Vale Memória
Depoimento de: Celso Gomes
Entrevistado por: Larissa e Danilo
Conselheiro Lafaiete, 13 de setembro de 2002
Realização Museu da Pessoa
Código do depoimento: CVRD_HV134
Transcrito por: Elisabete Barguth
Revisado por: Wini Calaça
P1 – Bom, Doutor Celso a primeira pergunta que a gente faz é: dizer seu nome completo, local e data de nascimento.
R – Meu nome Celso Oliveira Magalhães Gomes, nascido em Ouro Preto em 9 de junho de 1932.
P1 – E sua família, qual o nome de seus pais?
R – Meu pai, Paulo Andrade Magalhães Gomes e minha mãe, Francisca Oliveira Magalhães Gomes.
P1 – E eles são de onde?
R – Meu pai de Ouro Preto e minha mãe de São João Del Rey, mas radicada o tempo todo em Ouro Preto, nascida em São João Del Rey por circunstâncias que meu avô era militar e estava passando um período em São João Del Rey.
P2 – Qual a atividade de seus pai?
R – Meu pai quase toda sua vida - menos 5 anos que trabalhou em construção civil em Niterói - ele foi professor na escola de Minas em Ouro Preto e após aposentado por idade, ele ainda foi contratado pela escola para cuidar de anais, publicações e lá ficou praticamente a vida toda até falecer. Foram sessenta e dois anos de escola de Minas entre aluno e vivência. Meu pai era o Secretário Perpétuo da Associação dos Antigos Alunos, conhecido de todo mundo que passou por Ouro Preto durante boa fase da vida da escola.
P1 – O senhor contou que tem um livro em Ouro Preto que tem a origem, qual a origem mesmo da sua família?
R – Na minha família Magalhães Gomes, a árvore genealógica dela posta no livro Zero Troncos Ouropretano entre outras famílias radicada em Ouro Preto. A minha família também tem muitos descendentes entre professor da Escola de Minas, músico Magalhães Gomes e da Escola de Farmácia também, muitos, bastante, lá tem escolas nas paredes com alguns Magalhães, lá.
P2 – Era uma tradição de família, o senhor poderia falar um...
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Depoimento de: Celso Gomes
Entrevistado por: Larissa e Danilo
Conselheiro Lafaiete, 13 de setembro de 2002
Realização Museu da Pessoa
Código do depoimento: CVRD_HV134
Transcrito por: Elisabete Barguth
Revisado por: Wini Calaça
P1 – Bom, Doutor Celso a primeira pergunta que a gente faz é: dizer seu nome completo, local e data de nascimento.
R – Meu nome Celso Oliveira Magalhães Gomes, nascido em Ouro Preto em 9 de junho de 1932.
P1 – E sua família, qual o nome de seus pais?
R – Meu pai, Paulo Andrade Magalhães Gomes e minha mãe, Francisca Oliveira Magalhães Gomes.
P1 – E eles são de onde?
R – Meu pai de Ouro Preto e minha mãe de São João Del Rey, mas radicada o tempo todo em Ouro Preto, nascida em São João Del Rey por circunstâncias que meu avô era militar e estava passando um período em São João Del Rey.
P2 – Qual a atividade de seus pai?
R – Meu pai quase toda sua vida - menos 5 anos que trabalhou em construção civil em Niterói - ele foi professor na escola de Minas em Ouro Preto e após aposentado por idade, ele ainda foi contratado pela escola para cuidar de anais, publicações e lá ficou praticamente a vida toda até falecer. Foram sessenta e dois anos de escola de Minas entre aluno e vivência. Meu pai era o Secretário Perpétuo da Associação dos Antigos Alunos, conhecido de todo mundo que passou por Ouro Preto durante boa fase da vida da escola.
P1 – O senhor contou que tem um livro em Ouro Preto que tem a origem, qual a origem mesmo da sua família?
R – Na minha família Magalhães Gomes, a árvore genealógica dela posta no livro Zero Troncos Ouropretano entre outras famílias radicada em Ouro Preto. A minha família também tem muitos descendentes entre professor da Escola de Minas, músico Magalhães Gomes e da Escola de Farmácia também, muitos, bastante, lá tem escolas nas paredes com alguns Magalhães, lá.
P2 – Era uma tradição de família, o senhor poderia falar um pouco dessa relação.
R – Houve sempre uma curiosidade em tal se haver um ano que houvesse um Magalhães Gomes na Escola de Minas como aluno ou professor. Desde o começo parentes meu foram alunos de Arrigosex, fundador da escola que foi trazido por Dom Pedro II que fundaram a escolinha em 1876. E a escola era para meu pai a vida dele, uma dedicação total.
P2 – O senhor teve primos, irmãos, tios.
R – Primos, avós, professores da Escola de Minas, e parentes do meu pai e também primos de primeiro grau, estudaram na escola.
P2 – Na Escola de Farmácia?
R – Não, na Escola de Farmácia também, os Magalhães Gomes foram, tiveram participação ativa lá com destaque - Magalhães Gomes é o nome da família. Enquanto minha mãe estudou farmácia, naquele tempo Ouro Preto tinha, sempre foi assim com cultura bastante adiantado, todas pessoas procuravam estudar…
[PAUSA]
R – Como eu tava dizendo minha mãe estudou farmácia em Ouro Preto - minha tia também - e trabalhou na farmácia dela até casar-se. E sempre como boa aluna que foi me ajudava muito na Escola de Minas, quando eu gritava querendo saber o peso atômico de elemento, queria saber tudo de cor eu nunca soube direito, elemento do cloro, do manganês eu nunca soube direito, pra fazer as minhas equações na Escola de Minas. Nós temos uma cultura na escola, uma cultura metalúrgica também, que é química, metalurgia química, química orgânica então eu tive muita ajuda da minha mãe. Meu pai era professor de desenho de máquina, desenho técnico, então foi a vida assim, eu estudei fiz a escola secundária de Ouro Preto.
P1 – Como era a infância em Ouro Preto?
R – Ouro Preto, muito alegre, o turismo ainda era pequeno porque não havia rodovia, os turistas chegavam de trem e nunca foi fácil, porque de Belo Horizonte a Ouro Preto eram 6 horas de viagem de trem. Mas sempre atraindo visitantes, alguns chegavam por rodovia e eu me lembro muito bem da visita de (Orson Welles Strain?) em Ouro Preto, eu era pequeno e me lembro bem que meus pais diziam que ele estava na igreja, eu morava em frente a uma igreja que tem essa casa em Ouro Preto até hoje.
P1 – Aonde?
R – Igreja São Francisco de Assis, aquela onde tem o Aleijadinho e eu tenho a minha casa em frente a igreja, exatamente em frente, à 10 metros do aro da igreja, a casa que eu tenho lá que eram dos meus pais e hoje continuo tendo a casa, onde moram irmãs e eu vou com frequência lá.
P1 – E os irmãos, quantos irmãos o senhor tem?
R – São 2 irmãs que eu tenho.
P1 – E passou a infância com elas?
R – Passei a infância com minha família em Ouro Preto.
P1 – Elas são mais velhas?
R – Minha irmã formou-se em farmácia mais cedo, foi para o Rio trabalhar.
P1 – Era mais velha?
R – Não, mas o curso de farmácia é menor e eu tive que ficar 1 ano fazendo vestibular, então ela foi para o Rio, depois aposentou-se e hoje tá morando em Ouro Preto.
P1 – E a outra irmã?
R – A outra irmã não trabalhou e mora com a minha outra irmã lá.
P1 – Bom, sua mãe era uma pioneira, sua mãe e sua tia porque naquela época mulher trabalhar era difícil, não era?
R – Era, mas minha mãe sempre foi muito animada. Um dia desses eu lembrei muito dela, ela era dessas pessoas que vibravam com monarquias, então quando o Rei Alberto da Bélgica chegou em 1920, ela vai pro Rio de Janeiro ficar na rua pra vê o Rei passar, sai de Ouro Preto e vai pra lá. Minha mãe era daquelas que arregimentava mocinhas da época dela, ia botar flores na estrada de Tiradentes quando nem era feriado, coisas assim, quer dizer para o tempo de 1915, minha mãe era de 1894, 1893 então a juventude de 1910 e 1915 ela botando flores de noite para o Tiradentes com outras amigas, um fato assim que gera muita recordação.
P1 – Como ela conheceu seu pai?
R – Meu pai estudava na escola e a casa que ela morava era naquela mesma rua, na rua Direita em Ouro Preto que você conhece, os dois se viam lá e meu pai começou a namorar, mas o casamento foi um pouco adiado devido as obrigações financeiras que ele tinha com uma propriedade que a família nossa ainda mantém em Antônio Carlos perto de Barbacena. São 150 anos, falava em 148 anos passados, mais de 150 anos que é uma sucessão natural aqui em Antônio Carlos e uma antiga casa grande da fazenda - que a cidade desenvolveu a fazenda deixou de existir - e hoje os netos e bisnetos contribuem mensalmente e mantém aquilo como um lugar de fim de semana. É interessante era uma casa de fazenda onde a senzala virou uma churrasqueira. E meu pai teve com a morte do meu avô que era pai dele procurador de estado de Minas Gerais, que foi obrigado a ir para Belo Horizonte na capital. Meu pai com um ano de idade é levado para Belo Horizonte junto com meu avô para morarem na (___?) do governo. Meu avô era Secretário das Relações, eu creio que hoje é equivalente a uma defensoria pública, uma coisa assim parecida, eu não sei bem qual a equivalência, mas antigamente chamava-se Secretaria das Relações.
P1 – Aí sobrou pro seu pai cuidar depois da...
R – Sobrou pro meu pai cuidar da minha avó e a família da minha avó entrou em crise econômica.
P1 – O que eles faziam?
R – Eles eram industriais em Antônio Carlos, eles tinham fábrica até de leite condensado vocês imaginam, quando a Nestlé veio pra cá eles tinham uma fábrica de leite condensado.
P1 – Mais ou menos em que época?
R – 1905, 1910, 1915 meio que deve ser por aí. Então eles entraram em crise porque eles tinham fábrica de cigarros também, fábricas de doces e hotel lá em Antônio Carlos, mas não souberam ter o mesmo time que meu bisavô que construiu esse patrimônio lá, pai da minha avó, e perderam tudo. E a casa que era paixão da minha avó ficou pra ela e meu pai teve que segurar a hipoteca, com isso aí ele atrasou o casamento. Então esse fato é muito conhecido e saudado porque hoje todo mundo usufrui da casa lá em Antônio Carlos que é um antigo sítio por causa desse atraso do casamento do meu pai. Demorou um pouco, eles se casaram. Eu sou o filho mais velho, depois vieram as irmãs.
P1 – E o senhor fez o primário em Ouro Preto?
R – Em Ouro Preto.
P1 – E o ginásio?
R – O ginásio também e a escola superior.
P2 – O senhor no ginásio, primário já tinha despertado interesse em geologia, engenharia...
R – Você vive aquele clima, você entra que apesar, é nosso orgulho, apesar do professor não ter bom salário naquele tempo, mas todo aquele grupo de família tradicionais de Ouro Preto, era como se fosse a elite local, todo mundo vira muito... Mas era interessante, a Escola de Minas tinha cento e oitenta alunos, cento e sessenta alunos tinham em todas as classes, e o mais interessante que no meu tempo de escola, de escola secundária até o final dos anos de 1940, como a escola foi fundada por franceses, as férias eram no verão, em julho e no Natal estavam todos os estudantes lá porque era uma aula. E então, eu ia entregar os doces que eles pediam aos professores pra mandar pro Natal, eu levava as consuladas natalinas para as repúblicas de estudantes. Então havia uma convivência muito grande, aquele contato nosso com os estudantes de engenharia, nós como filhos de professores sempre houve aquele clima.
P1 – E a adolescência em Ouro Preto, como foi?
