Meu nome é Daniela Alessandra dos Santos. Nasci em 5 de abril de 1989, em Mogi Mirim. Meus pais são Edméia Aparecida dos Santos e Celso Ângelo Piconi. Minha mãe nasceu em Itapira, dia 28 de outubro de 1954. Meu pai eu não sei. Minha mãe está quase se aposentando, mas ela era diarista, trabalhava em casa de família mesmo e meu pai não mora com a gente. Então eu não conheço o meu pai, na verdade, ele mora em Campinas então não tive muito contato com ele. Quase nenhum contato com ele. Quando eu era pequena, tinha acho que três anos, ele já foi embora de casa então não tive nem contato. Na verdade eu nunca o vi. Eu também nunca tive interesse em procurar também. Minha mãe falava com ele por carta só, mas ele não assumiu a gente, eu e o meu irmão no caso, então a gente não teve contato. Só a minha mãe criou a gente mesmo. Meu irmão é Daniel Augusto dos Santos. Tem 28 anos, trabalha numa firma como pintor. Minha mãe batalhadora, guerreira, criou eu e o meu irmão sempre sozinha, mas sempre com muita fé, muita garra. O que ela quer ela vai atrás, ela consegue. Mesma coisa eu peguei isso pra mim, eu tive minha mãe como um exemplo na minha vida, porque se ela conseguiu qualquer coisa eu também posso conseguir. E minha mãe é tudo, é a base, está sempre comigo me apoiando, sempre veio assistir minhas apresentações. Está sempre dando conselhos positivos pra mim, mostrando-me que a vida pode ser melhor. Na verdade, eu fiquei muito com a minha avó, morava com ela. Minha avó fazia festa de São Gonçalo que é uma tradição que ela seguiu do pai dela que seguiu do pai dele no caso e ela continuou seguindo essa tradição. Então eu não lembro bem a data que ela fazia essa festa de São Gonçalo, a gente corria atrás de prendas, batia nas casas pra ajudar com comida, essas coisas, pra fazer a festa pra comunidade.
A casa da minha avó era bem grande, tinha o quintal com galinhas, galos, animais em geral. Tinha pé de acerola, de...
Continuar leituraMeu nome é Daniela Alessandra dos Santos. Nasci em 5 de abril de 1989, em Mogi Mirim. Meus pais são Edméia Aparecida dos Santos e Celso Ângelo Piconi. Minha mãe nasceu em Itapira, dia 28 de outubro de 1954. Meu pai eu não sei. Minha mãe está quase se aposentando, mas ela era diarista, trabalhava em casa de família mesmo e meu pai não mora com a gente. Então eu não conheço o meu pai, na verdade, ele mora em Campinas então não tive muito contato com ele. Quase nenhum contato com ele. Quando eu era pequena, tinha acho que três anos, ele já foi embora de casa então não tive nem contato. Na verdade eu nunca o vi. Eu também nunca tive interesse em procurar também. Minha mãe falava com ele por carta só, mas ele não assumiu a gente, eu e o meu irmão no caso, então a gente não teve contato. Só a minha mãe criou a gente mesmo. Meu irmão é Daniel Augusto dos Santos. Tem 28 anos, trabalha numa firma como pintor. Minha mãe batalhadora, guerreira, criou eu e o meu irmão sempre sozinha, mas sempre com muita fé, muita garra. O que ela quer ela vai atrás, ela consegue. Mesma coisa eu peguei isso pra mim, eu tive minha mãe como um exemplo na minha vida, porque se ela conseguiu qualquer coisa eu também posso conseguir. E minha mãe é tudo, é a base, está sempre comigo me apoiando, sempre veio assistir minhas apresentações. Está sempre dando conselhos positivos pra mim, mostrando-me que a vida pode ser melhor. Na verdade, eu fiquei muito com a minha avó, morava com ela. Minha avó fazia festa de São Gonçalo que é uma tradição que ela seguiu do pai dela que seguiu do pai dele no caso e ela continuou seguindo essa tradição. Então eu não lembro bem a data que ela fazia essa festa de São Gonçalo, a gente corria atrás de prendas, batia nas casas pra ajudar com comida, essas coisas, pra fazer a festa pra comunidade.
