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Por: Angelo Brás Fernandes Callou, 18 de fevereiro de 2019

Manoel de Barros e meu relógio Le Duc

Esta história contém:

Manoel de Barros e meu relógio Le Duc

Foi por meio da antropóloga carioca Lília Vale que ouvi falar, pela primeira vez, do poeta mato-grossense Manoel de Barros (1916-2014). À época, como a internet não era nada para suprir curiosidades imediatas, fui às livrarias.

Trouxe para casa Tratado Geral das Grandezas do Ínfimo (Record, 2001). Foi paixão à primeira estrofe:

“Se diz que há na cabeça dos poetas um parafuso a menos Sendo que o mais justo seria o de ter um parafuso trocado do que a menos. A troca de parafusos provoca nos poetas uma certa disfunção lírica.” (do poema: "A Disfunção").

Considerado como o poeta das miudezas, Manoel de Barros, talvez por esta razão, ocupa lugar de destaque entre os poetas do pós-modernismo brasileiro. Sua poesia convida o leitor a recolocar o olhar para as coisas “desúteis”, como afirma na introdução do Livro Sobre Nada. Tal como fazíamos quando criança e que hoje, devido à descartabilidade de quase tudo, estaríamos, talvez, completamente cegos, não fosse o poeta. Cegos para observar uma pequena lagartixa, uma pedra, um cisco, as formigas na labuta, um fio de cabelo, a árvore de todos os dias, um inseto, um grão de areia, um prego, uma réstia de luz... Cegos para sentir o silêncio e o sentido de tudo, na vida. Nas nossas vidas, na poesia:

“As árvores me começam.”

“Uma violeta me pensou.

Me encostei no azul de sua tarde.”

“Eu queria avançar para o começo.

Chegar ao criançamento das palavras.”

Quando criança, na minha casa, tinha um móvel que chamávamos “móvel de gavetinhas”, igual a um móvel de dentista, com divisões internas. Ali, meu pai guardava todo o tipo de objetos úteis e desúteis: ferramentas, pregos, papel carbono, um chaveiro quebrado ou enferrujado, uma chave que perdeu seu cadeado, uma asa de barata ao léu....

Tenho o “gavetinhas” comigo até hoje. Com a mesma função. De vez em quando,...

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Ilustração para crônica "Manoel de Barros e meu relogio Le Duc

Dados da imagem Aquarela de Angelo Brás Fernanses Callou

Período:
Ano 2019

Imagem de:
Angelo Brás Fernandes Callou

História:
Manoel de Barros e meu relógio Le Duc

Crédito:
Angelo Brás Fernandes Callou

Tipo:
Ilustração

Aquarela de Angelo Brás Fernanses Callou

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