Eu e Eu Mesma
Durante a minha infância, os meus coleguinhas faziam bullying comigo na escola. Eles diziam que o meu nome, Magnólia, era feio e esquisito. Eles simplificavam me chamando de “magnésia” que era o nome de um remédio.
Eu fui uma criança muito tímida e antissoc...Continuar leitura
Eu e Eu Mesma
Durante a minha infância, os meus coleguinhas faziam bullying comigo na escola. Eles diziam que o meu nome, Magnólia, era feio e esquisito. Eles simplificavam me chamando de “magnésia” que era o nome de um remédio.
Eu fui uma criança muito tímida e antissocial. Eu preferia, sempre, brincar sozinha. Conversava, longamente, comigo mesma no espelho do banheiro. Muitas vezes eu chorava. Outras vezes eu brigava com a minha imagem refletida.
Em alguns momentos do meu isolamento, eu gostava de ficar na varanda da minha casa, observando as nuvens se formando e se desmanchando, naquele lindo céu azul, ganhando sempre novas formas em um elegante balé.
O meu primeiro livro foi “O Rei Tatá” um elefante muito carismático. O segundo tinha por título \\\"Dibs, em busca de si mesmo” e o terceiro “Meu pé de laranja lima”.
De lá para cá não parei mais de distrair a minha mente e, por que não dizer, o coração, lendo livros. Adorava ler histórias em quadrinhos, os famosos gibis. A leitura me fazia companhia.
A minha personagem preferida era a Maga Patalógica.
O personagem que me divertia bastante era o Pateta.
Talvez por causa do bullying que eu sofria na escola.
O meu super-herói era e ainda é “O Poderoso Mighthor.”
Depois da fase da “magnésia”, passaram a me chamar de “Olivia Palito”. Mas eu não me importava tanto porque eu gostava muito dessa personagem. Ela era a
namorada do Popeye. Os meus coleguinhas, muito criativos, deram o próximo passo no bullyng, passando a jogar bolinha de papel em mim ou me desenhando no quadro negro para rirem do meu cabelo.
No ensino fundamental eu seguia na minha timidez. As coleguinhas de turma não me deixavam entrar para brincar com elas durante o recreio. Então eu ficava sentada em um grande banco azul, localizado no pátio do colégio, comendo o meu lanche sozinha e observando elas brincarem.
Certa vez chegou, na sala de aula, um instrutor de escoteiros para formar novos mirins. Não sei o porquê exatamente, mas aquela ideia me tocou e eu levantei a mão timidamente, me candidatando. No entanto a professora falou para mim que outra criança iria no meu lugar porque eu era muito tímida. Claro que ela não falou com essas palavras, mas foi o que ela quis dizer.
No ensino médio eu já conseguia fazer algumas amigas. Elas me pediam para escrever cartas para os seus respectivos namorados pois não sabiam o que escrever. Eu perguntava como era o rapaz e, baseado nessas informações, eu criava o texto. Por fim, elas copiavam tudo, com a própria letra, direto nos cartões.
Eu ia à missa todos os domingos. Participava de um grupo jovem e eu adorava e adoro o ritual da missa. Tenho Deus no coração, e procuro viver praticando o bem, dando e recebendo amor, sendo na medida do possível, uma pessoa melhor a cada dia. Sigo aprendendo com os erros e os acertos meus e dos outros. Afinal ninguém é perfeito mesmo.
Adoro ouvir músicas e assistir entrevistas presenciais ou online. Amo ler e escrever até hoje. Arrisco compor letras de músicas, poemas, poesias, crônicas, contos e minicontos.
Uma vez participei de um festival de música gospel. Foi emocionante, mas o meu grupo não foi classificado. O meu talento, para cantar não vingou, então eu fui estudar piano.
Tentando vencer o medo da rejeição, eu pedi para o meu pai que me deixasse trabalhar com ele na loja de joias e relógios que ele tinha, mas ele não deixou. Eu resolvi então dar aula de violão e aula de apoio de inglês para crianças.
Pensei em fazer teatro. Anos mais tarde um cineasta dinamarquês foi ao Rio de Janeiro gravar umas cenas replicadas do filme «Central do Brasil”. Tive que fazer aquela cena em que uma personagem está com a sua máquina de escrever na estação de trem. Ela escreve cartas para pessoas desconhecidas em troca de pagamento. Foram poucos minutos e eu adorei atuar.
Comecei a minha faculdade de Turismo. Eu tinha grande interesse nas aulas de Sociologia, Antropologia, História Mundial, História da Arte, Hotelaria, Agência de Viagem e Turismo entre outras tantas disciplinas.
Fiz estágio no Rio Ohton Palace Hotel em Copacabana no Rio de Janeiro. Foi incrível e
maravilhosa essa experiência. Naquela época o Othon era um dos mais elegantes hotéis naquela região.
Ainda como universitária eu trabalhei como monitora no departamento de Turismo, assim eu tinha um desconto na mensalidade da faculdade.
Na conclusão da minha faculdade de Turismo, eu ganhei o segundo lugar em
um concurso que a minha Universidade organizou, onde os dois primeiros colocados seriam contemplados com um estágio em Blumenau, Santa Catarina, no Parque Florestal Refúgio propriedade da família alemã Theiss. Escrevi, então, a minha monografia.
Logo depois que terminei a faculdade, formada como Bacharel de Turismo, trabalhei em agências de viagem e turismo e por fim me especializei na produção e organização de eventos corporativos.
Na condição de professora assistente no curso de Turismo da faculdade onde estudei, eu ministrei a disciplina “Planejamento e Organização de Eventos”. Eu gosto de falar em público. Antes tímida e insegura, agora estou de bem com a vida e pronta para o que der e vier.
