No penúltimo dia do ano de 2007, precisamente as 10h50, fiquei mais pobre com a irreparável perda do meu pai. Ele, que durante nove décadas apresentava uma saúde invejável, de repente apresentou um estado clínico cujos procedimentos médicos não foram suficientes para reanimá-lo.
Viajou para outro plano onde tudo lá é bem diferente do nosso e certamente todos nós iremos um dia.
Deixou muitas saudades, que levaremos até onde nosso bom Deus determinar.
O Prof. Arnaldo Leite foi um dos pioneiros na educação do nosso estado. Saía de casa em direção às praias, ao brejo, ao Cariri fiscalizando as escolas públicas tendo como transporte simplesmente um cavalo. Passava semanas mapeando os problemas que eram encaminhados ao Departamento de Educação para as providências devidas. Lembro-me que em certas viagens apreendia algumas palmatórias que eram usadas nas escolas.
Na nossa casa, ele recebia professoras, diretoras para resolução de diversos problemas. Foi assim por muitos anos que meu pai deu sua contribuição à educação do nosso estado.
Nas horas de folga, não se esquecia dos filhos. Graças a sua intervenção eu aprendi a tabuada, lições de gramática, geografia, história da Paraíba, noções de notas musicais etc. Obrigava-me a fazer ditado e ler. Como todo menino, enrolava, fazia que estava lendo.
Na mesa, não deixava almoçar caso chegasse sem camisa. Todo santo dia tinha que pedir-lhe a bênção. Isso ele fazia questão.
Não fumava, nem gostava de bebida alcoólica. Lembro-me, eu ainda criança, lá na cidade de Itabaiana, numa festa. Chegou em casa com umas na cabeça. Dizia para minha mãe que estava rico. Foi só essa vez, nunca mais o vi daquele jeito.
Gostava de ir ao cinema, de ouvir rádio, depois televisão, alinhavava um violão, era fã de Chico Alves, Agnaldo Rayol, Carlos Galhardo, Orlando Silva, Orquestra Tabajara, músicas de Ray Conniff. De futebol, só Copa do Mundo. Sua revista predileta era Seleções. E um...
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No penúltimo dia do ano de 2007, precisamente as 10h50, fiquei mais pobre com a irreparável perda do meu pai. Ele, que durante nove décadas apresentava uma saúde invejável, de repente apresentou um estado clínico cujos procedimentos médicos não foram suficientes para reanimá-lo.
Viajou para outro plano onde tudo lá é bem diferente do nosso e certamente todos nós iremos um dia.
Deixou muitas saudades, que levaremos até onde nosso bom Deus determinar.
O Prof. Arnaldo Leite foi um dos pioneiros na educação do nosso estado. Saía de casa em direção às praias, ao brejo, ao Cariri fiscalizando as escolas públicas tendo como transporte simplesmente um cavalo. Passava semanas mapeando os problemas que eram encaminhados ao Departamento de Educação para as providências devidas. Lembro-me que em certas viagens apreendia algumas palmatórias que eram usadas nas escolas.
Na nossa casa, ele recebia professoras, diretoras para resolução de diversos problemas. Foi assim por muitos anos que meu pai deu sua contribuição à educação do nosso estado.
Nas horas de folga, não se esquecia dos filhos. Graças a sua intervenção eu aprendi a tabuada, lições de gramática, geografia, história da Paraíba, noções de notas musicais etc. Obrigava-me a fazer ditado e ler. Como todo menino, enrolava, fazia que estava lendo.
Na mesa, não deixava almoçar caso chegasse sem camisa. Todo santo dia tinha que pedir-lhe a bênção. Isso ele fazia questão.
Não fumava, nem gostava de bebida alcoólica. Lembro-me, eu ainda criança, lá na cidade de Itabaiana, numa festa. Chegou em casa com umas na cabeça. Dizia para minha mãe que estava rico. Foi só essa vez, nunca mais o vi daquele jeito.
Gostava de ir ao cinema, de ouvir rádio, depois televisão, alinhavava um violão, era fã de Chico Alves, Agnaldo Rayol, Carlos Galhardo, Orlando Silva, Orquestra Tabajara, músicas de Ray Conniff. De futebol, só Copa do Mundo. Sua revista predileta era Seleções. E um jornal. Tinha muito orgulho dos seus irmãos, Antonio Leite (in memória) e Ascendino Leite, considerado un ícone da literatura brasileira.
Já um pouco calvo, não dispensava o uso de un boné. No seu bolso tinha que ter um pente. Se o tempo estivesse nublado, não relaxava um guarda-chuva.
Deixou uma irmã, um irmão, minha mãe, seis filhos, doze netos, três bisnetos, três noras e três genros.
Descanse em paz, meu Pai, nós continuaremos transmitindo aos seus netos e bisnetos todos os ensinamentos que o Senhor nos passou. Tenho orgulho de ter sido seu primeiro filho. A bênção, meu Pai
(História de 29 de dezembro de 2008)
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