Facebook Informações Ir direto ao conteúdo

Entoando nosso hino, o rataplã do arrebol, de cujas palavras ignorávamos o exato significado, nos arrancamos de Belo Horizonte em uma manhãzinha de abril de 1961. O caminhão Chevrolet “tinia de novo” (uma gíria da época) e levava nossa tropa, o Grupo Escoteiro do Colégio Estadual, para participar da inauguração de Brasília. Dentre nós, os mais viajados mal haviam passado de Lagoa Santa ou adjacências, e sempre em companhia dos pais.

Era tudo aventura, a começar pelo vento, que já à altura de Sete Lagoas havia destruído o toldo de lona posto sobre o caminhão e dispersado alguns dos chapéus de feltro, o que deixou seus donos inconsoláveis.

Em Três Marias paramos para comer – de marmita, pois naquele tempo não se conhecia fast-food (expressão que, aliás, soaria como um palavrão em língua gringa). Ali constatei, para meu dissabor, que a comida preparada com carinho por minha mãe, de véspera, simplesmente azedara irremediavelmente. Um colega caridoso me ofereceu uma banana, com a casca já preta, a qual comi com gosto. O que fazer?

Chegamos esbodegados em Paracatu, já a tempo de dormir. Um Grupo Escolar foi nosso abrigo e ali o chão nos serviu de cama, sem direito a um chuveiro. De madrugada, o planalto mostrou-nos sua inclemência, quase nos congelando.

Lembrança de Cristalina: filas de carros com os pára-brisas quebrados pelo impacto dos cristais do cascalho fino que cobria o asfalto. E filas de vendedores de pára-brisas, recém descobridores daquele filão de ganhar dinheiro, coisa rara naquele tempo e naquela região.

Brasília nos recebeu lá pelas onze horas da manhã, num calor de rachar. Com os chapéus restantes e o nosso grito escoteiro – arrê, arrê, arrê – saudamos os Fuzileiros Navais que vinham a pé do Rio de Janeiro. A estátua gigantesca e esquisita na entrada do Distrito Federal não nos augurou boa coisa.

Acampamos logo abaixo do Palácio do Planalto, monumento colorido pela poeira vermelha, no...

Continuar leitura

O Museu da Pessoa está em constante melhoria de sua plataforma. Caso perceba algum erro nesta página, ou caso sinta falta de alguma informação nesta história, entre em contato conosco através do email atendimento@museudapessoa.org.

Histórias que você pode gostar

Se Brasília tem uma mãe, a mãe de Brasília é Fercal
Vídeo Texto
Criando a música de Brasília
Texto

André Philippe de Seabra

Criando a música de Brasília
Brasília
Texto

Paulo Valério Silva Lima

Brasília
fechar

Denunciar história de vida

Para a manutenção de um ambiente saudável e de respeito a todos os que usam a plataforma do Museu da Pessoa, contamos com sua ajuda para evitar violações a nossa política de acesso e uso.

Caso tenha notado nesta história conteúdos que incitem a prática de crimes, violência, racismo, xenofobia, homofobia ou preconceito de qualquer tipo, calúnias, injúrias, difamação ou caso tenha se sentido pessoalmente ofendido por algo presente na história, utilize o campo abaixo para fazer sua denúncia.

O conteúdo não é removido automaticamente após a denúncia. Ele será analisado pela equipe do Museu da Pessoa e, caso seja comprovada a acusação, a história será retirada do ar.

Informações

    fechar

    Sugerir edição em conteúdo de história de vida

    Caso você tenha notado erros no preenchimento de dados, escreva abaixo qual informação está errada e a correção necessária.

    Analisaremos o seu pedido e, caso seja confirmado o erro, avançaremos com a edição.

    Informações

      fechar

      Licenciamento

      Os conteúdos presentes no acervo do Museu da Pessoa podem ser utilizados exclusivamente para fins culturais e acadêmicos, mediante o cumprimento das normas presentes em nossa política de acesso e uso.

      Caso tenha interesse em licenciar algum conteúdo, entre em contato com atendimento@museudapessoa.org.

      fechar

      Reivindicar titularidade

      Caso deseje reivindicar a titularidade deste personagem (“esse sou eu!”),  nos envie uma justificativa para o email atendimento@museudapessoa.org explicando o porque da sua solicitação. A partir do seu contato, a área de Museologia do Museu da Pessoa te retornará e avançará com o atendimento.