Projeto: Memória Petrobrás
Depoimento: Gastão Martins
Entrevistado por: Eliana Santos
Local: Marlin Sul – P38, 27/01/2005
Realização: Museu da Pessoa
Entrevista: PETRO_CB522
Transcrito por: Maria da Conceição Amaral da Silva
P – Boa tarde.
R – Boa tarde.
P – Queria começar pedind...Continuar leitura
Projeto: Memória Petrobrás
Depoimento: Gastão Martins
Entrevistado por:
Eliana Santos
Local: Marlin Sul – P38, 27/01/2005
Realização: Museu da Pessoa
Entrevista:
PETRO_CB522
Transcrito por: Maria da Conceição Amaral da Silva
P – Boa tarde.
R – Boa tarde.
P – Queria começar pedindo que o senhor nos fale o seu
nome completo, local e data de nascimento.
R – Gastão Martins. Dom Pedrito, 2/1/61.
P – Gastão, conta para a gente como que foi o seu ingresso na Petrobrás e quando isso aconteceu.
R – Isso aconteceu em 1989 em 24/10. Eu fiz o concurso, eu morava na Bahia. Nessa época surgiram concurso em todo o país. Eu fiz um concurso em Aracaju e fiz o concurso no Rio Grande do Sul. O primeiro chamado foi o Rio Grande do Sul, acabei optando para retornar para a minha terra.
P – Os dois concursos para a Petrobrás?
R – Isso.
P – Aí o senhor quis ir para a sua terra. E conta para a gente quais foram os setores que o senhor passou?
R – Meu setor desde que eu entrei é segurança industrial. É o que eu permaneço até hoje.
P – O senhor permanece até hoje. Não teve nenhuma mudança?
R – Nada. Só mudei de local, só.
P – Então conta assim um pouquinho como que é a sua atividade, para a gente que não tem conhecimento dessas diferenças de trabalho. Como que é o seu trabalho?
R – O meu trabalho na unidade é segurança industrial. Prevenção de acidentes. Proteção e combate a incêndio. Treinamento. Atendimento a emergência. Na estrutura da unidade existe a produção, existe a manutenção, e existe a segurança. Que acaba dando assessoria à gerência da unidade em tudo que diz respeito à segurança.
P – E quanto tempo vocês trabalham? Como é que é a jornada de trabalho nesse sentido?
R – A jornada de trabalho é das 19, das 7 as 19 em regime de sobreaviso. Se ocorrer algo de anormal fora do horário a gente é chamado.
P – Como é que é isso para você de estar embarcado, estar trabalhando em um sistema que vocês tem que ficar o tempo todo de sobreaviso? Como é isso para vocês?
R – Como todo trabalho. Quem vem trabalhar vem buscar o seu dinheiro. É bom. Tranqüilo. No início é estranho. Mas acostuma-se.
P – Então conta como que é a vida de estar embarcado? Tem algumas especificidades, como é que vocês tem lazer? O que é que vocês fazem no tempo que vocês estão um pouco mais com calma?
R – A gente tem sala de jogos, tem sala de música. Por exemplo, aqui tem o videokê. Que o pessoal lota essa sala assim com muita freqüência. Tem a piscina que se usa quando o tempo está bom. E alguns dias tem prática esportiva: vôlei, futebol de salão. E uma jornada de trabalho de 12 horas.
P – E o que o senhor mais gosta de fazer nessas atividades?
R – Videokê.
P – Videokê?
R – É. E dormir muito.
P
- Por que é que o senhor mais gosta? (riso) Descansar um pouco. Mas o senhor falou que trabalhou em outro local. Que não teve mudança de atividade, mas teve mudança de local.
R – É, porque eu entrei no Rio Grande do Sul. Eu entrei em uma refinaria.
P – Lá era unidade.
R – Refinaria.
P – E qual a diferença que o senhor viu de trabalhar em terra, de trabalhar embarcado? O que o senhor acha que mudou na sua atividade?
R – O que muda é o seguinte: é que aqui tu faz a tua jornada mensal em 15 dias. Tu fica afastado da família, afastado de tudo. Tu só trabalha nesse período. Tem o afastamento. Mas em compensação durante a folga tu está 24 horas à disposição para fazer o que bem entender da tua vida.
P – E foi uma escolha sua vir para...
R – Foi, foi. Eu quando ainda não trabalhava na Petrobrás eu tinha uma certa admiração por plataforma. Eu morava na Bahia e morei um tempo em um local onde eu enxergava o porto e tinha uma plataforma de petróleo lá. Uma PA. Uma alto elevada. E nessa época eu olhava para aquela plataforma e falava com a minha família: “Um dia eu vou trabalhar em uma unidade dessas.”
