50 anos do SENAC São Paulo
Depoimento de José Ildefonso Martins
Entrevistado por Márcia Ruiz e Carmen Sílvia Natale
São Paulo, 23/08/1995
Realização: Museu da Pessoa
Entrevista número: SENAC_HV025
Transcrito por Rosália Maria Nunes Henriques
Revisado por Luiza Gallo Favareto
P/1 - Bom dia. Eu gostaria que inicialmente você falasse o seu nome, local e data de nascimento.
R - É José Ildefonso Martins, eu nasci em Bragança Paulista em dezesseis de março de 1944.
P/1 - O nome dos seu pais e local de nascimento.
R - João Luiz Martins Perez, nasceu em Bragança também, e Luisa Cuoco Martins, também nascida em Bragança Paulista.
P/1 - Quantos irmãos você tem?
R - Nós éramos em nove irmãos, hoje são dois infelizmente falecidos e sete continuam com a gente.
P/1 - Qual era a atividade profissional de seus pais?
R - O meu pai era funcionário público, era oficial de justiça, hoje aposentado, e a minha mãe era dona de casa.
P/1 - Eu queria que você falasse um pouquinho da sua infância em Bragança Paulista, eu queria que você descrevesse um pouco o lugar onde você morava, a rua onde você morava, a residência onde vocês viviam e como era o seu cotidiano, quais eram as brincadeiras. Eu queria que você falasse um pouco dessa fase da sua vida.
R - Bem, foi uma fase difícil na minha vida, os meus pais eram pobres, o meu pai era um funcionário público que com nove filhos a vida da gente era um tanto quanto apertada. Mas eu tive uma infância comum, meu pai principalmente, a minha mãe, eles transmitiam uma preocupação muito grande com o estudo. Então todos nós tínhamos como tarefa fundamental: estudar. E foi uma infância normal, uma infância com as brincadeiras normais de uma infância pobre, mas pautada por essa preocupação com formação, com uma formação religiosa, principalmente por parte de minha mãe e que foi moldando a vida da gente.
P/1 - Eu queria que você falasse um pouquinho, por exemplo, das...
Continuar leitura50 anos do SENAC São Paulo
Depoimento de José Ildefonso Martins
Entrevistado por Márcia Ruiz e Carmen Sílvia Natale
São Paulo, 23/08/1995
Realização: Museu da Pessoa
Entrevista número: SENAC_HV025
Transcrito por Rosália Maria Nunes Henriques
Revisado por Luiza Gallo Favareto
P/1 - Bom dia. Eu gostaria que inicialmente você falasse o seu nome, local e data de nascimento.
R - É José Ildefonso Martins, eu nasci em Bragança Paulista em dezesseis de março de 1944.
P/1 - O nome dos seu pais e local de nascimento.
R - João Luiz Martins Perez, nasceu em Bragança também, e Luisa Cuoco Martins, também nascida em Bragança Paulista.
P/1 - Quantos irmãos você tem?
R - Nós éramos em nove irmãos, hoje são dois infelizmente falecidos e sete continuam com a gente.
P/1 - Qual era a atividade profissional de seus pais?
R - O meu pai era funcionário público, era oficial de justiça, hoje aposentado, e a minha mãe era dona de casa.
P/1 - Eu queria que você falasse um pouquinho da sua infância em Bragança Paulista, eu queria que você descrevesse um pouco o lugar onde você morava, a rua onde você morava, a residência onde vocês viviam e como era o seu cotidiano, quais eram as brincadeiras. Eu queria que você falasse um pouco dessa fase da sua vida.
R - Bem, foi uma fase difícil na minha vida, os meus pais eram pobres, o meu pai era um funcionário público que com nove filhos a vida da gente era um tanto quanto apertada. Mas eu tive uma infância comum, meu pai principalmente, a minha mãe, eles transmitiam uma preocupação muito grande com o estudo. Então todos nós tínhamos como tarefa fundamental: estudar. E foi uma infância normal, uma infância com as brincadeiras normais de uma infância pobre, mas pautada por essa preocupação com formação, com uma formação religiosa, principalmente por parte de minha mãe e que foi moldando a vida da gente.
P/1 - Eu queria que você falasse um pouquinho, por exemplo, das brincadeiras, vocês brincavam muito na rua, como é que era? Vocês por terem bastante irmãos... Você brincava muito com seus irmãos, vocês tinham muitos amigos, como é que era?
R - Eu acho que era uma característica da época ou do local, das famílias grandes, então eu me lembro dos meus primos sendo... As famílias tendo cinco irmãos ou seis, então na família grande era multidão de crianças brincando e não na mesma faixa, porque eu tinha quando o meu irmão mais novo nasceu, eu já tinha quinze anos. Então a gente tinha diferenças de idades muito grandes. E isso fazia com que a gente tivesse na própria família um grupo de pessoas, de primos, de primas com quem a gente podia ter um relacionamento mais afetivo e mais íntimo e isso fazia com que tivesse um grupo familiar mesmo entre os parentes próximos, a gente tinha um grupo que pudesse participar. Mais tarde na escola, você tinha também seus grupos de amigos e mais uma coisa que marcou muito a minha infância foi essa preocupação pra estudar e isso me levava a ler muito... Eu li muito na minha infância, eu me lembro da minha infância muito mais pelas leituras que eu fazia, depois de aprender a ler obviamente, dez, doze anos.
P/1 - Você lembra que tipo de livro você lia?
