(00:34) P/1 – Oi, Renata! Tudo bem com você?
R – Tudo, Grazi, e com você?
(00:38) P/1 – Tudo ótimo! A gente vai começar com o mais básico, que é o seu nome, o seu local e data de nascimento.
R – Meu nome é Renata Machado de Bittencourt Nunes. Eu nasci em Porto Alegre, Rio Grande do Sul.
(00:58) P/1 – Quais são os nomes dos seus pais?
R – Meu pai se chama Odilon Machado de Bittencourt e a minha mãe se chama Janir Terezinha de Bittencourt.
(01:11) P/1 – E qual é a ocupação deles?
R- Minha mãe é costureira. Já está aposentada, se aposentou como costureira. Na vida dela, ela trabalhou prioritariamente como vendedora. O meu pai também já está aposentado e tem metade da faculdade de Contabilidade, não é completa. Ele também trabalhou com a minha mãe, eles tinham uma loja, mas antes disso ele trabalhava mesmo na área de contabilidade.
(01:50) P/1 – E a sua família tinha algum costume especial, alguma festa que vocês faziam, comemoravam?
R – Os meus pais não são muito festeiros, não. Na verdade, nós costumávamos comemorar bastante o Natal e o Ano Novo. No Natal e no Ano Novo a gente reunia bastante a família, confraternizava e fazia a festa em casa. A gente se organizava mesmo, organizava uma festa em casa. Então, Natal tinha sempre festa e no Ano Novo também. Não passava sem uma festa. Essas eram as datas mais especiais. Claro que outras datas comemorativas também, aniversário, mas aí, não necessariamente tinha festa, principalmente depois que nós crescemos. Eu tenho dois irmãos, comigo três. Os meus pais tiveram três filhos.
(02:51) P/1 – E você, entre os seus irmãos, é mais nova, mais velha?
R – Não, eu sou o sanduíche, a do meio. Na verdade, eu tenho um irmão mais velho do que eu cinco anos e tenho uma irmã, que é mais nova que eu três anos. Eu sou a do meio. E... Deixa eu me lembrar quantos anos eu tinha... Eu acho que tinha oito, nove anos,...
Continuar leitura(00:34) P/1 – Oi, Renata! Tudo bem com você?
R – Tudo, Grazi, e com você?
(00:38) P/1 – Tudo ótimo! A gente vai começar com o mais básico, que é o seu nome, o seu local e data de nascimento.
R – Meu nome é Renata Machado de Bittencourt Nunes. Eu nasci em Porto Alegre, Rio Grande do Sul.
(00:58) P/1 – Quais são os nomes dos seus pais?
R – Meu pai se chama Odilon Machado de Bittencourt e a minha mãe se chama Janir Terezinha de Bittencourt.
(01:11) P/1 – E qual é a ocupação deles?
R- Minha mãe é costureira. Já está aposentada, se aposentou como costureira. Na vida dela, ela trabalhou prioritariamente como vendedora. O meu pai também já está aposentado e tem metade da faculdade de Contabilidade, não é completa. Ele também trabalhou com a minha mãe, eles tinham uma loja, mas antes disso ele trabalhava mesmo na área de contabilidade.
(01:50) P/1 – E a sua família tinha algum costume especial, alguma festa que vocês faziam, comemoravam?
R – Os meus pais não são muito festeiros, não. Na verdade, nós costumávamos comemorar bastante o Natal e o Ano Novo. No Natal e no Ano Novo a gente reunia bastante a família, confraternizava e fazia a festa em casa. A gente se organizava mesmo, organizava uma festa em casa. Então, Natal tinha sempre festa e no Ano Novo também. Não passava sem uma festa. Essas eram as datas mais especiais. Claro que outras datas comemorativas também, aniversário, mas aí, não necessariamente tinha festa, principalmente depois que nós crescemos. Eu tenho dois irmãos, comigo três. Os meus pais tiveram três filhos.
(02:51) P/1 – E você, entre os seus irmãos, é mais nova, mais velha?
R – Não, eu sou o sanduíche, a do meio. Na verdade, eu tenho um irmão mais velho do que eu cinco anos e tenho uma irmã, que é mais nova que eu três anos. Eu sou a do meio. E... Deixa eu me lembrar quantos anos eu tinha... Eu acho que tinha oito, nove anos, mais ou menos; faz bastante tempo, porque hoje eu tenho 45, que os meus pais receberam na nossa casa a irmã da minha mãe e três filhos. Então, a gente se criou juntos: eu, meus dois irmãos e esses meus três primos. E aí a gente tinha as idades bem intercaladas, porque a Sueli era um pouco mais velha que meu irmão; daí tinha o meu irmão, tinha o Jair, meu primo, eu, aí tinha o Gilmar, meu outro primo, e a minha irmã, Ângela Maria. Então, éramos seis. Uma pequena gangue.
(03:58) P/1 – Sua família é de Porto Alegre mesmo ou veio de outra cidade, outro estado?
R – Os meus pais se conheceram em Passo Fundo, que é no interior do Rio Grande do Sul. O meu pai é natural de Tapejara, que é uma cidade próxima a Passo Fundo, e a minha mãe é natural de Ibiraiaras. Na verdade, do interior de Ibiraiaras, de uma capela. Minha mãe nasceu na roça, no sítio, no campo, e meu pai na cidade e se conheceram em Passo Fundo.
(04:38) P/1 – E seus pais te contavam histórias, quando você era criança?
R – Bom, contavam. Histórias das mais variadas. A minha mãe é filha do João e da Angelina e os meus avós, no caso, os pais da minha mãe já nasceram, não sei se no navio, vindo da Itália ou logo que chegaram no Brasil, mas os avós da minha mãe nasceram na Itália, então meu avô falava só italiano, praticamente. Minha mãe contava várias histórias, principalmente da infância dela. Minha mãe é de uma família de nove irmãos, então tinha oito irmãos. E eu acho que hoje só minha mãe ainda é viva, então realmente ela tinha oito irmãos.
Tinha diversas histórias desse tempo, das dificuldades que meus avós passaram, depois de tudo que eles construíram juntos e do papel que eles desempenhavam naquela localidade. O meu avô tinha um comércio, além da produção agrícola, de uva e gado, enfim, leite… Ele tinha um comércio, então ele era referência pra muitas coisas ali na região. Era a minha avó que cuidava da igreja, tinha a chave da igreja. Eles realmente eram uma referência.
Minha mãe tinha muitas histórias que ela nos contava dessa época e meu pai já tinha uma realidade muito diferente da minha mãe, porque eu não conheci meus avós paternos. Quando eu nasci os meus avós paternos já eram falecidos e a minha avó materna também já era. Eu só conheci meu avô materno. Meu pai contava muitas histórias, porque o pai dele era um policial. Naquela localidade, meu avô era um policial. Não era exatamente essa função dele, não sei se ele seria um capitão, um cabo, o que ele seria, mas ele era uma espécie de policial, uma figura pública, que trabalhava na Segurança Pública. Na parede da casa dos meus pais tem essas imagens do meu avô, fotos do meu avô a cavalo, montado, com essa roupa que não era nem do Exército, nem da Polícia Militar, era um outro tipo de roupa, mas que identificava alguém que trabalhava com Segurança Pública. Então, histórias muito diferentes.