R – Sempre com grupo, né, todos nós nos associamos a grupos de amigos. E eu tinha muito fascínio pelo Rio de Janeiro, férias no Rio em casa de parentes, já saí pra ver jogo do Flamengo, saindo aqui de Lafaiete.
P1 – Como o senhor se decidiu?
R – Saindo de trem de Ouro Preto, fazia uma baldeação em Miguel Burnier, aqui perto, outra baldeação em Lafaiete, aí nós saíamos direto pro Maracanã pra ver o jogo.
P1 – Quem ia?
R – Eu com mais um amigo. Uma vez fui sozinho porque fiquei no Rio. Não foi muito frequente isso, mas tô lembrando como fato de adolescência que marcaram, que veio a lembrança agora.
P1 – Como o senhor decidiu pelo Flamengo, o senhor lembra?
R – Na época não via, você não tinha, o futebol de Minas Gerais era muito apagado, né, não havia estádios, não havia recursos pra manter bons jogadores, então eles iam pro Rio ou São Paulo. Ouvia o rádio, tinha só rádio então ficávamos na beira do rádio ouvindo jogos. Mas isso foi um entusiasmo muito grande mas logo acabou quando eu entrei na vida profissional.
P2 – O senhor falou um pouco da vida de república de Ouro Preto.
R – Quando estudava, eu por exemplo tinha uma república que me adotou que era Arca de Noé, onde eu convivia com o pessoal apesar de ter casa em Ouro Preto, eu convivia com bastante liberdade com todos da república Arca de Noé.
P1 – Mas isso em que idade, que idade o senhor tinha?
R – Idade da escola de engenharia, já como universitário. E quando da escola secundária um episódio muito interessante é o roubo de galinha lá em Ouro Preto.
P1 – Conta um pouquinho.
R – Em que lá em casa naturalmente foi vítima de roubo de galinha. Uma vez a empregada acordou e os gatunos saíram correndo pulando o muro, e eu fui pra rua também e dei de encontro com um estático de medo, paralisado no meio da rua, mas vimos que eram de uma república chamada Covil dos Inocentes, aí na rua do Ouvidor. E acontece que o empregado ia lá buscando as galinhas, tinha um quarto sem iluminação nenhuma, isso na casa de Ouro Preto - dentro da casa não era terreno, era um quarto sem luz que tinha uma porção de galinha - então a empregada ia trazendo umas três em cada mão pelos pés, e meu pai mandou deixar umas três lá pros rapazes. E fazia parte da festa, você ser descoberto sair correndo, fazia perto se não tivesse uma noção assim talvez não marcasse tanto.
P1 – Por morar em frente a igreja qual era assim a relação, que religião dos seus pais ou a sua?
R – Eram católicos, meu pai era um católico assim de muita fé mas meu pai nunca foi de acompanhar procissões, ele tinha uma fixação muita para aquela luzinha vermelha que tem nas igrejas católicas, o Santíssimo Sacramento. Então ele olhava pra aquilo e aí que ele sentia-se realmente muito compenetrado pra religião e tinha religiosidade muito dele com comunhões frequentes mas com muita jovialidade. Ele gostava de ter livro de missa em inglês, comprou na Índia num congresso que ele foi. Ele cuidava muito de São Vicente de Paulo, era vicentino e era líder vicentino na região inclusive aqui em Lafaiete também. O escritório do meu pai tinha muito movimento com frades vicentinos, pessoas humildes que vinham com aqueles burrinhos trazendo produtos agrícolas de fazendas de Ouro Preto e trazendo o mapa da conferência de vicentino vestidos, estava ali relacionado, dinheirinho arrecadado. Há uma realização muito grande de São Vicente de Paulo, tem sede em Paris, conselho superior aqui no Rio de Janeiro, é muito interessante, uma avaliação muito boa feita por pessoas. E meu pai emendou essa incumbência de um antigo professor da Escola de Minas dos velhos tempos que morreu e passou pra ele esse encargo, e ele abraçou a idéia. Minha mãe ficava danada da vida porque os tropeiros chegavam com os pés descalços e pisavam na minha sala de visita pra entregar aqueles mapas das conferências, relatórios com os dados estatísticos dos pobres assistidos e aí nas áreas mais remotas da periferia da cidade, dos distritos de Ouro Preto. E meu pai tinha que fazer esse percurso de Lafaiete, dessas cidades todas que ele tinha da abrangência dele da assistência dos relatórios, dos consolidados que chegavam, meu pai tinha um secretário e eu ganhava dinheiro pra levar para o correio pilhas e pilhas de impressos para serem preenchidos pelos diversos… Você ouviu falar em São Vicente de Paulo? É uma coisa muito interessante, a gente ouve falar em Rotary Clube, mas é uma coisa de gente humilde que funciona.
P2 – E como que era a casa que o senhor morava, o senhor e sua família, a de Ouro Preto.
R – A casa que eu moro, que morou uma tia, Maria de Dirceu, e eu fiz a minha casa aonde era uma garagem, um apartamento pra mim. E as pessoas chegam lá e ficam muito entusiasmadas que são paredes dessa largura em pedra, que eu deixei a vista como todas as casas que são lá e essas construções portugueses de alicerces muito rasos, eles usavam paredes muito largas mas pouco profundas, agora a base não era profunda, então paredes com quase um metro de largura e a casa é com paredes de pau a pique. E nós temos lá algumas que você faz um rasgo para as pessoas verem como é que é a parede, com aquelas taquaras, né, bambus com varetas de madeira com estuque, minha casa é assim.
P2 – Como era na sua infância o movimento, muitas visitas...
R – O movimento? A minha casa aberta, meus pais sempre foram muito abertos, muito teatro na minha casa, algumas recepções já na fase de universitários com gente da indústria participando com episódios muito engraçados, você comendo aquela gelatina e eu lembro de um diretor de uma firma da Bahia, uma grande firma de ferro ligas da Bahia hoje, tentando comer uma gelatina, minha mãe servia em taças e a gelatina não descia. (risos)
P1 – E porque essa opção pela engenharia?
R – Foi uma decorrência normal, nós filhos dos professores da Escola de Minas que morávamos em Ouro Preto, vivendo aquele clima e sempre aquela atração exercida pelo Centro Acadêmico da Escola de Minas, que só quem podia entrar quem era universitário, onde os turistas iam e nós não podíamos entrar, aquilo exerceu também um fascínio muito grande sem dúvida nenhuma.
P2 – Como foi essa época da Escola de Minas?
R – Foi muito animada porque eu gosto muito de música, né, então a primeira coisa que eu fiz foi fundar um conjunto musical.
P1 – Como chamava?
R – Integral de Zero a Infinito Batuque de X, na bateria tinha eu - sempre fui bom na bateria naquele tempo não ia sobrar lugar pra mim outro. Tinha o Integral Zero a Infinito, Batuque em letras verticais de X, era uma música em toda sua plenitude, o Integral ensino de matemática de Zero a Infinito, então nós tocamos pra dançar durante muito tempo. Ficávamos na janela do Centro Acadêmico esperando acabar a missa das 10h pra chamarem as moças pra virem dançar, era missa dançante, começava lá pelas 11 da manhã e ia até meio dia e meia.
P1 – E tocava o quê? Que músicas vocês tocavam?
R – Tocávamos sambinhas, já em 1958, 1956, 1957 música americana. Temos um disquinho gravado na Odeon e tem lá uma seleção de Caymmi e tocava pra dançar. E eu só entrava no piano quando tava todo mundo já alegre, eu era o terceiro reserva.
P1 – No piano?
R – No piano, mas depois o piano virou meu hobby, hoje eu tenho mais, ficou muitas repetições, né, eu compro muita música, muita partitura. Meus pais me colocaram pra aprender piano aos 6 anos de idade antes de saber ler. Chegou lá em Ouro Preto uma senhora chamada Carla Hopens, que era judia e eu tinha 6 anos de idade, isso em 1938 e souberam que ela ensinava piano, era a profissão dela, tinha uma casa que alugava pra estudantes também, então ela ia na minha casa e começou a me ensinar, e comecei a ler partitura, quando criança, né. Depois eu passei pra outras professoras e aprendi a ler, tenho ritmo por causa da bateria que eu gostava muito.
P1 – O senhor tocava bateria?
R – No conjunto sim e tocava piano na hora que o pessoal já tava cansado ou já tinha bebido mais um pouco, e sobrava pra mim ocupar o lugar deles no piano e tocava pra dançar. Eu já tenho muita música o meu hobby do tempo de São Paulo, da nossa companhia, era sair correndo da XV de Novembro até Quintino de Bocaiúva pra ir lá na Bevilacqua comprar partitura. Então eu tenho álbuns e álbuns, e os americanos da Meridional ainda mandavam pra mim, porque aqui tinha um piano aqui atrás das minhas costas, tinha um piano onde eu tocava e eles ficavam aí, naquela época a música americana, os Stands Halls, moda.
P1 – E o senhor lembra dos professores, o que era ensinado, qual era a ênfase na Escola de Minas na época que o senhor fez?
R – Geologia, eram bons professores, paleontologia também já nas cadeiras profissionalizantes, que no básico também eram excelentes professores. A poucos dias eu fui na festa de 92 anos de Juiz de Fora de um professor, foram dois ônibus de Belo Horizonte de ex alunos em Juiz de Fora, um professor de analítica, então havia um clima de camaradagem, de estudo e de dedicação dos mestres, talvez ainda exista hoje, eu tô muito afastado mas acho que nem tanto assim. E na Escola de Minas a mineralogia, lavra de Minas que você já começava a sentir a vida prática das coisas, você já ia pra excursões, você já ia pro campo vê aqueles equipamentos todos que eram citados nas apostilas, você já tinha conhecimento, você já começava a enxergar as coisas. Tinha um Parque Metalúrgico em Ouro Preto onde é o Centro de Convenções, ainda conservam lá o Parque Metalúrgico, um forno de gusa pequeno onde os estudantes tinha que passar lá uma noite virando turno pra vê as corridas periódicas que você abria o forno e escorria gusa e tinha que fazer um relatório depois, minha turma era de vinte e três colegas.
P1 – Que ano o senhor entrou?
R – Em 1952 e sai em 1958, mas eu sou o líder das comemorações quinquenais o ano que vem tem de novo. Aí eu vou atrás de lembranças, fotos para fazer o pessoal se encontrar em Ouro Preto com suas famílias, geralmente é fora de uma época muito agitada lá, geralmente é mais em dezembro.
P1 – E namoros tinha muito nessa época?
R – Tinha, tinha muito turista em Ouro Preto, né, e sempre era muito engraçado que quando a estrada Belo Horizonte/Ouro Preto foi aberta todos os dias haviam ônibus com batalhões de guardas, porque carregavam policiais em bancos de madeira, madeira mesmo, vinham colégios visitar Ouro Preto, quase todo dia vinha. Então chegavam aquelas meninas no Centro Acadêmico aí logo você botava o toca disco pra tocar uma música, né, primeiro elas iam lá no toalete, mas as costas eram poeira pura, você botava mão assim era aquele pó, mas era bem divertido.
P1 – E o senhor conheceu sua mulher, sua esposa nessa época?
R – Não aqui, eu me casei aqui.
P1 – Como foi? Ainda na faculdade, os estágios.
R – Não, eu vim pra cá em janeiro de 1959 e em março nós já estávamos namorando já.
P1 – Mas foi como estágio?
R – Não, eu já tava como engenheiro empregado aqui.
P1 – Mas antes disso o senhor fez um estágio?
R – Fiz estágio aqui.
P1 – Como que foi isso?
R – Eu vim aqui...
P1 – No Morro da Mina?
R – Eu vim aqui, Milton Rezende era conhecido da minha família, que a esposa dele é de Ouro Preto também, a Maria do Carmo e tive aqui na casa dele num almoço como estudante, recepcionado pela família dele.
P1 – E nessa época do estágio no Morro da Mina o que o senhor fazia?
