Projeto Memória, Identidade e Cultura - Grupo Pão de Açúcar
Depoimento de Celso Munhoz
Entrevistado por Cláudia Leonor (P/1) e Cíntia Farias (P/2)
São Paulo / SP - 24 de outubro de 2003
Realização Museu da Pessoa
Código do Depoimento: GPA_CB012
Transcrito por Marlon Alves Garcia
Revisado p...Continuar leitura
Projeto Memória, Identidade e Cultura - Grupo Pão de Açúcar
Depoimento de Celso Munhoz
Entrevistado por Cláudia Leonor (P/1) e Cíntia Farias (P/2)
São Paulo / SP - 24 de outubro de 2003
Realização Museu da Pessoa
Código do Depoimento: GPA_CB012
Transcrito por Marlon Alves Garcia
Revisado por Camila Catani Ferraro
P/1 - Bom, então vamos lá. Vou pedir para você falar de novo o seu nome completo, o local e a data de nascimento.
R - Bom, meu nome é Celso Munhoz, eu nasci em São Paulo, Capital, em 13 de Julho de 1953.
P/1 - O nome dos seus pais?
R - Bartolomeu e Ester. São falecidos já.
P/1 - Celso, me fala uma coisa, quando que você ingressou no Pão de Açúcar?
R - A minha história começa um pouco na Eletro-Radiobraz, com a fusão, com a compra do Pão de Açúcar da Eletroradiobraz, em 1976. Eu entrei na Eletro em 1971, a fusão foi em 1976. E eu trabalhei, efetivamente, no Pão de Açúcar a partir de janeiro de 1977, que eu fui trabalhar no Jumbo Aeroporto, que naquela época existia o Jumbo Aeroporto.
P/1 - Em 1971 você fazia o quê, exatamente?
R - Em 1971 eu entrei na área de crédito e cobrança, que era uma atividade na época muito... Os crediários, né, eram lugares assim onde o crédito era muito importante, os famosos carnês e tal, 24 prestações. E a Eletro vendia muito não-alimentos: móveis, eletrodomésticos e assim por diante. Então, a minha área era crediário. Depois disso eu cresci na própria Eletro-Radiobraz. Quando eu fui para o Pão de Açúcar eu já era gerente de magazine, magazine da São Bento. Foi quando houve a compra do Pão de Açúcar na Eletro.
P/1 - O que era o magazine nessa época?
R - Magazine era uma loja de departamento voltada para o não-alimentos, né, eletrodomésticos, móveis, ferramentas, camping, um pouco de têxtil. Quer dizer, era uma loja só de não-alimentos.
P/1 - Mas nessa época você fazia o quê, exatamente?
R - Eu era sub-gerente, cuidava junto com o gerente da loja, no segundo horário da loja. Praticamente a gente fechava 22 horas, né? Ainda fechava 22 horas, porque ficou pior depois.
P/1 - Era comum nessa época já fechar 22 horas?
R - Ah era, claro, era comum. Naquela época, um pouco depois disso, começou a gente abrir os finais de semana, entendeu, foi logo depois disso. Mas até 22 horas era normal a gente trabalhar. E nesse tempo eu morava na Zona Leste, então eu saía da São Bento, desci até o Parque Dom Pedro, pegava o ônibus. E muitas vezes, né, porque a gente saía tarde, 11 horas, passava do ponto, porque afinal de contas a gente tinha que voltar de novo com um outro ônibus para casa. Mas foi uma época muito boa também, eu aprendi muito naquela época.
P/1 - Você tem alguma história engraçada que você viveu no Jumbo nessa época?
R - É, o Jumbo já foi a partir de 1977, né, foi a minha vinda, que eu para o Jumbo Aeroporto. Eu fui substituir o gerente administrativo, que chamava Takashi, era um japonês encrenqueiro prá burro. E o Nestor Baena, que com aquele negócio da fusão foi tomar conta provisoriamente dos magazines, então me convidou para trabalhar no Jumbo Aeroporto com ele. E naquela ocasião eu assumi então como gerente administrativo do Jumbo Aeroporto. E nesse período, como em vários anos, foi a principal loja da companhia em faturamento, lucratividade, a importância dela na praça, na cidade. Quer dizer, o Jumbo Aeroporto, além do Jumbo Santo André ser um marco junto de inauguração, mas em termos de importância o Jumbo Aeroporto, tanto para a companhia como na cidade, foi um marco muito maior.
P/1 - Mas por que era um marco?
R - Porque era uma grande loja. Era uma loja que além de ter um grande supermercado, uma área de não-alimentos, ele tinha também na parte de cima o atacado, que naquela época também era uma novidade você ter um atacadão junto com um loja, né? Ele não durou muito, mas também foi um marco naquela ocasião. Pequenos mercadinhos, vendas, né, conhecidas no passado, a gente vendia lá também para esse pessoal. Então, foi uma época muito boa. O princípio do Pão de Açúcar foi maravilhoso. De lá para cá eu acho que eu fiz uma carreira muito, que eu mergulho muito, porque o Pão de Açúcar me deu todas as condições de estar ao mesmo tempo evoluindo como companhia e a gente, como funcionário, evoluir com ele.
P/1 - Agora, você me falou que começou no crediário, né, no carnêzinho, tudo. O que mudou nessas formas de pagamento, como que elas foram se modificando ao longo desses tempos?