R - Eu me lembro, eu obviamente imitava muito o meu pai, o meu pai lia muito, gostava muito de ler e eu acabava lendo tudo o que ele lia. Eu me lembro de uma leitura que foi muito comum na época que era Seleções, então Seleções eu lia sem muito crítica até, mas eu lia permanentemente. Eu me lembro muito de uma leitura que... Nessa época de quinze anos, por volta de quinze anos que foram as obras do Malba Tahan, então isso, talvez pelo fascínio do Oriente, talvez influenciado pelo Mil e Uma Noites e eu devo ter lido toda a obra do Malba Tahan.
P/1 - Voltando um pouquinho, você entrou na escola com quantos anos?
R - Com sete anos.
P/1 - E que tipo de escola era, uma escola estadual?
R - Escola estadual, era um grupo escolar, onde eu fiz o grupo escolar na época e posteriormente o ginásio. E o Técnico em Contabilidade, aí em escola particular.
P/1 - E vocês saíram de Bragança Paulista para Presidente Prudente?
R - Isso. Isso quando eu tinha dezessete anos e tinha terminado o colegial e o Técnico em Contabilidade.
P/1 - E por que você escolheu fazer Técnico em Contabilidade?
R - Porque não tinha outra opção, só tinha esse. Eu fazia o colegial de manhã na escola pública e à noite eu fazia o Técnico em Contabilidade na escola particular.
P/1 - E a mudança de vocês de Bragança pra Presidente Prudente, qual foi o motivo dela?
R - O meu pai era funcionário público, então ele optou por uma transferência pra uma melhoria de trabalho pra cidade de Presidente Prudente, então toda a família acompanhou, eu era o filho, eu sou o filho mais velho, eu tinha na época dezessete anos.
P/1 - E como é que foi essa mudança pra você?
R - Ela foi meio traumática e cortou uma série de relações e pela própria distância, mudar de Bragança Paulista pra Presidente Prudente em 1962 era uma mudança definitiva, você não tinha a possibilidade de manter um contato mais permanente com vínculos que eram fortes, de toda a minha infância, de toda a minha adolescência, então eu deixei amigos com os quais eu perdi contato, e tive pouco contato posteriormente.
P/1 - E quando vocês foram pra Presidente Prudente qual foi a primeira impressão que você teve da cidade?
R - Era uma cidade interessante, eu estava numa cidade mais tradicional, uma cidade mais velha e fui pra uma cidade nova, uma cidade de um crescimento mais rápido, com perspectiva de trabalho, com perspectiva de estudo que me fascinava e talvez tenha atenuado esse trauma dessa mudança, isso pra mim principalmente.
P/1 - Em Presidente Prudente você foi cursar o nível universitário, daí dessa mudança?
R - Isso. Existia uma faculdade de Direito à noite, eu comecei, eu fiz o vestibular, entrei na faculdade de Direito e já estava trabalhando nessa época. Começando a trabalhar no escritório de uma cooperativa de laticínios.
P/1 - E o que você fazia nessa empresa?
R - Eu era auxiliar de escritório, fazia todo o trabalho de rotina de um auxiliar de escritório, incluindo aí um serviço bancário, um serviço de pagamentos e recebimentos.
P/1 - E depois que você terminou a faculdade de Direito, você continuou morando, residindo em Presidente Prudente?
R - Não, quando eu terminei a faculdade de Direito eu vim pra São Paulo. Antes disso eu trabalhei no... Era o sonho de toda pessoa na minha condição, eu fui trabalhar num banco, então trabalhei durante três anos no Banco Souto Maior que é atualmente o Banco Nacional, eu trabalhei durante três anos fazendo o trabalho de rotina de banco, de atendimento, de cadastro, todo o trabalho que o banco fazia na época, bem diferente de hoje.
P/1 - E por que a mudança pra São Paulo?
R - Esse era o sonho também de toda pessoa que morava no interior, era vir embora pra São Paulo. Então eu não fugi à regra, na primeira oportunidade eu terminei a faculdade e vim embora procurar um emprego aqui em São Paulo e pensando em continuar a estudar e a trabalhar.
P/1 - E quando você chegou em São Paulo, você veio morar onde?
R - Eu fui morar numa pensão aqui na Rua Augusta, então durante um tempo fiquei morando, dividindo o quarto com pessoas que você não conhecia, era uma experiência nova também. E mais... Pouquinho tempo depois aparece a oportunidade de um concurso no SESC com trabalho de Orientador Social, que na verdade eu não sabia bem o que era, mas como pedia pessoas que tivessem feito humanas e com possibilidade de desenvolvimento de trabalho que me interessava, eu procurei, fiz o concurso e acabei entrando no SESC. Eu só queria retornar, uma atividade que me foi muito importante foi a participação política durante o tempo da faculdade. Então isso foi uma coisa que foi, eu repito, muito importante na minha formação como um todo a participação em atividade estudantil numa época não tão facilitada pelas condições políticas do país, mas que a participação na atividade de política estudantil foi uma coisa que me marcou muito e definiu algumas coisas pelo convívio que eu tive com pessoas nessa época. Eu acho que poderia dizer que a participação em diretório acadêmico durante o período da faculdade ela foi mais importante pra mim que a própria faculdade.
P/1 - Em que sentido você acha que ela mudou ou acrescentou alguma coisa pra você? Eu queria que você falasse um pouco mais dessa influência, dessa importância.
