O sonho inicia em terceira pessoa, apenas observo duas pessoas, um homem e uma mulher. Acredito que as vezes a mulher possa ser eu, mas isso fica meio confuso. Os dois estão em um espaço que remete ao meu antigo quarto da infância, mas ele está sem móveis e cheio d`água. O homem está todo de ...Continuar leitura
O sonho inicia em terceira pessoa, apenas observo duas pessoas, um homem e uma mulher. Acredito que as vezes a mulher possa ser eu, mas isso fica meio confuso. Os dois estão em um espaço que remete ao meu antigo quarto da infância, mas ele está sem móveis e cheio d`água. O homem está todo de preto, usando uma espécie de roupa de mergulho, a mulher está sem equipamento, mas aparentemente consegue ficar sob a água. Eles estão conversando, ela fala que descobriram que pacientes com insuficiência respiratória poderiam melhorar se fossem submersos em água com equipamento de mergulho. Muda a cena e os dois agora estão em um espaço aberto, tipo um campo. Há um prédio em ruínas. Na parte superior da antiga fachada, há um objeto encaixado. O homem está atirando pedras nele. O objeto cai no chão e a mulher o pega. Inicialmente se parece com um pedaço de um anão de jardim, mas reparando bem, observo que a peça tem as feições do rosto da minha filha e, no caso, filha dela também, já que por vezes somos a mesma pessoa. O nome da criança também está entalhado na lateral. Ela explica para o homem que não se pode jogar pedras naquela fachada. Repentinamente, o sonho torna-se em primeira pessoa e estou chegando de trem em Porto Alegre. Encontro dois amigos em um restaurante. O local está cheio, começo a ficar nervosa pois ninguém, está de máscara, nem eu. Também me dou conta que andei de trem sem máscara. Pego alguns folhetos de propaganda e começo a usar na frente do rosto para tentar me proteger. Não acho local para sentar, todas as mesas parecem ter uma proximidade muito grande com outras pessoas e não quero me aproximar de ninguém. Vou até um canto, mas já tem um senhor oriental ocupando o espaço. Desço uma escada, nela tem um arranjo feito de macarrão. Como um pedaço e me dou conta que agora não poderei ir embora pois preciso pagar pela comida. Embaixo da escada há gaiolas cheias de gatos, estão bem cuidados e tem uma funcionária levando comida para eles. A fila para pagar percorre a lateral de um balcão. Eu paro ali, estou muito nervosa e com medo pela quantidade de gente, tenho medo de me contaminar. Sou empurrada para a frente e furo a fila sem querer, os homens que estão mais a frente começam a me xingar. Sei que devo voltar para o fim da fila, mas fico braba pois nenhum deles parece estar preocupado com o vírus. Durante todo o tempo, eu me angustio por ser a única pessoa preocupada com isso. Isso me dá muito medo e raiva. Do lado de fora, há um tradicional bar da boemia da cidade, que está sendo depredado. As pessoas estão penduradas na fachada, arrancando o letreiro de neon e jogando as letras longe. Alguém arranca uma letra “r”, que é a inicial do meu nome. Penso que gostaria de levar aquela letra pra casa, como souvenir. Acordo.
Que associações você faz entre seu sonho e o momento de pandemia?
Acredito que a água aparece como meu medo de contrair o vírus e ficar sem ar. Meu quarto da infância, como um local que seria uma espécie de “cura” da doença, remetendo a minha vontade de querer ficar protegida em casa, também uma volta à proteção da infância. O anão de jardim, realmente existe, tenho um na minha sacada, ele fica ao lado de um cantinho que arrumei para a minha filha pequena, de um ano e meio, brincar, talvez por isso a relação dele com a rosto dela no sonho. Tem sido difícil deixá-la em casa no período de quarentena, e acho que há uma culpa por ela estar trancada neste período da sua vida. A parte final me parece bem literal, sobre o medo que tenho das pessoas que não se importam ou não acreditam no vírus. A depredação do bar noturno, e minha vontade de pegar um souvenir, pode remeter à saudade de uma liberdade tolhida.Recolher