O meu pai, de uma família de seis filhos... Não, sete filhos. Meu pai tem duas irmãs vivas ainda e também nos contava diversas histórias bem pitorescas do meu avô, em função da atividade que ele exercia. Enfim, contavam, sim e também contavam outras histórias. Os meus pais sempre valorizaram muito - isso foi uma coisa que aprendi muito com eles - a educação, a nossa educação. Nós tivemos acesso a livros, enciclopédias. Hoje enciclopédia é uma coisa... Gente, o que é? Sim, eu estudei com uma enciclopédia, eu pegava lá, pesquisava. A gente tinha a Barsa em casa, então os colegas iam em casa fazer trabalho, porque a gente tinha a Barsa. Nesse ponto, também, não [havia] só história da família, mas histórias também de livros, os meus pais também investiram bastante nisso.
(08:44) P/1 – Como era a casa da sua infância, você lembra?
R – Lembro, sim. E não é nem um pouco difícil, porque é a casa que os meus pais moram até hoje. É uma casa que tem três quartos, então, quando você entra na casa, logo que você entra, você já avista uma sala que tem sofá, sala de estar; logo em frente uma sala de jantar, tudo no mesmo ambiente. Quando eu era criança não era assim, no mesmo ambiente; era tudo separadinho, com portinha. Hoje já é tudo aberto. E aí você vê um corredor comprido e, lá no final do corredor, tem uma porta, que era o meu quarto e o quarto da minha irmã. Nós dividíamos o quarto. Logo à direita, o quarto dos meus pais, e logo à esquerda o quarto do meu irmão. E aí então é a sala de estar, sala de jantar, cozinha, os quartos, no fundo um pátio bem grande e nesse pátio, nos fundos, os meus pais, não sozinhos, com o apoio da família da minha mãe, construíram uma edícula de dois pisos, onde em cima é essa casa onde minha tia morou com os meus primos, né? Imagina um apartamento de um quarto bem grande, que cabia, então, a cama da minha tia, outras camas, um banheiro e sala/cozinha junto, porque [eram] muito tradicionais as duas famílias, tanto do meu pai, quanto da minha mãe e a minha tia se separou do marido, então ficou uma situação, assim, bem... Hoje é uma coisa muito natural [dizer] ‘a gente não está vivendo bem’, mas pra eles, não, tanto que meu avô não a aceitou de volta em casa, quem a acolheu foram os irmãos. Ela foi morar com uma irmã, na verdade, justamente por isso, né? Porque ela estava separada, então ela só podia se dedicar aos filhos e nada mais.
(10:52) P/1 – E você costumava brincar com seus irmãos, os seus primos?
R – Muito. (risos) As minhas brincadeiras preferidas, na verdade, eram duas, três, vou nomear três brincadeiras. Uma delas era brincar de fazer barraca. Sabe fazer barraca de lençol, colcha, coberta? Nossa, eu amava! E a gente fazia, eu, minha irmã e meu primo. A gente ficava a tarde toda, o dia inteiro montando aquela barraca, que ela ficava gigante e eu amava fazer isso na casa da minha tia, porque a minha tia deixava a gente montar a barraca e não nos importunava. Minha mãe, não, ficava lá: “Já não deu essa barraca? Vamos fechar, guardar isso. Vamos dobrar essas cobertas”. A minha tia, não. A minha tia deixava a gente fazer a barraca até a hora que a gente quisesse, então a gente fazia barracas gigantes na casa da minha tia. Eu gostava muito de brincar de montar barraca. Também gostava muito de subir em árvore, só que eu sou uma criança… Apesar de eu ter 45 anos, eu fui criada na cidade. A minha mãe trabalhava fora e o meu pai também, então eu não podia sair pra brincar. Eu tinha que ficar dentro de casa, vendo todos os meus vizinhos brincando na rua. Eu não podia sair pra ir lá brincar com eles, porque minha mãe não estava, minha mãe estava trabalhando, então eu tinha que ficar dentro de casa. Eu gostava muito de brincar com a barraca e subir em árvore e eu fazia isso na escola, tanto que um dia eu subi numa árvore na escola, perdi a hora e a minha mãe foi me buscar lá. Esse dia não foi legal, mas eu gostava muito, muito, muito de subir em árvore. Toda oportunidade que eu tinha de estar, literalmente, trepada na árvore, eu estava.
Outra brincadeira que eu gostava muito, que eu ganhei… Foi um presente bem inusitado, que eu me lembro até hoje; hoje eu entendo por que, porque eu pedi pro meu pai e meu pai disse: “É isso que você quer? Tem certeza?” Eu pedi pro meu pai uma corda bem grande, bem pesada; eu amava pular corda e queria uma corda que eu pudesse pular com todos os meus amigos. Meu pai me deu essa corda de presente de aniversário. Claro, hoje eu entendo: ele foi na ferragem, comprou sei lá eu quantos metros de corda, dez metros de corda, bem grande, bem comprida e, com certeza, foi o presente de aniversário mais em conta que ele já deu prum filho. (risos) E foi isso. Nossa, eu amava pular corda, se eu pudesse pular corda de manhã, de tarde e de noite, era minha brincadeira favorita.
Fora outras muito legais: pega-pega; cabra-cega, que é aquela que você venda os olhos e sai procurando, tem outros nomes. Eu gostava muito também, sempre, de brincar com outras crianças, que é o melhor. Eu nunca fui de brincar sozinha.
(13:42) P/1 – E, aproveitando que você falou da escola, você tem a primeira lembrança da escola?
R – Nossa, eu vou te falar que eu tenho muitas lembranças da escola. Vou começar te contando que eu tive que fazer duas vezes o maternal, porque o meu irmão é cinco anos mais velho do que eu. Quando eu nasci, ele tinha cinco anos. Logo em seguida ele foi pra primeira série do primeiro grau e a minha mãe conta que a gente ia levá-lo até a escola e que eu entrava na sala de aula e não queria sair. Eu ficava chorando, chorando, e eu não tinha idade pra frequentar o maternal. Naquela época, você imagina: eu nasci em 1976, então a gente está falando de 1978, 1979; não tinha maternal, escolinha, creche, como tem hoje, né? Então, a minha mãe me matriculou em outro maternal, que era só maternal. Acabei fazendo maternal duas vezes. Eu fui pra essa escolinha, até a idade de atingir o maternal e depois eu fui pra escola regular, onde eu fiquei até a quinta série do primeiro grau, pra fazer o maternal.
Nossa, eu tenho muitas lembranças, da professora. Minha primeira professora se chamava Malala, ‘tia’ Malala. Principalmente das professoras. A minha professora da primeira série se chamava Lurdes e ela, vou te falar, deve ser até hoje linda. Na época - foi em 1983 que eu fiz a primeira série - tinha um concurso no Zero Hora, que se chamava A Garota da Praia. Todo final de semana eles iam pro litoral e fotografavam uma moça linda saindo da praia, aí todo mundo queria saber quem era a garota da praia, quem tinha sido a famosa garota da praia do final de semana. Teve um final de semana que foi a minha professora Lurdes. Até hoje eu me lembro da imagem dela no jornal, saindo da praia. Gente, ela era uma princesa. (risos) A gente tem isso, né? Meu filho tem sete anos e a professora dele é uma princesa pra ele.
(16:04) P/1 – Você tinha alguma matéria favorita?
R – Hummmmmm, Português, Literatura.
(16:11) P/1 – Como você ia pra escola, era perto da sua casa?