R - A convivência com pessoas que tinham já uma atividade política mais definida foi uma coisa que acabou me influenciando muito e me dando uma, mudando a minha perspectiva de vida, eu acho que novos, a política ela na época tinha uma efervescência muito interessante e eu me lembro de ter talvez vivenciado mais o diretório acadêmico do que a sala de aula praticamente, né? Eu, durante os cinco anos da faculdade, eu devo ter participado do diretório acadêmico por quatro anos pelo menos, fui presidente do diretório, fui Vice-presidente, fui secretário, eu tinha um jornal do diretório que eu tocava, então, toda essa atividade me deixou muito motivado pra uma preocupação social mais interessante. Então isso foi, eu acredito que tenha sido um divisor muito importante em toda a minha vida.
P/1 - Com a sua entrada no SESC, você disse, você prestou esse concurso e foi exercer uma atividade que você não sabia bem qual era. Eu queria que você falasse um pouquinho do que era essa atividade.
R - Pois não. Era uma experiência que o próprio SESC estava começando a desenvolver, era um trabalho de unidade móvel. A unidade móvel era um grupo de orientador que saía pelo interior ficando um determinado tempo em cada cidade desenvolvendo todo um trabalho de desenvolvimento de comunidade, de formação de grupos e desenvolvimento de atividades de lazer, atividades culturais e atividades esportivas. Então você ia pra cidade, se instalava na cidade e começava todo um processo com a comunidade, de desenvolvimento dessas atividades. Isso dava uma experiência fantástica em termos de relacionamento, em termos de planejamento de atividades, em termos de acompanhamento e desenvolvimento e execução dessas atividades.
P/1 - Quanto tempo você ficou no SESC?
R - Eu fiquei cinco anos. Nesse tempo a maior parte trabalhando em diversas cidades do interior por períodos que variavam de trinta a cinquenta dias.
P/1 - E como foi a sua entrada no SENAC?
R - Eu, na época, estava na unidade móvel trabalhando no interior quando o doutor Amin Aur foi convidado pra ser Diretor Regional do SENAC. Então, o doutor Amin convidou um grupo de funcionários do SESC para que viesse com ele pro SENAC. E eu fui um dos convidados na época, fui convidado então pra ser o Diretor da unidade de Araraquara.
P/1 - Essa unidade de Araraquara, ela já existia ou quando... Ela estava em fase de execução ainda, de planejamento, ou ela já estava atuando?
R - Não, a unidade já atuava há bastante tempo em Araraquara e nessa época fazia menos de um ano que tinha se transferido pra um prédio novo que tinha sido construído na cidade e já vinha com um trabalho tradicional do SENAC sendo desenvolvido. A proposta, a vinda do doutor Amin pro SENAC que foi a novidade no sentido de modificar o tipo de ação do SENAC, que era então voltado para uma atividade basicamente escolar, voltando mais para um atendimento mais aberto pra comunidade. Então foi... Nesse momento é que nós fomos convidados pra fazer essa mudança, foi muito gratificante.
P/1 - E essa mudança você acha que ela foi muito traumática dentro do SENAC? Eu queria que você falasse um pouquinho a respeito dessa mudança e como é que foi, como se efetuou realmente essa mudança.
R - O SENAC tinha um trabalho tradicional na área de educação e com essa mudança foi no sentido de atender os anseios da comunidade realmente, não que o esquema anterior não atendesse, mas ele estava mais centrado numa atividade mais tradicional, mais escolar. Então você tinha os cursos do Ginásio Comercial e de Auxiliar de Vendas, o trabalho de aprendizagem comercial era muito forte e a idéia era de ter um trabalho mais na linha supletiva, tem um trabalho mais de suplência, de trabalhos de aperfeiçoamento, de atualização, isso eu tenho impressão que deve ter sido muito difícil pro pessoal que já fazia o trabalho anterior e fazer essa mudança, essa transição com muita facilidade. Eu acredito que o fato de alguém de fora chegar pra gerenciar esse processo deve ter causado algum incômodo a quem vinha fazendo o trabalho anterior, que era um trabalho bastante valorizado pela comunidade diga-se de passagem. E essa mudança trouxe uma nova idéia de trabalho que o SENAC podia prestar pra cidade e foi sendo implantado gradativamente. Eu tenho a impressão que um tempo depois as coisas se acomodaram nessa nova perspectiva e a mudança... E isso tenha dado pro SENAC a possibilidade de fazer novas mudanças posteriormente sem muito trauma.
P/1 - E como é que foi a sua atuação em Araraquara, chegando, assumindo a direção da unidade de Araraquara dentro dessa nova perspectiva?
R - Exatamente foi nessa linha, desativando as atividades que vinham sendo desenvolvidas, o ginásio que tinha quatro anos de duração, eram cursos longos, o trabalho de aprendizagem, esse trabalho foi desativado e sendo substituído por um trabalho mais de efetivo atendimento de anseios da comunidade no sentido de atender aos interesses das pessoas e começando um trabalho de atendimento às empresas, atendendo então a formação profissional no sentido de preparar pro trabalho imediatamente dentro de outras funções.
P/1 - Nessa época que você assumiu Araraquara já existia o trabalho da UNIFORT?
R - Sim, o trabalho da UNIFORT estava começando nessa época e foi justamente nessa mudança da diretoria regional do SENAC que se propôs a montagem de unidades móveis nos mesmos moldes das unidades móveis do SESC, que eram as Unimos. A UNIFORT se propunha a fazer um trabalho também de formação profissional, de aperfeiçoamento, de atualização através de um trabalho feito em cidades onde não houvesse unidade fixa do SENAC.