R – Aqui? Eu conhecia todo o processo mas me deram o encargo de nivelar o campo de futebol. Então eu ficava aqui com o tio Dolitos, né, nivelando o campo para depois ser reformado, campo do Mineiro Sport Clube, Mineiro Sport com “s” Club, que era o time aqui da empresa. Era um campo de futebol muito bom que depois nós adotamos até com refletores para jogos noturnos.
P1 – E aí quanto tempo de estágio o senhor fez aqui no Morro da Mina?
R – Um mês de estágio.
P1- Depois disso?
R – Depois disso eu voltei pra escola pra terminar o meu curso de seis anos, mas em setembro logo após o estágio que foi em julho eu recebo um convite para vir a um churrasco aqui nessa casa aqui ao ar livre.
P1 – Na casa de hóspedes?
R – É, que era a despedida de Mister Jackson, que era um americano que tava vencendo o tempo dele - quatro anos e eles voltavam para os Estados Unidos - no meio desse churrasco o motivo era me convidar pra trabalhar aqui após formado, acho que gostaram de mim não sei, talvez durante o estágio, me convidando pra ser engenheiro da Mina aqui depois de formado. Então eu levei esse convite pra casa mas chegava na escola, era Petrobrás fazendo um teste onde todo mundo passava, CSN fazendo um teste onde todo mundo aprovado, Comissão de Legislação de Energia Nuclear todos os formandos, durante o curso ainda, habilitando-nos pra futuros empregos. Eu já trabalhando aqui recebo, meu pai manda de Ouro Preto um telegrama da CSN me convocando para um exame médico em Volta Redonda. Havia uma abundância de trabalho que você não sabia o que fazer, ainda mais nós de Ouro Preto que saíamos como engenheiros de minas, metalurgistas e civil. O nosso paraninfo foi o Othon Barcelos da Mercedes Benz, da Sofunge, diretor essas coisas, era ex aluno da Escola de Minas também. Convidou todos os seus ‘paraninfados’ para trabalhar com ele, todos nós, arrumava emprego pra todo mundo, mesmo assim não fui.
P1 – Mas aí depois desse convite o senhor não aceitou no primeiro momento e foi para o Rio de Janeiro?
R – Não, aceitei, aí fui com um colega trabalhar com aquele grupo Jafet em Mogi das Cruzes, no estado de São Paulo.
P1 – Em que época mais ou menos?
R – Pois é, justamente a época que começou o declínio do grupo Jafet. Eu tinha um convite pra trabalhar em Mogi das Cruzes numa fábrica lá e fui com um colega juntos pra trabalhar lá, mas chegou lá aquelas condições oferecidas não estavam bem definidas, não nos chamavam pra formalizar todas as ofertas que haviam dito - oferecimento de moradia, de casa - e a gente tinha tantas opções, com toda aquela vibração da mocidade, falamos: “Vamos embora”. E um fato muito interessante, a hora que eu saio de lá para o Rio de Janeiro, minha mãe e meu pai estavam indo para Águas de Lindóia, estação de águas e passaram lá em Mogi e deixam um embrulhinho pra mim com o guarda das estação pra me entregar na fábrica de Mogi e eu nem tava mais lá, eles acharam que eu ainda estaria lá. Era uma fábrica de tubos em Mogi das Cruzes onde tinham engenheiros de Ouro Preto trabalhando lá também, estavam atraídos por aquilo, os Jafet sempre foram muito ligados a Ouro Preto, aliás um desses Jafet foi quem me despertou muito para o uso desse bicarbonato numa conferência que eu fui em Ouro Preto, em 1961, 1962 numa semana de estudos lá, Ricardo Jafet.
P1 – Ricardo Jafet, mesmo. E aí como se dá o ingresso definitivo no Morro da Mina?
R – Pois é, aí eu vou para o Rio de Janeiro onde eu tinha muita vivência de férias e tudo, e tinha um convite pra trabalhar na Comissão Nacional da Energia Nuclear, mas como firma estatal um pouco burocrática, quem me fez o convite foi um ex aluno da escola, disse que eu teria que esperar dia tal pra formalizar alguma coisa, mas se alguém depender de alguma outra pessoa que não estava na época, estava for. Eu não podia esperar que meu dinheiro tava acabando, aí resolvo vir para Ouro Preto me abastecer de dinheiro e voltar a ver o que eu iria fazer, porque eu tinha convites como eu falei pra Volta Redonda, não havia menor problema em emprego, a gente não sabia nem o que fazer tal o volume de ofertas, mas aí resolvo passar aqui em Lafaiete que havia um convite, né, e formal inclusive com salário estipulado, passei um telegrama dizendo que gostaria de ser entrevistado, esse telegrama ainda tenho, é que eu achei aqui depois, aí responderam que concederiam a entrevista, era o Milton Rezende, que me recebe dizendo que havia aumentado a oferta deles, achou que eu havia deixado de lado a oferta por achar que era pequena, mas não, eu queria ficar longe de Ouro Preto, queria me realizar mais como pessoa longe de casa, sair dos familiares, coisa assim. Mas eu tinha gostado daqui e aceitei, achei uma oferta boa em comparação com outras em vista, achei interessante. Mas na hora que eu vou comprar o meu anel de formatura que eu não tinha, que eu optei por outras que eu não lembro mais o que foi, meus pais fizeram com que eu optasse, antigamente usava anel, o joalheiro fala: “Mas você vem trabalhar no Borgamino, o Borgamino tá acabando, não tem minério”, eu vi mesmo que tava mas não era assim tão de imediato, nós ainda tínhamos aí uns sete, oito anos de lavra pelos números que a própria mina oferecia pra gente, os dados do serviço de geologia, do serviço de topografia era fraco isso, mas eles tinham levantamentos de reserva que indicavam isso.
P1 – E o senhor começou fazendo o que aqui no Morro da Mina?
R – Acompanhando a operação, mas o fato que me marcou muito é que não havia horário de verão, então a jornada começava às 5 e meia da manhã, e eu cheguei aqui em pleno verão uns dias muito grandes. O que acontecia é que eu tinha lá uma escavadeira operando numa determinada frente de trabalho de talha, no dia seguinte eu já tava em outro lugar, porque eu obedecia o horário do escritório, inclusive eu ia no ônibus do escritório que passava no hotel onde eu morava e saía às 7 e meia da manhã aqui no escritório até que o jipe me pegava pra me levar pra mina onde o escritório era em baixo, perto daquele morro antes de começar a subir que era o escritório da companhia, onde o Milton Rezende trabalhou. Até eu chegar na mina já eram 8 horas, 8 e meia não tinha condução só tinha um jipe onde eu vi que eu não tava fazendo nada, o controle da mina tava todo nas mãos de capitães de mina que geralmente eram pessoas muito íntegras mas de tamanhos altos, homens fortes, parece que a compensação física era importante pra impor respeito.
P1 – E eram americanos?
R – Quem?
P1 – Eram americanos?
R – Não, tudo brasileiro, eram pessoas práticas de mina, pessoas muito fiéis, muito compenetradas e eram essas pessoas que comandavam a mina, não tinha um técnico de mineração, técnico de grau médio igual hoje tem. Era eu na mina e o engenheiro superintendente mais ninguém, e os capitães de mina, então “Eu decido, já que é assim eu vou também chegar às cinco e meia”. Então o jipe me pegava lá no Hotel Meridional, lá pra fevereiro de 1959 e eu espremido no meio daqueles homens pesadíssimos e vinha pra cá e chegava aqui junto com eles pro trabalho, vê o trabalho começar e acompanhando o trabalho, só que eles almoçavam às 8 e meia da manhã porque eram 3 horas depois e eu tinha também que almoçar junto e chegava no fim do dia exausto. Até que um dia, passaram-se 40 dias mais que isso, o meu superintendente Saião Lobato, fala comigo que eu estava completamente errado, tinha que ter um conhecimento da vida social da cidade, tinha que ser apresentado às pessoas locais e ir ao clube pra ele me apresentar, que eu não podia ficar dormindo às 8 horas da noite cansadíssimo, não era o papel que competia ao engenheiro da mina da Companhia Regional de Mineração, ele tinha que ter uma presença na cidade, ele tinha que conhecer as autoridades, o juiz de direito, o vigário porque eu tinha uma representação social era necessário que eu tivesse isso. Então eu tive que parar de chegar aqui às 5 e meia da manhã, chegar aqui antes da jornada começar, porque logo que clareava o dia apitava a sirene, o dia ia diminuindo e a sirene ia caminhando, a sirene ia caminhando de acordo com a claridade do dia, entendeu, a jornada tinha um horário baseado com a luz solar.
P1 – E quando o senhor entrou já diziam que o manganês da mina podia acabar, não tinha isso? Conta um pouco a história.
R – Sim, eu não disse que o joalheiro quando eu fui comprar o meu anel de formatura disse porque eu vim trabalhar aqui se a mina tá acabando.
P1 – E aqui como era a recepção aqui dentro da...
R – Dos empregados? Sobre esse assunto? O empregado vivia o seu dia a dia, o horizonte era muito pequeno e eles não tinham essa sensibilidade, achavam que a vida ia tomar seu rumo de acordo com as circunstâncias, você sabe como é o nível cultural, muito baixo, analfabetismo imenso, mais ou menos quinhentos homens.
P1 – E o senhor quando entra aqui, o senhor pega o período de mecanização, o princípio da mecanização?
R – Já existiam compressores, a primeira pá carregadeira de pneus já foi na minha gestão, porque antes os equipamentos eram sempre tracionados com esteiras. A própria Caterpillar no princípio não admitia comprar pás carregadeiras de pneus porque as lagartas que os tratores e as próprias pás carregadeiras - tínhamos aqui modelos 955 e 977 - as pás carregadeiras todas movidas a lagartas dos caterpillar, né, o nome que deu nome até a marca. Então quando eu lembro, quanto eu falava pros representantes de caterpillar que eu gostaria de ter pás carregadeira de rodas, porque já tinham em outros fabricantes, e eles diziam: “Não, isso não tá certo”. Mas a própria Caterpillar hoje é uma grande fabricante de equipamentos de rodas.
P2 – Então essa época que o senhor entrou tinha essa ameaça de acabar, o que aconteceu que não acabou, afinal o minério, como que resolveu isso aí? A mina não fechou, como foi?