R - É, a evolução efetiva dos meios de pagamentos, né, é que mudaram. Naquele tempo você tinha, as pessoas só compravam a prazo, praticamente. Se vendia muito móveis, tudo de uma forma geral, e como você não tinha cartão de crédito, como você não tinha outro meio de pagamento para pessoa de classes mais populares, nós fazíamos carnê, que eram carnês de 10, 12, 15. E normalmente, para aquela faixa que a gente vendia, de público, era acima de 24 meses. Então, a pessoa vinha na loja, comprava, tá certo, recebia o produto em casa e fazia um carnê de 24 prestações. E ele também vinha todo mês na loja pagar aquele carnê. Então, você aproveitava também para renovar os carnês.
P/1 - Vendia mais! (risos).
R - Renovar os carnêzinhos, entendeu? Então, não tinha o pagamento plástico, né, naquela ocasião era só carnê, o financiamento era tudo por carnê. E você aprovava as fichas na hora. As pessoas compravam, traziam a documentação, você fazia a ficha na hora, tirava informação na hora, as pessoas ficavam aguardando. Então, o crediário ficava lotado, tá certo, coisa assim de 30, 40, 50 pessoas esperando a ficha, a provação para levar. Então, foi uma época que em dezembro se vendia muito, as lojas ficavam superlotadas, principalmente no final do ano. Quer dizer, eram época que você tinha muito trabalho, tinha muita gente para atender, mas você também não via o tempo passar.
P/1 - Era bom?
R - Era rápido, era rápido. Bom e rápido.
P/1 - Você tem alguma história engraçada que você lembra, assim, dessa época?
R - Tem histórias... Antigamente, o consumidor, ele não tinha uma assistência efetiva dos direitos do consumidor, entendeu, então você tinha muita reclamação com problemas de mercadorias. Eu lembro uma vez que chegou um consumidor, claro, eu estava na loja também, mas isso era mais a área de loja, né? Mas ele chegou lá, que ele queria consertar e trocar o estabilizador. Porque naquele tempo os televisores usavam estabilizador para estabilizar a voltagem, porque senão queimava, aquele negócio subia e descia. E o gerente então não deu muita atenção para ele, né? Aí a loja lotada, aquele pessoal no crediário e tudo. Aí ele falou: “Ah, você não vai me trocar, você não vai me atender?” Ele ficou com tanta raiva que ele pegava os estabilizador e jogava no chão: “Pá!” E pisava em cima, e batia: “Não, você não vai me atender? Não quero mais, agora vou...” Sabe? Mas estraçalhou. E ele pisava, ele bateu, quase que ele teve um ataque cardíaco na loja, entendeu? Este caso ficou marcado, assim, por ser um negócio tão extraordinário. Na época, mesmo aquela época, né, as pessoas, era comum elas não terem um bom atendimento de retorno, tá certo? Quer dizer, a assistência técnica demorava muito, e tinha muita reclamação. Não tinha esse negócio de trocar mercadoria na hora, quer dizer, não tinha Código do Consumidor... Então, são períodos aí que... Naquele tempo, trabalhando, são coisas aí que aconteciam até com uma certa freqüência: reclamação de produto, por exemplo. Por isso que surgiu o código, né, para dar essa proteção aí.
P/1 - E a adaptação a esse código, como é que foi esse código?
R - Eu acho que a gente ainda tem muito caminho pela frente. O consumidor está cada vez mais, ano a ano ele vem conhecendo cada vez mais o seu direito, né, os seus direitos. E a gente está se adaptando cada vez melhor. E quanto mais você estiver atendendo o consumidor nos seus direitos, com certeza, mais você vai ter credibilidade e fidelidade. Esse é um dos nossos compromissos hoje também no Pão de Açúcar, é fazer com que as pessoas tenham com certeza os seus direitos aqui dentro, garantidos, né? Esse é um dos nossos compromissos também hoje em dia.
P/1 - Fala uma coisa: do Jumbo-Eletro, você passou depois para o Pão de Açúcar?
R - Eu tive uma época que... Antigamente a companhia, quando veio o Eletroradiobraz, tinha uma divisão que chamava Divisão Jumbo. Essa Divisão Jumbo era separada da Divisão Supermercado. Quando veio a Eletroradiobraz também se formou uma divisão. Quando eu vim para a Divisão Jumbo, eu trabalhava numa loja do Jumbo, então não tinha, assim, uma, eram separadas as divisões. Quando houve uma união entre a divisão Jumbo e Eletro, naquela ocasião, me convidaram para ir - nesse tempo foi o Machado, Valdemar Machado e o Simão, velhos companheiros que hoje não estão mais na companhia, mas traz muito boas recordações -, eles me convidaram para mim ir para o Ceará, ser gerente de operações no Ceará. Nesse tempo eu já era o que nós chamamos supervisor de Jumbo. Quer dizer, eu tomava conta do Jumbo de Santo André. Isso foi em 1986, e eu fui para o Ceará, ser gerente de operações lá do Ceará. Lá nós tínhamos três bandeiras, nós tínhamos 34 lojas, praticamente. Nós tínhamos magazines, nós tínhamos meia dúzia de Jumbos, nós tínhamos supermercado, e tínhamos os Minibox também, né? Então, era a melhor região fora do Estado de São Paulo, naquela ocasião, em faturamento e número de lojas. Era na região Ceará. E a partir daí eu tive várias fases, né, como gerente de operações. E depois a companhia, com a evolução e as mudanças de formato, as coisas foram se alterando também. Então, nós tivemos no passado a descentralização da companhia, como divisões A, B, supermercado, Minibox, Divisão Jumbo, Extra. Quer dizer, nós tínhamos aí uma série de coisas acontecendo. E as pessoas, depois desse período, eu saí do Ceará em 1989, fui para Natal, lá eu fui cuidar das lojas de Natal de supermercado e mini-box. Em Natal nós só temos supermercado e mini-box. Depois de Natal, que foi a praça que eu menos demorei, né, eu fiquei em Natal aproximadamente seis meses. Fui para o Rio de Janeiro cuidar também dos supermercados do Rio de Janeiro.
