Minha mãe Francinete Amancio de Araújo. A minha mãe Francinete foi a minha maior fonte de inspiração, capaz de influenciar toda a minha vida, em todos os grandes momentos e transformações que experimentei na vida. Em tudo que fiz ou vivi, cada vez que sorri ou que chorei, cada dor senti...Continuar leitura
Minha mãe Francinete Amancio de Araújo. A minha mãe Francinete foi a minha maior fonte de inspiração, capaz de influenciar toda a minha vida, em todos os grandes momentos e transformações que experimentei na vida. Em tudo que fiz ou vivi, cada vez que sorri ou que chorei, cada dor sentida ou alegria vivida, me fez sentir fortemente a sua presença, dando-me a certeza plena de que tudo ocorreria diferente se não estivessem arraigados na minha mente todos os seus ensinamentos e o seu exemplo da mais pura simplicidade e singelo amor. Nada seria igual sem não estivessem bem presos na minha memória os seus sorrisos, as raras, mas largas gargalhadas, as lágrimas que ela achava que escondia e eu fingia que não via, as palavras de precisão cirúrgica que traçavam uma linha reta, diretas ao meu coraçãozinho, às vezes aflito, as reprimendas que mais pareciam declarações de amor, transbordando carinho, atenção, amor e muita compreensão de qualquer situação, tratada sempre com muita paciência. Não! Eu não seria eu mesma sem a inspiração de Dona Lete e, da mesma forma, não seria eu mesma se não existissem todas essas lembranças para dizer, todas às vezes, que o exemplo deixado por ela poderia nortear qualquer situação da vida que eu ainda teria que construir. Lete, como era chamada, gostava de escrever cartas e parecia fazer isso com muito prazer. Tinha uma letra muito bonita e todos dizia que ela poderia ter sido uma boa professora. Gostava de dar notícias e contar para todos como os seus filhos estavam crescendo lindos e com saúde. Gostava de escrever para o meu pai, quase sempre trabalhando distante, sobre cada peripécia que algum filho fazia ou quando sofria uma queda, nascia ou caia um dentinho, comprava uma roupa nova, quando iam para alguma festinha de aniversário ou, simplesmente, quando brincavam com ela, todos juntos, como se ali fossem todos crianças. Era do tipo chorona, emotiva, e não sabia esconder quando estava triste, alegre ou preocupada. Era preciso entrar em sintonia com ela para descobrir qual, exatamente, era a emoção e os motivos dos seus sentimentos. Tinha uma letra bonita e dizia que ser professora era o seu grande sonho. Talvez tenha sido a única coisa que ouvi ela dizer que desejava muito, mas não lamentava por não ter conseguido. Apenas dizia que era um sonho, apesar de não ter conseguido estudar além do ensino fundamental. Não era uma mulher vaidosa. Sempre tive a impressão de que a sua simplicidade estava acima de qualquer sentimento de vaidade. O ritual de beleza que ela mantinha usava apenas um pó compacto e um batom vermelho. Seu perfume preferido era Charisma, mas quase sempre usava apenas um leite de rosas. A sua falta de vaidade era facilmente percebida na forma como se vestia. Usava sempre vestidos que seguiam o mesmo modelo que ela definia como “vestido com um corte embaixo do peito”. Quando chegou o tempo de usar calças compridas ela não gostou. Dizia que não lhe caíam bem e a mesma coisa dizia de cabelos longos. Preferia deixá-los sempre curtos e adornados por uma tiara larga, parecendo aquelas “mocinhas” das fotonovelas da Revista Capricho. Era uma mulher simples e sem vaidade, mas aos meus olhos, era a mãe mais linda do mundo e eu não duvido dos meus olhos, pois o meu cérebro guarda em lugar muito especial o seu melhor sorriso em um rosto de pura bondade. Dona Lete deixou rastros de amor, deixou histórias, deixou memórias. Saudades!Recolher