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Por: Museu da Pessoa, 1 de novembro de 2003

Não perdi a esperança de transformar este país

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Não perdi a esperança de transformar este país

Vídeo

P/1 – Bom dia, Pacu.

R – Bom dia!

P/1 – Gostaria que você me dissesse o seu nome completo, a data e local do seu nascimento.

R – Meu nome é Devancyr Aparecido Romão. Nasci em 24 de abril de 1947 em São Paulo, na Lapa de Baixo.

P/1 – Por que esse apelido, Pacu?

R – Recebi esse apelido, Pacu, quando fui fazer a faculdade de Agronomia em Botucatu. Naquela época havia um trote que chegava a ser violento: queriam cortar meu cabelo. E eu estava em crise num namoro com uma chinesa com quem fiz o cursinho. Na vontade de continuar em São Paulo, também me inscrevi na faculdade de Geologia. Na época não existia cursinho unificado e como em Botucatu eu havia passado, fui reservar a vaga.

Havia uma tradição de que quem fosse à faculdade com o cabelo cortado que não [fosse] pelos veteranos da Geologia, eles cortavam as sobrancelhas e os cílios. Eu falei: “Não posso correr este risco.” Estava apaixonado, em crise, imagina com cílios e sobrancelhas cortadas. Cheguei para o veterano que queria cortar meu cabelo e falei: “Olha, por enquanto não. Só quando eu confirmar a minha matrícula, aí tudo bem você cortar meu cabelo. Agora não vai cortar, não!” E ele insistia muito, queria cortar meu cabelo. Eu me afastei, abri os braços e acabei dando um tapa na cara desse veterano. Teve a turma do deixa disso e eu vim embora para São Paulo. Esperei sair o resultado da Geologia e não passei. Voltei para Botucatu para confirmar minha vaga, triste e macambúzio. Os veteranos: “Ô bicho, você vai [se] chamar Crespinho!” Meu cabelo era crespo [por causa] da minha origem afro, tinha cabelo bem pixaim. Aquele veterano que quis cortar meu cabelo da primeira vez chegou: “Crespinho não, esse bicho vai chamar Pacu. É um peixe difícil de pegar, mas agora eu peguei. Vem cá, bicho, vem!” E cortou meu cabelo. Desde 1967, então, esse apelido ficou. Meu nome não é muito...

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Museu Aberto

Depoimento de Devancyr Aparecido Romão (Pacu)

Entrevistado por Charles e Ciça

São Paulo, 01/11/2003

Realização: Museu da Pessoa

Entrevista nº MA_HV043

Transcrito por Erika Kaiser Mori

Revisão por Isadora Hofstaetter e Genivaldo Cavalcanti Filho

P/1 – Bom dia, Pacu.

R – Bom dia!

P/1 – Gostaria que você me dissesse o seu nome completo, a data e local do seu nascimento.

R – Meu nome é Devancyr Aparecido Romão. Nasci em 24 de abril de 1947 em São Paulo, na Lapa de Baixo.

P/1 – Por que esse apelido, Pacu?

R – Recebi esse apelido, Pacu, quando fui fazer a faculdade de Agronomia em Botucatu. Naquela época havia um trote que chegava a ser violento: queriam cortar meu cabelo. E eu estava em crise num namoro com uma chinesa com quem fiz o cursinho. Na vontade de continuar em São Paulo, também me inscrevi na faculdade de Geologia. Na época não existia cursinho unificado e como em Botucatu eu havia passado, fui reservar a vaga.

Havia uma tradição de que quem fosse à faculdade com o cabelo cortado que não [fosse] pelos veteranos da Geologia, eles cortavam as sobrancelhas e os cílios. Eu falei: “Não posso correr este risco.” Estava apaixonado, em crise, imagina com cílios e sobrancelhas cortadas. Cheguei para o veterano que queria cortar meu cabelo e falei: “Olha, por enquanto não. Só quando eu confirmar a minha matrícula, aí tudo bem você cortar meu cabelo. Agora não vai cortar, não!” E ele insistia muito, queria cortar meu cabelo. Eu me afastei, abri os braços e acabei dando um tapa na cara desse veterano. Teve a turma do deixa disso e eu vim embora para São Paulo. Esperei sair o resultado da Geologia e não passei. Voltei para Botucatu para confirmar minha vaga, triste e macambúzio. Os veteranos: “Ô bicho, você vai [se] chamar Crespinho!” Meu cabelo era crespo [por causa] da minha origem afro, tinha cabelo bem pixaim. Aquele veterano que quis cortar meu cabelo da primeira vez chegou:...

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