P/1 - Ainda em 1989?
R - A partir de 1989. Fiquei no Rio até 1994, princípio de 1994, cuidando dos supermercados. Ou seja, entre a minha ida no Ceará, que eu saí de São Paulo naquela ocasião, e voltar em São Paulo de novo, efetivamente, foi agora este ano, a partir deste ano. Então, de 1986 a praticamente 2003, todos esses anos eu fiquei fora de São Paulo, morando fora de São Paulo.
P/1 - Agora, quando você foi para o Rio, também 1989 para 1990, vem essa fase de reestruturação do Grupo.
R - Isso.
P/1 - Eu queria que você falasse um pouquinho disso.
R - É, foi uma fase muito difícil, uma fase de muita negociação, uma fase de muita economia. A gente, naquele período, a companhia tomou algumas decisões, eram necessárias, né, decisões bastante difíceis, com fechamento de lojas, com dificuldade até de pagamento de fornecedor em termos de demora, um prazo mais aqui, um prazo mais ali, umas negociações bastante constantes que nós fazíamos, né? E o pior desse processo todo foi realmente as decisões de mandar o pessoal embora, fechar loja. Mas que também eram as decisões corretas a tomar na ocasião, e necessárias. Então, nessa época eu cuidava dos mini-box no Rio de Janeiro, dos supermercados. E a gente fechou, com este período, né, nós fechamos alguns supermercados e praticamente todos os mini-box. Nós tínhamos 42 mini-box no Rio de Janeiro. A partir desta data a gente começou fechar, e depois de um pouco menos de dois anos, praticamente, a gente fechou todos eles. E três supermercados, na ocasião.
P/1 - E olhando, assim, hoje, esse crescimento que vive o Grupo, como você avalia esse período de recolhimento?
R - Eu acho que um pouco do poder da companhia e, principalmente, dos dirigentes da companhia, né, em particular Doutor Abílio. Quer dizer, eu acho que foi uma fase muito difícil, que a gente conseguiu superar, e por ele ser o que é, né, de visão e assim por diante. Eu acho que contratou as pessoas certas, trouxe gente de fora, acreditou, focou a companhia como principal ramo de negócio: supermercado. Que era o nosso negócio vender aí cebola, embora ele não goste, mas cebola, tomate, batata, arroz, foi essas decisões que fez a empresa ir para o rumo de novo, crescer de novo, contar com os funcionários de novo. Porque eu acho que além de eu ter todos esses anos, muitos colegas naquela época, que até que saíram, mas que também foram muito abnegados ao Pão de Açúcar. Quer dizer, sempre se esforçaram, dedicaram. Então, um pouco dessas decisões com os funcionários, que existiam, eu acho que foi o sucesso de novo da companhia. Essa renovação, essa nova forma de gerir o negócio, de investimento. Então, eu acredito que esse foi o sucesso da companhia. Claro que guiada pelo Doutor Abílio.
P/1 - Vamos falar um pouquinho deles, do Seu Abílio e do Seu Valentim. Você lembra a primeira vez que o você viu o Seu Valentim, quais são as lembranças mais antigas dele?
R - O Seu Santos teve sempre um carinho muito especial por todos os funcionários, e ele faz isso até hoje. Então, ele ia muito no Jumbo Aeroporto, como ele ia muito a vários lugares visitar, mas em particular no Jumbo Aeroporto a família, de uma forma geral, freqüentava um pouco mais. Era a maior loja que nós tínhamos. E a gente atendia bastante a família naquelas ocasiões, né, naqueles momentos. E Seu Santos era comum ele vir aí, ou de semana ou de final de semana visitar a gente. Quer dizer, Seu Santos sempre tinha um carinho especial para falar com a gente, para falar com cada um dos funcionários. A satisfação dele é perguntar por quanto as pessoas tinham: “Quanto tempo você tem de casa?”; E ficava contente de saber que as pessoas estavam mais, e as pessoas tinham um prazer enorme de conversar com ele porque ele tem um carinho todo especial, né, o Seu Santos. Então, isso era comum na loja, quer dizer, ele não vinha na loja só para ver a loja, ele vinha muito para cumprimentar os funcionários, para dar uma palavra, ver se estava tudo bem.
P/1 - Você lembra de algum conselho que ele te deu, alguma coisa assim?
