projetavam… projetor de slides, desculpe… então, essas lanternas mágicas, elas vieram… o que veio a substituir elas foi o… os projetores de slides. Só que a lanterna mágica era um equipamento todo metálico e os slides eram laminas de vidro, os desenhos, todos eles feitos manualmente, a bico de pena, né, enquanto que o slide não, o slide a impressão… ela é impressa em celuloide e por quê que era feita essa impressão em laminas de vidro? Porque esses equipamentos, eles eram manuais, não possuíam motor e outra coisa, não possuíam lâmpada, energia elétrica para projetar as imagens. E essa luz, ela era produzida através de lamparinas de querosene e essas lamparinas de querosene provocavam um aquecimento e esse aquecimento se a imagem não tivesse sido desenhada sobre laminas de vidro, se fosse por exemplo, celuloide, ele ia derreter e o vidro é mais resistente ao calor, né? então, essas peças ai são pecas do ano de 1800. Então, é uma pré-história, foi o que antecedeu o cinema, que era a imagem parada. Então, nós temos diversas lanternas mágicas, outra coisa, temos também uma série de fotografias que antecedeu ao cinema, que era a imagem parada, as fotografias, temos aquelas câmeras fotográficas lambe-lambe, com os tripés, aquelas enormes, que os fotógrafos normalmente utilizavam em praças publicas e os seus negativos, também, eram produzidos… não era em celuloide, que nem hoje, né, eram produzidos em laminas de vidro. Então, nós temos esses negativos em lâminas de vidro, né…
P/1 – Daguerreótipo, não?
R – Como?
P/1 – Daguerreótipo?
R – Ah, agora eu não sei…
P/1 – Da lâmina de vidro? Bom, vamos…
R – É, então nós temos essas máquinas fotográficas antigas, entende, temos uma série delas, né, e temos até as máquinas ai depois, que foram aquelas de fole, um pouquinho mais moderna, ai modernizaram mais ainda, apareceram as Polaroides, que nós temos também, né, e até a nossa fase de hoje, que nós temos as digitais, né? então, temos uma coleção assim, razoável também de máquinas fotográficas.
P/1 – O senhor espera fazer o museu?
R – É, espero fazer o museu. Outras pecas que nós temos também nesse museu são… do som, nós temos vitrolas antigas, diversas vitrolas, vitrolas também da época em que não havia ainda energia elétrica, essas vitrolas, elas são à corda, à manivela. E só consegue tocar as musicas de discos de 78 rotações.
P/1 – É uma coleção toda ligada ao lado instrumental, né, de cinema…
R – É, do cinema… é do som e da imagem, né?
P/1 – Som e Imagem.
R – Então, temos as primeiras televisões que vieram para o Brasil, não é, temos uma televisão muito antiga, uma das primeiras televisões portáteis americanas, né, e a nossa maior coleção é de projetores de cinema. Ai, olha, nós temos projetores de cinema de nove milímetros e meio, que foram os primeiros projetores fabricados em Paris, pela empresa Pathé…
P/1 – Olha só!
R – Depois, nós temos o projetor 28 milímetros, temos projetores oito milímetros, oito e meio, temos projetores 16 milímetros e temos projetores de 35 milímetros e temos um dos poucos projetores, que eu acho que hoje tá preservado no Brasil, de 70 milímetros, né, que era o cinerama. Então, hoje, o nosso acervo de projetores, só de projetores de cinema passa de duas dezenas, aliás, de duas centenas, mais de 200.
P/1 – Seu Fernando, e me conta, a sua visita aqui a Brasiliana, o senhor também se interessa por selo, como é que… que foi… o quê que despertou a sua vinda até aqui?
R – Olha, a minha vinda ao Rio de Janeiro e de estar hoje aqui, dia 20 de novembro de 2013, na Brasiliana 2013, uma das razoes foi exatamente esse evento promovido pelos Correios, porque além de ter essa coleção de equipamentos antigos de imagem e de som, eu também sou filatelista, né, e eu tenho a coleção quase completa dos selos do Brasil, né, inclusive um dos mais importantes, o Olho de Boi, né?
P/1 – O senhor tem?
R – Tenho, os originais. Tenho os originais, tenho a série, o 30 reis, o 60 reis e o 90 reis.
P/1 – Uau!
R – Então, o que me despertou interesse de vir aqui para o rio de Janeiro, principalmente, foi essa exposição aqui, porque eu nunca tinha participado de uma exposição filatélica internacional.
P/1 – Mas o senhor esta participando como expositor?
R – Não, não, eu só estou participando aqui, como visitante.