R – Não. Eu ia a pé. E nós íamos sozinhas, na verdade. Olha só a diferença de hoje! Vinha vindo todo mundo lá do final da rua, daí ia chamando, pra gente já ir se juntando, ir pra escola e voltar todo mundo junto. O meu irmão era responsável por mim e eu era responsável pela minha irmã. Meu irmão me trazia da escola, eu trazia a minha irmã, então a gente vinha se cuidando. Claro que tinha ocasiões que o pai e a mãe iam buscar a gente, mas normalmente a gente vinha sozinha. Quando tinha que pegar ônibus, que chovia, a gente pedia carona pro motorista do ônibus, eles davam; a gente passava por baixo da roleta, tinha roleta dentro do ônibus. Lá em Porto Alegre ainda tem.
(17:05) P/1 – E nesse período que você começou a ir pra escola com o seu irmão, aí já começou a brincar na rua também?
R – Não. Era da escola pra casa. Daí chegava em casa, tinha que fazer as tarefas de casa, a gente tinha que ajudar o pai e a mãe a arrumar a cama, lavar a louça do almoço porque aí o que acontecia? Os meus pais trabalhavam fora. Às vezes o pai, quando era o pai que nos buscava na escola e nos trazia pra casa, sentava conosco na mesa, a gente almoçava, o pai levantava e ia trabalhar. Quando era a mãe, nos esperava em casa, fazendo o almoço, daí a gente vinha em casa, almoçava, a mãe também deixava as coisas e ia trabalhar. Aí a gente tinha que lavar a louça, secar, guardar, varrer a casa, arrumar as camas, fazer as tarefas. Só depois que a gente podia brincar. Agora, você acha que as crianças faziam tudo rapidinho e só depois iam brincar? Não. Às vezes, quando a mãe estava chegando em casa, no final do dia, eu ainda estava fazendo a minha tarefa. Eu e meus irmãos. Não era diferente.
(18:13) P/1 – E depois da quinta série, que você falou dessa escola, do maternal até a quinta série, você foi pra outra escola?
R – Fui pra outra escola, fui pro Paulo da Gama. Eu estudei do maternal até a quinta série no Colégio Nossa Senhora da Glória e depois eu fui estudar no Colégio Paulo da Gama, eu e minha irmã. Meu irmão foi pra escola da Brigada Militar e eu e minha irmã fomos pra essa outra escola. Depois, no meu segundo grau, eu fui estudar no Júlio de Castilhos. A minha irmã também estudou no Julinho, no segundo grau dela. Depois, terminando o Julinho, fiz vestibular na federal do Rio Grande do Sul e passei no curso de Letras. Aí eu cursei metade do curso de Letras, porém eu precisava trabalhar e as aulas, na federal, são assim: um pouco de manhã, um pouco de tarde, um pouco de noite. Aí eu acabei trancando, fechando a matrícula desse curso e comecei a estudar Administração de Empresas, à noite, na Faculdade Portoalegrense. E aí foi ali que eu segui, até... Na verdade, eu terminei a minha graduação aqui em Curitiba, na Faculdade Santa Cruz.
Eu levei oito anos pra terminar a minha graduação, porque eu trabalho, na verdade, fora, porque os meus pais tinham loja, então a gente sempre trabalhou na loja, com meus pais. Meus pais abriram a loja em 1983, mais ou menos, e fecharam no Plano Cruzado. Nossa, agora, em anos, eu estou me esquecendo qual ano foi o Plano Cruzado. E, bom, enfim, eu trabalho desde os quatorze anos.
Eu comecei a trabalhar com quatorze anos, numa loja que vendia calçados tipo exportação, da minha madrinha. Eu comecei a trabalhar nas férias, entre o término do meu primeiro grau, da minha oitava série, e o início do meu segundo grau. Eu trabalhei nas férias, aí teve uma greve; a Escola Júlio de Castilhos é pública, eu fiquei trabalhando o período da greve. Daí, quando recomeçou a aula, eu parei de trabalhar - porque os horários já não davam certo – com a minha tia e fui atrás de um estágio. Comecei a fazer um estágio na Caixa Econômica Federal - que seria o Menor Aprendiz hoje; na época não tinha programa Menor Aprendiz, era estagiário, todo mundo – que eu entrava às quatro da tarde e saía às dez da noite. E ali, na Caixa, eu fiquei trabalhando todo o meu segundo grau. Enquanto foi possível trabalhar, eu trabalhei todo o meu segundo grau, na Caixa Econômica Federal.
(20:58) P/1 – Você lembra com o que você gastou seu primeiro salário?
R – Lembro. (risos) Quando meu primeiro salário, que eu recebi quando eu trabalhava lá com a minha tia, a primeira coisa que eu comprei foi uma bota que vendia na loja onde eu trabalhava, que eu estava simplesmente apaixonada e uma calça que eu precisava muito, pra ir trabalhar, jeans. Foi com o que eu gastei o meu primeiro salário. E o restante que sobrou do meu salário eu entreguei todinho pra minha mãe. Aliás, eu acho que eu entreguei a maior parte do meu salário todo pra minha mãe, até depois de entrar na faculdade, porque era necessário pra ajudar no sustento da casa.
E daí, quando minha mãe fechou a loja, no Plano Cruzado, o que aconteceu? Eu não lembro o ano exatamente, mas como que aconteceu o Plano Cruzado e depois o Plano Real, né? Foi início do Plano Real. Veio o Plano Cruzado e, quando eles começaram a fazer a migração pro Plano Real, tabelaram preços, congelaram preços e, quando foi feita a migração pro Plano Real, foi criada a URV [Unidade de Real Valor], que era unidade... Alguma coisa. URV. Unidade monetária... Acho que era isso. E bem nessa época o contrato de aluguel do prédio que a minha mãe e meu pai alugavam pra loja foi reajustado e o proprietário reajustou por essa URV, UMRV, enfim. E o que ele fez? Se o contrato fosse hoje mil reais, ele reajustou pra mil URVs. Só que isso representava mais ou menos o valor de três vezes o valor do que seria o real, então ficou impraticável. Só que os meus pais, quando abriram a loja, compraram o ponto, que hoje é uma coisa que é regulamentada, mas na época não era. Você comprava o ponto. Os meus pais compraram o ponto. Como eles tiveram que entregar o prédio, todo o investimento que eles fizeram no ponto, eles perderam, então isso acabou que levou a nossa família à falência. A gente realmente teve que mudar de escola. A gente estudava numa escola particular, mesmo sendo bolsa social, daí a gente veio pra uma escola pública. Enfim, uma série de coisas na nossa vida mudou: minha mãe, que então trabalhava na loja dela, acabou tendo que trabalhar como costureira, pra poder sustentar a família. Então, quando a gente começa, realmente, a trabalhar - primeiro meu irmão e logo eu, em seguida – efetivamente, a gente tem uma necessidade muito grande, familiar. A gente tem um gap ali muito grande, de necessidades não atendidas. Então, a gente precisa recompor esse orçamento. E é isso que a gente faz, na verdade.
(24:04) P/1 – E foi logo em seguida que você começou a fazer Letras?
R – Sim. Eu passei no curso de Letras em 1994. Eu terminei o segundo grau, fiz o vestibular e passei. Eram 66 vagas, fiquei classificada em número 69 e aí, na primeira lista que eles fazem das pessoas que não se matricularam, tem uma segunda chamada.
(24:34) P/1 – Espera.
R – Isso, na primeira lista de espera eu já fui chamada. Exatamente.
(24:40) P/1 – E como surgiu a ideia de fazer Administração de Empresas?
