No meu sonho, eu estava seriamente doente, resguardado de contatos com minha companheira e da filha menor, que mora conosco. Mas iria para o hospital, pelo agravamento da doença. À parte do sofrimento por não saber se veria de novo os meus entes queridos, discutia com a minha companheira, que já dava sinais de ter adoecido também, o que faríamos com nossas filha de 11 anos, recém saindo de um ano difícil, em que padecera de pânico e ansiedade. As alternativas que tínhamos era a minha filha mais velha, em grupo de risco por ser funcionária de um hospital, ou minha filha do meio, que fazia quarentena na casa da mãe, minha ex-mulher, que não me inspirava segurança no quesito proteção. Tinha certeza que não voltaria a vê-las e me assombrava a expectativa de passar 15 dias solitários numa UTI e depois morrer sozinho.
Que associações você faz entre seu sonho e o momento de pandemia?
Achei meu sonho muito cabível para as condições que estamos vivendo, pois a má condução da pandemia pelas autoridades nos levará a um quadro de dificuldades de atendimento. Afora isso, perdi minha mãe há dois anos em situação semelhante. Ela ficou quinze dias numa UTI, usando respiradores, com direito a poucas visitas e morreu sozinha, três horas depois de minha última visita, ocasião em que - a mim pareceu, porque a comunicação entre nós estava difícil - ela me pedia para arrancar- lhe o tubo e deixá-la morrer. Não tive coragem de atender seu pedido e está foi a última vez que desobedeci a um pedido seu.