P/1- Fagner, boa tarde. Você poderia começar falando seu nome completo, local e data de nascimento?
R- Meu nome é Fagner Victor de Lima. Eu nasci em Osasco, no dia 18 de março de 1983.
P/1- E, Fagner, conta pra gente como você chegou ao CDI [Comitê para Democratização da Informática], como foi a sua entrada e a sua trajetória antes, um pouquinho.
R- É, minha trajetória antes, eu trabalhava no correio. Trabalhava com agência de correios, de ajudante de motorista, na rua, fazendo coletas. Saí do correio, porque batia de frente com o dono, sei lá. Fiquei desempregado durante 3 meses e, nesses 3 meses, eu fiz uma ficha lá no Time, que é uma agência de empregos. E daí, fui chamado pra trabalhar no CDI, não conhecia. Não sabia o que que era o CDI. Cheguei aqui, teve uma apresentação, assim, do que era o Comitê. Vim pra trabalhar na área de estoque. Controlando estoque, pensava que era uma coisa já organizada e... pronto, assim. Era só entrada e saída de equipamento, tal. Como eu conheço, né? Mas, chegando aqui, não era bem o que eu pensava. Era totalmente diferente. Estava tudo, materiais, equipamentos, um em cada local. Acho que tinha 6 locais na época. Aí, mas fomos organizando, fomos de pouco em pouco, organizando. No dia que eu cheguei no CDI tinha uma pessoa da área técnica, só. E ela estava saindo no outro dia. Fui contratado eu e mais um técnico para o estoque. Ficamos trabalhando durante..., acho que 6, 7 meses juntos. Aí, ele não deu certo, foi mandado embora. E eu estou aqui até hoje.
P/2- Quais eram esses lugares onde estavam espalhadas as coisas do CDI?
R- Na época que eu entrei aqui, nós estávamos no espaço da Amcham. Tinha no prédio de eventos da Amcham em dois locais. No térreo e no terceiro andar. Tinha também em dois locais do estacionamento. E mais na Ação Comunitária, num espacinho que tinha lá, que também era parceira da Amcham. Nós tínhamos, assim, nesses locais aí.
P/2- Mas a...
Continuar leituraP/1- Fagner, boa tarde. Você poderia começar falando seu nome completo, local e data de nascimento?
R- Meu nome é Fagner Victor de Lima. Eu nasci em Osasco, no dia 18 de março de 1983.
P/1- E, Fagner, conta pra gente como você chegou ao CDI [Comitê para Democratização da Informática], como foi a sua entrada e a sua trajetória antes, um pouquinho.
R- É, minha trajetória antes, eu trabalhava no correio. Trabalhava com agência de correios, de ajudante de motorista, na rua, fazendo coletas. Saí do correio, porque batia de frente com o dono, sei lá. Fiquei desempregado durante 3 meses e, nesses 3 meses, eu fiz uma ficha lá no Time, que é uma agência de empregos. E daí, fui chamado pra trabalhar no CDI, não conhecia. Não sabia o que que era o CDI. Cheguei aqui, teve uma apresentação, assim, do que era o Comitê. Vim pra trabalhar na área de estoque. Controlando estoque, pensava que era uma coisa já organizada e... pronto, assim. Era só entrada e saída de equipamento, tal. Como eu conheço, né? Mas, chegando aqui, não era bem o que eu pensava. Era totalmente diferente. Estava tudo, materiais, equipamentos, um em cada local. Acho que tinha 6 locais na época. Aí, mas fomos organizando, fomos de pouco em pouco, organizando. No dia que eu cheguei no CDI tinha uma pessoa da área técnica, só. E ela estava saindo no outro dia. Fui contratado eu e mais um técnico para o estoque. Ficamos trabalhando durante..., acho que 6, 7 meses juntos. Aí, ele não deu certo, foi mandado embora. E eu estou aqui até hoje.
P/2- Quais eram esses lugares onde estavam espalhadas as coisas do CDI?
R- Na época que eu entrei aqui, nós estávamos no espaço da Amcham. Tinha no prédio de eventos da Amcham em dois locais. No térreo e no terceiro andar. Tinha também em dois locais do estacionamento. E mais na Ação Comunitária, num espacinho que tinha lá, que também era parceira da Amcham. Nós tínhamos, assim, nesses locais aí.
P/2- Mas a Ação Comunitária era em outro bairro daí, né?
R- Era em outra rua, mas no mesmo bairro.
P/1- E esse locais, como que eram, assim, eram salas? Você falou do estacionamento, você poderia descrever um pouquinho?
R- No estacionamento, no caso, era um mezanino de ferro. Os equipamentos ficavam lá, à vista, e os carros estacionavam, normal. No prédio de exposições da Amcham, as salas eram... às vezes ficava equipamento no corredor de passagem, ficava em salas escondidas pra ninguém estar vendo, mesmo. E, até salas sem ventilação, sem iluminação nenhuma de dia, só o sol, às vezes. Você entrava e estava até meio úmido, fechado o dia inteiro. Eram esses espaços. E depois de um tempo, nós conseguimos juntar tudo num local só. Todos os equipamentos num local só, que não era um local bem apropriado, empilhado, mesmo. Caixa em cima de caixa, equipamento, coisa jogada com lixo, sucata. Era meio chato, né?
P/1- Onde que era esse local?
R- Esse local aí, que nós mudamos, era um prédio que a Amcham também alugou, que deu duas salas para nós. Só que era uma em cima da outra. Uma sala era um antigo vestiário que eles reformaram. E a outra sala era um vestiário, mesmo, que estava em uso, ainda. E nós colocamos as coisas tudo lá. Só livramos um pouco do chão, pra não molhar, mas colocamos tudo lá.
P/1- Era no vestiário, então?
R- Era um banheiro, mesmo.
P/1- Em uso?
R- É.
P/2- E a mudança, como que foi?
R- Antes de vir pra cá, nós mudamos para um local, para um outro estacionamento de volta, que eles devolveram o estacionamento em que nós estávamos. Mudamos pro prédio da Amcham de novo. E era um local mais organizado. Aí, nós conseguimos prateleiras através de sucata. Você... tipo, equipamento que não utilizava mais, que era gabinete, os monitores que... foram a base de troca por prateleiras. Aí, nós nos organizamos, criamos um laboratório dentro do estoque. Nos organizamos, tal, estava tudo normal, né? Só caminhando, agora, estávamos com local, com uniforme já e com laboratório. Nós falamos: “ah, está beleza, é só ir melhorando, né?”