R - Eu acho que o conselho do Seu Santos é um pouco de dedicação, um pouco de carinho, um pouco de cuidado com o consumidor, do cliente, você estar preocupado em atender rapidamente, entendeu? E ele tinha também pelo consumidor um carinho, né? Então, esse era um pouco o foco dele com a gente. Mas ele tinha um prazer enorme de ver que as pessoas estavam sendo bem atendidas e que os funcionários estavam contentes de estar ali com ele e tal. E hoje, ele faz isso até hoje. Você escuta ele falar que ele visitou uma loja ou outra. Constantemente ou semanalmente ele faz isso, ainda hoje, mesmo com seus 90 anos.
P/1 - E quando a família ia lá no Jumbo era uma visita ou eles?...
R - Não, eles iam fazer compras mesmo.
P/1 - Iam fazer compras. E vocês acompanhavam, como que era isso?
R - Não, principalmente as mulheres, né, naquela época as mulheres é que faziam as compras, a gente entregava. E às vezes vinham as encomendas também por telefone. Era comum a gente atender a família. O Nestor praticamente cuidava disso pessoalmente, né, a gente era mais de tratar. Mas, tanto a Dona Lucila com a ex do doutor, a falecida Rosaura, a mulher do Doutor Abílio. Então, quer dizer, a gente atendia ela com freqüência, elas, com freqüência, quer dizer, com uma certa freqüência. Que era também um prazer da gente, porque eles iam comprar. Quer dizer, era maravilhoso que a diretoria viesse na loja para fazer compra, a gente tinha muito orgulho disso, por ser a melhor loja na ocasião. Melhor loja porque tinha a maior variedade, tinha mais produtos. Então, naquela ocasião a gente tinha uma preocupação voltada para isso também.
P/1 - Foi lá que teve uma propaganda que vocês fizeram que tinha uma baleia inflável? Como que era?
R - É, no Jumbo era um negócio interessante... Isso é um pouco de fase, um pouco anterior, mas eu tenho alguns conhecimentos disso porque a gente fez alguns Jumbos por aí e fazia algumas festas, né? Nós tínhamos uma divisão de vendas e que tinha um cidadão lá que chamava Américo. E quando nós fazíamos algumas festas, ou mês de aniversário ou um mês sazonal que pudesse ter algum encontro. Como com o Papai Noel, só que você faria isso na semana da criança, por exemplo. Era comum a gente levar o elefante, fazia parte da festa, porque como era Jumbo. Então a gente trazia um elefante, tinha todo um formato de circo no passado, era muito legal, palhaços e tal. Era muito comum você colocar um circo no estacionamento. Nas lojas de Jumbo, que eram maiores, era muito comum isso, esse tipo de atração. Isso na ocasião fazia muito sucesso. E era comum nos nossos passeios, as nossas promoções principais, a gente levar um elefante, né? Mas isso em alguns momentos gerou um pouco de preocupação.
P/1 - Por quê?
R - Porque tinha muita gente, era um mundo de gente, entendeu? Ainda mais se de desse um troço naquele bicho, desse uma virada, sabe, sei lá, não estava no dia dele, entendeu, a gente começou a ficar com medo...
P/2 - Mas nunca aconteceu nenhum imprevisto?
R - Nunca aconteceu. Teve uns princípios, que na hora foi contornado, que assuste um pouco as pessoas que estão mais perto, entendeu? Mas era um risco que a gente não precisava correr, era um negócio... Mas o elefante fazia um sucesso danado. Nós chegamos a levar elefante, assim, menor, para criança andar. Mas isso era um risco que a gente corria. Era melhor levar um cavalinho (risos). Mas naquele tempo o principal era o efeito, né, por ser Jumbo, o efeito que o elefante dava, era diferente.
P/1 - Celso, me fala uma coisa. Assim, pensando em inovações tecnológicas ao longo desses tempos, o que você acha que mais mudou de tecnologia nas lojas?
R - Olha, de uns anos para cá, por exemplo, o PDV é um negócio maravilhoso.
P/1 - O que é?
R - O PDV é essa atual caixa registradora, tá certo, onde você cobra. Hoje ela é toda informatizada, né, um produto passa com um código de barras. Mas no passado não era assim, no passado nós tínhamos uma máquina, chamava Sueda, que era a máquina registradora, que ela funcionava… ela era mecânica, né, não era eletrônica. E quando tinha muito pico de energia você trabalhava na manivela. Então, passava um produto era tic, tic, tic, tic e na manivela. Quer dizer, o caixa tinha um pouco mais de trabalho, né, a mão direita geralmente era um pouquinho mais forte que a esquerda porque tinha que rodar a manivela. Essa tecnologia de evolução, por exemplo, a partir do PDV, para facilidade de compra, foi um negócio extraordinário, a rapidez com que hoje você passa suas compras, que você registra. Então, a partir daí a informática começou realmente a entrar no nosso dia-a-dia, né, os computadores. Que a gente já tinha, mas eu acho que o sentimento do consumidor a partir do momento em que você colocou o PDV na caixa, que é um ponto de venda informatizado, com balança para pesar na frente dele e já ir direto no sistema que você registrava um código, é um negócio maravilhoso, entendeu? Então, quer dizer, companhia... E esse período foi... A primeira loja que a gente colocou, a gente colocou num supermercado aqui em São Paulo, para experiência, mas a implantação mesmo começou pela Teodoro Sampaio, que é uma loja que na ocasião eu até estava lá. Foi um período que eu passei aqui em São Paulo, um período curto, de um ano, praticamente, que eu passei aqui em São Paulo e voltei para a Teodoro. E neste período nós fizemos então a transformação de máquinas, máquinas não mecânicas, claro, mas eletrônicas, de máquina registradora eletrônica para PDV informatizada.