O meu primeiro emprego foi na Agência de Viagem e Turismo do meu professor de Noções de Direito na faculdade de Turismo. Primeiro eu estagiei na agência dele e depois eu fui efetivada. Serei eternamente grata pela atenção e oportunidade que ele me dispensou.
Depois de anos trabalhando para terceiros, eu resolvi abrir a minha própria firma Magnólia Eventos – Representações e Produções Ltda.
Trabalhei intensamente, até que consegui entrar na área de eventos em uma grande indústria química e farmacêutica chamada Schering-Plough. Fiquei sabendo que haveria um evento para os funcionários da empresa na cidade do Rio de Janeiro, mais exatamente em Jacarepaguá.
Apresentei a minha proposta, mas fui informada de que já haviam contratado uma firma de eventos para organizar tudo. Falei que poderia prestar um serviço complementar para que eles conhecessem o meu trabalho. A contratante falou que eu poderia apresentar uma sugestão para a decoração no refeitório dos colaboradores para esse dia festivo.
Junto com uma fornecedora da minha confiança, fizemos um arco com bolas de gás hélio na entrada do refeitório e guirlandas no interior desse ambiente e tudo nas cores da Empresa. Fui aceita.
Trabalhei 10 anos realizando os eventos da Schering-Plough. Cheguei até a organizar uma conferência em Orlando, Estados Unidos. Trabalhei para outras indústrias farmacêuticas, mas a Schering-Plough era a minha preferida.
Depois entrei para a área da Indústria Naval, Energia e Petróleo. Fiz vários eventos de inauguração de estaleiros, batismo e lançamento de navios ao mar, batimento de quilha, festa de lançamento de produtos e festas de fim de ano para os colaboradores.
Fui expandindo a minha clientela, assim eu
conquistei várias outras áreas como meio-ambiente, financeira, cultura, esporte, show business, moda, arte,
música entre outras tantas. Foi bem intenso e exigia muito de mim, mas não me arrependo de nada do que eu fiz. Eu cresci e amadureci. Eu vivi intensamente.
Nessa época eu tive contato com várias autoridades, personalidades e artistas. Quem mais me marcou foi Barry Manilow, um grande cantor, compositor e pianista americano. Lindas canções que tocam o coração. Ele é muito educado e gentil.
Eu sempre ficava encantadíssima ao assistir as Cerimônias de Abertura e Encerramento dos Jogos Olímpicos de Verão. Ainda adolescente eu dizia para mim mesma, “um dia eu vou participar dessa equipe de organização”.
Em 2005, surgiu uma oportunidade e eu me inscrevi como voluntária no Comitê Olímpico Brasileiro para dar apoio na realização dos eventos-teste para os Jogos Pan-americanos que foram realizados em 2007.
Poucos meses depois eu fui contratada. Fiquei superfeliz e bem atarefada, preciso dizer. O mercado de eventos já estava sofrendo transformações e muitas empresas não estavam contratando, tanto quanto antes, então esse convite chegou em uma boa hora.
Já trabalhando no Comitê Olímpico na realização dos eventos algumas pessoas me confundiam com a campeã de atletismo chamada também Magnólia. Às vezes era constrangedor e hilário ter que explicar que eu não era ela.
Em 2007, eu fui emprestada para o setor de Relações Internacionais. Eu era pau para toda obra. Adorava trabalhar mesmo. Surgiu uma oportunidade para trabalhar no Campeonato Mundial de Judô a ser realizado em setembro daquele mesmo ano.
Nesse evento conheci o meu marido judoca Gérard. Ele é suíço-alemão. Tinha que me decidir entre trabalhar nas Olimpíadas que era o meu sonho ou me mudar para outro país e começar uma nova vida.
Coloquei na balança as vantagens e desvantagens. Eu tinha esse sonho em trabalhar na organização das Olimpíadas. A vida é feita de escolhas. Casamo-nos.
Hoje em dia eu participo de várias Olimpíadas, mas na condição de convidada. Já estive nesses eventos em Londres, Rio de Janeiro e a próxima será realizada em Paris, no mês de julho próximo.
Minha família materna e paterna está no Brasil. Minha família suíça-alemã e italiana são adoráveis comigo nesses 16 anos que já vivo aqui na Suíça.
Meu pai faleceu no ano de 2022 aos 92 anos. Minha mãe tem 84 anos. Tenho 1 tia da parte da minha mãe. Tenho um tio paterno e os outros 7 irmãos já faleceram. Tenho 2 irmãos e 1 irmã, 2 sobrinhos e 1 sobrinha. Eu e meu marido não temos filhos.
Aqui na Suíça eu faço pesquisas independentes sobre Genealogia, o que me fascina, pois quero conhecer e escrever a história da minha família.
Estou fazendo Mestrado em Gerontologia pela Bircham International University. Desde pequena me interesso em estar ao lado de pessoas idosas. Com essa minha formação eu posso
apoiá-las e orientá-las para terem uma longevidade com mais informações e qualidade de vida.
Quero fazer diferença na vida delas.
Na Suíça eu trabalho como voluntária para uma organização não governamental atuando junto a pessoas idosas que necessitam de companhia para conversar, fazer compras, tomar um café ou dar uma simples caminhada para respirar ar puro.
Gosto muito da arte abstrata. Visito museus e tenho as minhas próprias obras como colagem, pintura acrílica, pouring e desenhos e traços geométricos.
Tudo o que eu vivi, valeu a pena. O ontem já foi não posso mais mudar. Amanhã chegará, mas sempre será o dia de hoje, o dia mais importante presente a ser vivido.
Uma vez eu li que Albert Einstein disse que: “Deus não joga dados....”
Eu e eu mesma concordo plenamente.
Magnólia
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