P/1- Vocês usavam uniforme, é isso, antes?
R. Antes não, antes era nossa própria roupa, mesmo. Aí depois que a Elaine entrou, temporariamente, para coordenar a área de manutenção, foi mudando algumas coisas, ela foi dando traços, foi dando metas. Aí foi mudando, conseguimos prateleiras, contamos o estoque, organizamos, conseguimos uniformes, montamos laboratório, que diariamente tem voluntário. Aí, um certo dia, nós estávamos bem sossegados lá, o pessoal fala: “é, nós temos que mudar, a Amcham está devolvendo todos os prédios, só vai ficar com um e não tem espaço pra nós.” Aí eu falei: “ixii, logo agora que nós estamos já organizados, né?” Aí o pessoal de captação de recursos foi correr atrás de outro espaço, tal. Conseguiu com o pessoal da Secretaria de Justiça? O espaço que vocês conheceram, lá. O estoque e as duas salas de cima que são de escritório. Ai, nós tudo... não conhecíamos o local. O Mário falou: “Ah, é grande, cabe tudo, vai fica espaço, vai dar pra criar não sei o que, tal.” Legal, vamos conhecer. Fomos conhecer, o negócio estava em... estava em ruí... em ruínas não, estava bem acabado.
P/2- Como que estava, você poderia descrever?
R- De primeiro, o Mário falou que estava cheio de equipamento da Prodesp. Cheio. Equipamento que não utilizava mais.
P/1- Computadores, não?
R- Computadores, cadeiras, mesas, tudo misturado. Aí, eles livraram isso daí, livraram o espaço tudo. Vamos mudar. Mudamos no dia, acho que foi 31 de janeiro, pra cá. Ficamos, acho que o dia inteiro, trazendo equipamento. Eu aqui na Barra Funda já, e o pessoal, restante da equipe lá, organizando. E eu recebendo. Só que nesse meio de recebimentos aqui, estava tendo uma reforma do espaço, que era pra pintar de verde, divisórias, montando prateleira. Isso durante o dia inteiro. Nós ficamos sexta, sábado e domingo trabalhando aí pra na segunda já estarmos organizando os equipamentos nas prateleiras. Mas, foi um processo assim.
P/2- Você acha que todo esse processo de mudança é... você acha que a Elaine ficou como um marco pra vocês, a organização dela. Como é que ela chegou e como é que ela encontrou aqui antes e como foi ficando?
R- Quando ela chegou, ela chegou num... negócio de apagar o fogo, né, apagar incêndio. Nós precisávamos abrir 8 EICs [Escola de Informática e Cidadania] no final de... 2002, eu acho. E não tinha computador pronto pra abrir essas EICs. Na época, acho que já estava o Rodrigo Alvarez, ele falou: “Elaine, resolve, ajuda!” Aí, vamos montar um mutirão. Um mutirãozinho das 8 às 10, das 9 às 10 da noite com voluntários. Até às 10 da noite por causa que, fora de horário de serviço do pessoal voluntário, né? Resolveu. Saiu cento... precisava de 80, saíram cento e poucas máquinas. Cento e uma máquinas, eu acho. Aí, resolveu. Aí o Rodrigo falou: “tenta ajudar, dar metas pra essa equipe.” Que na época tinha um coordenador, mas... meio perdido. Eu também, eu ia, o que ele falava eu fazia, né, na época. Aí, ela começou a coordenar essa equipe. Aí, nós começamos a ter... sabe, pra onde caminhar, né? Ela procurou conhecer o estoque. Quando ela conheceu o estoque e viu aquela coisa, ela falou: “meu Deus, que que é isso?”. Tudo jogado, no banheiro. Eu falei: “é”. Primeiro passo foi contar o estoque, vamos contar ver o que que tem, ver o que que presta ou não e o que que não interessa. Aí, daí, começou a mudar. Passou um ano depois que ela entrou na equipe, nós já tínhamos um laboratório, prateleiras, uniforme, contado o equipamento e tínhamos uma equipe já grande, e já estava eu e o Marcos e o Israel na equipe de manutenção. Aí estava fluindo normalmente, ela dando metas, traços e isso foi crescendo. E o processo da mudança não foi tão difícil assim, mesmo, porque ela já estava coordenando, já estava tudo organizado. Porque se naquela época estivesse de tudo bagunçado, ia ser muito mais difícil.
P/1- Só uma coisa, quando você disse que veio pra cá, onde é que era esse depósito, você pode falar?
R- Depósito é no prédio da... era o antigo prédio da Prodesp, dentro da Jucesp, onde a Prodesp guardava os equipamentos dele, que é na Rua Barra Funda, 930, a entrada, que nós passamos, certo?!
P/1- E esse laboratório, como é que funciona o laboratório? É um laboratório do que, manutenção?
R- É um laboratório que diariamente tem voluntário trabalhando na parte de manutenção, testes, no caso monitor, teclado, mouse. Tem limpeza, também, nesse laboratório. Parte de limpeza, embalagem. Assim que funciona o laboratório. A máquina chega, nós vemos como é que ela está. Fazemos um teste nela. E vai pra manutenção. Depois da manutenção, é só limpeza, embalagem e saída.
P/1- E antes onde era feito esse trabalho, antes do laboratório?
R- Esse trabalho só era feito em mutirões. Antigamente era marcado um dia, fim de semana. Reúnem-se voluntários técnicos e não-técnicos, pra fazer outras tarefas. E sai uma produção muito grande de máquinas, esses dias. Vem em torno de mais de 80, 100 voluntários, nesses dias. Dependendo da quantidade de máquinas que nós levamos, sai 100. Uma por voluntário, ou duas, 150 máquinas. É uma produção muito grande nesses dias.
P/1- É um dia de mutirão?
R- Hoje são dois.
P/1- Hoje são dois. São fins de semanas, como é que é?
R- São fins de semanas. Hoje são dois dias, sábado e domingo. Que vem voluntário, aí fica à escolha, né, ou eles vêm sábado, ou domingo, ou os dois dias, dependendo deles.