P/1 - Qual foi a reação do público?
R - Excelente, excelente. O público, para ele era uma surpresa, entendeu, porque ele tinha todo uma balança para pesar, as balanças internas. Então, tudo isso para nós era uma novidade, para o cliente, então, nem se fala. Porque ele já não precisava mais esperar fila no meio da loja, você está entendendo, ele já fazia todas as compras pagando direto. Quer dizer, o cliente, antigamente, freqüentava as filas internas, principalmente na Teodoro, ia para o caixa, também enfrentava uma fila. Porque, sabe, se a gente fosse comparar o número de clientes, a gente tinha um pouco mais de volume de clientes na loja, na verdade. Então, para o cliente também foi muito bom essa evolução de tecnologia no nosso negócio. E facilitou nossa vida, né?
P/1 - E tem alguma inovação na parte de comunicação que você considera interessante, importante?
R - Comunicação, você diz, internamente?
P/1 - Interno e externo.
R - É, e para nós também era um formato, por exemplo, que também, tecnologicamente falando, foi excelente para as lojas fora do Estado de São Paulo. Porque toda essa transação que nós fazíamos era feita via telefone, né, as informações para cá. E vinha tudo em malote, a documentação, a parte da documentação, mapa de vendas, não sei o quê. Quando a gente começou informatizar e teve um sistema satélite, um sistema de envio de dados e recebimento de dados - Nossa! -, nossa vida, de uma forma geral, nas regionais, facilitou muito. E a informação quase que imediata. Hoje nós temos tudo on-line, em qualquer situação, em qualquer Estado. Mas naquele tempo a gente batia movimento de caixa, ia lá para o banco, o banco ia buscar. A gente mandava uns negócios de portaria. Hoje nada, hoje é tudo on-line. Inclusive, melhor para trabalhar (risos).
P/1 - Em relação ao Abílio Diniz, assim, como que você conheceu, a primeira vez que você teve contato, o que você lembra?
R - O Doutor Abílio, o contato, como a gente conhece o Doutor Abílio, todo mundo conhece o Doutor Abílio, mas ninguém tinha muita oportunidade com o Doutor Abílio naquela ocasião. Ou seja, a gente não tinha freqüência de ver o Doutor Abílio. Como a gente era da loja, então a gente não tinha muita... Mas o Doutor Abílio sempre foi o que foi, até pela forma dele ter, né, do homem sério que ele era, do empresário, né, e assim por diante. Então, a gente conhecia ali. Eu vim conhecer o Doutor Abílio, participar um pouco mais de reunião com o Doutor Abílio, assim, mais próximo dele, neste período das regionais, que a gente vinha de regional para São Paulo, para algumas reuniões mais próximas, né, todo mês, ou de dois em dois meses, então a gente tinha. Mas naquele o tempo o Doutor Abílio era mais na reunião anual, que ia toda a família, Seu Santos, ia todos os diretores principais. Naquela época era mais desse jeito. Ou quando ele ia no Jumbo Aeroporto, que teve algumas ocasiões que ele foi também.
P/1 - Agora, essas reuniões, você lembra, assim, das primeiras, qual foi a sensação que você teve?
R - As reuniões plenárias, que hoje chama plenária, mas antes nós tínhamos essas reuniões, eram na sala um. Eram reuniões, assim, que tinha os principais diretores de operações, comercial, tanto de administração, e que o Doutor Abílio sempre trabalhou e comandou essa reunião das segundas-feiras de manhã. Então, eu tinha uma preocupação enorme em estar participando dessa reunião, entendeu, que chegou um momento em que eu comecei a freqüentar também semanalmente essa reunião. Foi em 1995 que eu fui responder por Brasília, eu assumi Brasília naquela ocasião, aí eu participei um pouco mais dessas reuniões. A partir daí ficou, assim, uma constante, e semanalmente eu estava nessas reuniões. Então, foi um período aí em que a segunda-feira era duro, as participações nas reuniões era difícil. E Brasília era uma região, naquele período, um pouco problemática, né, com algumas dificuldades, então a gente era muito cobrado. Muito cobrado, o Doutor Abílio sempre foi um cara que cobrou muito. E eu acho que um pouco do que a gente é o que é, é por causa dessas cobranças dele. Tá certo que ele sempre foi muito exigente, então, eu acho que é por aí... Mas esse período das reuniões, o princípio, que você não está acostumado, era ruim porque... Não é que era ruim, era difícil porque a plenária, a plenária não, essa reunião de segunda-feira já tinha uma fama muito ruim, entendeu, que era a reunião de levar porrada, entendeu, de levar cacetada. E você, como não tinha, né, quer dizer, o seu desempenho não era um dos melhores, então você sabia que ali sobrava para você mesmo.
P/1 - Como que você se preparava para essa reunião?
R - Ah, já domingo já era um problema, já começava a pensar na reunião domingo à tarde (risos). Mas não foi também nada, assim, que pudesse dizer assim: “Olha, foi tortura!”; Não, não foi não. Nessas reuniões a gente acaba aprendendo muita coisa.