P/1 - A UNIFORT, na verdade ela era administrada, vamos dizer, pela sede e ela atuava na região onde as unidades não atuavam, por exemplo, a unidade de Araraquara, nas cidades que a unidade de Araraquara não atuava ela estaria atuando?
R - Exatamente.
P/1 - Mas ela tinha um trabalho com vocês, vocês davam algum tipo de suporte?
R - Exatamente. É um trabalho feito em parceria com as unidades fixas do SENAC. A unidade era normatizada e gerenciada pela unidade da sede, onde centralizava todas as unidades móveis e o trabalho desenvolvido em cidades da área de atuação da unidade do SENAC.
P/1 - E você acha que... Eu queria que você colocasse um pouco dos objetivos que a UNIFORT se propôs a estar fazendo nessas cidades, qual aquele objetivo que você acha que alcançou melhor resultado, que realmente foi efetivo esse trabalho?
R - Era de levar realmente, de atender imediatamente os anseios da comunidade naquele momento, então era um trabalho bastante ágil, uma equipe de profissionais com formação específica naquelas áreas e que atendia aqueles interesses imediatos da comunidade. Foi uma experiência bastante interessante, eu não participei efetivamente das equipes da UNIFORT, mas foi um trabalho marcante no interior do Estado e hoje em algumas cidades ainda, apesar de todo esse tempo, ainda se lembra do trabalho da UNIFORT, né?
P/1 - Depois que você saiu de Araraquara como Diretor você assumiu a direção do PRODEMP, que foi uma unidade especializada, né? Eu queria que você falasse um pouco do PROD EMP [Programa de Desenvolvimento Empresarial], quais eram os objetivos e, pelo que você falou, você foi uma pessoa que realmente desenvolveu todo esse projeto apesar de ter sido criado pela direção regional. Eu queria que você falasse um pouquinho a respeito disso, qual foi a sua experiência?
R - Em 1976 nós tivemos uma lei de incentivo fiscal a treinamento, tentando fazer com que as empresas se tornassem agências de desenvolvimento profissional, esse era o objetivo da lei, e ter em cada empresa um centro de formação profissional, pra isso havia um incentivo fiscal cujas despesas, no qual as despesas que as empresas tivessem com treinamento eram abatidas do imposto de renda. Isso para motivar as empresas a terem agências de formação profissional. E o SENAC foi muito ágil e muito feliz nessa época organizando, de uma maneira bastante rápida, um trabalho na tentativa de atender as empresas pra poder viabilizar a utilização desse incentivo fiscal. Então foi criado o PROD EMP, que era um programa de desenvolvimento empresarial que foi criado na regional de São Paulo no sentido de dar suporte e dar atendimento às empresas que quisessem se utilizar do incentivo fiscal pra treinamento. Nesse aspecto que foi a primeira unidade especializada do SENAC de atendimento às empresas. Era uma unidade que nós procuramos. Na época ela ficou fora da sede do SENAC, ela foi para uma casa na Avenida Nove de Julho no sentido de caracterizar um trabalho do SENAC já voltado pra empresa. Então a gente teve a felicidade de poder implantar esse trabalho no SENAC no momento e isso foi valorizado muito pelo departamento regional que teve inclusive o apoio muito grande do próprio Ministério do Trabalho, que estava implementando isso na época. Então nós tivemos a oportunidade de formar um grupo de técnicos que puderam então atender as empresas no sentido de dar assessoria na montagem dos projetos, viabilizar a sua aprovação na Secretaria de Mão-de-Obra, no Ministério do Trabalho, e com isso poder implementar setores de treinamento dentro da empresa. Foi um trabalho muito rico e o SENAC na época foi muito valorizado por isso, tendo sido diversas vezes solicitado pra colaborar com o Ministério do Trabalho no sentido de analisar os projetos de treinamento das empresas. Num outro momento nós realizamos através do PROD EMP, com os nossos técnicos, seminários de orientação sobre a lei de incentivo fiscal em todas as capitais do Brasil praticamente através de outras regionais do SENAC. Então foi um trabalho muito valorizado, na época, e de um valor político muito grande pro SENAC.
P/1 - Pelo que você falou, na verdade vocês ajudavam as empresas a montarem o projeto e vocês também ajudavam na execução desses projetos, ou não?
R - Também. Não necessariamente, mas também, nas áreas onde o SENAC atuava nós procurávamos fazer com que a execução dos programas que faziam parte do projeto de treinamento fossem executadas pela unidades do SENAC. Então não raras vezes o projeto, às vezes todo até, era executado por unidades operacionais do SENAC.
P/1 - Mas vocês estavam atuando dentro da empresa ou numa unidade do SENAC? A atuação era dentro da empresa?
R - Dentro da empresa ou em outra unidade operacional do SENAC, porque o PROD EMP não tinha local pra treinamento, era uma casa que prestava todo o trabalho de assessoria e os projetos eram desenvolvidos em outras unidades do SENAC.
P/1 - Eu queria que você lembrasse de algum projeto que você achou muito interessante desenvolvido por uma empresa que atendeu tanto a necessidade dela e que, de uma certa forma, acabou virando uma necessidade de mercado pras outras empresas. Você se lembra de algum projeto desenvolvido assim especificamente?