P/2- Você falou das metas, como é que essas metas são tratadas, como é que vocês se organizam? Ela passa, vocês se organizam, tem... como é que é esse processo de vocês?
R- Essas metas aí, começaram a ser traçadas a partir das reuniões semanais que nós começamos a fazer. Toda quarta-feira, a partir da 1 hora, nós paramos nosso serviço e olhamos como é que nós estamos.
P/1- Quem que faz isso?
R- A Elaine, eu, o Israel, o Marcos, a Érica, a Beatriz, a Amanda e um estagiário, que é o Fábio hoje, e a Vanessa participa junto com a gente. E agora nós estamos convidando o pessoal da equipe daqui da unidade 1 para estar participando junto com a gente, pra trazer mais valores. Nessas reuniões são traçadas as metas, tipo, nós vemos como é que está cada passo. Na manutenção, tem máquina pra atender tal demanda? Não. Se não tem, nós vemos, chamamos voluntários. Aí, é decidido nessas reuniões, de chamar voluntário, liga que vai estar fazendo manutenção todo dia de tal hora a tal hora. É ligado e traçamos essas metas. Está precisando de 50 máquinas. Até tal dia vocês entregam essas máquinas. Tudo bem, fazemos. Nessas reuniões também que foi criada a partir da entrada da Elaine, o nosso desenvolvimento, também. Tem vídeos, texto de reflexão, para estar se desenvolvendo também nessas reuniões.
P/2- Explica mais essa parte desses vídeos, textos.
R- Hoje... na época que ela começou, que era eu e mais um rapaz, que não está mais hoje com nós, era mais parte de falar, saber falar, né, como falar. Eram vídeos, mais falando sobre isso. E depois que ela começou a ver mais a parte de estoque, manutenção. Ela foi trazendo vídeos de logística, que é o que nós trabalhamos diariamente. Recebimento de equipamento, como atender o cliente, que é o doador, ou EIC no caso, dar suporte. Esses vídeos, assim, pra você saber falar com a pessoa, como o empresário, sei lá, que seja, né? E, mais assim, algumas pessoas na equipe têm meio vergonha de falar. Ela traz uns vídeos, estimulando o pessoal a falar. Texto de reflexão que você se abre, no grupo assim, pra você estar falando de você, como você está. É mais isso, a pessoa estar se soltando no grupo, pra no caso de um evento a pessoa saber falar em público.
P/2- Você disse que quando a pessoa vai fazer doação, ela liga pra vocês. Como que funciona isso daí? Ela passa antes pela Elaine, quando tem alguém que faz doação, ou vai direto a vocês, como que funciona?
R- Primeiro tem o processo de telemarketing, que desde 2002, eu entrei com a equipe de telemarketing. Só que pra estoque. E a equipe de telemarketing, o CDI consegue uma lista de empresas, através da Fiesp [Federação das Indústrias do Estado de São Paulo], do Ethos, o CDI mesmo, com uns contatos que tem. O pessoal do telemarketing que o ano passado foi a Érica, a Beatriz, mais uma... e a Fernanda, que não está mais com a gente hoje. Elas que fizeram ano passado. Elas ligam para os doadores: “Nós somos do CDI, estamos fazendo campanha, então nós ligamos pra ver se vocês têm interesse de doar pra campanha?”. Aí é feito o cadastro de doador, se eles têm interesse ou não têm. Se eles têm interesse, nós procuramos saber se eles podem vir entregar os equipamentos, a doação. Eles podendo vir entregar, nós marcamos um dia. Eles vem entregar... e quando eles chegam, aí já é a parte do estoque já, receber o doador, conferir a doação, ver o que chegou e o que não veio, entendeu? E dar um feedback pro doador, hoje nós fazemos isso, antigamente não era feito. E antigamente, também, não tinha dia certo pra vir entregar a doação, era qualquer dia, qualquer horário. Se você está numa reunião dessa, chegava um doador, “ah, entregador, entregar doação.” Parava a reunião e ia lá. Hoje não, hoje é de terça e quinta, das 9 às 5 da tarde. Aí tem uma parada de almoço que é de meio dia à uma da tarde. Mas estamos formatando isso, que é mais um processo, também, que foi criado com a Elaine.
P/2- Quando eles não têm como trazer o material de doação, tem como ir buscar?
R- Nós pedimos até o último caso pra estar vindo trazer, por causa de custos, né? Mas, quinzenalmente hoje nós fazemos coleta. Procuramos ou caminhão, quando é muita coisa, ou uma Kombi, quando é pouca coisa. Nós saímos coletando, marcamos com as empresas, ou é eu ou o Israel que vai retirar. E lá mesmo conferimos, agradecemos o doador e falamos que vai estar indo uma carta de agradecimento, igual quando ele vem entregar.
P/1- Qual foi o lugar mais longe que você foi buscar?
R- Mais longe? Já cheguei ir no Ponto Frio, que é lá na Dutra, retirar uma doação de impressora, scanner. Acho que já é Guarulhos, não sei.
P/1- Vocês foram como, de...
R- É, naquela vez, fomos eu e o Israel junto, que era muita coisa, mais um ajudante, mais o motorista e um caminhão, que era muita impressora, scanner.
P/1- Quando vem demanda de EICs, como vocês fazem?
R- Ah, demanda de Escolas...Primeiro nós procuramos saber com a parte de projetos quantas EICs vão ser abertas, aí também vemos com o pedagógico, né, quando que vai acabar a capacitação de educadores. Aí nós já vamos, em meio disso, sabendo das datas, dados da entidade, no caso, nós já vamos preparando os equipamentos. Antigamente, tinha muito isso de nós sabermos em cima da hora, as EICs tendo aberto e aquele vamos pagar, vamos fazer. Correria, né? Hoje não, nós sabemos um mês antes e bem antes nós já vamos, com o laboratório, preparando os equipamentos. Aí vamos separando por lotes. Cada entidade, nome, tal, quantidade de equipamento, qual equipamento, marca, modelo. Eu vou marcando isso. Hoje nós conseguimos fazer isso, antigamente, não. Mas, é avisado pelo pedagógico quantas EICs vão abrir e nós falamos se nós temos capacidade pra atender isso daí.