P/1 – Mas não quis… como é que faz para expor também?
R – Olha…
P/1 – É mais complicado?
R – É mais complicado para expor, tudo, então eu preferi… e outra coisa, eu sei que tem expositores assim, que têm coleções muito, muito virtuosas e grandes, achei que seria muito simples para trazer, entende? Mas eu tenho a completa do Brasil.
P/1 – Ah, acho que não deve ser tão simples assim como o senhor diz.
R – E eu tenho uma outra coleção interessante, que eu não tenho visto aqui, é uma coleção de selos diferenciados.
P/1 – Explica pra gente como que é.
R – Esse é um tema, a gente, normalmente, o filatelista, ele escolhe um tema, porque não tem como fazer uma coleção completa de todos os tipos de selos que existem no mundo. Então, se escolhe um tema. Então, eu escolhi o tema “Selos Brasileiros”, em primeiro lugar. Em segundo lugar, eu tenho uma coleção de selos diferenciados, esses selos diferenciados são selos assim, que chamam a atenção e que fogem do formato do tipo normal, por exemplo, vou te dizer, os Correios, eles emitiram selos, eu acho que foi o ano passado, pelo Natal, que o selo tem o formato do papai Noel, é um selo diferenciado, brasileiro. Outra coisa, outro selo diferenciado brasileiro que foi emitido ai pelos Correios, né, foi em forma de bola circular, selo circular redondo, em forma de bola, né? E tem um outro detalhe importantíssimo dos Correios que a gente tem que valorizar o Correios brasileiro, o correio brasileiro foi o primeiro correio do mundo a emitir selos em braile, código braile e ai eu tenho, tenho… parece que, se não me falha memória, até agora foram emitidos três selos. Então, eles são em alto relevo, em código braile, exatamente para os cegos fazerem a leitura dos selos.
P/1 – E eles ainda estão disponíveis?
R – Estão disponíveis, inclusive, agora, questão de três anos, foi emitido mais um selo em braile. Mas o Brasil foi o primeiro a emitir.
P/1 – Que bacana!
R – E o Olho de Boi, o Brasil conseguiu o prêmio, o primeiro foi a Inglaterra e o segundo foi o Brasil, né?
P/1 – Ah, por isso que é tão…?
R – Por isso que ele é tão valioso e outra coisa mesmo, eu não sei, mas o formato dele chama a atenção de qualquer colecionador.
P/1 – Me conta como nasceu o seu interesse por selos?
R – Olha, eu estudava… o curso secundário eu fiz em Curitiba e eu estudava no colégio dos irmãos maristas e lá eles tinham uma série de atividades, que tinha uma matéria que era trabalhos manuais e nisso ai, eles encaixaram colecionismo, a coleção de selos. E eu, na época, peguei um pequeno álbum, devia ter mais ou menos… não tinha mais de 600, e ali começou. Então, eu colecionei aqueles selos e esse álbum… depois, eu parei por muitos anos. E agora, em questão de uns 20 anos pra cá, eu reiniciei a coleção.
P/1 – É difícil, assim, o Olho de Boi, o senhor… como é que o senhor encontrou?
R – Olha…
P/1 – O senhor saiu atrás, apareceu por acaso, como…
R – Olha, nós temos lá no sul, no sul do Brasil, nós temos anualmente, temos eventos filatélicos, então, nós temos por exemplo, no mês de agosto sempre acontece em Florianópolis. No mês de julho… junho, aliás, em Timbó, uma cidade ali próxima também a Santa Catarina. No mês de outubro, nós temos em Taquara, no Rio Grande do Sul. E depois, temos um outro evento também em Curitiba e temos em São Paulo. Então, anualmente, em meses diferentes, se realizam esses encontros filatélicos, onde se reúnem colecionadores e comerciantes de selos.
P/1 – E o senhor participa?
R – E nesses eventos, devo ressaltar, os Correios sempre estão presentes.
P/1 – Incentivando essa…?
R – Incentivando, né, incentivando a venda de selos, né, outra coisa, os carimbos comemorativos, né, entende, ai tem o pessoal do Correios pra monitorar os envelopes, os selos, né, com carimbo comemorativo e nesses encontros, os colecionadores e comerciantes, normalmente, é aquela troca de selos, compra e venda de selos, só que eu não… eu não tenho essa atividade de comerciante, eu sou só colecionador…
P/1 – Mas…
R – E é nesses encontros que eu acabei adquirindo os selos Olho de Boi.
P/1 – Ah tá! Fiquei pensando que isso vinha também na família…
R – Não, não, não, isso não é de família.
