Me vi dentro de um avião, o destino era Brasília, cidade da minha companheira, mas ela ficava no Sul, tinha cancelado sua passagem, mas não sei porque eu mantive a minha ida e me vi sozinha naquele voo de uma aeronave imensa, que jamais havia experienciado. Durante os primeiros procedimentos de d...Continuar leitura
Me vi dentro de um avião, o destino era Brasília, cidade da minha companheira, mas ela ficava no Sul, tinha cancelado sua passagem, mas não sei porque eu mantive a minha ida e me vi sozinha naquele voo de uma aeronave imensa, que jamais havia experienciado. Durante os primeiros procedimentos de decolagem, me percebia olhando tudo, estranhando tudo, o voo não estava lotado e ainda pensando com a dúvida se ia ou ficava, e porque eu estava indo pra um lugar em que não fazia sentido ir sozinha. Todas as pessoas eram estranhas, mas a aeromoça percebeu a minha inquietação, não falou nada, mas seu olhar sereno e alegre me dizia pra eu fazer o que meu coração manda. Esta comunicação silenciosa ficou mais forte quando o avião se posicionava na pista e parou para o embarque de bagagens, algo surreal para um voo, lembro de ter estranhafo e dizer pra mim mesma, isso parece um ônibus. Neste momento, abre a porta traseira do voo e esta aeromoça, que por sinal era forte e robusta, começou a colocar as malas para o compartimento de bagagens do voo, no subsolo. A porta ficava a frente do meu assento, estava aberta, tinha uma escada e enquanto a aeromoça fazia o trabalho de guardar as malas, pesadas pareciam, ela me olhava com ternura e suavidade, com um sorriso no rosto. Foi o impulso que precisava naquele momento para sair do avião. Aproveitei esta parada, saí em direção ao ponto de ônibus para voltar pra casa. Deixei tudo, deixei minhas malas no voo, não quis saber, estava ganhando ao sair do avião que parecia um ônibus velho e enorme e ficou mais real quando olhei de fora e percebi que estava todo frouxo, desengonçado, perdendo peças, senti alívio e sabia que estava fazendo a coisa certa. Me dirigi ao ponto de ônibus, este lugar e as pessoas são completamente desconhecidos pra mim, mas a sensação de insegurança se mantinha presente e conhecida porque me sentia vigiada e prestes a sofrer um assalto. Sabia que precisava ficar atenta e torcia pra sair daquela situação logo.
Que associações você faz entre seu sonho e o momento de pandemia?
Várias: medo do desconhecido, medo do que virá, do que será, medo de perder, vontade de ficar junto com as pessoas que amo o máximo de tempo possível, falta de liberdade, sensação de catástrofe, vida, valores, mudançasRecolher