P/1- Voltando um pouco sobre a doação dos materiais, né, qual a qualidade desse material que o pessoal doa? Quando chega, vocês descobrem a qualidade na hora ou vocês pedem antes, assim, no telemarketing pra pedir uma qualidade, como é que é isso?
R- No telemarketing é perguntado, só que eles falam, mas o que eles falam não é o que chega, entendeu? Chegou várias vezes, assim, da pessoa falar: “Estão vindo vários computadores.” Aí, nós da parte técnica falamos: “É computador, mesmo?” Quando chega é só gabinete vazio. Maioria das vezes vem sem o HD, sem o HD e memória, que acho que é o mais valioso. Mas, quando chega, nós fazemos um levantamento do que veio, procuramos fazer, daí, o mais rápido possível do que chegou pra nós. E passamos pro pessoal do telemarketing, que são as meninas, pra dar um feedback pro doador. Chegou isso. Nós vamos conseguir fazer isso com a doação. Maioria das vezes o que dá pra utilizar mais é monitor, das doações. Mas já chegou computador Pentium II, III. Recentemente, uns 4, 5 meses atrás, um caso da Telefônica, em que as doações foram perfeitas. Completo, não deu problema nenhum.
P/1- Então, queria que você falasse das melhores doações que vocês já tiveram, quais foram as que você lembra, de grandes doações em termos de qualidade?
P/2- De quantidade.
P/1- De quantidade também.
R- De quantidade? Na época que eu entrei aqui em 2000, 2002 teve uma parceria com a Basf na parte de quantidade, que eles, acho que eles, não lembro a quantidade, foi 2000 computadores pra rede inteira, pro Brasil inteiro. Pra São Paulo acho que veio uns 400 computadores, numa pancada só, num caminhão.
P/1- E como faz, vocês de repente têm espaço pra receber esse 400 de uma vez?
R- Nossa, na época nós tínhamos espaço, tinha um espaço em cada lugar, só que podia fechar a porta que não cabia mais nada. E de qualidade, assim, a melhor doação que nós tivemos foi a da Axes Center que veio computador só Pentium II e Pentium III. Uma antes, teve da Telefônica, que veio 100 computadores, só você instalar, pronto. Teve uma, que eu não lembro mais o que eles fazem, que foi também que dois voluntários fizeram 30 máquinas num dia só. Facinho, né? Essas doações que eu mais cito, assim, que são mamão com açúcar, como nós falamos.
P/1- E uma trivial, tem diferença do que é doado, mais monitor, mais impressora, laptop, como que é isso? Ou normalmente é igual a quantidade desses materiais?
R- Não é igual, porque é... Telefônica varia assim. Uma vez ela doou 5 computadores completos: teclado, monitor, computador, funcionando. Outra vez ela doou 200 monitores, sem computador, nem teclado, só monitor. Acontece de chegar só computador. Às vezes só mouse pad, nós recebemos uma doação de mouse pad, pra você colocar o mouse em cima. Varia muito assim. Mas, o que chega bastante são conjuntos, kits. Mas varia, às vezes chega só monitor, só computador. Teve uma época no CDI que nós estávamos com 500 monitores e pouquíssimos computadores.
P/1- E aí, num caso desse, você avisa o pessoal da logística, a Elaine por exemplo, e aí eles correm atrás pra tentar suprir, fazem um pedido pro cliente?
R- Sim, sim.
P/1- Tem isso?
R- Tem muito disso de, no caso do Extra que doou, acho que foi 5000 impressoras esse ano. Nós já estávamos com o estoque cheio de impressora do ano passado que eles doaram também, numa campanha que eles fizeram nos mercados. Daí, ano passado, nós fizemos contato com outras entidades, outras ONGs, de estar doando impressora pra eles. Nós fizemos manutenção, limpamos. Daí foi feita essa doação pra eles. Fizemos... eles faziam um terminho: “Estou recebendo doação do CDI, uma impressora, duas impressoras, três impressoras…” que seja. E esse ano, nós também temos esse projeto de estar fazendo isso, no caso das impressoras. Nós estamos com muitas que nós não precisamos. Agora no caso dos monitores nós não saímos doando assim, né? Aí é mais de ligar pro pessoal da rede, da matriz no caso. “Tem alguém na rede precisando de monitor?” “Por que?” “Nós estamos com o nosso estoque esbarrado, abarrotado de monitor, né?” Acontece bastante disso. Mas é passado pra Elaine. A Elaine, às vezes, já sabe que não é... não atende muito a nossa demanda. Vamos estar doando para outras ONGs.
P/1- E sobre os voluntários, como que é? Vocês tem uma lista de voluntários, vocês é que entram em contato com eles, como é a relação com o voluntário? Vocês marcam um cronograma com eles, quando precisam, ligam, como que é a relação com eles?
R- Nós não temos bem um cronograma, assim não, nós temos um banco de dados. No caso, a Elaine e as meninas controlam isso daí. O banco de dados de voluntários, acho que dá uns 700 voluntários, que está descrito se eles são técnicos, se eles não são técnicos, se eles são técnicos mais experientes. Lá está descrito. Daí, alguns técnicos nós já conhecemos, assim, de casa. Aí fala: “Chama tal técnico que ele é bom e ele pode nos auxiliar em tal coisa.” Mas, é feita a ligação quando nós precisamos, assim, no caso mutirões, tem um agora em setembro, no final de setembro. É feito telemarketing pra convidar os voluntários pro mutirão. É mandada uma mala direta pra o banco de dados inteiro. Se você quer 100 voluntários no mutirão, você manda pra 500, entendeu? Pra eles estarem lendo e fora você reforçando nas ligações. Mas alguns voluntários também já conhecemos de casa, nós falamos: “Ah, aquele é bom, aquele está aprendendo.” Hoje no CDI nós temos, no laboratório, mais voluntários que estão aprendendo. E também, convidamos aqueles que já: “Vem aí, o, vamos participar do laboratório, tal.” Aqueles que já são mais experientes, nós aprendemos com eles, né? Mas é feita a ligação pros voluntários.
P/1- Vocês tiveram, assim, uma capacitação técnica para estar mexendo com essas coisas? Como foi o preparo de vocês? O CDI cuidou dessa parte?