R - O número de projetos foi muito grande, na época, eu não teria destaque pra algum não, mas eu me lembro de projetos de valores muito grandes, porque o projeto podia contemplar a própria construção de uma área pra treinamento ou a compra de equipamentos. Eu me lembro de um projeto de uma companhia de aviação que propunha a compra de um simulador de vôo que na época custava uma fortuna, e que isso era perfeitamente incentivado à medida que, dentro do espírito da lei, essa empresa de aviação passaria a ser agência de treinamento e com isso ela formaria pessoas pro seu quadro, mas não necessariamente. Quando esse elemento deixasse de trabalhar na empresa ele iria trabalhar numa outra empresa, então o trabalho de treinamento estava sendo feito e incentivado.
P/1 - Como é que... Tiveram muitas empresas que procuraram esse incentivo fiscal, essa parceria com o SENAC?
R - Bastante. Foi um número bastante grande e a partir de determinado momento o próprio PROD EMP passou a ser o receptor dos projetos em São Paulo, porque inicialmente os projetos de treinamento deveriam ser entregues em Brasília, ou no Ministério do Trabalho em São Paulo. O próprio ministério credenciou, a partir de determinado momento, credenciou o próprio PROD EMP pra receber e encaminhar a Brasília esses projetos pra aprovação. A vantagem que as empresas tinham na época, isso era verbalizado, é que como elas tinham a informação que o próprio SENAC fazia a análise dos próprios projetos a possibilidade de aprovação era maior, uma vez que os técnicos do SENAC estavam elaborando esses projetos de treinamento de acordo com as orientações da própria lei, e isso facilitava a aprovação do projeto.
P/1 - E esse incentivo fiscal acabou, ele continua existindo, e o PROD EMP acabou se modificando numa outra unidade especializada?
R - Sim, com o fim do incentivo fiscal pra treinamento o PROD EMP se tornou uma unidade especializada no desenvolvimento de executivos, de projetos de trabalho com as empresas e hoje trabalha numa linha de qualidade, hoje é o Centro de Tecnologia de Negócios que trabalha numa linha de qualidade, de gestão de negócios, de formação de gestores, de formação e desenvolvimento de executivos.
P/1 - E como é que o SENAC atua nesse mercado? Ele sai à procura dessas empresas pra desenvolver de acordo com as necessidades delas ou o SENAC é mais procurado?
R - Hoje o SENAC tem uma programação voltada pra esse público, então através de pesquisas, de levantamento de interesses, o SENAC propõe treinamentos nessa linha de desenvolvimento de executivos.
P/1 - O PROD EMP enquanto unidade especializada ele encerrou as suas atividades mais ou menos quando, você lembra?
R - Eu deixei o PROD EMP em 77. Ele deve ter ficado pelo menos mais dois anos atuando nessa linha e foi se modificando com o tempo e passou mais tarde a trabalhar num outro incentivo fiscal que era pra programas de alimentação; também passou a fazer esse trabalho de consultoria e assessoria pra montagem desses projetos de alimentação que também as empresa podiam se beneficiar de incentivo fiscal pra projeto de alimentação. E isso ele deve ter continuado mais uns dois ou três anos e depois passou a atuar nessa outra linha de desenvolvimento de executivos.
P/1 - Na época que você deixou o PROD EMP você foi assumir a unidade de Araçatuba. Araçatuba era uma unidade que já existia ou estava sendo implantada?
R - Não, era uma unidade que já estava sendo construída. Então o que me fascinou, o que me deixou entusiasmado, foi o fato de você criar uma unidade a partir do zero, a unidade estava sendo construída, o prédio físico estava no final de obra, então a sua atuação seria desde a definição do programa de trabalho na unidade até ver nascer a unidade.
P/1 - Eu queria que você falasse um pouquinho como é que foi a instalação dessa unidade para Araçatuba, como é que a comunidade viu. E o que você, enquanto primeiro Diretor implantou, inovou, você tinha uma liberdade pra criar diante das necessidades da comunidade, como é que era isso, como é que era essa relação com a sede? Você tinha liberdade pra criar as coisas que realmente você achava interessante pra cidade?
R - Quando da implantação, da construção da unidade, no momento é feito uma pesquisa anterior levantando possibilidades de trabalho, isso pra adequação do próprio equipamento físico, a partir daí a atuação do Gerente na instalação é... Você tem toda a liberdade na montagem dessa programação. E isso que é fascinante nesse tipo de trabalho, você antecipando a inauguração você faz todo um trabalho de levantamento e depois você busca o recurso humano pra isso, então você faz todo o trabalho de recrutamento, de seleção e treinamento do pessoal e o começo da atividade com toda divulgação, a implantação e a sedimentação mesmo deste trabalho na cidade. Normalmente as unidades do SENAC, a maioria das unidades tem excelentes equipamentos físicos nas cidades e isso traz uma expectativa muito favorável pro trabalho e é um facilitador muito grande do trabalho no interior na medida em que você tem equipamentos físicos de boa qualidade como são os do SENAC. E esses equipamentos facilitam grandemente a implantação do trabalho e criam, como eu disse, uma expectativa muito positiva na comunidade com relação ao trabalho do SENAC.
P/1 - Eu queria que você falasse um pouquinho antes, porque, em cima dessa pesquisa que é feita, dessa necessidade de se criar essa unidade pra uma determinada cidade, vocês têm um contato com a prefeitura pra buscar algum tipo de apoio da prefeitura, tem um contato anterior com o pessoal que lida com o comércio da cidade pra também buscar esse apoio? Então eu queria que você falasse um pouquinho disso e se existe realmente receptividade e como é essa parceria tanto com a prefeitura como com os comerciantes.