R – É, a mina não fechou. Eu tinha referências, eu gostava muito de ler relatórios antigos da mina, eu sempre tive um gosto muito grande pra ler esses relatórios antigos e a Meridional tinha grandes especialistas metalurgistas que vinham aqui, pessoas muito capazes e produziam relatórios muito interessantes. E lá eles relatavam experiências muito interessantes com o protominério circocabornatado que era chamado aqui de rocha branca, porque para chegar o óxido muitas vezes você tinha que explodir esse protominério e na hora de furar ele desprendia um pó branco, esbranquiçado duro sempre. E então eu via que haviam testes de (intoxicação?) desse protominério e mostravam que alguns deles o teor subia muito, que eles tinham muito carbonato, muito CO2 pra desprender quando queimados. Ficou nisso aí, todos os demais constituintes manganês, sílica, ferro, tudo aumentava porque você perdia substância que era o gás carbônico que se desprendia, eu achava que aquilo ali então podia ser depois de calcinado passar a ser um minério como o sucedâneo do óxido que tava se extinguindo e passei a achar que isso poderia ser viável no futuro e levar esse carbonato para metalurgistas para ouvir a opinião deles. Tem relatos disso nos meus arquivos de 1961, eu tentando mostrar pro pessoal da CSN Companhia Siderúrgica Nacional, que havia montado aqui em Lafaiete uma fábrica de ferro ligas, justamente pra aproveitar os minérios aqui da região de manganês, logo então essa fábrica está fechada por termo de poluição, ela tá muito mal situada dentro dos perímetros urbanos e não havia filtros pra reter a poeira. Esse entusiasmo, então pelo uso do protominério como sucedâneo, foi aumentando à medida que você notava que era um minério oxidável e tava terminando. Então nós calcinávamos pequenas pedras de carbonato em muflas de laboratório onde com o calor de 1000 graus, 900 a 1000 graus, a pedra se queimava e calcinava, esse calcinado então era presenteado para todos os americanos que vinham aqui, ganhavam um presente de calcinado como um futuro minério da mina, não se falava em fechar a mina. Outras vezes, eu sei que na região de Carandaí existiam muitos fornos de barranco para fábrica de cal, as caieiras bastante rudimentares onde pedras grandes de calcário eram expostas num barranco e você fechava com tijolos, colocava fogo em baixo e esse calcário se transformava em cal e com auxílio de um médico nosso da companhia que tá aqui até hoje Doutor Luiz Souza Dias, que é daquela região e parentes que tinham essas caieiras, nós intrometíamos pedras de carbonato de manganês que queimava junto com essas pedras de calcário as vezes até de 10 quilos grandes e vinham então aquela pedra calcinada e nós guardávamos aquilo pra mostrar pra todo mundo que nós achávamos que podia ser motivado para a continuidade da operação aqui. Bom, mas aí é fundado no Rio de Janeiro o Brazilian Mineral Investigation para pesquisar minério na região norte do Brasil e diante do quadro que o Morro da Mina, tava se exaurindo a empresa tinha que provar pras autoridades brasileiras que com dados bem substanciados que essa mina realmente estava se acabando, que essa operação tinha que ser encerrada, então o geólogo (Genito Lber?) que era o chefe da equipe que tinha como finalidade fazer pesquisa de manganês no norte do Brasil, designou uma turma pra fazer pesquisa aqui em Lafaiete, então contratou geólogos sobre o comando de João Gilberto Guimarães Lírio, que diante daquele afã nosso de calcinar, achar que o protominério podia virar minério, ele ao mesmo tempo que provava que o minério oxidável estava se extinguindo pouco com furos de sonda, ele prosseguiu os furos dentro do carbonato que estava ou no flanco mais profundo ou então em profundidade adjacente ao minério oxidável e com isso aí ele produziu um relatório que provava que o minério oxidável tinha uma reserva muito exime e muito pequena e o carbonato 6 milhões de tonelada, era uma reserva importante, mas ao mesmo tempo que esse relatório tava sendo produzido a gente recebe uma solicitação da empresa para fechar a propriedade, venderam a Casa de Hospedes então eu tinha que vender a desmobilização da escola, a desmobilização da vila operária, vender as casas para os operários era um processo que não ia ser muito rápido.
P1 – Em que época mais ou menos?
R – Em 1967.
P1 – Quando a Meridional já tava querendo se desfazer das...
R – Não, da mina porque a reserva tava acabando, né.
[Fim do CD 01 – 60 minutos]
P1 – Bom, então quando veio a instrução para o fechamento da Mina, aí que a nossa luta para preservar a nossa atividade intensificou-se mais ainda e conseguimos até por intermédio da diretoria do Rio um contato com Alcan que fez um experimento com o carbonato cru mas que não produziu um relatório definitivo, ficou muito sem um relatório, nós não tivemos uma notícia boa. Mas como aqui tinha uma fábrica de ferro ligas, aqui na cidade que eu acabei de citar, Companhia Nacional e os engenheiros - um deles era meu colega de turma de Ouro Preto, e o outro muito amigo, era acordeonista do meu conjunto - conseguiram fazer uma experiência com o carbonato cru, que era uma experiência e que essa pequena experiência provocou o interesse da CSN em indagar. E nós fizemos uma carta consulta se poderíamos fornecer 3 mil toneladas de minério calcinado e não tínhamos nenhuma maneira de calcinar esse produto, a não ser levando as pedras de carbonatos já britadas para fornos de cal, e havia um forno industrial não desses fornos rudimentares que eu citei a pouco, uns fornos de barranco na região de Carandaí, um forno contínuo de fabricação de cal a lenha também mas continuo, muito interessante, mas a distância de transporte até Carandaí que dá mais ou menos 25 quilômetros daqui em comparação com a possibilidade de fazer um forno piloto local aqui na Mina mesmo que para uma… Foi um confronto econômico muito interessante, com o gasto que nós iríamos ter com a fabricação do cal por terceiros e adições de transportes até lá, versus a construção de um forno aqui, poderia ser interessante, e nós teríamos um controle maior e não teríamos gasto com transporte. E foi feito, contratamos um expert em calcinação da magnesita, uma firma em Belo Horizonte que tinha fornos em Brumado, Bahia, para calcinar magnesita e muita experiência em fornos de cal na região de Leopoldo, Sete Lagoas, região típica de calcário, região de Belo Horizonte e proximidades. Foi concebido forno piloto até então inovação dele, desse projetista e construímos com muito pouco recurso - com trilhos da Central do Brasil, trilhos de ferroviários usados, o nosso ramal ferroviário e chapas compradas aí a preços muito camaradas de segunda mão - e fizemos então o forno experimental, que em março de 1969 gerou 3 mil toneladas de calcinado desse carbonato, calcinado que a Companhia Siderúrgica Nacional mostrou interesse em experimentar. Então foi pra lá, foi feita a experiência apesar de algumas restrições em comparação com o minério oxidado, restrições eu digo pequenas devido ao consumo que devido a presença sílica, a necessidade de mais calcário pra fazer isso, devido ao teor do carbonato ele tem o menor teor em manganês e a presença de sílica maior, o que faz você colocar dentro do forno o calcário que não é minério que ocupe um espaço, então com isso a produção cai porque a quantidade da energia elétrica é a mesma que você tem disponível para você fazer a fusão do material, fazer a redução. Mas mesmo assim, a CSN disse que o carbonato calcinado poderia ser utilizado economicamente e entregou pra nós uma carta de intenções de futuras aquisições. A Companhia Paulista de Ferros Ligas, que também era uma entusiasta do uso do ferro carbonato porque nós tínhamos um grande amigo que trabalhava nesta empresa aqui em Jeceaba em Barbacena, ele achou também que o carbonato podia ser um bem econômico, como era, era utilizado para fazer alicerces de casas aqui na cidade, a barragem de Jacuba de captação de água potável do Município foi feita por essa pedra dada por meu intermédio em 1961. Um episódio muito engraçado que eu tinha que mandar esses caminhões meio ocultos porque a corrente política da época era contrária a um advogado muito importante da empresa que tinha uma crença muito grande aqui, nossa vida aqui e não podia...
P1 – Qual era a corrente política?
R – A corrente política da época era partido Republicano e esse advogado era um ex deputado do PSD. Os ânimos aqui eram tão acirrados e eu tinha assumido a superintendência na época quando muito timidamente um encarregado que era do partido oposto, era deputado do Partido da Situação me consulta se eu não poderia doar o carbonato de protominério pra fazer uma barragem de captação de água. Apesar que era para o Prefeito da Situação como eu sempre tive uma independência - que eu me orgulho muito de ter trazido de meu pai, que nunca teve correntes políticas da Congregação da Escola de Minas em Ouro Preto - eu falei: “É claro, dei tudo mas não tem partido”. Então os caminhões saíam aqui da mina e eu sempre esperando uma advertência do grande advogado que é uma figura central da cidade, muito importante, uma repreensão dele e eu menino ainda como superintendente da mina com 28 anos.
P1 – Nessa época que o senhor tá falando em 1960, é isso? O Morro da Mina ele já tinha baixado as exportações não é isso? E ele tava...
R – Em 1960 a empresa conseguia viabilizar um contrato pra ele partir entre o governo de Mato Grosso e o Grupo Chama - que comandava sobre Amil, uma empresa lá em Corumbá para a exploração das Minas de Urucum - e então a empresa fez naturalmente ponderações do Conselho Nacional de Minas de Metalurgia, parece não sei se apenas Conselho Nacional de Minas que é no Rio para ganhar simpatias do Governo Federal e exportar minérios de Corumbá pelo Rio Paraguai até Nova Palmira e depois subir pelo Atlântico para ir para o Estados Unidos, a empresa concordou em encerrar as exportações aqui em Minas Gerais, não havia nenhuma lei nunca houve uma lei que proibisse a exportação de Minas Gerais, apesar que toda a vida a US Steel ficou sobre esse clima, que as exportações poderiam ser suspensas a qualquer momento ou a Mina nacionalizada.
P1 – Tinha isso?
R – Sim, desde o tempo do Doutor Bernardes, o tempo do Itabira Ayo, aquele temor de nacionalização sempre perseguiu a US Steel aqui no Morro da Mina. Você pode ver por todos arquivos esse temor, inclusive temor de modernização da Mina que era apregoado pelos Estados Unidos, encontravam obstáculo do superintendente americano local pelo temor de não investir aqui em modernização, temendo a nacionalização. É evidente que muito da modernização da Mina foi prejudicada por isso, e não é só isso, a própria Vila Operária herdada pela Companhia Meridional, nós como engenheiros novos eu passei por isso e outros que me antecederam também, engenheiros brasileiros eram Prefeitos da Vila, teve o maior problema em melhorar as condições das casas, bem dotadas de banheiros adequados mas sempre conseguimos botar água em todas as casas, banheiros, mas com dificuldades arquitetônicas muito grandes devido a concepção da época, a arquitetura da época anterior a 1920.
P1 – Quando o senhor tinha entrado tinha acabado o período de greves, acho que bem forte, que foi em 1956, como que tava na época que o senhor entrou?
R – Eu tive dificuldades com o sindicato no começo dos anos de 1960 e mesmo depois no fim dos anos 1960, mas por incrível que pareça o único sindicato da região que não foi fechado na evolução foi o do Morro da Mina, ganhei até parabéns do Delegado Regional do Trabalho, Onésimo Viana que me ligou de Belo Horizonte me cumprimentando pela evolução que pelos dias seguintes a evolução que nosso sindicato não seria fechado que eu poderia falar com o Presidente que não teria problema. Aqui tinha uma fábrica de vagões da Santa Matilde, grande fábrica, tinha outros sindicatos de mineiros de Casa de Pedra da CSN, todos eles tiveram problemas, e a minha atividade na evolução era tirar empregados que aproveitavam pra conhecer o Rio de Janeiro naquele trem que passou aqui arregimentando gente para o comício do dia 13 de março, aquele clubinho da Central do Brasil, 13 de março de 1964, foram aproveitar pra conhecer o Rio de Janeiro, vê a evolução e prisão, então eu tinha que ir lá na Delegacia e liberá-los e uns eram líderes das antigas greves e o delegado dizia pra mim: “Mas esse aqui tem ficha no Dops, esse aqui não pode”. “Pode, se eu responder eu me responsabilizo”, não deixei ninguém na cadeia, tirei todo mundo não ficou ninguém, bastava saber que tinha sido preso eu corria lá pra tirar o sujeito, isso era muito engraçado.
P2 – O senhor falou das várias épocas da Companhia, o senhor poderia voltar um pouco...
R – Então eu vou só acabar sobre o calcinato, né, então aí veio o sucesso do calcinato, aceitação com carta de intenções porque motivou então a vinda de grandes experts da
do nosso laboratório de pesquisa lá em Pittsburgh, vieram pra cá pro Brasil para vê a coisa o que tava acontecendo. Porque o plano de fechar a Mina já tava em marcha, não havia nada que disse “para”, vieram pra cá pra vê se o calcinato realmente poderia ter valor econômico que havia então uma proporção de fazer fornos comerciais, grandes fornos que pudessem entregar calcinato pra indústria porque se não cada um teria tantas toneladas por ano, carta de intenções como eu acabei de dizer. Vieram aqui pro Brasil, ficavam hospedados aqui nessa casa, estudavam os fornos e mediam temperaturas, mediam pressões do desempenho dos fornos de calcinação, estudavam o mercado, se aquilo realmente tudo o que dizia era verdade, não acreditavam, havia ainda muito ceticismo. Aí acabaram se convencendo, que visitaram também os clientes e se convenceram que haveria mercado para aquele produto, aí foi aprovado uma verba de 1 milhão e 75 mil dólares pra gente fazer dois novos fornos de calcinação e uma nova instalação de britagem que vocês viram hoje, que é a mesma instalação de antigamente com alguma mudança, mas aquele britador é o mesmo, aquele grande ali.
