Eita cidade
Selvagem,
Cidade de selvagem de pedra.
Mas eu cresci na parte que é cheia de barro.
Na parte periférica
Que ninguém quer olhar, acreditar.
Lá eu corri, corri muito,
Pés descalços, como amava ficar assim. Com alguns gritos da minha mão pelo amor de deus vai se calçar.
Pulado de degrau a outro, parecendo uma cabritinha como dizia minha mãe Cearense
E meu pai deixa essas meninas brincar,
Nesse barro que não é nem perto o do Paraná.
Sobrevi e me fortaleci,
Briguei, sonhei,
Acreditei.
O que mais penso nesses momentos era que São Paulo sempre foi à terra da garoa,
meu Deus pra criança isso não era coisa boa.
Porém aqui logo tive bonecas reais pra brincar, minhas irmãs.
Mais os sabugos de milho que meus pais vendiam fazia tudo ficar coloridos, como eram ricos esses momentos, de inventos.
Hoje penso que aprendi a contar;
Pulando corda, que meus pais batiam.
Contando as moedas das vendas de pipoca, milho e tapioca. E nos dias que precisava criar a amarelinha, aquilo sim me dava alegria.
Fortaleci meus músculos correndo pelas escadarias da vida
Brincava com muitos meninos que de fato escolheram na brincadeira policia e ladrão, ser o vilão.
Por fim percebo que vivi essa infância inventando, criando principalmente brincadeiras dentro de casa.
Hoje noto o quão criativa tenho me tornado e principalmente uma adulta brincante que trás essa criança em todos os momentos.
Senti a falta da cultura, artes, embora veja que não, estava sim introduzida mesmo que não diretamente a tudo isso.
Sou grata por ter sido aquela criança arteira.