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Personagem: Paulo Celso Theophilo
Por: Museu da Pessoa, 23 de maio de 2016

O bacalhau da Zona Cerealista

Esta história contém:

O bacalhau da Zona Cerealista

Vídeo

Eu peguei a enchente de 66 e eu tava indo para 11 anos de idade. Meu pai ficou preso lá na Santa Filomena, deu cinco metros de água! Eu tava em casa. Mas a gente saía, tinha que sair, em casa nunca tinha entrado água e entrou água… tinham uns quatro ou cinco degraus, pegou até o terceiro degrau ou seja, para o meu tamanho, era até a cintura. Na minha casa. Não chegou a entrar dentro da minha casa porque tinham esses degraus, depois da reforma que ele fez. Se fosse antes, tinha um porão embaixo, ia dar… ia ser horrível o negócio. Foi uma das maiores tristezas que eu vi na Zona Cerealista foi a enchente de 66.

Meu pai tava tranquilo, eles estavam presos lá dentro do armazém deles, lá, mas tinham umas compotas que seguravam tudo e tal e eles comiam o que tinha lá dentro. lá tinha pêssego em calda, então, não tinha como abrir, os caras abriam com pedaço de pau, faziam alguma coisa. Na fome, você come qualquer coisa. Eu acho que foram umas 48 horas que eles ficaram lá presos. Acho que foi mais ou menos isso, foram dois dias, mas dois dias de terror, né, que você não sabe o que acontece pra lá e pra cá,. né? Você não sabe o que tá l, o que tá aqui, não funcionava telefone, nem a luz, vela, pô, vela ascendia e pum, apagava, ascende outra vez, ficava com o toco na mão, qualquer coisa, põe essa aí, já eram duas, porque se você põe só aquele toco e a outra, queimava aqui embaixo e… então, você punha para tentar iluminar alguma coisa.

Dados de acervo

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P/1 – Paulo, fala pra mim o seu nome completo, local e data de nascimento, para registrar.

R – Meu nome é Paulo Celso Theophilo, nascido em São Paulo, capital.

P/1 – Que dia que foi?

R – Dia 26 de dezembro de 1955.

P/1 – Você nasceu em hospital ou nasceu em…?

R – Hospital. Maternidade.

P/1 – Onde foi?

R – Uma maternidade do Paraíso, chamava Nossa Senhora do Carmo, não tem… acho que ela… tem o prédio lá que hoje deve ser da Amil, se eu não me engano, mas não é mais Nossa Senhora do Carmo. A não ser que eles mantiveram lá o nome e eu não tô sabendo.

P/1 – E qual que é o nome do seu pai?

R – Batista Theophilo. Da minha mãe, Rosa Sampieri Theophilo.

P/1 – Seu pai nasceu onde e que dia?

R – Também no Brás, cinco de maio de 1925 e a minha mãe nasceu em Avaí, uma cidade perto de Bauru, no interior de São Paulo, dia 30 de agosto de 1928, se eu não tiver errado. Acho que são três anos após o meu pai.

P/1 – E o seu pai, ele… a gente entrevistou ele, mas eu queria que você falasse um pouco dele. A família dele veio de onde?

R – Tudo da Itália, mais precisamente de Polignano, Polignano a Mare, cidade de Bari, vieram meus avós para cá, eles vieram de navio à procura de uma vida melhor. Chegando aqui, eles viajaram, no mesmo navio, mas eles vieram a se conhecer aqui no Brasil.

P/1 – Seu avô e sua avó?

R – Isso, meus avós, por parte do meu pai e a minha avó por parte… meus avós por parte da minha mãe, o meu avô veio da Sicília, nasceu na Sicília e a minha avó nasceu aqui, ela nasceu no interior de São Paulo. Eu não sei se era Marilia ou Bauru, agora não posso precisar certo. Ela é descendente de napolitano.

P/1 – Agora os avós por parte de pai, eles faziam o que em Polignano? Você sabe?

R – Eram pescadores. Minha vó não, minha vó era dona de casa e o meu avô e os irmãos eram todos pescadores.

P/1 – Qual que é o nome da sua avó e do seu avô?

R – Meu avô,...

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