P1 – Isso foi em que ano?
R – Em 1972, foi inaugurado em 1972, o sal de calcinação. Nós inauguramos em 1969 em março um forno piloto, continuamos a calcinar porque o mercado começou a pedir o produto do forninho piloto, que tinha uma capacidade muito pequena, mas sempre havia mercado pra ele. Enquanto isso havia óxido aí ainda, o óxido estava acabando mas ainda havia, nós íamos levando o mercado assim.
P1 – Então pra explicar um pouco aproveitando, nesse período então com o final do manganês, do minério óxido começa esse protominério...
R – O protominério que vira então o minério.
P1 – Que vira o minério então do Morro da Mina?
R – Que vira o minério nosso do Morro da Mina, esse que passa a ser o nosso produto principal.
P1 – Aí regredindo um pouco, voltando um pouco porque o Morro da Mina tá fazendo 100 anos agora, né, e ele começa com esse manganês de óxido, dá pra contar essa história quem foram os primeiro donos?
R – Vou tentar, em 1883 é inaugurada a estação de Lafaiete. Minas de manganês na região, então começam a serem procuradas para a exportação em Miguel Burnier. E mesmo aqui em Lafaiete uma mina chamada Piqueri, começam a ser exploradas, mas já no ano de 1895, uns 10 anos depois, em 1894, a Mina de Miguel Burnier inicia a produção em 1896. Dois senhores aqui da cidade, um químico italiano chamado Fonazini e outro chamado Francisco Zenha Pereira da Costa, resolvem comprar uma fazenda da olaria aqui cuja a escritura de compra não consta uma Mina de manganês, apesar do morro onde essa fazenda se localiza chama-se Morro da Mina. Essa Mina do morro não tinha nada haver com manganês, era uma galeria, um túnel acho que de 80 metros de extensão ou 40 metros de extensão, situada a 80 metros de superfície segundo o relatório da época que a gente tem - que tudo indica estava ali a procura de ouro talvez no século XVIII, quando Vila Rica tava exaurindo e talvez algum garimpeiro aqui da região cansado de suas aluviões, achando que iam encontrar algum filão como em Ouro Preto tem aquelas bocas de Mina. Então ele veio e fez essa galeria e a galeria ficou fechada, mas como tinha uma Mina o povo da cidade chamava aquele Morro da Mina. Bom, então veio em 1896 e o minério daqui tinha teor de sílica mais alto do que o minério da Mina do Piqueri aqui vizinha com o teor de qualidade melhor do que do Morro da Mina, tanto é que temos relatórios de 1900 que nós temos publicados na Inglaterra, falam do baixo teor do Morro da Mina. Mas aí o consumo de manganês começa aumentar muito, uma revolução pro setor industrial em pleno apogeu, fim do século XIX, começo do século XX e o consumo começa a crescer. Então esses compradores da fazenda animam-se em construir uma empresa e começa a comprar uma faixa de terras para construir o canal ferroviário de 7 quilômetros da Mina até a Central do Brasil que era estrada de ferro Dom Pedro II, né, porque ligava Belo Horizonte a Ouro Preto e Rio de Janeiro, mas me parece que o dinheiro não deu, eles não conseguiram, não tinham capital suficiente. Mas aí, entram investidores do Rio de Janeiro um senhor chamado Ege Fontes e dizem que há evidências no Museu da cidade dos Rocha Miranda, do Hotel Glória também participando, e isso tem relatos escritos em revistas americanas, que falam sobre a Mina e falam que quando pagam diária no Hotel Glória estão pagando peso em manganês, que pagaram pela compra da Mina e depois ainda pagaram pela diária do Hotel Glória. Então eles concluem, um ramal em 12 de novembro de 1902, saiu o primeiro especial de minério daqui para o Rio de Janeiro para exportação para Inglaterra, compondo um lote de 5 mil e tantas toneladas de um navio que partiu daqui para a Inglaterra, era um grande mercado consumidor. E o mais interessante que as docas do rio ainda não estavam prontas, o minério chegava no Rio era transferido para barcaças levadas para o navio ancorado ao lado e elas então embarcavam. Eu não sei como era paliado para dentro dos navios, eu só sei que tem relatórios que dizem que o frete para a Inglaterra em navio a vela era de 9 xelins por tonelada e navio a vapor 12 xelins, não sei se esse primeiro navio era a vapor ou era a vela. Mas o fato é que a Mina começa a exportar, as vendas são muito intensificadas, tem gráficos que mostram essa evolução, alguns anos cai um pouco mas tem um grande incremento na guerra mundial, que por sinal o recorde de produção da Mina foi em 1916 atingindo 300 mil toneladas aproximadamente 350 mil toneladas de vendas, os registros mostram isso muito bem.
P1 – E pra que país exportava?
R – Para o Estados Unidos, principalmente porque com o fechamento na Turquia, na Rússia, o minério da Índia que era um grande supridor se fecha e não resta outra fonte a não ser o Brasil e não foi só o Morro da Mina, muito minério em Minas Gerais saiu daqui exaurindo todas as minas. Então todos os restos de minas que você tem aqui, referência aqui em Minas Gerais elas foram exauridas na primeira guerra mundial. Eram pequenas minas, mas o Morro da Mina sobreviveu a reserva...
P1 – E foi o principal?
R – É, assim principal como fonte desse período, mas a soma de toda produção de Minas Gerais nessa época da guerra foi muito grande, eu acho que tanto o Morro da Mina como a soma das outras todas deve igualar a produção do Morro da Mina, foi muito minério do Brasil indo para os aliados no Estados Unidos na primeira guerra mundial, muito minério.
P2 – Como os americanos compram o Morro da Mina?
R – Bom, aí eles se interveio no Morro da Mina durante a guerra, se interessam e mandam uma missão aqui em 1916, durante a guerra para começar a fazer investigações e aqui em Lafaiete também mas sem muito rigor. Mas eu tenho referências nos relatórios dessa visita, de um tal senhor Lalonde que depois veio a ser superintendente aqui, diretor da Meridional do Brasil, teve aqui em 1916. Mas em 1919 veio uma grande missão com propósito de comprar uma propriedade aqui, percorrem várias aqui em Lafaiete, uma mina em São João Del Rey na região de Belo Horizonte, uma mina perto da cidade de Vitápolis, perto de São João Del Rey e acha que o Morro da Mina tem mais potencial mas considera também que é muito arriscado devido ao frete - US Steel em 1919, que frete e impostos poderia ser alterado - e a compra poderia ser não boa, quem produz o relatório é que diz isso. Mas afinal compram, conseguiram do governo federal uma estabilidade de impostos de frete por um período bom de tempo, procuram o governo federal e conseguem acordo nesse sentido e compram em 20 de dezembro de 1920 o Morro da Mina. Essa notícia é relatada numa revista chamada (Squilins?) que existe até hoje e que recentemente publicou um grande artigo de cápsulas do Morro da Mina em 1996 - que depois eu posso fornecer pra vocês uma cópia - como a primeira propriedade offshore do Estados Unidos, adquirida no mundo a US Steel, a primeira propriedade chamada (Mere the Main?) porque estava abaixo do Equador. Abaixo do Equador pra eles é uma coisa muito exótica, América do Sul era uma ave diferente, então aqui é chamado Companhia Meridional porque estava abaixo do Equador.
P2 – Como era a presença dos americanos aqui, eles vinham, tinham técnicos americanos, faziam manutenção?
R – Em 1920, chega aqui um senhor que me parece foi a presença mais empolgante de todo tempo da mina, pelo menos se percebe isso quando eu cheguei aqui muitas pessoas diziam da simpatia dele, uma presença muito cativante chamado William Karly. Era solteiro e morou nessa casa durante quinze anos e morreu subitamente aqui, deixou um arquivo regado de documentos talvez tenha sido devido a essa morte súbita, né, que é a peça mais rica que nós temos, por ele ser uma pessoa muito interessante, muito organizado, em relações muito íntimas, muito próximas com o pessoal da Itabira Iron, pessoal de São João del-Rei (Mine on?) Ouro Velho, Mina de Ouro e as correspondências, os recortes de jornais da época dos negócios envolvendo a Itabira Iron do Artur Bernardes, crônicas do Assis Chateaubriand no jornal que ele recortava tudo e tá tudo isso aí. No Vale do Rio Doce tem também relatos muito bons sobre esse livro que ele publicou, mas nós temos também muita coisa que a Vale gostaria de ter recortes de jornal, não são fotografias não, são jornais de discurso do Assis Chateaubriand, artigos dele defendendo o Percival Farquhar, né, e coisas assim, é uma coleção de dados que nós estamos falando...
[PAUSA]
R – Bom, então o senhor Karly era uma pessoa muito cativante, trazia convidados locais aqui da cidade, agradava com brindes depois dos jantares aqui, o livro de visitas mostra isso, atividade social muito intensa, então a morte dele causou um choque na cidade muito grande. O Museu tem jornais locais da cidade, o Museu da cidade tem, o Museu do Manganês da companhia aqui também tem cópias, uma comoção muito grande. Ele morreu em 1935, 1936 e ele viveu uma fase muito dramática aqui que foi a depressão dos anos 1930, apesar que a queda da bolsa foi em 1929, a repercussão aqui aguda veio acontecer realmente em junho de 1932, quando houve a decisão de encerrar, parar as atividades trativas, os embarques cessaram-se só retomando em novembro de 1935, então foram 2 anos e bastante meses.
P1 –E quando nesse período que a Mina ficou parada o que houve com os empregados da Mina?
R – Muitos foram demitidos e só havia aqui plantações, as plantações não podiam ser abandonadas. Nós tínhamos muitas plantações de eucaliptos para fazer escoamento de galerias, a madeira dos eucaliptos era usada para escorar galerias subterrâneas que o processo de larva era céu aberto inteiramente.
P1 – E como era? Era manual, como era isso?
R – Era o seguinte tinha uma encosta onde se faziam galerias de prospecção, quando essa galeria atingia o corpo mineral ela perseguia o corpo, né, e de trecho em trecho abriram-se furos de baixo pra cima, geralmente quando essa galeria tava há 20 metros da superfície um homem só com auxílios de explosões e abrindo um buraco com um furo de baixo pra cima até sair na superfície, e a larva se fazia desmontando esse minério de cima pra baixo, o minério caía 20 metros abaixo e escoava por vagonetas empurradas por homens, vagonetas de uma tonelada de capacidade até sair fora da galeria.
P1 – E aí o Morro retorna em 1935?
R – Esses alargamentos depois eram unidos, né, dando espaço a um lugar maior e a Mina se desenvolvia então em céu aberto, a larva propriamente dita era céu aberto, a galeria era uma galeria de transporte, apenas de transporte, quando você fazia a galeria é claro que você tinha um trabalho subterrâneo, mas não era uma larva como Urucum, uma lavra subterrânea, nossa larva era céu aberto, mas com auxílio de galeria, e o processo é chamado (longwall?), osso da glória seria o caso, era o método de larva. Bom, então aí veio a US Steel operando, veio a grande depressão, as atividades cessaram somente a Casa de Hóspedes teve um movimento muito grande nessa época, porque nesses momentos de tristezas e depressão as pessoas gostam de se unir e era muito bem frequentada conforme os registros do Guest Book. E aí vem a recuperação econômica e logo surge a segunda guerra mundial em 1939, novamente o Morro da Mina é chamado a mandar minério pra fora, que nesse tempo o minério de Cuba que já tinha lá, em Cuba tinha minério manganês já estava bem exaurido, tinha um (ganson?) lá, minérios exaurido, e o Morro da Mina novamente apoia o esforço de guerra aliado. E consta que eu nunca tive uma referência exata, que até proteção contra afogamento, ocorreu aviso de apoio as cargas de manganês que saiam daqui e iam para o Estados Unidos.
P1 – E esse manganês ia para indústria bélica?