P/1 – Foi num desses encontros? Foi muita sorte também. e assim, o quê que o senhor me conta, tem alguma história desse universo da filatelia, que o senhor pudesse contar, interessante, também curioso?
R – Olha, eu acho que com relação à filatelia, eu acho que ela deveria ser mais difundida, principalmente, nas escolas, porque olha, o colecionador de selos é uma pessoa que vive, permanentemente, estudando a historia, porque cada selo tem uma história, né? por exemplo, todo… aniversario de morte de uma grande personalidade nacional é emitido um selo. E nesse selo, quando vai-se analisar o selo, você vê a imagem da personalidade, o nome dela e às vezes, a data que ela faleceu ou quantos anos de aniversario de morte. Então, só… veja que só nesse aspecto, já está se estudando a história. Outra coisa, os estudos hoje que está muito em voga, da ecologia, do meio ambiente, por exemplo, o Correios brasileiro emitiu selos ai sobre meio ambiente. Então, ali traz as espécies de plantas, então, você vendo a imagem da planta e o nome cientifico da planta, então já sabe… esta se estudando também o meio ambiente. Então, eu acho que isso ai deveria ser mais difundido nas escolas…
P/1 – Como os irmãos maristas fizeram.
R – Como os irmãos maristas fizeram na época que eu iniciei como colecionador de selos, né? Eu acho que é muito importante isso ai para a juventude, para se aprofundar na história, em conhecimento cientifico, através do selo.
P/1 – Muito bom. O senhor é casado, tá casado, me conta mais um pouquinho.
R – Olha, eu tenho a minha esposa, que é minha companheira há 42 anos.
P/1 – Que beleza!
R – E vivemos muito bem, temos uma filha, a Denise.
P/1 – Qual é o nome?
R – Denise.
P/1 – E o nome da sua esposa?
R – Da minha esposa é Zeli.
P/1 – Zeli?
R – Zeli. A Zeli, hoje, eu administro… a família toda trabalha em conjunto. Hoje, eu administro as minhas empresas lá de construção civil, né, eu tenho duas empresas de construção civil, administro essa parte, a minha esposa administra o centro de eventos e a minha filha, ela fez o curso superior de Administração de Empresa, então ela trabalha na minha empresa, essa parte de administração, agora, ela mais que faz, né?
P/1 – E as duas vão te ajudar com o museu?
R – As duas, diariamente, estão nas atividades delas, só que não são muito fãs de museu.
P/1 – Oh!
R – É uma pena, né?
P/1 – Tem que ir adiante com esse projeto.
R – Posso falar só um pouquinho sobre isso?
P/1 – Claro!
R – Olha, a cidade Balneário Camboriú, né, é um dos principais centros hoje, de turismo do sul do Brasil. Até muitas pessoas lá dizem que é a mini Copacabana, entende, que tem as calcadas do mesmo estilo, entende, a baía também, né, se assemelha muito a Copacabana, né? E a cidade tá tendo assim, um desenvolvimento extraordinário na construção civil, né, e tudo isso em função do turismo. Só que a cidade está com um ponto negativo, já não existe o turismo cultural. Então, nós pensamos em dar um pontapé inicial nesse turismo cultural e o ano passado, então, entramos em contato com as autoridades municipais, que prontamente, acataram a nossa ideia, que é um projeto particular nosso, né, e construímos o Museu da imagem e do Som do Balneário Camboriú, que será o MIS/BC. Iniciamos a construção no ano passado do espaço físico para abrigar esse acervo, né, da imagem e do som, a construção esta localizada bem no centro da cidade, é um prédio de seis andares e será usado, única e exclusivamente para museu.
P/1 – Então, tá bem adiantado?
R – Já está na fase de acabamento. Pretendemos no final do próximo ano, agora, de 2014, inaugurar esse museu e da maneira que estão sendo executados os projetos, eu tenho certeza que será uma referencia nacional em museu de imagem e do som.
P/1 – Que beleza! Muito bom, mesmo. Desejo todo o sucesso pro museu, que tenha vida longa.
R – Tá, obrigado…
P/1 – O Brasil precisa dessa parte cultural.
R – Tá, obrigado e eu agradeço a oportunidade que vocês estão me dando aqui de divulgar um pouco a minha cidade Balneário Camboriú e esse sonho meu que é o Museu da Imagem e do Som, que estou construindo e tenho certeza que o ano que vem será inaugurado e entregue a população.
P/1 – Tá certo. Muito obrigada, seu Fernando.
R – Eu que agradeço
P/1 – Boa sorte.
FINAL DA ENTREVISTA
Recolher