R- Quando eu entrei no CDI eu não conhecia nada de infor... de manutenção. Parte de hardware e software. Tinha feito um cursinho de informática básica. Aí eu cheguei aqui eu falei: “Nossa, vou trabalhar com informática, não conheço nada de peça.” Ainda mais no estoque, né? Eu, na época, fui aprendendo através de voluntários. Não fiz nenhum curso, assim, na época. E depois de um ano, assim, conseguimos, o pessoal do CDI conseguiu um curso de manutenção básica. Eu fui fazer, me ofereci, falei: “Eu quero fazer!”. Perguntaram: ‘Você quer fazer o curso, quer se aprimorar?” “Eu quero.” Fui fazer esse curso, na Politécnica. Foram educadores e foi eu e o Israel fazer isso daí, trabalhar na parte técnica. Eu já conhecia um pouco, que aprendi com os voluntários, e aprendi mais um pouco lá no curso da Politécnica. Depois desse curso teve um outro, de manutenção e instalação de hardware, no Center que é uma escola de primeira na parte de informática. Fui fazer lá o módulo de manutenção e instalação. Aprendi muito mais lá e hoje eu não faço nenhum curso. Estou parado, só atendendo voluntários e desenvolvendo aqui em conversas. Mas, eu estou em dívida com o CDI, ainda, pra acabar esse curso, ou eu mesmo buscar outros cursos, desenvolvendo mais. Mas o CDI procurou desenvolver a equipe. Vamos, eu dou as ferramentas, mas vocês ajudam na parte técnica aqui, né? E é bastante cobrado do CDI. Eu não tenho tanto dificuldade assim. Mas, não sei tudo ainda.
P/1- Como é o dia-a-dia de vocês lá na equipe, lá no estoque? Desde a chegada, como é um dia?
R- Nós chegamos 9 horas. 8 e meia, 9 horas nós já estamos lá no estoque. Chegamos na portaria agora, que é aqui na Barra Funda. Pegamos a chave, que fica lá, abrimos o estoque, às vezes nós damos uma passada no escritório, damos bom dia pras meninas, tal, né? Mas, nosso dia é... na segunda-feira é bastante sossegado, quando não tem nenhuma demanda, assim, que exige muito de você. Bastante sossegado na segunda. Os dias mais complicados para nós são terça e quinta, que é de doações. Que nós não sabemos a hora que vão chegar. Eles falam: “Ó, nós estamos indo…” Aí, às vezes chega uma doação. Na época que nós estávamos recebendo as impressoras do Extra, era uma doação grande, nós demos a preferência, assim, de estar recebendo qualquer dia. E eles chegavam de dois, três caminhões no dia. Descarregava um, começava o outro, depois do almoço chegava outro. Às vezes nós ficávamos meio: “E agora, o que nós vamos fazer com tanta impressora?” Mas, segunda é light. A terça às vezes complica. Na quarta, de manhã, nós chegamos, ficamos relaxados,porque à tarde tem reunião de equipe. Na quinta, também, é meio complicado pra nós estarmos saindo do estoque. Na sexta também é light. Segunda e sexta pra nós é light, aí são os dias que nós procuramos, no meu caso, eu procuro ficar um pouco mais no laboratório praticando. Mas, no nosso dia nós não sabemos o que vai acontecer às vezes.
P/1-E como vocês se organizam na equipe de vocês?
R- Eu e o Israel nós ficamos na parte de recebimento de doação, organização de estoque, sempre organizando, nunca parando. O Marcos, ele fica na parte de laboratório, ajudando voluntário, testando as máquinas, fazendo manutenção, dando suporte às EICs, dando suporte à rede do CDI. E aí, lá no escritório, as meninas ficam atendendo doadores, fazendo cadastramento de doador. Quando chega doação, nós passamos pra elas. Quando o Marcos não está, eu e o Israel, nos encaixamos no laboratório para estar auxiliando. E quando não está nem eu nem o Israel, o Marcos recebe doação. Tem essa flexibilidade de revezamento.
P/2- Vocês atendem as EICs quando quebra alguma coisa?
R- É, as EICs tem aquelas que procuram ajuda, né? Mas se caso não conseguir, pode estar pedindo ajuda pro CDI, e o CDI vai procurar ajudar. No caso de equipamento que queimou, que não dá mais pra utilizar, hoje nós pedimos pra estar trazendo aqui, que nós fazemos a revisão. Se não der pra salvar aquele equipamento, mandamos pra manutenção se for monitor ou impressora. Manutenção terceirizada. No caso de computador, nós temos que trocar. E se for problema de HD, ou se nós tivermos HD, nós trocamos. E nessa manutenção que ele traz, nós pedimos um prazo. Não dá pra fazer no mesmo dia. Pedimos um prazo de uma semana, mais ou menos. Nós ligamos quando está pronto.
P/2- Mesmo quando é de longe?
R- As EICs que nós atendemos é só São Paulo, mesmo. Só que nós não vamos lá atender, que isso, uma época atrás, nós estávamos fazendo. Mas, para o CDI, muito custo né? Agora nós pedimos para eles estarem trazendo aqui, pra não ter tudo de mão beijada. Nós pedimos pra ele fazer a parte dele, e nós tentamos ajudar. Agora já veio EIC lá da Zona Leste, pô, lado de Poá lá, trazer aqui o equipamento pra nós estarmos arrumando. Uai, nós poderíamos mandar o equipamento, agora, pra você. Mas nós pedimos um prazo, estando pronto nós ligamos. E até agora nós estamos conseguindo atender isso daí.
P/2- Tem alguma época do ano que vocês recebem mais doações?
R- Tem.
R- Ou é bem espaçado durante o ano?
R- Agora época de agosto a outubro, que é... eu já vi, que o pessoal troca o maquinário das empresas. E chega computador a torto e à direito. Por isso, lançamento é feito de julho a agosto, assim, que já é que é pra buscar o doador. Falar: “Lançamos a campanha Mega Ajuda, está a fim de doar?”
P/2- Agora, sobre a Mega Ajuda, o que é?
