Mbyá-Guarani
Há sete décadas, quando o sangue da minha mãe fluiu na Ilha Grande, Rio de Janeiro, ao me dar à luz, a língua dos Guaranis já era falada aqui. Eles bradavam em “mbyá-guarani”, mas, não eram brados de guerra, eram cânticos, porque a ilha era “uarani”, ou seja, belez...Continuar leitura
Mbyá-Guarani
Há sete décadas, quando o sangue da minha mãe fluiu na Ilha Grande, Rio de Janeiro, ao me dar à luz, a língua dos Guaranis já era falada aqui. Eles bradavam em “mbyá-guarani”, mas, não eram brados de guerra, eram cânticos, porque a ilha era “uarani”, ou seja, beleza da natureza, e eles queriam saudar a mãe Terra.
Eles cantavam em agradecimento pelo que a natureza lhes dava, pois, nunca houve escassez de fruto, por isso se compactuavam. Eles bendiziam a “Nhamandú”, o deus criador das almas e das águas, que controlava tudo e em cuja presença havia certeza de tréguas. Bendiziam a “tekoha”, terra-mãe, por lhes permitir ser da família! Ela, à terra, cuidando do seu “curumim”, do filho que eles conceberam, e os Guaranis, em pronta vigília, zelando para que ninguém maltratasse à terra que os recebeu.
Sim, a terra precisava ser cuidada, a mata derrubada e roçada, as sementes preparadas, porque índio nunca fugiu da enxada. Depois do trabalho eles se aconchegavam, cada um ao seu “aysú”, ao seu amor. E com gratidão, à noite, se amavam e dormiam ao regaço.
Após tantos anos, esse povo se multiplicou, e sem causar danos, a sua história ele recuperou.
Hoje somos todos gratos pela sua culinária. São delícias que colocamos no prato, cujo fortalecimento é extraordinário, e somos reconhecidos por todo dom que eles têm, pois, no conhecimento das ervas, são doutos, o que nos faz muito bem.
A língua dos Guaranis é viva e plena, e o seu desenvolvimento vai passando de geração em geração, sempre com uma convivência amena.
Então, como afirmava minha mãe, graças a Deus pelos nossos ascendentes!
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