R – Então, Grazi, a ideia de fazer Administração de Empresas foi a seguinte: eu comecei a fazer Letras e eu amo Língua Portuguesa, amo Literatura, amo História, amo línguas: espanhol, inglês, francês… Estudo línguas até hoje, só que ficou muito difícil de me sustentar no curso, mesmo sendo faculdade pública, porque eu não conseguia trabalhar. Aí eu consegui um estágio, só que a remuneração que eu tinha no estágio não conseguia pagar as passagens escolares que eu precisava pra frequentar o curso, porque o campus era no campus da Agronomia e tinha que pegar dois ônibus pra ir e dois ônibus pra voltar, então era um custo bem elevado. Só pra eu cursar a faculdade de Letras, eu precisava de um investimento importante e minha família não tinha condições de me dar suporte, os meus pais. Eu começo a fazer o curso de Letras, mas com muita dificuldade, daí consigo o estágio, começo a trabalhar, mas continuo com bastante dificuldade. Não consegui um trabalho de vendedora em shopping, outras lojas, porque precisava trabalhar em horário comercial e eu tinha aula. Aí, o que aconteceu? Eu precisava ganhar mais e um trabalho que me remunerasse melhor, então eu decido priorizar o trabalho. Continuo o curso de Letras, mas assim que eu consigo um trabalho que me paga melhor, aí eu vou trabalhar na PUC do Rio Grande do Sul e entro também na PUC, no horário... Eu entrava meio-dia e meio na PUC e saía às dez... Às nove e quarenta e cinco, dez e quinze. Acho que era dez e quinze. Então, veja: um horário que me deixava a manhã toda livre pra estudar, mas mesmo assim eu não conseguia avançar no curso, porque eu não conseguia fazer as disciplinas que tinha à tarde e à noite. Então, eu paro o curso e digo: “Bem, o que eu vou fazer? Trabalho na área administrativa, com vendas. Gosto de vender, gosto da área administrativa, vou fazer Administração de Empresas”.
Aí eu continuo trabalhando, estava trabalhando na PUC; tentei ficar um tempo no curso de Letras, fiquei um tempo sem estudar, daí eu saio da PUC, vou trabalhar na Habitasul, na área administrativa. Faço vestibular na Fapa, isso foi em 2000; eu fiz o vestibular acho que em 1999, em 2000 iniciei e aí eu começo a estudar na Fapa, Administração de Empresas, à noite. Trabalho na Habitasul durante o dia, horário comercial, manhã e tarde, e à noite eu faço o curso de Administração de Empresas.
Por que eu saí de Letras e fui pra Administração de Empresas, Grazi? Por um motivo que eu falo até hoje pros meus afilhados, filhos. Eu tenho o Gustavo, de sete anos e o Tiago Vítor, que mora conosco, que tem 23: “O que você quer fazer de profissão? Qual profissão você quer escolher? Gente, olhem pra onde vocês querem estar daqui a dez anos. Se você quer, daqui dez anos, estar viajando pelo mundo, enfim, fazendo... Conhecendo o mundo, viajando, fazendo ‘n’... Tenha uma profissão nesse sentido. Se daqui a dez anos você quer estar casado, com sua casa, com sua família, tenha uma profissão que te dê condições de ter isso”. E o que eu queria, Grazi? Meu sonho sempre foi ter a minha casa, eu queria ter a minha casa. Era o meu sonho ter a minha casa perto da casa dos meus pais. Era meu sonho. Meu sonho não era casar, ter filho, não era nada disso. Meu sonho era ter a minha casa. O que eu precisava, pra ter a minha casa? Trabalhar. E precisava ser bem remunerada, porque eu tinha que ajudar os meus pais e construir o meu sonho. Ajudar minha família, me sustentar e construir meu sonho. Então, como eu seria melhor remunerada e de uma forma imediata? Fazendo curso de Administração de Empresas. Foi por isso que eu fui lá pra Administração de Empresas.
(28:59) P/1 – E por que, depois, você foi pra Curitiba?
R – Quando eu fui trabalhar lá na Habitasul, comecei trabalhando como assistente analista, no setor de divisão de materiais e serviços. E o que aconteceu? Eu acabei me destacando lá e eu já tinha assumido uma posição equivalente a de um subgerente. Eu cuidava de contratos, fazia negociações, comprava, fazia negócios o tempo todo, comprava serviços, negociava contratos e isso envolve muita rentabilidade, negócios. Comecei a estudar muito sobre isso no meu trabalho, me dedicar, fazer cursos em relação a isso; a Habitasul investiu no meu desenvolvimento. Então, chegou um momento da faculdade que eu comecei a me questionar se eu queria ficar na área comercial, negócios, business ou se eu queria ir pra parte financeira. E na Habitasul eu não ia ter condições de me desenvolver, porque pra eu atingir, dentro da divisão onde eu estava, um destaque, eu precisaria fazer algo na área de Engenharia de Arquitetura. Por quê? Porque a Habitasul trabalha com empreendimentos imobiliários, então ela desenvolvia pessoas na área de Arquitetura, Engenharia. Nas áreas administrativas ela não desenvolvia muito as pessoas, então eu decido sair da Habitasul e começar tudo de novo, num estágio. Bom, Grazi, nesse momento eu te digo que eu ouvi de algumas pessoas - minha mãe, por exemplo - que eu estava cometendo um grande erro, porque eu larguei meu emprego de carteira assinada, onde eu era relativamente bem remunerada, tinha férias, décimo-terceiro e eu larguei tudo pra ser estagiária, sem garantia nenhuma. E ainda tive que comprar um carro, porque eu participei de dois processos de estágio: um era pra ocupar uma função de estágio na área financeira de uma indústria e o outro era pra trabalhar como promotora de vendas, na Boehringer Ingelheim do Brasil. E aí eu vou pra área de promoção de vendas, na Boehringer Ingelheim. Pra situar um pouco, hoje a Boehringer vendeu alguns produtos, enfim, está diferente, mas na ocasião ela trabalhava com Buscopan, Anador. Só pra situar: Bisolvon, Mucosolvan, Berotec, Atrovent, produtos muito fortes. A Boehringer é muito forte nessa linha de respiratórios. E eu vou ser estagiária na Boehringer. “Gente, você largou tudo?” “Sim, eu larguei tudo.” “Você é louca.” “Não, não sou. Eu sei o que eu estou fazendo”.
Fiquei dois anos como estagiária na Boehringer, Fui efetivada como promotora de vendas e como efetiva promotora de vendas eu fiquei um ano, mais ou menos. Aí a minha colega, que trabalhava como vendedora, representante de propaganda e vendas, lá no Rio Grande do Sul, foi sair de licença-maternidade. Nesse período da licença-maternidade dela eu fiquei cuidando dos clientes pra ela; ela me preparou, me desenvolveu e eu fiquei cuidando dos clientes pra ela. Ela saiu de licença, eu fiquei cuidando dos clientes pra ela.
Nesse período da licença-maternidade dela, meu gestor me promoveu à função de representante de propaganda e vendas, a vendedora, só que o cargo era em Curitiba, então eu vim a trabalho.