R – Indústria bélica, toda indústria americana na segunda guerra tava voltada para a indústria bélica, toda ela.
P2– Qual a importância do manganês (___?) [áudio muito longe]
P1 – E esse manganês é o óxido, né?
R – Óxido manganês, como também o carbonato é um minério de manganês, ambos são minério de manganês de uma forma diferente. Mas o minério de manganês ele entra tanto como dessulfurante dos enxofres dos carvões, né, quando o carvão tem bastante enxofre como nosso Brasil, como também agregar características ao aço de dureza, todo aço duro de uma manobra de britador. que vocês viram lá hoje na Mina, para quebrar as pedras tem que ter manganês, um ácido com bastante manganês para ser bastante duro a abrasão, todo trilho ferroviário tem um teor de manganês maior para presidir o atrito como mil outros produtos com menor ou maior quantidade de manganês. Então o manganês tem esse uso na siderurgia muito importante e o outro uso dele é para como componente de pilhas, pilhas alcalinas, pilhas a base de manganês que puderam no futuro talvez serem substituídos por outros mas mina aqui hoje vende minério de manganês para pilhas. Então vem esse minério para suprir o esforço aliado e na segunda guerra depois vem a guerra da Coréia também, vem aquele horror de manganês, assume um valor no mercado altíssimo durante a guerra na Coréia eu não tenho dados em termos atuais.
P1 – E exportava pra quem durante a guerra?
R – Para o Estados Unidos também, parece que havia a guerra fria em pleno vigor, a guerra fria tá aí então o esforço de guerra quase que permanece, né, havido muita exportação de minério para que o Estados Unidos tivesse sempre navios, porta aviões sempre prontos pra enfrentar qualquer situação. Bom, aí em 1960 que eu já estou aqui as exportações cessam em troca, quer dizer, já havia uma convicção que a reserva deveria voltar para o Brasil, sem essas exportações e Urucum começa a exportar. Mas ali ocorre um fato muito curioso, durante a segunda guerra uns pequenos lotes de manganês do Urucum foram para o Estados Unidos e foram muito bem recebidos lá pela US Steel, os altos fornos, não eram fornos elétricos eram fornos a carvão mineral, fornos de ferro, fornos abertos para fabricação de ferro liga, como se fosse um ferro gusa mas só que era ferro liga, o minério se misturava ao carvão mineral, o minério de manganês. Bom, a US Steel então anima-se com a exploração de Urucum e resolve fazer esse contrato de explorar lá, manda vir um rebocador imenso para levar as chapas para o rio Paraguai até Nova Palmira, e de lá para o Estados Unidos. E começa os embarques lá por 1959, o minério chega nos Estados Unidos e pra surpresa dos metalurgistas entusiasmados em receber um minério tão bonito, tão bom e tão rico, há explosões dentro do forno, os altares que tem dentro de Urucum só de potássio aparentemente se comportavam melhor porque os fornos trabalhavam com uma temperatura mais baixa, isso que foi dito e com a evolução tecnológica os solos operam a temperaturas mais altas. Quinze anos depois e o minério não funciona, aí a US Steel reduz dramaticamente as retiradas de minério de Urucum e verifica que tinha entrado num negócio ruim, porque para uma expectativa de consumo de mais de 100 mil toneladas anuais, quando reduz a 25 mil, 50 mil uma coisa assim, cai menos da metade da expectativa e vem então a, e com esse sucesso e o Brasil vendo que não conseguia vender minério de Urucum por questão de divisas fortes, autoriza lá por 1965 uma exportação, um tanto como inexplicável, aqui de Lafaiete de 25 mil toneladas. Nós tínhamos aqui uma grande pilha de estoque e embarcamos. A explicação era que Urucum não estava gerando as divisas que se esperava, a companhia também queria ganhar dinheiro com a exportação e a US Steel era doida com o minério daqui, era fascinada com os nossos produtos que tinha uma rentabilidade muito boa nos fornos, e sai daqui 25 mil toneladas, também foi só. Aí começa as ações no protominério devido a exaustão da mina que eu já relatei um pouco.
P2 – Essa época também a US Steel tá pesquisando minério lá no Amazonas, como foi esse processo?
R – Isso em 1966, Bob (___?) que era o Presidente nosso passou um encargo muito grande no Estados Unidos de pesquisa, um franco canadense muito inteligente, muito capaz casado com uma franco canadense também e muito frequente nessa casa aqui e ele assume uma posição muito grande e decide explorar minério no Brasil. Milton Rezende que tinha muita afinidade com ele, ele era católico, primeiro Presidente católico da US Steel que aparecia aqui, e Milton Rezende também muito religioso, mas não é por causa disso e sim por razões profissionais, é o entusiasmo para pesquisar manganês na Amazônia. Milton Rezende então ele decide criar aquilo ele podia ter como foco outras partes do mundo porque tinha toda liberdade pra fazer isso, mas decide investir aqui no Brasil e cria um programa de investigações minerais aqui, convida (Jean Towbar?) pra chefiar porque ele já era bastante familiar aqui no Brasil, falava português, e contrata um bando de rapazes que vêm aqui para Lafaiete para sujar as mãos segundo Towbar, sujar as mãos de manganês, passava aqui 14 a 30 dias era uma festa porque tinha muita cerveja nesse tempo e eu também tinha muitos estagiários, também era muito animado.
P1 – Qual era o cargo do senhor nessa época?
R – Já era gerente da Mina.
P1 – Já era gerente.
R – Eu passei a gerente em 1961. Quando eu cheguei aqui em 1959, quando Milton Rezende estava em Urucum, ele me admitiu mas já estava em Urucum, mas eu trabalhei com outro superintendente que era Fernando Sayão Lobato, houve uma mudança o Presidente americano se transfere para o Estados Unidos, Milton Rezende então é convidado para exercer a vice presidência no Rio da Meridional, daqui sai o superintendente e eu assumo o cargo dele aqui, o superintendente aqui vai pra Corumbá e eu assumo em março de 1961, eu assumo a superintendência da mina. Então em 1966, 1967 criaram esse programa e em 1967 então descobre o manganês de Carajás, eu recebo um telefonema do Milton Rezende assim: “Celso, a companhia descobriu uma bruta jazida de ferro em Carajás e eu quero que você venha pra cá”. Então eu fui pro Rio de Janeiro pra ajudar e a minha ajuda junto com um bando lá de geólogos, secretários era diante de mapas aéreos lá de Carajás, batizar Igarapés para que se fossem feitos os requerimentos de pesquisa. Então era assim uma sala grande lá ou talvez mais de uma sala porque era tanta gente e a gente dando o nome Igarapé, na hora: “Que nome que eu dou nisso aqui. Ah, isso aqui já tem” e era aquela farra.
P2 – Vingaram os nomes?
R – Vingaram, deve ter vingado não sei. Um dia eu perguntei se o Igarapé Azul que deu o nome pra mina de manganês azul, também era o batismo dessa época, mas aí eu encontrei o (Breio?), que era o (Breio?) há uns 2 anos, ele disse pra mim “Que não, que esse azul já era nome antigo”, não sei acho que era azul, porque tinha Igarapé amarelo, roxo, tinha tudo que é cor, devia ter porque faltava senão não tinha imaginação sua porque nessa época era muito Igarapé. Porque você tinha que amarrar os pontos pra fazer requerimentos, e como a lei brasileira dizia que cada área deveria ter no máximo 500 hectares e cada empresa podia requerer cinco áreas, então devíamos reunir uma quantidade enorme de requerentes, a Meridional mesmo requereu cinco áreas, 2500 hectares, e cada um de nós requereu outros tantos 2500 cada um, cada área de 500 hectares, tá entendendo. Então como nós não tínhamos capacidade financeira para ajudar o empreendimento, a Meridional deu garantia aos Bancos para que nos desse aval porque é uma exigência legal do requerente de pesquisa ter capacidade financeira pra realizar o empreendimento pra pesquisa. Então nós assinamos contratos com a Meridional, com o Citibank também nos dando capacidade financeira e tudo isso foi levado ao DNPM, uma pilha imensa de requerimentos. Num determinado dia tinha saído um contínuo com um monte ou vários contínuos carregando pastas e pastas de requerimentos, não sei quantas pessoas, nós depois podemos ver que eu tenho ainda qualquer coisa sobre isso.
P1 – Mas o senhor nunca chegou a trabalhar em Carajás?
R – Não, nunca cheguei a trabalhar, nesse época eu vinha muito aqui em Lafaiete para trazer assinaturas vinha e voltava em seguida naquela correria para pegar assinaturas de pessoas requerentes daqui da cidade também. Esse advogado que eu falei pra vocês de grande presenças também foi um dos requerentes em Carajás, pessoa de confiança da empresa, engenheiros daqui também da mina na época, em 1967 eu já tinha dois engenheiros comigo porque quando eu passei aqui meses sem nenhum engenheiro, sem nenhum técnico.
P1 – Porque todas as pessoas estavam voltadas pra lá?
R – Não, porque o meu começo aqui nós não tínhamos engenheiros, só tínhamos capitães de mina como eu falei pra vocês no começo da nossa conversa, até que eu consegui contratar seis meses depois um engenheiro e depois em 1967 nessa época eu já tinha dois assistentes, porque não tinha a mina tava acabando, enfim, não tinha clima muito pra contratação. Mas então essa fase de Carajás foi muito interessante, aliás meu pai tinha uma visão muito boa dessas coisas, já dizia pra mim, eu contei pra ele muito em sigilo sobre essa descoberta de Carajás, ele dizia: “Ah, eu acredito que vocês não vão operar a Mina sozinhos, a Companhia do Vale do Rio Doce muito presente e não vai” e foi realmente o que aconteceu, eu acho que foi erro natural também das coisas. Foi feito então a Amsa, Amazônia de Mineração, constituída a Amsa para exploração conjunta, eu lembro o dia que o Doutor Bandeira disse que havia sido procurado pelo General Rangel, é um nome que eu tenho na memória que era um Diretor da Vale do Rio Doce para um almoço no Jockey Club, ele dizia: “A ordem da DNPM não vai aprovar esses requerimentos todos”, tudo legal, tudo certinho, “Não vai aprovar esses requerimentos porque é impossível dar a uma empresa estrangeira uma faixa de terras tão imensa para exploração mineral”, então houve constituída a Amsa, a Amazônia de Mineração, eu fui lá em Carajás em 1972, 1973 de visita, eu tive lá vendo as pesquisas com as pessoas.
P1 – Mas o senhor atuava aqui?
R – Atuava aqui e eu tava acompanhado da minha esposa, fiquei na casa de hóspedes lá em Carajás, nessa época eu fui fazer uma espionagem, uma periodização, entre aspas periodização do manganês da Icomi, pressionei lá foi um episódio muito engraçado. Eu queria visitar a fábrica mas não era possível porque era uma coisa um pouco segredo da Icomi, apesar de ter sido muito bem recebido eu fui visitar o marco do Equador, a linha divisória do Equador muita coisa, mas tinha que sair correndo embaixo de chuva pra poder pegar umas pedrinhas de pelotas pra trazer pra cá que eram consideradas preciosidades, foram acondicionadas em isopor cavados, uma pedrinha em cada buraquinho e levados como jóia para a Meridional ter conhecimento de como tava fazendo com o manganês, com a politização que afinal não teve progresso.
P2 – Mas como foi mais ou menos essa relação da US Steel com a Vale, a exploração de Carajás, teve algum reflexo disso aqui no Morro da Mina?