R- A Mega Ajuda é a campanha que é realizada pelo CDI, em apoio pela Amcham e o Ethos. A Mega Ajuda já está no seu quinto ano. Ela é a campanha que arrecada computadores de empresas, pessoas físicas.Os equipamentos que chegam é feita manutenção, que é a reciclagem. Nós chamamos de reciclagem dos equipamentos já utilizados. A Mega Ajuda, ela atende as EICs de São Paulo, as demandas de São Paulo. A última vez que nós atendemos a rede, foi o Carreto da Alegria, que nós nomeamos assim, né? Que saíram mais de 100 computadores pra toda a rede. Nordeste, Rio, Norte, Sul, nós mandamos pra toda rede. Foi caminhão pra todo lado. A Mega Ajuda é a campanha que arrecada computadores pra serem reciclados e estarem atendendo às demandas do CDI São Paulo e rede CDI.
P/2- E ela vem crescendo, ela continua no mesmo ritmo? Como é que está?
R- Ela vem crescendo bastante. Desde a primeira campanha, acho que foi, não lembro o que que foi, foram arrecadados uns 800 computadores, eu acho.
P/1- Isso em quanto tempo, mais ou menos?
R- A campanha começa no meio do ano e vai terminar no meio do ano de novo. Relançamento. Ela começa no lançamento e acaba no relançamento.
P/2- E teve crescimento esse ano?
R- Aham, hoje, na campanha que acabou agora de 2003. Nós não arrecadamos mais computadores que o ano passado, muito mais que o ano passado, que 2002, mas mobilizamos mais empresas. Foi um resultado muito grande, empresas e pessoas físicas. Foi um crescimento bastante razoável.
P/1- Você tem idéia dos números?
R- Não, acho que números, assim, eu não lembro.
P/1- Então, está crescendo?
R- Está crescendo bastante. Da primeira pra cá, fora de computadores, assim em número eu não lembro, mas aumentou muito.
P/2- E a qualidade está melhorando?
R- Esse ano melhorou mais. De 2002 foi fraquinha a qualidade, porque, tipo, chegavam umas doações boas e chegavam umas doações que eram 386, 486. Nós aceitávamos 486 na época. Mas a de 2003, no final da de 2003 começou a chegar só Pentium II, Pentium III. Só computador bom mesmo. Aí, nós conseguimos as EICs novas agora, estão num nível legal.
P/1- Mas, como que as EICs pedem o tipo da máquina, ou vocês em função do que tem oferecem?
R- Na função do que nós temos. Eles não têm muita escolha, assim, não. Se nós tivermos só 486 e não tiver nenhuma doação pra entrar de algum Pentium, nós procuramos montar alguns computadores legais, pra estar não mandando uns... uns computadores antigos. Nós já queremos fazer... trocar os computadores das EICs antigos. Se vai mandar computador antigo não vai... não rola, né? Mas as novas deram a sorte dos equipamentos que estão chegando em melhor estado.
P/2- Já está sendo feita essa troca das EICs antigas?
R- Já. Em algumas EICs já está sendo feito, mesmo o que dá problemas, pega um novo, pega um mais recente e arranca o velho. Que é difícil já atender todas as EICs, que é muito equipamento. Nós fazemos essas conta aí.
P/1- E o que vocês fazem com esse antigo que já não serve mais? Deve ter uma carcaça, uma quantidade grande?
R- Isso daí, nós estamos pensando ainda. Nós temos, no estoque parado, computadores Pen... computadores 486 parados, que nós falamos: “Nós não vamos fazer manutenção mais nesses.” Faremos de Pentium pra cima. Mas quando está vindo de volta, nós estamos guardando junto com aqueles, né? Então, ó, nós temos computadores parados, vamos ver o que nós vamos fazer.
P/1- Você falou desse Carreto da Alegria, que é essa distribuição pra todo Brasil a partir da Mega Ajuda. Isso, desde que você está aqui sempre teve? aumentou com o tempo? como foi isso daí? Pra onde que vão esses computadores?
R- Quando eu entrei aqui já tinha essa distribuição pra rede, já, né? Só que em menos escala. Por exemplo, a época que eu entrei aqui, nós mandávamos pra rede, metade computador revisado, instalado, né, o software. E metade não instalado, só do jeito que chegou, a gente mandava. Tipo meio a meio, né? Aí, depois que a Elaine entrou, a Elaine viu que não estava rolando isso daí na rede. Aí, fomos mudando de pouco em pouco. Hoje, nós, quando nós mandamos computadores pra rede, nós mandamos em pleno funcionamento todos, 100%. E na época que eu entrei aqui, era feito assim, se ia pro Rio Grande do Norte, que seja. Ia 10 computadores, 20 computadores. Aí depois no outro mês ia mais 25 pro Pará. Ia nesses lotes. Aí, depois que a Elaine entrou pra coordenar a equipe, nós conseguimos estar vendo com a matriz qual a demanda que tinha, se nós podemos atender. E com essa demanda que nós recebemos, nós falavámos: “Ah, nós podemos atender tantos.” Não saía um por um, saía por lotes, né? Tipo, começou a sair 5 equipamentos pra 5 CDIs regionais, de uma vez só. Não saía mais de um em um, né? Aí, nós estamos organizando ainda.
P/1- Como que é? É um caminhão ou são vários caminhões? E vão pra onde? Você lembra quais estados, assim?
R- É feita uma logística antes de estar saindo, procuramos preço mais barato. Aí é informado pra matriz. Da última vez que nós fizemos, nós fizemos acho que foi com a Itapemirim. Vimos com a Itapemirim de estar indo pra central deles e eles lá estarem distribuindo. Por exemplo, cada regional tinha sua plaquinha na caixa e lá eles separavam. Nós falávamos isso e de tal pra tal estado. Nós dividimos por regiões. E foi feito a distribuição certinha, foi feito lá na Itapemirim.Deu um errinho, mas aí foram correr atrás pra consertar. Foi um pouco complicado. Foi bastante comitê e uma saída só.
P/2- Como é que está o estoque agora? A distribuição deles, tem uma noção de quantos monitores, quantas impressoras, uma coisa assim de números, mesmo?