Minha mudança veio no avião. Uma mala gigante, deu excesso de bagagem, mas aquilo ali era toda minha mudança. Eu cheguei em Curitiba no dia 5 de julho... Ou 5 de junho? 5 de junho ou 5 de julho de 2000 e... Deixa eu lembrar... Eu tinha 27, nós estamos em 2021, faz quinze... 2005. E assim: eu cheguei pra ficar numa reunião de uma semana, daí fiquei na reunião de uma semana e fora, à noite, depois que a reunião terminava, eu tive que procurar um lugar pra morar, semi-mobiliado, porque eu não tinha nada. Na sexta-feira todo mundo pegou o avião e voltou pra Porto Alegre e eu peguei o carro - que já estava aqui, me esperando, porque a minha função me dava carro, enfim - o computador e o celular e fui pra minha nova casa, correr atrás de comprar uma televisão, pra ter algo pra me entreter no final de semana.
(33:53) P/1 – E quando é que você começou a trabalhar na Vedacit?
R - Eu comecei a trabalhar na Vedacit em 2018. Então, só pra gente montar uma linhazinha do tempo, a Boehringer Indústria Farmacêutica, de medicamentos, eu trabalhei, cheguei aqui em Curitiba em 2005 pela Boehringer. Comecei a trabalhar - fiquei nove anos – em 2001, aí eu vim aqui pra Vedacit em 2018, mas eu vim aqui pra Curitiba em 2005 e fiquei na Boehringer até 2010, aí eu fui pra Granado e Phebo em 2011. Primeiro eu trabalhei no iniciozinho de 2011 na Distribuidora de Medicamentos MB Pharma, mas não consegui mais trabalhar interno. Eu já trabalhava externo na Boehringer, desde 2000, 2001, então eu não consegui trabalhar interno, não me adaptei, fiquei só três meses, aí fui pra Granado e Phebo como vendedora sênior. Tive o Gustavo lá, meu filho, ele nasceu em 2014.
Fiquei na Granado até 2015, eu fui pra Kimberly Clark depois... O Gustavo nasceu em 2014... É, em 2015 mesmo eu fui pra Kimberly Clark, recebi um convite, pra mim foi muito bacana.
Eu te digo que foi um dos primeiros ganhos... Eu tive vários ganhos na minha carreira, história profissional. Alguns, talvez, contando, pareçam pouco representativos. O primeiro ganho que eu tive na minha vida profissional, muito representativo, foi quando eu era uma criança mesmo, tinha sete, oito anos e eu gostava muito de ajudar na loja da minha mãe, atender as clientes, vender. Minha mãe tinha uma loja de roupa de moda feminina, eu era uma criança, só que tinha clientes que gostavam de ser atendidas só por mim, assim como tinha clientes que não gostavam nem de me ver por perto, mas tinha clientes que iam na loja e gostavam de ser atendidas só por mim. Acho que aquilo foi o primeiro grande ganho, satisfação de reconhecimento enquanto profissional que eu tive, eu me lembro disso até hoje. Eu me lembro da cliente chegando na loja; eu não me lembro o nome dela, mas eu me lembro da cliente chegando e a loja estava vazia, não tinha ninguém, eu estava lá e ela falou assim: “Nossa, Renata, que bom que você está aqui! Então, hoje eu vou ser atendida pela minha vendedora preferida.” Achei que ela estava falando pra fazer gracinha, né? E eu olhei assim, dei um sorrisinho e ela disse: “Nossa, eu adoro comprar com você!” E aquilo foi autêntico, me lembro disso até hoje. E aí você vai conseguindo essa trajetória profissional, né? Eu me lembro de um dia, na loja de sapatos, que eu vendi pra mesma cliente quatorze sapatos. Hoje eu sei que, na verdade, (risos) ela precisava era de uma sessão de terapia e eu acho que eu fui a terapeuta dela naquele dia, mas pra que eu ficasse ali com ela, ela acabou comprando quatorze pares de sapato. Isso foi, pra mim, também, uma coisa que eu me lembro até hoje.
Na Habitasul, [o que] me marcou muito, muito, é que eu trabalhava na divisão de contratos e serviços. Tinha uma equipe composta de eletricista, marceneiro, motorista e eles faziam vários serviços nos empreendimentos, na manutenção dos prédios, cuidavam da manutenção dos prédios. Eu era uma mulher e eu tive que aprender a liderar pessoas muito machistas, mais velhas e eu, sinceramente, achava, Grazi, que eu não sabia fazer isso, até o dia que meu gerente saiu de férias, voltou e disse assim: “Renata, foram as melhores férias da minha vida, desde que eu trabalho na Habitasul”. Eu olhei pra ele e disse: “Por quê?” “Porque ninguém me ligou”. Eu falei: “Ótimo! Isso foi um elogio, né?”
Aí eu fui trabalhar na Boehringer e comecei como estagiária. Fui vendedora júnior, vendedora plena, vendedora sênior, vim transferida pra Curitiba, tive diversos reconhecimentos na Boehringer, de ganho de share. Um dos mais importantes, mais impactantes [reconhecimentos] que eu tive foi de uma gerente de produto me ligando e perguntando: “Renata, o que você fez com o produto Bisolvon, aí na praça de Curitiba? O que você fez de diferente, nesse inverno?” Eu falei assim: “Eu montei uma estratégia”. Eu tinha duas promotoras e Mucosolvan é muito forte aqui na praça. Toda vez que a gente expõe Mucosolvan na prateleira, a gente traz Bisolvon junto, um na frente de cada, pro consumidor começar a visualizar o produto, ali junto do produto que ele considera premium, que resolve e o Bisolvon é uma escolha de _______ econômico, porém é uma escolha da própria Boehringer. Então, concorrência por concorrência, fique com a Boehringer. E o produto teve ganho de quase dois pontos de market share, sem um real de investimento. Só com uma instrução, uma orientação. Aquilo, pra mim, foi um ganho muito significativo.
Na Granado eu tive a grata oportunidade de ofertar pra empresa um projeto onde a gente saía de promotores terceiros e vinha pra promotores diretos - montar toda a estrutura, roteirização, contratar as pessoas. Foi muito gratificante. Eu construí um setor na Granado, desenvolvi esse setor, essa carteira, ao ponto de necessitar de mais um vendedor. Eu era vendedora sênior e eu tive uma vendedora júnior, então foi muito bacana.
E muito mais legal de tudo isso foi que quem me indicou pra Kimberly foi um cliente. A Kimberly estava procurando uma pessoa e não encontrava ninguém e aí uma compradora me perguntou, a Carla, lá do ______: “Renata, a Kimberly está procurando uma pessoa assim, assim, assado”. Falei: “Ah, que bacana, né?” “Renata, quando eles me falam o que eles precisam, eu só enxergo você. Posso dar seu número?” Falei: “Ah, pode, tudo bem”. Ela deu meu número, eles me procuraram, falaram com todos os clientes que eu atendia e eles me convidaram pra trabalhar na Kimberly e aquilo, pra mim, foi muito representativo. Na Kimberly eu atendia só Rede Condor. Eu fui duas vezes melhor fornecedora do ano da Rede Condor, sendo que a Kimberly nunca havia sido melhor fornecedora da Rede Condor, então foram ganhos, Grazi, muito significativos. E coroados pela Vedacit, sabia?