R – Bom, teve, com a demora da US Steel muito decorrente com o aspecto econômico, nessa época a Austrália descobria grandes jazidas lá. Então um projeto inicialmente estimado como viável economicamente em 20 milhões toneladas anuais, passa aumentar, 20 milhões nos cálculos econômicos são insuficientes, a escala econômica tem que ser pra 25, pra 30 e a Meridional ao existir não tinha consumo pra esse consumo, ela não era uma comerciante em minério de manganês. Inclusive ela tinha interesse na (___?) na Venezuela mas que já estava acabando também, o minério da Venezuela tinha nacionalizado as minas lá, no entanto que todos os Presidentes da Meridional eram provenientes da (___?), quem tocou o projeto Carajás veio da (___?) que lá tava acabando também. Então a Meridional não tinha como consumir tanto minério, saiu então a procura de sócios, tanto na Europa como no Japão, todas essas empresas siderúrgicas grandes mundiais para serem parceiro em Carajás, com aporte capital naturalmente e também garantir a compra do produto para que ela pudesse dividir com a Vale, aumentar pra 40 tem que ser 20 pra um e 20 pra outro, é de garantir a compra desse produto que era um direito dela que ela também não queria abdicar e com isso aí mas com o problema da ferrovia, que a US Steel parece que não tava de acordo em que a ferrovia também transportasse grãos, transportasse pessoas e já que tinha que fazer isso que o governo brasileiro também teria de participar do projeto porque era também social, era importante pra aquela região. Ela achava que como ela ia explicar para os seus sócios que estaria fazendo uma estrada aqui no Brasil para transportar gente a custos subsidiados, grãos a custo subsidiados muito difícil numa Sociedade Anônima você dizer para os seus acionistas toda essa coisa, então as divergências dentro da Amza foram crescendo muito grande, porque a gente sabia por relatos de pessoas que vinham aqui e contavam pra gente. Então houve desfecho, a US Steel recebe 50 milhões de dólares e abandona o projeto, antes ela já tinha abandonado o projeto lá de Urucum em 1972, o governo brasileiro já tinha assumido lá a mina posteriormente em 1977 passou pra Vale do Rio Doce. Bom, o que acontece o Morro da Mina que tinha renascido com o protominério que havia virado minério com a construção de fornos, com planos de longo prazo feito em 1975 por uma equipe fantástica que a US Steel mandou pra cá grandes especialistas em mineração, economia e geologia para fazer um plano de longo prazo pra justificar um terceiro forno que foi concluído em 1976 - eram fornos majestosos com 23 metros de altura, muito bonitos, verticais que calcionavam o carbonato. Então novos escritórios foi edificado com um projeto muito interessante, onde hoje funciona o Núcleo Regional da Vale do Rio Doce aqui em Minas Gerais onde era o nosso escritório em 1976, edificado. Interessante, um prédio que eu indiquei ao arquiteto que fosse feito em madeira, minério infinito acaba, não justifica um prédio de concreto armado, dentro da concepção assim, então ele bolou um estilo que ganhou até um prêmio na Escola de Arquitetura de Belo Horizonte onde ele era professor, todo parafusado, né, fora o calor, mas é interessante você pode desmanchar aquilo e levar as paredes que são todas feitas em madeira que vieram do Espírito Santo. Bom, então nós já tínhamos um escritório, tínhamos um telex, tínhamos um balancete que pra chegar a balanço faltava quase que nada e cujo contador é o atual prefeito da cidade, trabalhou conosco vinte e poucos anos, é prefeito pela terceira vez consecutivo, inclusive foi prefeito continuando trabalhando com a gente, ele tava pronto pra ter uma vida independente reportando diretamente ao Estados Unidos, porque a US Steel queria ter uma base aqui no Brasil e não acabar de tudo, porque houve uma debandada lá no Rio de Janeiro, o quatro andares da Buenos Aires se esvaziaram de um dia pro outro quando desapareceu Carajás e a nossa minazinha aqui tinha a sua dimensão antes de Carajás com aquele Presidente, com um controller e um Diretor Comercial, depois a Meridional passou a ser imensa com Carajás com quatro andares muito grande na Buenos Aires e depois voltar novamente pra uma mina pequena rentável mas cujo a lucratividade não justificava para ser examinada por...
[Fim do CD 02 – 62 minutos]
R – Bom, a US Steel, então examinando o nosso retorno que a mina poderia dar que era bastante, pra nós bastante compensador inclusive constando do plano ao longo prazo feita pela própria US Steel, mas ela verifica que não justificaria manter a operação aqui, seria uma lucratividade muito pequena para os objetivos dela, dava lucro uma operação lucrativa mas que não justificava ter atenção da contabilidade lá do Estados Unidos e da direção da empresa lá, porque naquele tempo já havia DDI, DDD, DDI, já tínhamos telex, já tínhamos toda facilidade para reportar ao Estados Unidos daqui como era o plano, manter-se-ia no Rio de Janeiro um escritório de representação mas com apenas uma pessoa lá para o nosso contato ser diretamente com o Estados Unidos. Então decide por vender a propriedade e vão a procura do maior consumidor do minério que era a Companhia Paulista de Ferro Liso, que tava comprando mais da metade da produção e era uma preocupação muito grande da própria empresa ter um comprador tão grande assim, não é bom, você tem que ter uma, ele comprava acima de 50%, teve uma vez que foi quase 60. Então a diretoria teve que procurar esse comprador que era para a Companhia Paulista de Ferro Liso se interessava adquirir. Ela então, muito interessante que ela vai pra negociação, o Doutor Joaquim Salles Leite que é Presidente disposto a pagar 10 milhões de dólares, achou que tinha condição de pagar, quando chega lá na mesa no Rio de Janeiro são solicitados 5 milhões de dólares e ele dizia pra mim o Doutor Joaquim, que fechou na hora, tava pronto pra pagar na hora, então tá bem concordamos, tava pronto pra pagar 10 milhões e comprou 5 milhões que era o valor contado da mina, a US Steel queria ir embora do Brasil, estava querendo ir embora, resolveu ver os livros, né, o valor de livros 5 milhões de dólares e deu. Houve um almoço aqui onde viemos participar onde a Companhia Paulista da Meridional, isso 28 de janeiro de 1978, convencionamos que 2 meses depois o negócio se efetuaria, nesses 2 meses nós continuamos a vender minério pra Companhia Paulista de Ferro Liso, como para os demais clientes e a Companhia Paulista pagando pra gente mas morrendo de medo da obrigação ser desfeita, é muito engraçado eu sentia isso porque eles eram muito relacionados a nós também. Tanto é que na hora da venda propriamente dita, que eu fui para o Rio de Janeiro assinar como testemunha da operação e a Companhia Meridional me incumbe de entregar a Companhia Meridional para a Paulista e a Paulista me incumbe de receber a Meridional, então eu entregava com uma mão e recebia com a outra, eu tinha que conferir os motores todos relacionados, os aparelhos se estavam tudo ali pela Meridional e pela Paulista dizer que tá tudo ok. E logo nesse mesmo dia o Doutor Joaquim já como novo patrão me convoca para ir para Mato Grosso vê uma mina que eles queriam comprar lá em Santana lá em Corumbá, porque já havia uma fábrica de Ferro Paulista lá em Corumbá, né, com a compra a compra da mina aqui a Paulista se expande tremendamente, ela aumenta a produção, aumenta o número de fornos em Barbacena, compra o forno da Rancharia em Ouro Preto, fornos grandes da Alcan - Alcan é uma firma canadense que tem uma fábrica de alumínio lá e que tem fornos de ferro liso também, ela faz um bom negócio aqui com o minério de Lafaiete, porque como eles não tinham assim cal para importar e também um _______ pequeno, né, as despesas administrativas não eram grandes e foi uma firma assim bastante modesta em termos de corpo diretivo, mas muito ousada também nas aquisições, compra fibra na Bahia mas aí vem a guerra fria, Alcan inunda o mercado de ferro ligas, o preço vai lá pra baixo e essa visão estratégica realmente a Paulista não teve, entra em crise financeira no começo dos anos 1990 e pede concordata em 1993 e em junho de 1995 é assumida pela Vale do Rio Doce, pela Usiminas. Que a Vale do Rio Doce tinha na Paulista uma grande fonte consumidora do seu minério próprio tanto de Corumbá como de Carajás minério manganês e a Usiminas uma grande consumidora da liga que a Paulista já era um grande distribuidor e a falência da Paulista não interessava a indústria siderúrgica do Brasil e a Vale via na Paulista uma verticalização da sua produção, ela teria além da (____?) que ela tinha boa participação pra consumir os finos do azul, queria também os fornos de Minas Gerais e da Bahia como consumidores dos seus minérios que é muito melhor em ter os seus produtos com valor agregado maior, né, como em forma de ligas do que minério, é mais uma opção bastante interessante com garantia.
P1 – E esse protominério hoje ele é usado aonde?
R – Como minério óxido, como minério de manganês porque o proto já pode ser eliminado, né, é como se fosse um minério mesmo manganês como um componente do leite de fusão como tal era o óxido. Da mesma finalidade da indústria siderúrgica, como para o mesmo fim e com características muito interessantes porque a cada dia são observadas, esse carbonato de manganês é um carbonato complexo de manganês, ferro, cálcio e magnésio e toda vez que você usa que você tem um forno, você é obrigado a adicionar fundentes, fundentes são geralmente calcário, e dolomita que é cálcio e magnésio e o minério nosso aqui além de ter o manganês, já tem também cálcio e magnésio dentro dele, então ele já leva consigo parte do codificante usado que reduz e muito a quantidade de fundente, teria que adicionar por intermédio da compra de calcário de uma mina qualquer aí porque já tem o cálcio no magnésio ao lado do manganês dentro daquela pedra. Bom, por sua vez a fabricação do ferro ligas a relação entre o manganês e o ferro do minério tem que ser a mais alta possível, se você dividir o teor do manganês pelo teor de ferro você tem que obter um conceito muito alto, quanto maior, melhor. E o nosso minério aqui tem uma relação muito boa, ele tem o ferro muito baixo o teor de manganês é alto mas o ferro é baixo 3, 3,5% de ferro chegando às vezes até menos de três dois e meio, então dá uma relação muito boa. Enquanto o minério de Urucum tem um teor de manganês alto mas um ferro muito alto, então enquanto a nossa relação aqui atinge nove de manganês ferro, lá em Corumbá de Urucum é por volta de quatro, tem 10 a 12% de quatro e meio.
P1 – Só um minutinho, sem querer cortar, qual foi o impacto da Vale aqui no Morro da Mina, o que mudou as relações de trabalho, o procedimento.
R – Mudou muito, porque nós ficamos durante um bom tempo, parte de junho de 1995 pra cá até 1999 sobre uma direção industrial da Usiminas, que apesar de conduzir assim bastante controles operacionais, a Vale do Rio Doce praticamente se ausentou desse período de qualquer ação administrativa profunda, deixou tudo a cargo da diretoria industrial que era ocupada pela Usiminas. A Presidência cabia a Vale do Rio Doce mas a diretoria industrial executiva era da Usiminas praticamente, então o que nós estamos sentido de 2000 pra cá é uma mudança extraordinária, é incrível mas muito grande mesmo, porque a Paulista de Ferro Ligas tinha uma estrutura muito leve demais, a Meridional também tinha uma estrutura organizada você sente isso, nós tínhamos que fazer os nosso orçamentos anuais, brigar por eles a cada ano em agosto, era época de você tá lutando pelos orçamentos do ano seguinte, havia um acompanhamento muito grande nesse aspecto, muitas auditorias US Steel, auditoria da (____?), nós tínhamos duas auditorias anuais aqui muito pesadas, era muito controle, já a Companhia de Ferro Ligas já não tinha esse controle. Vem a Vale do Rio Doce e introduz agora também com os novos tempos, né, com muita uso de computadores que nós chamamos de informática aqui, muitos programas de acompanhamento contábil e financeiro. Hoje, por exemplo, nesse exato momento tá havendo treinamento aqui da introdução do programa dos recursos humanos, um novo programa de gestão que foi introduzido algum tempo atrás, que a cada tempo novos módulos são introduzidos, então é muito e além disso treinamentos a todo tempo, práticas gerenciais muito interessantes e realmente estão melhorando a qualificação da nossa gente, muito. Só espero que haja realmente campo pra aplicação de tanto recurso de treinamento que tá se dando, quer dizer, espero que as pessoas que estão aqui possam ganhar esse benefício tão grande. Mas houve uma mudança muito grande nessa área de treinamento aqui, porque não havia nenhum dentro da Companhia Paulista de Ferro Ligas antiga, nenhum. Então temos treinamento de imersões comerciais de boas práticas, a condução de pessoal, né, como digerir.