A casa da minha avó era bem grande, tinha o quintal com galinhas, galos, animais em geral. Tinha pé de acerola, de manga, jabuticaba, essas coisas, então sempre vivi assim nesse meio. Minha avó era super animada, eu peguei isso dela também. O nome dela é Josefina Felix dos Santos. Pra mim ela não era brava. Minha mãe disse que ela era bem brava com ela e com os filhos. Ela olhava, todo mundo já parava de fazer o que estava fazendo, prestava atenção nela, mas pra mim ela sempre fez minhas vontades. Eu acho que avó é sempre assim, faz as vontades dos netos. E ela era muito legal, viajava comigo nas ideias, ela meio que era uma criança junto comigo ali, mas quando tinha que me corrigir ela corrigia também. Mas eu achava que minha avó não cresceu assim, ela sempre teve aquela mente, aquela alma de criança, isso que eu mais me identificava com ela por causa disso, entendeu? Uma pessoa superboa, superpopular no bairro, todo mundo conhecia a minha avó por fazer a festa, então acho que ela viveu bem o tempo que ela ficou aqui com a gente.
A gente brincava de tudo, na verdade esconde-esconde era a melhor assim, à noite ainda. Todo mundo, aquela coisa, com medo assim de sei lá, aparecer alguém, acontecer alguma coisa, tal. Mas esconde-esconde era muito bom, a gente brincava de caça ao tesouro também na rua. Uma brincadeira bem bobinha, no final achava uma caneta que era o grande tesouro, que a gente não tinha nada de tão valioso pra colocar. Mas era essa, mais caça ao tesouro e esconde-esconde que eu gostava muito. A gente brincava de taco também, todas essas brincadeiras era tudo misturado menina com menino. Nossa, a gente brincava demais! Muito bom. Brinquedos a gente criava algumas coisas na hora tipo taco, pegava um pedaço de pau, bolinha de tênis, mas eu tinha também o patinete, eu gostava muito, patins também. Primeiro eu queria ser médica, depois eu não queria mais, eu queria ser atriz. Isso aí ficou pro resto da minha vida, que eu queria ser mesmo atriz, quero ser ainda, vamos ver se eu realizo. Mas é isso, eu quero ser atriz, continuo com essa vontade ainda. Foi quando eu vi o desfile do ICA, que aí o ICA começa a entrar na minha vida, quando eu vi o desfile no aniversário da cidade, que foi dia 22 de outubro. Foi em 98 isso. Eu os vi desfilando, aquela criançada toda pintada, com roupas coloridas, pulando pra lá e pra cá, aquele som muito alto, muito legal. Ali eu falei, eu estava junto com a minha mãe ainda, eu falei pra ela: “Mãe, eu quero participar disso. Eu quero ser atriz, eu quero estar junto com eles, com o rosto pintado, com aquela roupa colorida”. Eu acho que foi ali que eu comecei a me identificar com isso, com a arte em geral. Eu tinha oito anos nessa época.
Na escola já foi direto do pré, bem pequenininha. Na verdade eu não lembro muita coisa dessa época, eu sei que eu já fazia bastante bagunça assim, conversava bastante. Eu lembro mais da quarta pra frente. Da quarta série pra frente que eu ajudava a professora porque como eu tinha muita energia então pegava pra ajudar, pra ocupar a cabeça e não ficar atrapalhando os outros. Então eu ajudava, escrevia na lousa, apagava a lousa, entregava os cadernos, entregava os lápis, essas coisas. Sempre estava aqui, na ativa. E depois sétima série, oitava série, eu fui ficando mais calma, mais centrada, não brincava tanto, já estava no ICA também, tinha outros pensamentos, já era mais focada. Mas de lembrança boa assim foi mais na quarta série. Depois ensino médio também não tenho tanta lembrança legal assim e depois a faculdade, que aí é outro nível, é mais focado, mesmo assim a gente brincava um pouco. Tem que ter a diversão senão não tem graça, tem que se divertir também, mas é mais isso mesmo da época de escola assim. Era perto de casa mesmo, eu ia a pé com algum coleguinha ou sozinha mesmo. Bem pertinho de casa mesmo, ia e voltava a pé.