R- Números exatos eu não tenho. Mas, se você perguntasse pra mim antigamente: “Tem computador funcionando?” Eu falava: “Ah, eu tenho que ver, tenho que ver se está funcionando.” Hoje, não. Hoje se falar pra mim: “Nós temos 50 pra estar atendendo, nós podemos atender?” Falo: “Nós temos tantos computadores, se me der um prazo maior, nós vamos estar atendendo todas essas EICs ou regionais.” Que hoje nós sabemos o que nós temos e o que nós podemos atender. Antigamente nós não sabíamos.
P/2- Qual o aproveitamento do material, assim, vocês pegam, por exemplo, quatro computadores e desses quatro sai um? Como é que está essa distribuição, o reaproveitamento?
R- Acho que até o ano passado, nós tínhamos uma perda, assim, de equipamento que chega. Nós falávamos que de três a quatro, nós montávamos um. Mas com essas doações que chegam já em pleno funcionamento, de 50 nós montamos 50. Mas ainda nós continuamos falando, doação que chega nós vamos precisar montar, de três vai montar um. Porque não é uma realidade ainda que nós estamos montando de 50, 50.
P/2- Você acha que o seu interesse pela informática, o Fagner pessoa, mudou muito? Você acha que você se encontrou? Como que é a sua relação com o CDI?
R- É, meu interesse por informática mudou totalmente da minha época que eu terminei os estudos, né, o colégio. Eu terminei sem saber qual profissão que eu acho que eu ia seguir. Hoje, pra mim, eu já tenho que eu vou seguir pra essa parte técnica. Não sei em qual área técnica. Tipo, montar redes ou hardware? Pode ser os dois juntos, que trabalham juntos, né? Mas hoje eu tenho pra mim que eu já tenho uma visão já do que eu quero. Na época de escola, professor, pai, mãe perguntavam: “O que que você quer seguir?” “Ah, não sei, não decidi ainda.” Quando eu conheci o CDI, eu falei: “Nossa, que coisa legal, né, de informática e tal.”. Eu falei: “Eu vou aprender isso daí, de qualquer jeito eu vou aprender, vou seguir em frente.” Dou alguns tropeços, mas eu estou olhando pra frente, pra área técnica, mesmo, de informática.
P/2- Você acha que o relacionamento influi?
R- Influi, influi. Eu tenho, pra mim, um relacionamento muito bom com o CDI. Tipo, quando eu comecei aqui, meu contrato estava vencendo com a Time. Eu falei: “E agora, será que eu vou ficar com o CDI?” E, na época que meu contrato estava vencendo, eu fiquei com medo, que estava entrando um outro rapaz, que a Price estava patrocinando. Era um ex-interno da Febem [Fundação Casa]. Eu Falei; “Legal!” Mas eu fiquei com medo: “E eu, vou sair fora, vou embora?” Aí, depois eu conversei com o Rodrigo, ele falou: “Não, ele vai trabalhar junto com você.” Falei: “Legal. Então eu fico?” “Fica, você fica com o CDI” Aí, daí pra frente foi só crescimento atrás de crescimento.
P/2- E a relação entre as duas sedes aqui do CDI São Paulo. Vocês estão numa sede separada daqui da central, vocês se encontram, tem algum momento que vocês se encontram, tem reuniões junto, como que é isso?
R- De primeiro, quando nós mudamos, tinha, não sei se era ciúmes, eu não sei o que que era. Parecia distanciamento, que nós estávamos juntos num local e depois separou. Parecia um distanciamento assim de eles estão aqui, nós lá, como é que faz, né? Mas, aí nós conseguimos colocar em prática reuniões de equipe mensal. E, também, algumas vezes assim, aniversários, nós tentamos juntar a equipe pra estar comemorando o aniversário do integrante, né? Isso é uma integração legal. Nas reuniões de equipe nós discutimos o que cada um está fazendo, damos informes. Tem brincadeira, tem dinâmica. Hoje, acho que nós já estamos um pouquinho próximo. Não tão próximo por estar longe,mas nós já estamos nos entendendo melhor, nessa distância.
P/2- E com o Rio de Janeiro, como é a relação?
R- Eu, no meu caso, eu não tenho muita relação, assim, com o pessoal do Rio de Janeiro. No caso da nossa equipe que está lá na unidade 2, é mais a Elaine. No caso da parte técnica, é mais o Marcos. É, na parte, da Mega Ajuda agora, que eles querem colocar, tem o projeto de Brasil, Mega Ajuda Brasil. Em São Paulo, as meninas estão mais por dentro das demandas. Se tem alguma demanda da rede, a Elaine fala: “Érica, Bia, liga pra matriz, pergunta se tem alguma demanda.” Mais com elas. E, tem aquela, tem aquela, quando eles vêm visitar o estoque. Recebemos bem, eles adoraram a última vez que eles vieram no estoque, falaram : “Nossa vamos fazer igual, vamos colocar uma rede.” Eu tenho esses contatos. O mais próximo que eu estive com o pessoal do Rio foi quando eu fui no encontro do ano passado, o encontro da rede CDI, encontro internacional. Tive mais contato perto, mais perto dos outros integrantes da rede. Foi mais isso.
P/1- E existem estoques como esse em outros estados, você sabe? Você entrou em contato nesse encontro com algum pessoal do estoque?
R- Não, na época eu fui mesmo pra estar em contato com o pessoal. A Elaine falou: “Você vai, mas você vai aprender e vai trazer pros seus amigos, né, pros seus integrantes, os outros integrantes da equipe.” Falei: “Beleza, eu vou” Mas lá, como na época eu não conhecia tanto da parte técnica, teve uma explicação da parte técnica lá, que eu fiquei meio boiando, meio aéreo. Mas de estoque, o CDI Rio tem um estoque, e eu não conheci, mas eles falaram que é enorme. Só que não é organizado. E eles hoje estão pegando o exemplo nosso, que é mais com a Elaine. Aí ela pergunta pra gente: “Como é que vocês fazem?” E nós estamos tentando ajudar.
P/2- E como vocês organizaram?
P/1- Como você bolou essa organização aqui? Quem foi, foi você?
P/2- Quero o segredo.
P/1- É. O segredo é esse.
R- O segredo. Isso daí foi muito difícil. Eu acho que foi muito difícil, porque não tinha controle nenhum. Tinha planilha de doações que entraram. Mas, as doações que entraram numa campanha, vamos dizer de 2002, elas se misturavam com as de 2003, ficava tudo misturado. A Elaine... eu cito muito a Elaine que foi ela mais que deu essa explosão, né? Que mais procurou jeitos, idéias nossas pra estar organizando. A primeira foi contar, a segunda foi separar equipamento com equipamento.