R - O início do trabalho deve ser através do sindicato do comércio varejista que deve ter sido quem iniciou as tratativas, inclusive com a prefeitura no sentido de se ter um local pra construção, que deve ser... Normalmente são terrenos doados pelas prefeituras para que o SENAC possa construir as suas unidades. Esse trabalho inicial é feito a nível de sindicato e presidência do Conselho Regional. Em seguida a parte técnica é definida pelo SENAC através de uma pesquisa feita na cidade, tentando levantar possibilidades de trabalho nas áreas onde o SENAC atua, em função disso é definido um projeto com áreas e com equipamentos nas áreas que a unidade vai começar a funcionar. O trabalho de quem vai gerenciar essa unidade começa quando a unidade está quase pronta, então você trabalha na definição de equipamentos e principalmente nesse primeiro contato com a comunidade, que eu disse, é bastante facilitado pela expectativa muito positiva que se tem em função do próprio físico que o SENAC construiu, então se cria uma expectativa muito positiva. Eu tenho certeza que no interior do Estado, em qualquer cidade que o SENAC tenha unidade, os prédios do SENAC estão entre os melhores e os mais bem equipados que existem. Isso cria realmente uma expectativa muito positiva e facilitadora do trabalho, então você consegue com alguma facilidade parceiros interessantes pra isso, as prefeituras são muito interessadas, os sindicatos normalmente dão todo apoio, a associação comercial, o próprio pessoal ligado a educação, as delegacias de ensino têm interesses no tipo de trabalho do SENAC. Então esse trabalho é bastante facilitado pelo envolvimento dessas pessoas no trabalho.
P/1 - E qual a principal fonte de renda dessas unidades? Elas têm autonomia sobre essa renda ou ela está ligada a sede? Como é que é essa parte administrativa?
R - Bem, atualmente existe uma proposta estratégica do SENAC das unidades serem auto-sustentáveis até o final da década, então hoje existe uma preocupação maior do que existia em 1977, obviamente, no sentido das unidades se sustentarem e terem receitas, receitas do seu trabalho que tendam a auto-sustentação. Isso vai ser possível em algumas unidades, em outras com mais dificuldade, em outras com mais facilidade, mas o regional como um todo até o final da década tende a se auto-sustentar. Na época não existia tanto essa preocupação, mesmo assim a gente já começava com cobranças de taxas nos nossos cursos que tinham uma dupla finalidade no meu ponto de vista: uma era de você ter uma receita da unidade que viabilizasse outros tipos de trabalho e tem um caráter educativo da cobrança da taxa onde o trabalho gratuito não tem pras pessoas, isso na opinião minha, o mesmo valor daquilo que é pago, então a cobrança tem esse aspecto educativo, no meu ponto de vista, que é importante pro trabalho do SENAC. E a medida que as pessoas paguem pelo trabalho elas passam a exigir mais e isso faz com que os próprios técnicos, o próprio trabalho técnico do SENAC dê um salto qualitativo também.
P/1 - Depois de Araçatuba você foi transferido pra assumir a direção da unidade de Presidente Prudente, que também era uma unidade que estava sendo inaugurada. Então você também foi pra instalar a nova unidade, na verdade pra dar condições para que a unidade de Presidente Prudente realmente conseguisse atuar na cidade, né? Então na verdade você foi pra uma nova unidade pra começar todo um trabalho novamente?
R - Exato, a experiência de Araçatuba tinha sido realmente muito gratificante em termos da implantação do trabalho e de você sentir o crescimento do quadro que você trabalha, você sentir valor efetivo naquilo que você está fazendo. Então a ida a Prudente estava ligada a um posicionamento pessoal, eu tinha uma ligação afetiva com Prudente, por ter lá morado algum tempo, então a possibilidade de montar a unidade de Prudente me foi muito interessante.
P/1 - Onde você acha que a unidade teve, tanto em Araçatuba como em Presidente Prudente, que foram duas unidades que você iniciou o trabalho delas, onde você acha que realmente foi mais, vamos dizer assim, o SENAC teve uma maior importância ou ela atuou mais dentro da cidade. Você acha que teve uma diferença entre uma e outra, ou não?
R - É difícil, são momentos diferentes de uma mesma atividade e que eu acho que tem a mesma importância pra cidade, guardadas as dimensões da cidade. Então a unidade de Araçatuba é tão importante pra Araçatuba como a de Prudente é pra Prudente.
P/1 - Logo depois de Presidente Prudente, você acabou assumindo, você ficou mais ou menos em torno de dez anos em Presidente Prudente, mais ou menos o que você nos falou, e agora em janeiro de 95 você foi convidado pra assumir a regional de Campinas. Na verdade as unidades, tanto de Araçatuba como Presidente Prudente, eram unidades polivalentes, e essa regional de Campinas ela engloba outras cidades. Eu queria que você falasse quais são essas outras unidades, o que é que diferencia o seu trabalho enquanto Gerente Regional e enquanto Diretor de uma unidade?