P – E já tinha alguém da família que trabalhava?
R – Não, não.
P – Aí você acabou escolhendo a vida de ser embarcado.
R – Mesmo tendo começado em uma atividade de terra.
P – Tem quanto tempo que você trabalha embarcado?
R – 12 anos.
P – Bastante tempo. Nesses 12 anos que é que o senhor tem de recordação, de uma história marcante que o senhor queira contar para a gente nessa vida aí de 24 horas de trabalho?
R – Pô, difícil.
P – Por que? São muitas?
R – São muitas, são muitas e...
P
– Mas não tem assim uma engraçada que o senhor tenha vivido? Assim, eu pergunto no dia-a-dia de vocês. Essas coisas que o senhor percebe no dia-a-dia.
R – Sem chance.
P – Não se recorda?
R – Ah, difícil. Agora é difícil.
P – Então vamos assim. E na sua atividade, que é trabalhar com segurança. Vocês passam por algumas situações. Qual foi a situação que mais marcou o senhor nesse tempo de... aquela que o senhor teve maior dificuldade. Ou teve muito sucesso que não esperava. Como que foi?
R – Não, acho que marcante mesmo foi uma ocorrência com uma aeronave quando eu trabalhava no sul. Que uma equipe estava com sua malinha pronta para desembarcar e recebemos a notícia que essa aeronave tinha sofrido um acidente. Com perda total. E era a aeronave que a gente iria desembarcar. Isso aí é uma coisa que abalou um pouco. Abalou um pouco não, abalou muito. E data foi bem delicada. Depois sempre a gente acaba lembrando.
P – E na sua atividade aqui na P38. Vocês passaram por algum momento, alguma coisa que fosse muito arriscada que vocês tiveram pelo caminho?
R – Na 38, graças a Deus, só temos a contar um bom trabalho. Porque estamos hoje com 1125 dias sem acidentes. Não tem nenhuma ocorrência. Só bons resultados, graças a Deus.
P – Que bom. Seu Gastão, mudando um pouquinho de assunto: o senhor é filiado ao sindicato?
R – Fui.
P – Por que é que o senhor deixou de ser sindicalizado?
R – Porque eu fiz uma solicitação uma determinada época e quem me atendeu me atendeu de forma errada. E eu me desliguei do sindicato.
P –Tem muito tempo que o senhor está desligado?
R – Tem, tem um bom tempo.
P – E na época que o senhor participava, que o senhor ainda era sindicalizado, teve algum movimento de reivindicação trabalhista que o senhor tenha vivido, ou tenha presenciado, que o senhor queira contar.
R – É, que eu entrei em 89. E, 90, 91 se não me engano teve greve. Depois embarcado eu acho que 94, se não me engano, também teve greve. Eu estava trabalhando. Mas que caiba destaque, não. (riso)
P – Quando eu falo destaque eu estou falando assim: que o senhor vê de importante, tá? Eu falo destaque assim, que o senhor acha que...
R – Hum...
P – Não se recorda?
R – Ahn, ahn.
P – Não tem problema. E o senhor acha que a relação do sindicato com a Petrobrás mudou? Pelo que o senhor tem, desde que o senhor entrou até agora?
R – Mudou, é ruim de falar. Eu já vi o sindicato mais atuante. Já vi sindicato mais presente. Hoje em dia eu vejo o sindicato muito dividido e enfraquecido.
P – E o senhor acha que isso conta?
R – É.
P – E em relação à P38, essa vida de Bacia de Campos? Tem alguma outra vivência que o senhor tenha participado que o senhor queira contar para a gente?
R – Não me recordo.
P – Não vai lembrar.
R – Não tenho como.
P – (riso) Então está bom senhor Gastão. Eu queria saber o que é que o senhor achou de ter participado do Projeto Memória contribuindo com a sua entrevista?
R – Para quem gosta do que faz, quem gosta da empresa que trabalha...
(pausa)
P – Seu Gastão, o que é que o senhor achou de ter participado do Projeto Memória contribuindo com a sua entrevista?
R – Como eu estava falando, (riso) quando tu gosta do que faz, gosta da empresa que tu trabalha é bom, é gostoso participar de tudo que faz parte do teu trabalho. Isso está dentro do meu trabalho. Conseqüentemente estou gostando de estar aqui.
P – Bom, muito obrigada pela entrevista, agradeço muito.
R – Eu que agradeço a atenção. Desculpa a...
P – Imagine.
(Fim da entrevista)Recolher