P - Nelson, você podia dizer seu nome completo, data e local de
nascimento?
R - Nelson Santos. Nasci em São Paulo no dia 28 de setembro de 1956,
São Paulo, Capital.
P - Nelson, você se lembra qual foi o seu primeiro emprego?
R - Meu primeiro emprego foi na Petrobrás. Eu tinha ...Continuar leitura
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Nelson, você podia dizer seu nome completo, data e local de
nascimento?
R - Nelson Santos. Nasci em São Paulo no dia 28 de setembro de 1956,
São Paulo, Capital.
P - Nelson, você se lembra qual foi o seu primeiro emprego?
R - Meu primeiro emprego foi na Petrobrás. Eu tinha 17 anos quando eu
comecei a trabalhar na Petrobrás, na Bahia, na Refinaria de Mataripe. E
de lá pra cá já tem, foi em 1973.
P -
E me conta: você se recorda do dia que você recebeu seu primeiro
salário?
R - Recordo. Recordo, pra mim foi uma alegria muito grande. Primeiro,
jovem, numa outra realidade, outro país. Vivíamos no regime militar e
foi uma experiência muito positiva.
P -
Você podia contar aí um primeiro de maio inesquecível que você
participou?
R - Bom, o primeiro de maio de 1979, 77 ou 79, lá na Bahia. O nosso
sindicato era o Sindicato dos Petroquímicos, Químicos e Petroquímicos.
E o governador era o Governador Antônio Carlos Magalhães. E faltando
uma semana pro primeiro de maio ele baixou um decreto proibindo reunião
e concentração em qualquer praça pública. E nós resolvemos, o único
sindicato combativo que tinha na Bahia era o nosso. Nós resolvemos
fazer de qualquer jeito. E começamos a organizar, distribuir cartazes,
fazer pichação. Vários companheiros foram presos. E meu pai é militar.
E meu pai me avisou que no dia anterior ao primeiro de maio iam prender
todos nós e não iam deixar mesmo fazer o primeiro de maio, iam reprimir
violentamente. E aí tivemos uma reunião da diretoria muito debatida e
resolvemos negociar com o governador a realização do primeiro de maio.
E conseguimos conversar com o Coronel, o Comandante, o Secretário de
Segurança Pública, e conseguimos fazer um acordo pra realização do
primeiro de maio. Foi um primeiro de maio muito bonito lá em Salvador,
e marcou muito aquele primeiro de maio.
P -
E, Nelson, o primeiro Primeiro de Maio do Governo Lula, em 2003,
onde você estava?
R - Eu estava aqui. Eu vim no primeiro de maio de 2003, vim no de 2004
e estou agora no de 2005.
P -
E, pra quem não estava, como foi o de 2003? Você se recorda?
R - Recordo. O primeiro de maio de 2003, como primeiro de maio, acho
que foi interessante porque ele teve um simbolismo maior naquele
primeiro momento, porque foi um primeiro de maio que aconteceu aonde
não se tinha um clima de tensão com os órgãos de segurança, enfim,
conseguimos fazer com muito mais desenvoltura o primeiro de maio no
Governo Lula do que nos governos anteriores. Então eu acho que ele
marcou por isso. O segundo eu acho que já foi o da apoteose. O de 2004
foi o primeiro de maio que explodiu mesmo, e acho que esse também vai
ser a confirmação desse processo.
P -
Ano que vem o primeiro de maio faz 120 anos. Você, como liderança
dos trabalhadores, (trecho inaudível) o quê que representa o primeiro
de maio?
R - Bom, o primeiro de maio representa uma luta que a classe
trabalhadora teve há 120 anos atrás pra ver normatizado algumas coisas
que hoje a gente já tem normatizado muito mais avanço do que precisa
avançar mais. Então, o primeiro de maio precisa ser resgatado,
inclusive a CUT tem feito isso, como um dia de comemoração da luta dos
trabalhadores e não apenas como o dia do trabalho, como alguns tentam
colocar. Eu acho importante que, nesses 120 anos, a gente conseguiu ter
uma trajetória de conquistas e de lutas, e que muitas lutas ainda
precisam ter. Inclusive o nosso Presidente ontem, no programa com a
CUT, já colocava isso. Agora é preciso que a classe trabalhadora comece
a discutir outro patamar de organização, onde a organização no local de
trabalho seja o objetivo principal, pra que a gente possa levar a
democracia não só pro país que a gente vive mas também no local de
trabalho. E pra ter democracia no local de trabalho é preciso ter
organização no local de trabalho.
P -
Pra terminar, eu gostaria que você contasse uma história aí de
luta, de mobilização que aconteceu aí durante a sua trajetória.
R - Bom, durante a trajetória, quando eu fui dirigente da Central Única
dos Trabalhadores, a primeira greve geral que a CUT conseguiu realizar,
e a Bahia foi um dos estados, juntamente com São Paulo. Na realidade
foram três estados que a greve conseguiu uma adesão extremamente
expressiva. Foi São Paulo, a Bahia e Rio de Janeiro. E pra mim foi um
momento marcante, de consolidação da Central Única dos Trabalhadores. A
primeira greve geral de 82, quando a CUT fez a primeira greve geral. E
ela marcava uma luta e uma história que a gente conseguiu fazer,
mostrar pra sociedade a importância. Porque logo depois começou-se a
negociar com a escala móvel de salário, começou a negociar uma proposta
de redução, inclusive da inflação, de acoplar alguns mecanismos de
proteção de salário contra a inflação. Então eu acho que a luta
mais importante que teve na minha vida, naquele momento, foi esse.Recolher