Eu entrei no ICA na verdade com nove anos e fui gostando muito, aproveitando as aulas, envolvi-me com a arte que eu achei que ia ser um complemento, mas eu vejo que é o carro chefe na minha vida, que é o que me move, que é o que me puxa, impulsiona-me pra fazer as coisas. Então eu fui me destacando nas artes, em especial o circo, que é o que eu mais gosto, mas gosto muito de música, teatro e dança, tudo que envolve arte eu estou lá. Me tornei monitora com 16 anos. Eu auxiliava o professor na época. Então aí eu já comecei a ter uma ajuda de custo básica e aí já comecei a ajudar em casa. Foi com 16 anos. Fui me destacando, eu tive vários desafios que era passar dessa fase educanda pra educadora, monitora, quase uma educadora já. Com 18 anos, eu fui registrada aqui no ICA como educadora mesmo e estou até hoje, graças a Deus. Daí com 18 anos já tudo certinho, comecei a tirar a minha carta, consegui, paguei certinho, já tirei minha moto, tenho meu próprio automóvel agora, ajudo em casa, como eu já falei. Então foi a partir dessa época aí que eu comecei a ajudar. Eu conheci o ICA no desfile. Eu acho que foi minha mãe que correu atrás dessa vaga pra mim, que ela queria que eu fizesse alguma coisa diferente. Por mim eu estava bem, não ia ter mudança nenhuma, continua assim. Eu fui pro Educandário e depois eu vim pro ICA, certo, com dez anos. E aconteceu essa história de ter as aulas de arte. Na época era mais reforço mesmo que a gente tinha, tinha aula de bordado, tinha caratê também. Fui fazendo. O que aparecia eu ia fazendo, sempre participativa mesmo, tem que aproveitar, né? Já que eu estava ocupando um espaço a gente tem que dar valor. Então foi bem assim, eu acho que eu aproveitei bastante essa época, tenho muita saudade de ser aluna, mas mesmo assim eu acho que eu fiz meu melhor na época que eu tava aqui como aluna. Foi assim que eu conheci o ICA. O que eu mais me identifiquei, como eu disse, foi o circo e foi quando eu aprendi três bolinhas e quando eu aprendi a tocar flauta na aula de música. Pra mim, nossa, foi o sonho realizado, que eu achava superdifícil chegar a três bolinhas e eu estava ali conseguindo, consegui tocar a minha primeira música na flauta também, foi um sonho maravilhoso. E também os passeios que a gente tinha. Estando no ICA já viajei de avião também, que foi uma coisa, nossa, supermarcante, eu morrendo de medo a primeira vez, fui sozinha.
Eu acho que eu fui descoberta, não fui nem eu que descobri. O educador me chamou, ele me chamou pra fazer um teste pra ser monitora na época. E como eu já me destacava bastante no circo, sempre ajudava, porque o circo é muito amplo, não é só uma coisa, tem malabares, acrobacia, equilíbrio, palhaço, pirâmides, bastante trabalho em grupo, então eu gostava dessa coisa bem dinâmica. Então ele me chamou pra ser monitora, fiquei com medo de aceitar esse desafio, mas aceitei e foi assim que tudo começou. Eu comecei a pesquisar, comecei a ler, correr atrás das coisas, ver vídeos, observar pessoas, assistir apresentações, mas nunca deixei o teatro, a dança, de lado, a música também não. Mas o meu foco mesmo é o circo que foi nessa época que eu comecei a dar aula.
