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Por: Museu da Pessoa, 6 de setembro de 2019

O encadeamento de casualidades

Esta história contém:

O encadeamento de casualidades

Vídeo

Lembranças da infância

Eu não sei se eu tive problemas de neurose, o que foi, ou de crescimento. Eu vejo, às vezes, fotografias, eu sei que sou eu, mas eu não lembro da situação. Eu posso lembrar uma ou duas situações, talvez as que mais me marcaram. Uma de minha infância, que eu devia ter sete anos, oito anos, e tinha um irmão do meu pai, chamado Antônio, que gostava muito de fazer jacaré na praia. Sabe o que é jacaré, não é? Deslizar na onda. E, no geral, fim de semana, em Santos, sábado, não tinha ninguém na praia, não havia esse costume . Então, num desses dias, ele me levou junto para a praia e, não sei como nem por que, eu me perdi dele. Acho que ele começou a fazer [jacaré] e eu fui me afastando e, quando eu percebi, não o via e eu consegui voltar para casa. Agora, nesse caminho ao longo do mar talvez tenha sido a minha primeira visão da morte, porque eu vi chegando na beira da praia um cadáver, todo esburacado. Isso eu lembro. Agora, por exemplo, vendo uma fotografia, em Santos era muito comum ter na praia uns carrinhos pequenininhos, puxados por um carneiro, para você passear. Eu vejo minha foto, me lembro daquele transporte, mas não me lembro de eu estar ali. Ou então me lembro, talvez, que antigamente, nos anos 1940, as escolas, no 7 de Setembro, tinham que participar do desfile na cidade. Todas as escolas vinham para o desfile e eu me lembro que, como eu tinha bicicleta, eu ia no batalhão das bicicletas. Mas é por aí, um ou outro caso, mas coisas tão fugazes que eu não consigo... Há alguns anos um amigo foi fazer uma viagem por Santos, eu passei pela rua onde meus pais tinham morado, em um correr de casas iguais. Mentalmente eu tenho a geografia da casa, mas vendo eu não lembro da casa. Passei em frente, enfim, eu sou muito ruim de memória.

Era um correr de casas. Cinco ou seis. Num bairro. Sobrados, casas geminadas, em que você subia uma escada, tinha um primeiro andar aqui, e tinha uma sala de jantar,...

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Depoimento de Sergio Muniz

Entrevistado por Luiz Egypto e Luis Ludmer

São Paulo, 6 de setembro de 2019

Projeto Instituto Vladimir Herzog

Entrevista número PCSH_HV804

Transcrito por Selma Paiva

Revisado por Luiz Egypto

P/1 – Boa tarde, Sergio. Muito obrigado por ter atendido o nosso convite. Queria que você começasse dizendo seu nome completo, o local e a data do seu nascimento.

R – Meu nome completo é Sergio Aurélio de Oliveira Muniz, 13 de janeiro de 1935, do século passado, e cidade de São Paulo.

P/1 – E o nome dos seus pais?

R – Davidson Muniz e Maria Benedicta de Oliveira Muniz.

P1 – O que faziam seus pais?

R – Meu pai trabalhou muitos anos numa companhia de seguros, como gerente e minha mãe é a chamada prendas domésticas.

P/1 – Você tem irmãos?

R – Não, não tenho.

P/1 – Você conheceu seus avós?

R – Conheci brevemente uma avó paterna e mais longamente, uma avó materna. Mas os avôs, não.

P/1 – Havia na família histórias dos avós, alguma coisa que seus pais contavam?

R – Isso é um drama. Não, não tem. Infelizmente é um buraco negro que eu não consegui... Talvez na minha juventude e infância eu não tenha me interessado e, por outro lado, eu tenho impressão que a família não tinha muito interesse em voltar, talvez, à sua origem mais modesta. Não sei, essa é minha interpretação. [Tive] várias informações de segunda ou terceira mão e nunca de ter sido um avô que contou ou minha mãe que contou ou meu pai que contou. Não são fontes fidedignas.

P/1 - Nascido em São Paulo, vocês viviam onde?

R – Eu nasci na cidade de São Paulo, mas meus pais moravam em Santos. Não sei como minha mãe veio dar à luz em São Paulo, aos seis meses de idade eu fui pra Santos e vivi em Santos, dos seis meses de idade até os 18 anos, quando eu voltei para São Paulo, morando numa casa de uma tia.

P/1 – E como é que era essa primeira infância em Santos, cidade litorânea, garoto novo?

R – Esse...

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