R - Bem, a regionalização foi o novo desafio que foi colocado pros Gerentes do SENAC. A ideia da regionalização é muito simpática à medida que você tenha uma necessidade melhor de trabalho, um trabalho mais orientado, e à medida que eu tenha sido convidado, embora eu estivesse com o trabalho em Prudente bastante sedimentado e pessoalmente muito gratificante, eu acho que o desafio foi muito interessante. A ideia da regionalização é agrupar unidades que possam, para que se possa ter uma uniformidade, entre aspas, maior de trabalho, um trabalho mais orientado no sentido de não ficando cada unidade fazendo trabalho sem nenhuma conexão. Então, atualmente em Campinas eu coordeno os trabalhos das unidades de Jundiaí, Itapira e Mogi, além da unidade de Campinas, que é uma unidade grande com um trabalho bastante expressivo, e que tem tido, eu estou vendo o resultado da regionalização como muito interessante na medida em que você esteja caminhando pra uma racionalização maior de ações e de trabalhos conjuntos e de um crescimento de equipe mais interessante.
P/1 - Eu queria que você falasse um pouquinho em que a situação do SENAC contribuiu pra o desenvolvimento do comércio local, tanto dessas cidades que você trabalhou como Diretor de unidade como no caso, por exemplo, como um Diretor Regional.
R - Eu queria dar uns exemplos bastante práticos de lojas ou equipamentos existentes na cidade que se modificam ou se modificaram a partir da instalação da unidade do SENAC. Eu me lembro, por exemplo, na instalação de Araçatuba o salão de beleza do SENAC de Araçatuba, o local de treinamento para a área de beleza de Araçatuba passou a ser referencial pros salões da cidade, então era muito comum os profissionais da cidade irem visitar o SENAC pra ver como é que era o salão do SENAC pra transferir aquele modelo pros salões que eles tinham. Isso do ponto de vista físico, mais importante, no meu ponto de vista, é a formação profissional onde você então passa, obviamente os salões de beleza em Araçatuba, por exemplo, eles existiam antes do SENAC ir lá, só que com a instalação do SENAC ele passa a ter, é muito fácil de se notar a influência do SENAC numa comunidade como essa à medida que você vê a mudança, a transformação do tipo de serviço prestado. O SENAC influi decisivamente nessas áreas e passa a mudar o comportamento dos profissionais que atuam nessa área, então você tem pessoal melhor qualificado, você pode sentir uma melhoria de atendimento à medida que você começa a trabalhar com o atendimento. O trabalho na área de Saúde é uma coisa muito significativa, e de repercussão muito positiva pro SENAC à medida que você trabalhe na formação de pessoal pros hospitais, a qualidade do trabalho com certeza tem uma melhoria muito marcante.
P/1 - Uma coisa que você estava falando realmente seria a atuação das áreas especializadas, né? Então como é que surgiu essa estrutura de área especializada, como é que o SENAC viu a necessidade, por exemplo, de você estar atuando em determinadas áreas especificamente e como é que se deu esse processo?
R - Esse processo eu não tenho a informação como é que ele foi definido, mas é um processo histórico, o SENAC já atua em determinadas áreas que são todas as áreas de comércio e serviços, desde a sua formação, desde a sua fundação. Então isso foi um sistema, foi sendo sistematizada e hoje nós temos treze áreas definidas como áreas de atuação do SENAC que são as áreas coordenadas pelas unidades especializadas.
P/1 - Eu queria que você falasse um pouquinho sobre o perfil das pessoas que procuravam o SENAC desde quando você começou a atuar no SENAC, e agora, se você viu uma mudança do cliente, que hoje é chamado, se você acha que houve uma mudança desse perfil.
R - Eu acho que uma característica do cliente do SENAC é a não-obrigatoriedade de ir ao SENAC e isso é muito gratificante pra gente. Se você imaginar os alunos da rede oficial de ensino eles vão até determinada idade, mais ou menos, obrigados à escola. No SENAC isso é mais por autodeterminação, as pessoas optam por determinado tipo de trabalho e procuram o SENAC pra isso, não existe no SENAC ninguém obrigatoriamente fazendo um curso ou participando de uma atividade do SENAC, isso dá pra gente um outro valor de trabalho e uma responsabilidade muito maior que à medida que espontaneamente ele vem ao SENAC, a nossa obrigação é de ter um trabalho que atenda mais efetivamente a sua necessidade, caso contrário ele não volta. Então você tem essa primeira característica. Eu tenho sentido que cada vez mais existe uma preocupação por parte da clientela no seu aperfeiçoamento, isso tem altos e baixos e isso depende muito do clima externo, depende muito da economia, mas cada vez mais você vê o pessoal preocupado com o aperfeiçoamento, com sua atualização, e isso é maior nos centros maiores, mas a gente pode generalizar isso à medida que o SENAC está implementando uma programação nessa linha em todo o Estado de São Paulo. Então a gente sente cada vez mais uma preocupação da clientela no seu aperfeiçoamento e isso com certeza aumenta a responsabilidade do SENAC com relação a isso no sentido de ter uma atuação muito ágil no sentido de atender às modificações tecnológicas e metodológicas, de atender mais efetivamente essa clientela.
P/1 - Você viveu alguns momentos diferentes, de direções regionais diferentes e com propostas diferentes, eu queria que você nos falasse um pouco dessa experiência que você teve. Na verdade você foi trazido para o SENAC pelo doutor Amin e hoje nós estamos na gestão do Salgado. Eu queria que você falasse exatamente como é que foi esse processo de mudança, isso no seu ponto de vista, pela maneira, da forma como você atuou junto às unidades, enquanto funcionário do SENAC, eu queria que você falasse um pouquinho dessas mudanças, o que foi importante e como é que a coisa está encaminhando agora.