P/1 - Isso que eu ia falar. O que você aprendeu?
R - O sentimento delas, as pessoas que estão envolvidas e a própria cobrança do Doutor Abílio. É importante por causa disso, porque direciona você a algumas coisas até que você tem que efetivamente se preocupar, acompanhar, e você tem a experiência de outras pessoas no dia-a-dia. E às vezes não era a área da pessoa mas ele está lá contribuindo de alguma maneira. São acontecimentos que têm, que as pessoas falam e que você tem que aproveitar isso como um benefício, como uma contribuição positiva, entendeu, e ir para a frente. Não adianta ser de outra forma. Quer dizer, então, as críticas que vêm, seja lá do que for, de onde for, você tem que tomar isso como um ponto que você tem negativo, que pode ser melhorado. E críticas que é para melhorar realmente. Então, eu acho que é desta maneira que você consegue se preparar bem. E reunião, qualquer uma que seja, eu acho que você tem que estar preparado. Mas, agora, o negócio vem que vem mesmo, né, vem bravo.
P/1 - Agora, falando, assim, do perfil do Doutor Abílio, qual característica que você mais admira, assim?
R - Doutor Abílio é um cara muito sério, né? Já foi mais, hoje ele é mais divertido. Eu acho que o Doutor Abílio teve uma fase mais sisudo, mais sério, vamos dizer, mais bravo, vamos dizer assim. E teve uma fase do Doutor Abílio, é, mais light, Doutor Abílio mais companheiro, um Doutor Abílio que é sério na cobrança, mas conversa mais, um Doutor Abílio que explica mais, passa um pouco de toda experiência que ele mesmo tem e conhece. Então, eu acho que esses são pontos que você não pode deixar passar, quando Doutor Abílio fala alguma coisa. Ou mesmo da experiência dele ou como ele faria determinadas coisas ou a importância que ele tem de falar determinados momentos aí coisas que ele acredita e conheceu, eu acho que esse é um momento que a gente não pode perder. Então, ele teve no passado, por exemplo, uma fama de muito bravo, difícil, um cara cobrador, uma cara muito frio, vamos dizer assim, e hoje ele não tem essa fama, né? O Doutor Abílio hoje tem uma fama de ser o que ele é, o conhecedor do que ele é, claro, e um cara, mesmo assim, um cara carinhoso, até divertido, um cara que conversa com você mais naturalmente, um cara que se preocupa com você, efetivamente. Ele sempre se preocupou, mas hoje eu acho que ele demonstra mais. Hoje, eu digo de uns anos para cá, ele se preocupa muito com todo mundo, essa é a verdade. Eu acho que essa é uma característica dele que hoje ele tem bastante acentuada. Ele tem, ajuda, auxilia, orienta todo mundo que ele vê e que procura a ajuda dele. É um cara hoje que tem os ouvidos para escutar e tem sempre uma palavra para dizer.
P/1 - Agora, Celso, você passou por vários momentos... Você ia falar da plenária?
R - É, então, essa reunião de segunda-feira, ou a plenária, né, eu não sei exatamente quando foi criada, mas eu acredito que esse foco foi realmente depois de 1990. Já há uma nova forma de fazer as coisas, de escutar as pessoas, das pessoas estarem mais presentes ou mais próximos da própria companhia, os principais executivos, por exemplo. Então, eu acho que essa foi uma reunião que foi evoluindo com o tempo também, e da necessidade de as pessoas estarem mais próximas. E o próprio Doutor Abílio depois dessa ocasião estava bem mais próximo da gente. Quer dizer, eu acredito que foi esse o outro Doutor Abílio. Que hoje até que ele gosta que chama da Abílio, tá certo? Eu é que não tenho muito, eu acho que é o hábito, né, de chamá-lo de Doutor Abílio, então esse hábito continua.
P/2 - Você podia contar um pouquinho dessa experiência sua fora, né, nas regionais, de como que é essa condução do processo de trabalho fora de Paulo e a sua experiência que você teve aqui? Como é que foi essas inovações, esse pioneirismo do Pão de Açúcar fora de São Paulo?
R - É, a gente, agora, nas regionais, sempre tivemos executivos de São Paulo, de uma forma ou de outra, nessas regionais. E a evolução realmente sempre partiu daqui, da matriz, como lojas principais, os melhores projetos, ou todos os projetos acabam acontecendo aqui, e a gente faz com que isso vão também para as regionais de alguma forma. Quando você fala de obras e tal é muito mais fácil, porque são projetos, pontos que você define e já têm todo um formato da marca Pão de Açúcar em determinados lugares, de instalação e tal, onde é um negócio um pouco mais automático. Mas não é só isso. Operacionalmente falando, tudo aquilo que São Paulo faz, tanto a nível de recursos humanos como de trabalhar em operação, tanto no produto como no funcionário como no dia-a-dia de uma loja, essa evolução tecnológica ou operacional também isso vai para lá. Porque a gente treina as pessoas das regiões aqui em São Paulo, a gente traz as pessoas aqui para conhecerem exatamente como que nós estamos fazendo aqui, e com isso, efetivamente, a gente consegue transformar no Pão de Açúcar de lá. Claro que a gente também tem um pouco da regionalidade que a gente simplesmente não abandona. Mas você entra numa loja aqui do Pão de Açúcar, se você entrar numa loja da regional, uma loja no Ceará, por exemplo, você vai ver o Pão de Açúcar, com as mesmas cores, com balcões, o mesmo uniforme, o mesmo funcionário, praticamente. Não diria que você estaria no Ceará, você olhando a cara da loja. Ou seja, toda essa evolução efetiva aqui, nós conseguimos, com certeza levar para lá.