ICA significa Incentivo a Criança e o Adolescente. É uma instituição que atende crianças e adolescentes de dez a 18 anos aqui na sede. Eu sei que as pessoas fazem doações e o Criança Esperança ajuda instituições. É isso que eu sei basicamente. Sempre vi na Globo, passando na televisão e vejo, passam algumas instituições, alguns depoimentos também, das pessoas que são contempladas com esse apoio. É um recurso muito importante porque instituição é movida por doações, então a gente sempre precisa e mais apoios. Então quando vem um apoio desse eu acho que é importante pra manutenção de materiais, comprar materiais novos, melhorar a sede mesmo, construir algumas coisas, dar mais oportunidade pras crianças terem viagens, passeios. Eu acho que vem de uma maneira muito positiva assim porque nunca é demais e é uma causa muito boa, ajudar as crianças que são o futuro da nossa nação. Eu não tenho muito contato, mas eu acredito que o repasse aqui no ICA tenha sido pro projeto Carpe Diem, pras aulas de música, teatro, circo e dança. Eu lembro que compraram mais materiais novos também, melhoraram as salas, a gente foi assistir algumas peças, fomos viajar também. Foi mais pra isso, aquisição de novos materiais, passeios, arrumar alguma sala, alguma coisa. Acho que foi pra isso mesmo. Acho que Mogi Mirim sem o ICA não teria tanta perspectiva de futuro assim, porque as crianças iam fazer o que? Iam fica na rua aprendendo coisa errada. Eu acho que o ICA consegue atender bastante crianças e a ideia é atender a cidade inteira. Acho que quem sai mais ganhando com isso é a comunidade e as crianças como um todo. Sem o ICA não tem assim nada de atrativo pra eles, não tem nada pra fazer, o bairro não oferece, a cidade também não oferece nada de interessante. Então esse apoio eu acho que vem de uma forma positiva e que ajuda muita gente, que as crianças deem valor também, que não adianta só o projeto apoiar e a criançada também não participar. Mas é diferente, o ICA a criançada vem, sim, apoia bastante, a criançada aproveita o que tem. E que continue apoiando porque vale a pena, tem bons frutos, tem bons resultados, certo? Eu acho que está valendo a pena sim. Quando eu era aluna eu mais recebia. Eu só aprendia o que me ensinavam e passando pra monitora e educadora você tem que se doar, você não só aprende pra você, você aprende pra ensinar alguém. Eu acho que esta é a melhor parte, de você poder passar o seu conhecimento, que é uma coisa que eu já fazia, mas não tinha o espaço pra isso, eu fazia como aluna. Hoje eu tenho uma função, acho que é mais uma missão mesmo, porque ser professor não é simples. Você trata com vidas, você lida com vários tipos de alunos, você tem que se colocar no lugar do outro, entender o que ele está passando naquele momento. Nem sempre os alunos vêm bem, tem aqueles alunos mais agitados, às vezes o dia está meio turbulento, às vezes você não está bem, você tem que saber lidar com as suas emoções, lembrar que você está ali pra formar, pra educar, pra ajudar o seu aluno. E eu aprendo muito com eles, eles me ensinam demais. É uma troca, eu ensino, aprendo com eles. Estou sempre disposta a ouvir, a gente além de ensinar a gente dá conselhos também de vida mesmo, como é que você está, como é que está lá em casa? Não é só passar a técnica por passar, é algo além, a gente tem uma amizade além de ser educador. Então eu acho que mudou bem isso a minha visão do ICA, agora eu acho que eu tenho um lugar mesmo que as pessoas me esperam, a criança me espera pra aprender algo novo, pra ouvir um conselho, pra ouvir um oi, pra ouvir um bom dia, um abraço. Acho que isso faz total diferença na vida deles, porque nem sempre em casa tem um abraço da mãe, tem um bom dia do pai. Então a gente está aqui pra isso, além de ensinar ter esse cuidado, esse olhar cuidadoso com os nossos alunos. Me inscrevi na faculdade para pedagogia, fiz vestibular, tudo certinho, passei e graças a Deus fiz os quatro anos, terminei o ano passado.
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