Vou te explicar o motivo que eu dei toda essa trajetória pra chegar até aqui: como você veio parar na Vedacit, Renata? Eu comecei, eu estava lá na Kimberly, queria uma oportunidade, sabe por que, Grazi? Porque eu sou mulher, comecei a trabalhar muito cedo e essa história que todo mundo fala, de que a mulher é interrompida quando vai falar, de que é muito difícil, que existe um machismo estrutural, isso é verdade, sabia? É muito verdade. A gente sente isso lá, no dia a dia. Porque eu fazia tudo isso, mas eu não era gerente. Eu sempre era a vendedora sênior. Eu sempre era a representante sênior. Eu sempre era sênior, mas eu nunca era o gestor, a gerente. E aí eu comecei a fazer um MBA em Gestão Comercial, porque eu digo: “Gente, será que está me faltando o quê? Preparo técnico?” Gente, eu estava batendo um bolão lá no MBA. Botava a galera no bolso porque era o meu dia a dia, o que eu fazia. Daí, lá eu comecei a me dar conta, ainda mais forte, falei: “Gente, eu já sabia que era o que eu fazia, mas agora eu estou ajudando o professor a dar aula, aqui. Tem alguma coisa errada”. E aí que a Vedacit me encontrou através do LinkedIn, me convidou pra participar do processo e era pra um processo de gestão. Eu acho que daí foi toda uma construção, porque eu fui, estava muito confiante na minha capacidade e o projeto da Vedacit era muito parecido com o que eu desenvolvi lá na Granado: montar equipe de promotores diretos, enfim. A Vedacit me convidou e me reconheceu, então eu sou muito grata à Vedacit, também porque material de construção eu nunca tinha trabalhado e porque a Vedacit me reconheceu. Ela deu aquele reconhecimento que eu buscava.
Hoje, na Vedacit, eu sou gerente, eu desenvolvo isso e eu trabalho com algo que eu amo, que é vender. Ensino os consultores a vender, ensino os promotores a vender e eu amo fazer isso. Hoje eu trabalho com algo que eu amo demais, gosto demais, sou apaixonada e desenvolvo pessoas, que eu descobri que é uma outra paixão que eu tenho. Então, eu uno as duas coisas: negócios e pessoas.
(43:29) P/1 – E como você começou a ter conhecimento do programa Ano Novo, Casa Nova, do instituto?
R – No ano passado, Grazi… Desculpa falar, porque essa história toda que a gente está vivendo, não sei você, mas eu tenho impressão, muitas vezes, que a gente está no mesmo ano desde lá de março de 2020, que é o mesmo ano, que esse ano não acabou. Lá em 2020 eu me lembro bem que a gente já teve esse programa, mas não foi da forma como foi feito agora. Foi feito só lá em São Paulo. Acho que foi aberto para o pessoal da fábrica, então a gente só viu o resultado. Nós, gestores, colaboradores do Brasil só vimos o resultado, que eu achei muito legal, porque faz todo o sentido e vai de encontro ao nosso propósito. Inclusive, depois disso, eu reformei a minha casa, porque o programa me levou à essa reflexão, sabe? Gente, eu trabalho na Vedacit e tem problemas na minha casa que eu preciso consertar. E eu achei muito legal, quando eles abriram o programa pro Brasil inteiro. E quando o Luiz falou assim: “Nos surpreendeu que nós tivemos muitos inscritos da área comercial, promotores”. A mim não surpreendeu. Eu tinha certeza que os promotores teriam um grande número de participação. Porque promotor tem essa característica. O promotor, a função de promotor é uma função de entrada, de base, de chegada no mercado. E ele dá oportunidade pra muitas pessoas, em função do horário de trabalho, da necessidade de flexibilidade de horário. Ele dá possibilidade pra muitas pessoas, às vezes, terem dois empregos ou pra pais de família que precisam cuidar dos filhos ou pra mães de família que precisam cuidar dos filhos ou pra pessoas que têm responsabilidade junto a familiares, que precisam olhar, cuidar. Então, ela é uma atividade que dá muita oportunidade, nesse sentido. Eu não me surpreendi nada, quando o Luiz falou: “Nossa, os promotores...” Eu falei: “Gente, não me surpreende, porque são pessoas que batalham demais. Promotor de vendas tem lá no DNA dele essa característica. Aquele que está no top da cadeia, que é o cara que faz acontecer na loja, é uma pessoa determinada, que luta muito, que batalha, que chega junto”, entendeu? Então: “Poxa, a empresa está me dando oportunidade de reformar a minha casa, cara, fui agora, demorou”. Então, não me surpreendeu.
Eu acho o programa sensacional, porque pra uma pessoa... Hoje, a remuneração do promotor, pegando benefícios e tal, deve estar em torno de dois mil reais. Agora, tu imagina uma reforma de trinta mil reais, de vinte mil reais, na casa de alguém que ganha dois mil reais por mês. É a remuneração de um ano. É o que a pessoa ganha em um ano. Agora, vamos lá: o quanto isso representa no orçamento total da Vedacit? O quanto isso representa… Por exemplo, vou falar pra você: eu cuido hoje do Contas Diretas Paraná e Santa Catarina... E Rio Grande do Sul, desculpa, Santa Catarina é outra colega. O quanto que isso, vinte mil, trinta mil reais representam num mês de faturamento? Já teve meses que eu faturei um milhão de reais. Então, veja, é muito representativo, porque a gente coloca a nossa missão na prática, entende? A gente faz isso acontecer na vida do colega que está ali do lado, na vida do colaborador que está ali do lado. Você chega ali, encosta no seu colega - quando eu digo encosta, é encostar mesmo - você olha pra ele e atende uma necessidade tão importante pra ele. É simples assim, olhando com os olhos da Vedacit a estrutura, o negócio, a empresa, setecentas pessoas, setecentos colaboradores, seiscentos funcionários, colaboradores, enfim, é simples, mas pra aquela família, pra aquele núcleo, não é simples, é muito representativo.
(48:45) P/1 – E você é gestora da Karin, né? Ela foi uma das colaboradoras selecionadas. Como é que foi essa sua participação, nessa seleção dela?
R – A história da Karin é bem legal, porque quem inscreveu a Karin foi uma colega, a Eliane. Não foi a Karin que se inscreveu. A Karin confidenciou pra colega que ela precisava reformar o banheiro e no Ano Novo, Casa Nova você podia ser inscrito pelos colegas ou podia se inscrever. A Karin disse pra Eliane que ia se inscrever, mas a Karin não viu, ela é muito tímida e a Eliane inscreveu a Karin. Eu, na verdade, não participei da seleção, a seleção foi toda feita pela diretoria executiva, enfim, pelo Luiz, lá, pela fundação, mas eu te digo que, sem sombra de dúvida, foi uma escolha muito feliz, porque eu, particularmente, não sabia da realidade da casa da Karin. Estou falando de estrutura física, tá? Mas um pouco da estrutura da família, aquele pouco que a gente consegue atingir enquanto gestor, sem ser invasivo - a gente tem que ter esse cuidado, porque não é tudo que eu quero compartilhar com meu gestor. Tem coisas que eu não quero compartilhar com meu gestor, principalmente as minhas dificuldades, as minhas mazelas, as minhas coisas doloridas, eu não quero que o meu gestor saiba.
Eu sabia de algumas coisas. Sabia que a Karin tinha filhos pequenos, uma história de casamento difícil, tinha se separado, tinha tentado muito que o casamento desse certo e não deu certo; que ela morava com a mãe, depois retornou a morar com a mãe e que era uma menina – é, não era, continua sendo – uma pessoa muito dedicada ao trabalho, aos filhos, à família, então eu fiquei muito feliz quando soube que ela tinha sido escolhida. Eu sabia que a escolha tinha sido certa, sem conhecer a casa dela. E depois que eu fui conhecer a casa dela, aí eu tive absoluta certeza que ela realmente precisava bastante do apoio. A escolha foi muito feliz.
(51:16) P/1 – Após a reforma, você acha que ela, como pessoa, mudou?