P/2- Por que estava antes...
R- Estava tudo misturado. Fizemos isso, vamos procurar um outro local. Que o local que nós estávamos, sem condições.
P/2- Que era da Amcham?
R- A Amcham cedeu um local pra nós, duas salas, piso taqueado.Colocamos as prateleiras. Isso já montado e... aí, daí das prateleiras nós consideramos ter um controle maior, do que saía, do que entrava. Isso daí, se for contar pra vocês passo a passo, é meio, é longo. E também, às vezes, eu não lembro. Eu tenho que ver alguma imagem. Uma dica pra vocês é que tem uma apresentação de como nós nos organizarmos. A Elaine está criando e ela vai lançar pra rede. Não sei se ela já lançou, mas ela vai lançar. Tipo, retrospectivas, passo a passo. Que a matriz pediu isso, pra estarmos fazendo. Foi trabalhoso, mas está feito.
P/2- Pelo jeito, conseguir as estantes, foi uma coisa importante pra CDI.
R- Foi um marco. Foi um marco.
P/2- Porque antes era amontoado.
R- Era amontoado, mesmo. As estantes foram um marco pro CDI São Paulo, né? Conseguimos uma sala, com as estantes, tinha uma outra sala que os equipamentos estavam no chão ainda. Vamos conseguir a estante. Conseguimos. E hoje, nesse estoque que nós temos aqui na Barra Funda, temos um espaço enorme. Só que as prateleiras já não rendem mais, precisamos de mais. Já estamos sonhando com um outro local com piso, fora aquele paralelepípedo. E conseguir mais prateleira, pra estar organizando nas prateleiras, em vez de estar no chão, como vocês viram lá.
P/2- O que que muda o piso? O piso é importante pelo jeito.
R- É que aquele paralelepípedo não equilibra. E o paralelepídeo nós temos, assim, sonho só deixar pra entrada de carro, alguma coisa assim. Só pra recepção mesmo, entendeu? Que o resto nós quer jogar piso ali em tudo, pra deixar o local agradável para as visitas, pra doador que vem, limpeza, que é fundamental, né? Porque também o que auxiliou bastante nossa evolução, assim, foi estar trabalhando num local agradável. Que, na época, nós trabalhávamos meio: “Que que eu faço, como é que eu faço?” Agora, com o local mais agradável, nós conseguimos já estar indo sozinhos. A Elaine só acompanha. Que foi nosso desenvolvimento, hoje nós já... Às vezes tem que dar uns empurrão, mas...
P/1- E o estoque atualmente, ele está comportando tudo, ou vocês já tem previsão que daqui a pouco ele já não vai estar dando mais conta, vai ter que expandir? Como é que está isso daí?
R- Com as prateleiras, nós já vemos que não estamos dando conta mais. Nós já estamos vendo possibilidade de estar pegando mais divisórias, e estar montando prateleiras. Agora chegada de equipamento aumentou muito. Não o caso de computador, mas chegou muita impressora, muito scanner. Eu falei: “Agora tem que dar saída, né?” Vamos dar, vamos evacuar nosso espaço pra estar chegando mais. Já estamos vendo isso daí. Está indo pra manutenção, está voltando, vamos procurar organizações pra estar ganhando doações, né?
P/1- Fagner, tem alguma coisa que você queria falar que a gente não perguntou, algum, exemplo que você queria dar?
P/2- Alguma coisa que marcou
P/1- É, alguma coisa que marcou.
P/2- Ali, do depósito, um dia que pra você, você não esquece.
R- Teve na mudança lá da Zona Sul, da Chácara Santo Antônio pra cá, pra Barra Funda, a Elaine. Ela me jogou na minha mão, assim, falou: “Você vai receber, você vai organizar pintor, eletricista, montador de prateleira.” Falei: “E agora?” Eu pensei que, pra mim, eu não sei se eu vou conseguir. Ela falou: “Você consegue.” E eu fiquei o dia inteiro, o pessoal chegou aí, no fim da tarde, falei: “Nossa, meu deus, e agora?” Mas rolou normal, o pintor vinha e eu falando com a Elaine, eu: “Espera aí.” Ajudei pintor, ajudei eletricista, ajudei pessoal que estava trazendo os equipamentos de caminhão. “Onde eu coloco?” Procurei fazer da melhor forma possível. Eu acho que esse daí foi o dia que eu mais trabalhei pelo CDI, entendeu? Não em força, em peso, mas faz aquilo, faz isso, tal. Que era mais complicado. Pra mim, eu sempre falo pra Elaine, que usar a cabeça é mais cansativo do que usar o corpo.
P/1- E o que que você achou de dar esse depoimento Fagner?
R- É... eu gostei porque o CDI eu já tenho...como uma escola, como uma família. E é legal você falar de você, e do que você está fazendo pela sua organização, né? E o que você está fazendo pela organização o produto final é super gostoso de ver, super legal de ver. O produto final nosso é as EICs funcionando, no padrão CDI.
P/1- O que você achou dessa idéia do CDI de fazer esse projeto de memória, pegar a memória do pessoal?
R- Achei legal, achei super legal isso. Ainda mais aqueles depoimentos que estava tendo lá no estoque. Eu falei: “nossa acho que vai ficar super legal, porque no estoque do CDI, entrevistando pessoas que fizeram parte do CDI, vai ser super 10 pra mídia, pra divulgar.” Estava conversando com o pessoal da equipe lá. Ele falou: “Não entendi.” Eu falei: “ É, estoque do CDI, pessoas que fizeram parte, fazem parte do CDI, tem tudo a ver, né?”
P/1- Mesmo atrapalhando o dia-a-dia de vocês um pouquinho. [risos]
R- É, no dia que vocês estavam lá foi meio... estava light nosso dia, ainda bem, estava light. [risos]
P/1- Está certo, Fagner, a gente agradece em nome do Museu da Pessoa e do Memória do CDI a sua entrevista. Obrigado.
R- Obrigado.
-----FIM DA ENTREVISTA----
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