P/2 - E você consegue perceber essa diferença de perfil do cliente daqui de São Paulo com essas regionais? Existe, assim, algo que você possa comentar sobre isso?
R - São Paulo é uma capital que todo mundo vem aqui, né? Todo mundo conhece o Pão de Açúcar mesmo fora de São Paulo. E nessas regiões normalmente estão os turistas, também de São Paulo, que vão para lá. Então, quando a gente demora muito para evoluir uma regional por qualquer que seja o motivo, o próprio cliente lá que vem a São Paulo e que conhece, e o próprio turista de São Paulo que vai para lá, também nos cobra lá que o Pão de Açúcar não é igual o de São Paulo ou assim sucessivamente. É normal essa cobrança com a gente, então a gente procura exatamente dar isso. Hoje tem algumas coisas que - isso acontece aqui em São Paulo - nem todas as lojas das regionais são todas iguais, de última geração, vamos dizer assim, mas com certeza são lojas que saíram daqui de São Paulo e que foram implantadas lá e que estão na mesma altura de São Paulo em termos tanto de tecnologia como operacionalmente falando como no atendimento ao consumidor, entendeu? Então, isso é verdadeiro, o formato é o mesmo. Ou seja, é verdade quando a gente fala assim que a evolução é aqui, mas a gente consegue fazer com que tudo que está aqui de melhor, que o Pão de Açúcar tem, ele vai para as regionais. Esse é um ponto que a gente não abre mão. E a gente está sempre evoluindo da mesma forma. Ali existe um time, uma defasagem com São Paulo em algum momento, mas com certeza a gente consegue equilibrar isso com o passar do tempo, quase que imediatamente.
P/1 - Agora, você falou que mantém um pouco da regionalidade local?
R - Sempre.
P/1 - Em que aspecto?
R - Por exemplo: produto, comunicação. No Ceará não fala cebola, fala cibola. Você tem de fazer um comercial para anunciar cebola, você não pode pôr lá um paulista para falar cebola a tantos centavos. Você tem de falar: “Hoje a promoção é ‘cibola’!” E tem que ser ‘quétichope’. Tem uns negócios meio, entendeu? Mas é o regionalismo, a forma como as pessoas falam as coisas, que a gente procura não simplesmente o que tem de melhor de filme aqui a gente levar para lá, ou um paulista falando no Ceará, falando na Paraíba ou em Recife. É um pouco diferente.
P/2 - Então o marketing já é também regionalizado?
R - É, a gente tem uma centralização, que é verdadeira, das campanhas principais, vamos dizer assim, ou das principais campanhas. Mas quando você entra com oferta e com um formato de informação, ela é um comercial regional. Então, numa campanha aparece a família, é a mesma família que aparece aqui, mas a forma de falar lá é um pouco diferente.
P/1 - E em Brasília, você tem coisas engraçadas?
R - Brasília é mais fácil. Brasília é uma região muito misturada, né, Brasília não tem brasiliense. Brasília tem um pouco de carioca, mais carioca, paulista, bastante mineiro, e do Nordeste de uma forma geral. Então, está saindo ainda um cara chamado brasiliense, né, mas é tudo uma mistura um pouco desse negócio. Muito carioca em Brasília. Então, lá o comercial é normal, não tem grandes. Mas ele roda lá também o dele, ele também faz as ofertas dele da forma que ele faz lá. Mas não existe uma diferença tanto como o Nordeste. O Paraná também fala um pouco cantado e tal, tá certo? Também a gente grava tudo na região os comerciais. Então, isso é para guardar essa regionalização. E também tem produtos, a gente não pode esquecer os produtos regionais que tem que estar na nossa área de venda. E a forma que as pessoas compram as coisas também são diferentes, né? Às vezes é a granel, às vezes é embalado, às vezes aqui ninguém conhece o queijo coalho, precisa ter muito queijo coalho lá. Quer dizer, aqui você não consome feijão verde, lá tem que ter feijão verde. Então, tem algumas coisas que você tem que, obrigatoriamente, você tem que vender mais lá. Mais rapadura do que aqui, tá certo, é real.
P/2 - E esses conceitos sempre foram assim desse jeito, quer dizer, você está há muito tempo nas regionais, esse conceito de estar fazendo essa diversificação?