R – Sem dúvida. Não tenho dúvida disso. A Karin sempre foi uma pessoa... Ela é tímida, bem reservada e, depois da reforma, ela traz, até na participação com os colegas, uma alegria maior, sabe? Está diferente, está feliz. Enfim, está repleta daquele entusiasmo, da felicidade.
(51:59) P/1 – E como você vê a importância de ter uma casa salubre pra viver?
R – Ai, Grazi, isso é extremamente importante. Eu não sei… A sua casa, primeiro que precisa ser um lugar onde você se sinta bem, né? E não tem como, muitas vezes, você se sentir bem num lugar que não é saudável. Eu já vivi em situações, já morei em situações, em lugares não legais. Quando eu cheguei em Curitiba, eu fui morar num lugar que não era bacana. Pra você ter uma ideia, eu apelidei carinhosamente de 'muquifinho'. Era um quarto com uma antessala, que era cozinha e sala tudo junto, aqueles compactos, sabe, de cozinha, de fogão, com geladeira, que quando você cozinha, descongela a geladeira e vai água pro chão, era uma ‘delícia’. E na saída do banheiro tinha o armário. Minha roupa mofou inteira, teve roupas que eu não tive como recuperar, que eu tive que me desfazer. Um local totalmente sem condições, tanto que eu fiquei ali durante... Eu vim pra Curitiba em julho; agosto, setembro, outubro… Fiquei três meses nesse lugar. Em novembro eu já estava indo pra um outro lugar.
Enfim, a gente precisa, muitas vezes, na nossa casa, ficar com algumas situações esperando conserto, porque você não tem como consertar naquele momento. Mas uma ou outra situação é uma coisa, né? Quando você tem a casa inteira, praticamente, sem condições de habitação ou tem peças muito representativas, como o banheiro, a cozinha, sem condições de habitação, não tem como. Eu acho que impacta na sua dignidade, né? Não é nem uma questão... É uma questão de saúde, sem dúvida. Primeiro a questão da saúde, mesmo, mas eu acho que impacta na sua dignidade, né? Você precisa ter um lugar, por mais simples que ele seja, limpo, seguro e saudável.
(54:13) P/1 – E você consegue visualizar no futuro mais projetos da Vedacit, nesse sentido?
R – Consigo. Eu acredito que seja um caminho muito bacana, nesse sentido. Hoje eu tenho a grata satisfação de ter participado do Ano Novo, Casa Nova e também participo de uma mentoria - me candidatei, muito bacana também - com abertura de construírem o Coletivo Meninas Mahin de São Paulo, muito legal. Eu acho que o caminho de proporcionar pros colaboradores, participação em voluntariado, mentoria ou em programas como esse, está no objetivo da família. Quando eu falo da família, Grazi, é porque a Vedacit tem dono, né? Eu costumo brincar um pouco com isso: “Pessoal, não é uma S/A, não são acionistas espalhados pelo mundo afora. Nós estamos falando aqui de proprietários. Então, ‘seu’ Vedacit, ‘seu’ Balaroti...”. Faço algumas brincadeiras assim. E a gente sente muito isso, quando a gente vai pra uma reunião que a família está presente, um evento que a família está presente, a família. Nós somos tratados como família, apesar de não sermos família, né? Mas somos família Vedacit.
Eu acredito, sim, em outros programas, sem sombra de dúvida, e acredito também em um programa como esse e também de diferentes naturezas, iniciativas, enfim. Até trazidas pelos próprios colaboradores.
(56:07) P/1 – Renata, como é que você conheceu seu marido?
R – Trabalhando. O meu marido era, quando eu o conheci, gerente de Marketing - coordenador, na verdade, do Departamento de Marketing da Distribuidora de Medicamentos MB Pharma, que era meu cliente. Eu o conheci lá, trabalhando. Eu ia visitá-lo, o comprador, e também ia conversar com meu marido que, na ocasião, não era meu marido, pra justamente fazer ações de sell out, campanhas com televendas e, enfim, foi assim que o conheci, no ano de 2006. A gente começou a namorar em fevereiro de 2007 e acho que em junho ou julho desse mesmo ano, a gente foi morar juntos. A gente casou em dezembro de 2008.
(57:21) P/1 – Você lembra do dia do seu casamento?
R – Nossa, perfeitamente! Lembro, sim, perfeitamente. Meu casamento teve algumas coisas bem pitorescas. Como a gente já morava junto, a gente fez tudo junto, mas quando eu digo tudo, Grazi, foi tudo: foi a gente que organizou a festa, que fez a lista de convidados, foi lá negociar o buffet, escolher a igreja, tudo a gente fez junto, eu e ele. Inclusive eu o ajudei a escolher a roupa dele e ele ajudou a escolher o vestido de noiva. Só tinha ele, eu e ele. E, no dia que a gente foi se arrumar, ele foi se arrumar no salão, comigo. Aquelas fotos que você vê no casamento, dos noivos, as nossas fotos foram feitas antes do casamento, porque nós queríamos receber os convidados. Então, o que a gente fez? Como nós éramos os primeiros a sair da igreja, os noivos, a gente saiu da igreja, já entrou no carro e foi pro salão. Quando os convidados chegaram no salão, eles foram recebidos pelos noivos. Nós recebemos os convidados.
E outra coisa legal, que eu conto e ninguém acredita: quem me levou pra igreja foi meu marido. Ele foi o motorista do carro. A gente foi no carro dele, no caso, no nosso carro, pra igreja e ele foi e o filho dele, Tiago Vítor, foi o pajem; a nossa sobrinha, Sabrina, prima do Vítor, que tem a mesma idade, foi a dama de honra, então ela entrou com ele, a daminha e o pajem. Foram todos conosco, comigo, no carro, né?
O pessoal, os nossos amigos brincam que ele tinha medo que eu não fosse no casamento. Mentira! Ele tinha certeza que eu ia, porque eu falei pra ele - ele queria se casar no civil no mesmo dia: “Eu só entro na igreja se a gente já estiver casado no civil”. A gente casou no civil uma semana antes, aí não teve escapatória. No dia da igreja, ele tinha medo que eu fugisse, aí ele me levou de carro pra igreja. Todo mundo, no salão, queria ver o noivo saindo com a noiva. Nossa, foi muito bacana.
(59:42) P/1 – E, pra você, como é a experiência de ser mãe?
R – Ai, Grazi… (risos) As mulheres, no geral… Eu vou falar, enfim, minhas amigas, primas, irmã, acham que... Eu tenho muitas amigas que eu conheço que tinham, realizaram, ainda têm o sonho de se casarem: “Meu sonho é casar na igreja, vestida de noiva”, ou que têm sonho de ser mãe: “Meu sonho da minha vida é ser mãe”. Eu não tinha nenhum desses dois sonhos. Meu sonho era ter a minha casa e meu outro sonho era estudar no exterior, fazer um intercâmbio, estudar uma língua fora, ou até fazer um curso universitário, alguma coisa no exterior. O primeiro sonho eu já realizei, eu já tenho minha casa. O segundo ainda não, mas eu estou trabalhando pra realizar em breve. E aí veio o casamento que, pra mim, foi uma grata surpresa, por quê? Porque não era um sonho que eu tinha, eu me casei com trinta anos, então já não era tão jovem assim. Nossa, vinte anos, não. Enfim, foi uma escolha muito certa, muita madura e muito feliz que eu fiz.