R - Eu acredito que o trabalho como um todo no SENAC nos possibilitou uma capacidade de atendimento a mudanças de uma maneira muito marcante. Se você analisar o quadro que o SENAC tem principalmente na área gerencial é um quadro bastante ágil pra assimilar e viabilizar mudanças. Talvez seja uma característica muito marcante do quadro gerencial do SENAC hoje. Então essas mudanças foram sendo implementadas e eu posso da minha parte dizer, sem nenhum trauma, eu acho que são momentos diferentes, vivenciados numa sociedade que está numa mudança cada vez mais rápida e o que nos facilitou foi essa possibilidade e talvez até a possibilidade que o SENAC nos ofereceu no sentido de liberdade de ação. Então essa liberdade de ação que as gerências sempre tiveram no SENAC é sem dúvida um ponto que facilita a implementação de novas atividades, novos esquemas de trabalho e tipos de atuação diferenciados, a liberdade de ação com responsabilidade e responsabilizada deu pra gente essa capacidade de poder atuar de maneiras diferentes, em tempos diferentes, em comunidades diferentes, e com direções de trabalhos diferentes. Então eu não vejo nenhuma, eu não vi nenhuma descontinuidade do trabalho do SENAC, não houve nenhuma ruptura, o trabalho do SENAC foi uma sequência, pelo menos a minha atuação profissional no SENAC, ela foi uma sequência, eu diria, bastante lógica atendendo a essas expectativas políticas da organização e que vão de encontro aos anseios da comunidade onde você atua.
P/1 - Você, enquanto Diretor Regional da unidade de Campinas, você tem alguma perspectiva de crescimento e modernização do SENAC para o futuro? É claro que isso está dentro de uma mentalidade total do SENAC. Mas você enquanto Gerente Regional da unidade, quais são as propostas que você tem, como é que está essa coisa?
R - A ideia é de ampliar o trabalho na unidade de Campinas, eu acho que a cidade de Campinas hoje comporta uma ampliação de trabalho bastante grande, ela só não acontece em função do espaço físico que a unidade tem em Campinas. Se a unidade tivesse um espaço maior com certeza o trabalho poderia ser ampliado e isso deve acontecer em outras cidades do Estado que estão em crescimento, como a cidade de Campinas e como principalmente São Paulo e a Grande São Paulo que têm um potencial e uma demanda maior do que a gente pode atender hoje. Então como proposta a gente tem a ampliação do trabalho na unidade de Campinas e uma busca de atendimento em cidades expressivas da regional de Campinas onde o SENAC ainda não atua. Então isso seria feito em parceria com prefeituras e com outros órgãos locais no sentido de viabilizar programas em cidades onde o SENAC não atua hoje.
P/1 - E qual seria esse mercado? Que cidades você estaria vendo como mercado em potencial para propiciar essa atuação do SENAC?
R - A decisão está sendo feita pelo atendimento das propostas através das prefeituras, dos sindicatos dessas cidades. Eu acredito que o trabalho do SENAC pode ser desenvolvido em qualquer cidade porque em qualquer cidade você tem profissionais nas áreas em que o SENAC atua, então existe potencialmente possibilidade de você desenvolver trabalho em qualquer uma das cidades que a gente possa atuar. Obviamente a nossa prioridade são pras cidades com maior população onde você tem uma maior demanda e uma facilidade maior na implementação dos programas.
P/1 - A gente está encerrando a entrevista e eu queria fazer mais umas duas perguntinhas e uma delas é: se você pudesse mudar alguma coisa na sua trajetória de vida, o que você mudaria, Ildefonso?
R - O que eu mudaria? É muito _______ essa pergunta (risos). Talvez eu buscasse um desenvolvimento de atividades, uma busca de trabalho onde mais efetivamente você pudesse desenvolver pessoas pra sua realização pessoal. Talvez, não que eu não tivesse me esforçado o suficiente, talvez que eu pudesse fazer alguma coisa mais, eu tenho que acreditar que eu podia ser um pouco melhor.
P/1 - Eu queria que você falasse o que você achou de ter tido essa experiência e ter contado a sua história de vida e a sua trajetória no SENAC pra gente.
R - Eu achei muito gratificante, eu me assustei um pouco com o tempo, de repente a gente começa a falar de coisas de vinte, vinte e poucos anos atrás e parece que esse tempo não passou, eu não me sentia ainda com tanto tempo de história. Mas ao mesmo tempo é gratificante você lembrar, e de repente nesse tempo a gente começa a lembrar de que valeu a pena todo esse trabalho, isso é fundamental. Eu me senti muito gratificado e a hora que a gente vê que de repente eu percebi que foi um monte de coisas que eu fiz, afinal de contas, então isso é muito importante ser lembrado.
P/1 - Pra finalizar, qual é o seu maior sonho?
R - O meu maior sonho é isso, não é jogo de palavras não, mas é não perder a capacidade de continuar sonhando. Então eu acho que eu tenho a impressão que eu vou morrer quando parar de sonhar, então se eu me aguentar sonhando eu acho que ainda vou poder ser útil, poder me sentir gratificado e poder profissionalmente crescer através do sonho, sonhar à medida que eu possa sonhar, eu acho que eu continuo vivo e isso pra mim é fundamental.
P/1 - Então a gente gostaria de agradecer a sua presença. Foi muito bom tê-lo com a gente.
R - Eu que agradeço.
Recolher