R - Sempre, sempre. No passado, por exemplo, a gente pode até dizer que é mais, porque os hábitos vão-se mudando. Por exemplo, quando eu fui para o Ceará, o Ceará não vendia frango, frango congelado, não tinha frango lá, não vendia frango, lá o negócio era capote. Que era capote? Capote é a galinha de Angola, entendeu? Lá eles não consumiam frango, consumiam capote. Então, um paulista chegando lá e aí comprar uma carreta de frango e colocar na loja, ia sobrar tudo e ninguém ia comprar frango porque... esses hábitos aí do paulista, das grandes capitais, também nos produtos vão evoluindo, porque o hábito de frango é saudável e hoje o capote lá é muito caro, é como se fosse uma galinha caipira aqui. Sei lá custa três reais, quatro reais o quilo, enquanto um frango é dois reais, vamos dizer assim, entendeu? Então, hoje o capote lá é um produto especial, é um produto também que está num pedacinho do balcão para atender aqueles que querem ainda ter a lembrança do capote. Mas que a grande massa come frango. Esse é um dos detalhes do regionalismo, que também se alteram com o tempo, né, eles também vão evoluindo. Hoje no Nordeste, por exemplo, que não é normal aqui, Recife, Paraíba, o bode é muito importante, você tem que vender bode. Não é o cabrito, o cordeiro, você tem que vender bode e tal. Lá na Paraíba você tem que ter bode para vender no açougue. Então, você vê vender bode nas feiras lá, nos mercados, você também tem que ter na sua loja. E que não é normal vender bode aqui para o pessoal do Sul, né? O pessoal do Sul come um pouco mais de carneiro, entendeu, cordeiro, mas não bode (risos).
P/3 - Celso, você acha que tem mais alguma coisa para acrescentar, para falar, que você acha que ficou faltando? O microfone é seu, aí você pode encerrar. Talvez falar dessa diferença de gestão, de como que ela era até 1980, e um pouquinho disso, de como é essa união de hoje, como é, se tinha essa diferença?
R - Olha, é que a gente antes, a gente já foi muito grande nas regionais também, né? Nós tivemos aí uma região muito grande no Recife, que a gente está assumindo agora de novo, que é o Compre Bem, de um ano para cá. A gente já esteve em Natal, a gente já esteve no Mato Grosso e tivemos até mais lojas em Brasília. Nós tivemos no Maranhão e já fomos maiores no Piauí também. Já tivemos no Paraná e tivemos em Santa Catarina. E que hoje são praças como Santa Catarina, Natal, Rio Grande do Norte, Maranhão e Mato Grosso que nós já tivemos nessa posição. Hoje nós não estamos, porque a decisão de companhia no passado foi a gente crescer onde a gente já estava fisicamente com lojas importantes e que a gente tinha na praça uma importância. Então, a decisão naquela ocasião foi justamente crescer onde nós éramos fortes e nós ficarmos mais fortes ainda. Então, com isso a gente tinha que tomar uma decisão. Então, a gente saiu de algumas praças em que talvez a importância não era significativa - eram decisões que precisavam ser tomadas naquela ocasião -, para ficarmos mais fortes em regiões em que o interesse era muito maior, e politicamente até importante, até como Brasília, tá certo? Quer dizer, a gente está em Brasília há muitos anos, né? Como no próprio Paraná com o Jumbo, antigamente. Quer dizer, o Jumbo teve uma evolução de loja, em termos de loja, em determinadas regiões muito importantes, nas maiores capitais aí, como Minas Gerais. Nós tivemos já muito mais supermercados em Minas, nós tínhamos Pão de Açúcar lá também, e os Pão de Açúcar a gente fechou também na ocasião. Ficamos com o Extra lá, né, com o hipermercado, mas os supermercados nós fechamos. Então, quer dizer, foi uma decisão, naquela época, tomada, que era justamente para sustentar um negócio naquelas praças onde a gente viu muito mais importância e a necessidade de retorno. Quer dizer, não é simplesmente você estar na praça, a companhia precisava ter retorno positivo, de faturamento e de rentabilidade. Então, foram decisões que foram tomadas aí, e que hoje a gente, aos poucos, nesse período, está voltando em algumas praças como Recife, que a gente assumiu. Como o crescimento em Minas Gerais, nos supermercados, a evolução de Brasília mesmo. Mas eu tenho certeza que em breve a gente vai estar nas outras capitais como já estivemos no passado. Eu acho que o grande negócio da companhia - isso é um recado meu - é as regionais, o Doutor Abílio sabe disso. Eu acho que São Paulo continua sendo um excelente negócio, claro que é. A gente tem que começar a bater aqui e tem que estar melhor do que o concorrente, a gente tem que estar forte, firme, vendendo. Mas as regionais é um grande... é uma grande fatia. As regionais, os Estados estão evoluindo, nós precisamos estar lá também. E hoje nós só temos aí, nesse Brasil todo, as grandes capitais que hoje estão cada vez maiores, com mais população, para gente ter novas lojas, né? Não tenho a menor dúvida que o futuro vai ser a expansão do Pão de Açúcar nas regionais!
P/1 - Tá jóia.
R - Lembrando aqui, com uma estruturação melhor ainda, com certeza.
P/1 - Tá jóia, Celso. Bom, em nome do Museu da Pessoa, do Grupo Pão de Açúcar eu agradeço imensamente tua colaboração para o projeto. Agradeço mesmo, foi ótimo.
R - Não, obrigado vocês por ter me convidado, contar um pouco essa minha história, entendeu? São alguns anos, mas pode ter certeza que foram de dedicação, sim, claro, mas de satisfação, de trabalho, de alegrias. Ou seja, a satisfação foi muito maior, né, todo esse trabalho que nós tivemos, isso só deixa a gente um pouco mais digno e com certeza feliz. A minha carreira aqui eu acho que foi com bastante satisfação na companhia.
P/1 - Obrigada.
R - Obrigado, obrigado vocês.Recolher