Como o Luciano já tinha o Vítor e o Vítor veio morar conosco logo no final de 2007, então a gente já tinha o filho, né? Então, a gente demorou um pouco pra ter o Gustavo. Na verdade, a vontade de ter um filho era uma crescente em mim, depois que a gente se casou, até por ter o Vítor já, ali, junto, mas o Luciano não tinha tanta pressa. A gente decidiu ter o Gustavo lá em 2012, mais ou menos, daí a gente começou a se preparar pra isso e aí o Gustavo veio ao mundo em 2014.
Foi uma experiência e é uma experiência incrível. Eu te digo assim: a gente exerce, na vida da gente, vários papéis. A gente é esposa, filha, amiga, profissional, uma série de coisas. De todos os papéis que eu exerço, o de mãe é o meu preferido. As horas do meu dia que eu dedico à maternidade, aos cuidados do Gustavo, são as melhores. Sempre, sem sombra de dúvida. São as melhores horas do meu dia, aquelas que eu passo com ele, seja dedicado desde quando ele era nenê: “Ai, Renata, mas é pra trocar fralda”. Não interessa. As melhores horas do meu dia são aquelas que eu passo com o Gustavo. Eu tenho, Grazi, horas no meu dia dedicadas a ele. Lá na minha rotina, na minha agenda, cheias de coisas pra fazer e o Gustavo olha, olhou hoje o quadrinho da minha rotina e falou assim: “Nossa, mãe, você faz muita coisa!” (risos) Eu tenho horas, lá, dedicadas pra ele e são dedicadas pra ele. São pra ir assisti-lo jogando bola, pra buscá-lo no jogo de bola, pra jogar com ele, pra botá-lo pra dormir… A gente está lendo junto, agora a gente está lendo acho que é o Ladrão de Raios.
R/2 – Hum-hum.
R – Oh, ele confirmou. Então, é isso mesmo, entendeu? Então, são as melhores horas do meu dia.
(01:03:29) P/1 – E qual a idade deles?
R – O Gustavo, hoje, tem sete, faz aniversário em abril, e o Vitor tem 23. O Vitor… O pai dele, sem saber, fez o Vítor de presente pra mim, porque o Vítor nasceu no mesmo dia do meu aniversário. É, o Vítor faz aniversário no mesmo dia que eu. Nós somos iguais, absolutamente iguais. Gênio igual, a gente gosta das mesmas coisas, a gente não gosta das mesmas coisas, nós somos iguais. Eu acho que, se o Vitor tivesse nascido da minha barriga, ele não seria tão parecido comigo como ele é.
(01:04:12) P/1 – Encaminhando pras perguntas finais, quais são as coisas mais importantes pra você, hoje?
R – Quantas você quer? (risos)
(01:04:28) P/1 – Fique à vontade! (risos)
R – Ai, Grazi, tão difícil, porque nós somos um apanhado de coisas importantes, né? E não tem como a gente dizer, muitas vezes, que uma coisa é mais importante que a outra. Mas tem uma coisa que eu aprendi já faz tempo, bastante tempo e eu costumo repetir muito pros meus filhos, principalmente, eu costumo perguntar muito pra eles: “O que é mesmo mais importante: as coisas ou as pessoas?” O Gustavo já responde assim: “As pessoas, mãe, eu já sei”. Então, as coisas mais importantes pra mim, hoje, sem sombra de dúvida, é minha família, os meus amigos, o meu desenvolvimento, o meu crescimento enquanto pessoa, sabe? Esse trabalho diário todo que cada um de nós faz, de se transformar numa pessoa melhor, pra mim, o meu trabalho, eu sou muito dedicada nisso e tenho sido cada vez mais dedicada, sabe? Porque eu percebo o quanto isso faz diferença nas pessoas à minha volta. Justamente pelos papéis que eu exerço: por ser mãe, madrasta, gestora de uma equipe, ocupar lugar de referência na vida das pessoas, eu percebo a importância de eu trazer um bom exemplo e ser uma pessoa melhor, me dedicar a isso, a ser uma pessoa melhor. Acho que é o melhor exemplo que eu posso dar, em todos os sentidos, porque a partir do momento que você entra nesse processo, de procurar essa melhoria contínua, te coloca e coloca isso no centro, porque muitas vezes, principalmente quando a gente é mãe e também quando a gente ocupa uma posição de gestão, muitas vezes a gente precisa sair do centro, né? Precisa se retirar, pra dar lugar pra aquelas pessoas que precisam de uma atenção, de uma dedicação maior do que a gente mesmo, naquele momento. Então, sem sombra de dúvida, estar com a minha família, com meu marido, com meu esposo, é muito importante; o Gustavo é muito importante; o Vítor é muto importante; os meus amigos; as pessoas com quem eu trabalho; meus pais; meus irmãos; minha sogra; meus cunhados, cunhadas, enfim, as pessoas são as coisas mais importantes da minha vida.
(01:07:07) P/1 – Além do intercâmbio, quais são seus sonhos pro futuro?
R – Ai, olha… Bom, Grazi, o intercâmbio… Eu quero terminar minha faculdade de Letras e já comecei a realizar esse sonho, porque eu vou fazer o Enem agora, esse ano, aí eu vou voltar pra faculdade. Vou terminar a faculdade mesmo, que eu já fiz a metade, vou concluir, fazer o intercâmbio, estudar fora. Eu não quero só fazer o intercâmbio, quero fazer o intercâmbio e estudar alguma coisa fora. Eu tenho muita vontade de ser professora, de terminar Letras e dar aula; vou realizar isso e não vai demorar muito. E tenho muita vontade de fazer uma viagem internacional bem bacana, com a minha família, que a gente nunca fez. A gente já viajou junto pra vários... Alguns lugares no Brasil, mas nunca fez uma viagem internacional e a gente tem esse sonho. A gente quer ir pra Disney e passar um Natal assim, numa cidade dos Estados Unidos, com bastante neve; acho que a gente vai passar um Natal em Nova Iorque, alguma coisa assim, eu adoraria. Eu acho que esses são alguns sonhos que eu tenho.
Mas eu tenho, fora esse, Grazi, [um sonho] que eu trabalho pra ele, realmente, todos os dias: eu quero poder trabalhar até os meus noventa anos, incrivelmente bem e saudável. Meu marido fala assim: “Renata, você é louca! Com noventa anos a gente tem que dormir cedo, acordar cedo e cuidar do pátio, varrer a calçada”. Eu falei: “Você faz isso. Eu vou trabalhar. Você fica varrendo a calçada e estamos acertados”.
(01:08:59) P/1 – Por último, como é que foi contar sua história, hoje?
R – Ai, Grazi, confesso pra você que eu estava morrendo de medo. Ontem pensei até em te ligar. Eu falei: “Ai, gente, como é que vai ser esse negócio? Como é que vai ser isso? Humm, não sei”. Gostei demais. Adorei, foi muito legal. Gostei muito da experiência, muito bacana. Não imaginava que ia ser assim, porque nunca tinha tido uma experiência como essa. Eu acho que eu imaginava alguma coisa mais formal, aquela coisa mais entrevista, mas me senti bem, me senti super à vontade. Eu adorei a experiência, foi ótima!
(01:09:50) P/1 – Obrigada! A gente que agradece, em nosso nome e do Museu da Pessoa. Muito obrigada!
R – Eu que agradeço vocês! Muito obrigada por terem me recebido e me acolhido assim, tão bem! Eu me senti, nossa, em casa, literalmente. (risos)
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