P2 – Quais são as previsões de imersões pro Morro da Mina daqui pra frente?
R – Pois é, é um assunto tão presente que me deixa até assustado. Nós tínhamos um conhecimento da nossa reserva, tínhamos (sondarios?) que foram feitos o ano passado. Eu lembro muito quando numa época de Natal, nós já estávamos em crise econômica lá no começo dos anos 1990, a coisa já não estavam bem devido aos investimentos muito grande e o preço da liga muito baixo, eu resolvi fazer um telex para o Doutor Joaquim dizendo que havíamos atingido numa sondagem, numa profundidade muito grande 130 metro abaixo do nível do rio, mas eu achava que aquilo ali era um furo aleatório que foi conduzido por uma sorte qualquer encontrou um veiozinho e foi embora e ficou por aquilo, apesar de permitir que eu pudesse na reserva inferida você adicionar mais alguma coisa na reserva. Mas não havia nenhuma prova idêntica que aquilo ali representasse uma potência maior, mas aí então nós fizemos um estudo que indicava a vida da Mina até 2012, 2010, 2012, eu viso 2010 mas os geólogos mais otimistas me falam que tem que aumentar sempre 2 anos, apesar de todo mundo conhecer que teríamos que ter ainda alguns milhões, 3 a 4 milhões de minério subterrâneo aqui da Mina. Mas hoje a lavra pra ser econômica, a época que poderia dizer e estudos que poderiam falar a respeito disso, era sempre uma possibilidade, essa possibilidade agora parece que tá se tornando uma certeza. Está sendo feito agora uma campanha de 2 mil metros e para satisfação nossa, eu digo até surpreso, já estamos atingindo uma profundidade de 205 metros abaixo do nível do rio e outros furos em coordenadas - até então não liberadas porque o minério não era de bom teor, era um minério muito silicoso um proto minério muito silicoso - o furo tá atravessando camadas da coordenada de 73, muito interessante, e aparentemente nosso laboratório vai dizer, mas um carbonato normal com bom teor comercial. Então isso faz com que a reserva aumente bastante e um dia desses um estudo avançado econômico de projeções que a Companhia hoje toda hora solicita, já veio com a projeção da vidramina até 2042, porque uma reserva grande subterrânea, digamos aí 5, 6 milhões de toneladas, já permite que o investimento para larva subterrânea que eu não sei quanto será mas estimo que não seja pequeno, já possa estar adquirido porque tem que abrir um poço. O metro de larva ainda não está definido, nós temos ainda umas idéias a respeito dele mas ele é uma larva talvez de corte aterro, então o teor óxido da Mina é muito bom. E eu acho mais interessante que esse ano ela completa 100 anos e ganha esse presente que é totalmente inesperado pra todos nós, não tem ninguém aqui que poderia supor que esse furo de sonda iria proporcionar isso, eu acho incrível. Vai ser muito engraçado nesse Natal a troca de cartões com os amigos da US Steel que sempre foram muito amigos aqui da Mina, gostavam demais daqui do nosso ambiente aqui quando nós fizemos um relato, a gente aproveita e faz uma verdadeira descrição de dados “Boas festas, feliz ano novo” e começa a falar de geologia de Mina, reza o cartão inteiro, vou contar pra eles todas essas, porque todo ano eu conto o que tá acontecendo: fomos assumidos pela Vale do Rio Doce, estamos hoje todos juntos de novo, o grupo Urucum virou todos juntos novamente; e são pessoas muito simpáticas.
P1 – E agora pra finalizar, o senhor podia contar um pouco do seu cotidiano atual, cotidiano com a família, como que é? O senhor tem filhos, netos?
R – Eu tenho três filhos e três netos, eu tenho neto de 17 anos já.
P2 – Mas eles moram aqui?
R – Moram. Eu tenho uma filha nascida em 1963, que estudou na Escola Meridional que era aqui do Morro da Mina, que eu me orgulho muito disso porque eu coloquei ela lá que não era usual na época, os pais colocavam os filhos nas escolas da cidade, fiz questão que ela estudasse lá. A minha casa era uma festa com as filhas dos operários, as minhas duas filhas estudaram na Escola Meridional, formaram-se. Aí depois, uma delas estudou Comercio Exterior depois casou, passou um ano fora e hoje é professora de inglês, naquele intercâmbio de jovem que o pessoal faz, ficou um ano nos Estados Unidos no começo dos anos 1980. A outra... Essa aí tem dois filhos um menino e uma menina e já tão pensando em vestibular. A outra filha é decoradora, casada, mas o casamento não se manteve, tem uma filha de seis anos, é decoradora e hoje tá muito animada com comércio de tapetes em pele de vaca e com muito sucesso, e faz caixas também muito interessantes, e participa de feiras e já tá comercializando para lojas do Rio e tá em progresso. E tenho um filho que é muito interessante porque formou-se em engenharia metalúrgica em Belo Horizonte, que o pessoal considera uma heresia como ele foi estudar em Belo Horizonte e não em Ouro Preto, eu sou condenado por isso quando encontro ex-alunos mais antigos e professores. Ele formou-se lá e logo empregou-se fez estágio na Magnesita e muito bem realizado lá como engenheiro de processos, energia da qualidade, mas muito estudioso, a noite ele cursou administração também na Escola Federal, e lá na escola de administração empolga-se com os professores também e ele vira a cabeça e sai da Magnesita e hoje ele está na Fundação Getúlio Vargas em São Paulo fazendo Administração Pública, concluindo o mestrado com a dissertação já em conclusão, vai ser defendida agora esse ano, Administração Pública, muito envolvido com problemas nacionais, tem um espírito assim de cidadão mesmo. E um dos professores da Fundação Getúlio Vargas é da prefeitura de Santo André, apesar dessa confusão toda lá, é uma prefeitura modelo, é considerada uma prefeitura modelo e o Eduardo trabalha lá na prefeitura de Santo André, com uma cultura matemática muito boa e cuida daqueles indicadores de eficiência, né, se as verbas de educação tão sendo bem aplicadas, se a de saúde tão sendo bem aplicadas, então ele cria aqueles indicadores e gráficos e essas coisas, ele tem muita habilidade pra isso, então trabalha na prefeitura, fez agora uma palestra pra 200 pessoas na prefeitura de São Paulo sobre modernidade e gestão municipal comparando Guarulhos com Santo André, Guarulhos tá implantando, Santo André já tem e ele levando essa experiência e foi assistido por 200 pessoas e tá bom, deve ir pra Minas, parece que as atrações são muito grandes em São Paulo, mas a (Fundação Cristiano Tume?), também já tá dando muita assessoria municipal e dever vir pra cá pra fazer essas coisas.
P1 – E a esposa, a gente cortou quando o senhor tava falando como a conheceu.
R – Conheci aqui em Lafaiete, tinha um chefe de escritório que era irmão dela, e eu levo um dia um bolo de aniversário de uma sobrinha, vizinha dela e aí a conheço. E começamos a namorar e casar, mas tem música também envolvida nisso.
P1 – Qual música?
R – Eu fui numa recepção, numa Casa de Hóspedes de uma fábrica de vagões que existia aqui, tinham umas pessoas tocando aí eu também fui, aí uma me convida pra ir na casa dela mas não podia me receber sozinha e convida a futura esposa, futura namorada pra acompanhá-la e aí eu fui, acho que tudo começou aí, o namoro começou nesse encontro ocasional. Mas falando em encontros ocasionais eu falei pra vocês porque a Paulista está aqui em Lafaiete?
P1 – Não.
R – Porque ela veio aqui pra Minas, eu não falei, né.
P1 – Não, só no texto.
R – Mas posso falar?
P1 – Pode.
R – Em 1965, o Joaquim Salles Leite que já era nosso cliente aqui para minério, hoje ele é superintendente, para suprir minério, embarcar minério de Ferroviária para (Mau?) em São Paulo, e vem aqui para falar de minério, isso eventualmente, me pergunta se o acesso para uma cidade chamada Ipiranga tava bom devido a chuvarada que caía porque ele tava interessado em comprar um turbina para montar, transferir o forno de Mauá para Goiás que também tinha minério de manganês, que ele queria montar um forno e montar uma hidroelétrica porque ele não tinha onde comprar energia. Então eu lembro que eu falei pra ele: “Olha, não tá fácil chegar em Ipiranga devido as estradas que não dão passagem”, lembro que aqui em Lafaiete a Cemig estava entrando dentro da cidade, estava instalando-se aqui, a energia era local, de uma empresa local, Companhia de Força e Luz Lafaiete que tinha uma hidroelétrica numa cidade chamada Jeceaba, uma cidadezinha próxima daqui. Ele então presta atenção e fala: “Podemos conhecer os dirigentes dessa empresa?”, a distribuição era aqui em Lafaiete, por uma sorte tava os dirigentes na Central de Distribuidora de Energia, na Estação distribuidora e lá fui eu, ele atrás com um jipe, um Volkswagen com a esposa e eu com uma Rural, entramos lá na Central - que hoje é uma Faculdade de Direito, funciona no mesmo prédio no subsolo onde tinha equipamentos, transformadores, onde ia o cabo com a energia de Jeceaba - tava em linha reta, não muito longe daqui, ele toma dados da turbina, da queda d’água, da potência da Usina e me dá uma cotovelada, e fala: “Eu vou botar esse forno aqui em Lafaiete”. Acabou que colocaram o forno em Jeceaba mesmo, porque a cidade tava na época cheia de greves aqui dos ferroviários da Santa Matilde, isso em 1965, era pós revolução havia muita instabilidade naquela época. Então em vez dele ir pra Goiás, ele fecha Mauá e se instala em Jeceaba com um pequeno forno de ferro ligas, já tinha energia própria, ganhou tanto dinheiro, ‘ajuntou’ um bom negócio que ele não tava mais pagando energia, ganha uma disputa com fábricas de sapatos e compra também as Usinas de Barbacena quando a Cemig também chegava em Barbacena, eu não tinha nada haver com a Paulista era apenas um cliente que eu queria agradar. Daí ele compra Usinas em Caxambú, Usinas Hidrelétricas pra suprir os fornos porque a energia da ferro ligas são altos consumidores de energia elétrica, são aquelas indústrias chamadas eletro intensivas, tal como alumínio e ferro liga, gasta uma enormidade de energia elétrica e se você tem energia elétrica de graça, então a coisa fica muito boa. Então foi se expandindo, ganhando muito dinheiro e a Paulista tá aqui em vez de tá em Goiás, tá aqui, daí ela se expande, em seguida em 1978 ele compra a Mina, né. É muito curioso essa vida, essas coisas mudam tanto por causa de uma chuva, ele me perguntar, ele não ia me perguntar nada, ele ia embora pra Ipiranga, né, me comprar a turbina lá que também tá disponível, ir embora pra Goiás e montar um forno, e não sei o que ia ser e no fim deu no que deu, ele se expande e com isso compra fibra e vale dinheiro, tanto vale que a Vale do Rio Doce não teria comprado, se não valesse nada, não teriam honrado as dívidas que eles assumiram.
P1 – Agora Doutor Celso, pra terminar a última pergunta, o que o senhor achou de ter dado esse depoimento?
R – Eu achei muito gratificante pra mim, eu pude falar com vocês que são muito amáveis, muito simpáticos e poder falar sobre toda essa vida que eu vivi profissional e foi um relato das coisas que eu vivi e também de um passado, né, dados que por sorte a gente tem aqui e de registros podem contar histórias do séculos XX que foi muito interessante, cheio de fatos que atrai muita atenção e acho que vão continuar atraindo por muito tempo.
P1 – Então muito obrigada Doutor Celso.
R – Obrigada vocês.
[Fim do CD 03 – 40 minutos]
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