P/1 – Seu Aurélio, boa tarde, a gente vai começar a entrevista, tá?
R – Começar? Pode começar. Chega mais perto.
P/1 – Para a gente começar, eu queria que o senhor falasse o seu nome completo.
R – Aurélio Benedini.
P/1 – Tá certo, e agora a data do seu nascimento e a cidade onde o senhor nasceu.
R – 5 de agosto de 1911.
P/1 – Em que cidade?
R – Altinópolis, divisa com Minas Gerais. Encostado de Minas.
P/1 – Qual é o nome dos seus pais, Seu Aurélio? O seu pai e sua mãe, o nome deles?
R – Atílio Benedini, meu pai. Minha mãe, Zaíra Girardi Benedini.
P/1 – Tá certo. O senhor sabe da origem deles? Se eles eram italianos e vieram para o Brasil? Como é?
R – O meu pai veio para o Brasil em 1888 com cinco anos de idade.
P/1 – E aí ele foi para São Paulo, ou já veio aqui para o interior, como é que foi?
R – Ele veio, aportou no Estado de Minas, no Estado do Rio em Valença, lá eles ficaram por dois anos. Meu avô quebrou o pé e o fazendeiro disse: “Ou trabalha ou desocupa a casa”. Ele estava com o pé fraturado e aí ele tinha um filho – o meu pai é o terceiro filho, tinha dois mais velhos, meu pai com cinco, o outro com oito e a menina com dez, os dois iam empalhar café. O meu pai pediu uma carrocinha emprestada, ia com os meninos, ficava na roça e _____ de café, comida não davam, os colonos que eram todos italianos mandavam comida para ele.
P/1 – O senhor tem irmãos? Como era a família? Sua mãe, o seu pai, o senhor?
R – Meu pai casou em Batatais e ele tinha vinte e dois anos. Em 1906 nasceu o primeiro filho. Dali para a frente era filho todo ano. Minha mãe, quando não estava em gestação, estava amamentando. Eles criaram, tiveram dezesseis filhos, dois faleceram, mas criaram quinze porque, depois de ter criado todos os filhos, uma menina que foi criada com eles deu a luz e faleceu no parto, deu a...
Continuar leituraP/1 – Seu Aurélio, boa tarde, a gente vai começar a entrevista, tá?
R – Começar? Pode começar. Chega mais perto.
P/1 – Para a gente começar, eu queria que o senhor falasse o seu nome completo.
R – Aurélio Benedini.
P/1 – Tá certo, e agora a data do seu nascimento e a cidade onde o senhor nasceu.
R – 5 de agosto de 1911.
P/1 – Em que cidade?
R – Altinópolis, divisa com Minas Gerais. Encostado de Minas.
P/1 – Qual é o nome dos seus pais, Seu Aurélio? O seu pai e sua mãe, o nome deles?
R – Atílio Benedini, meu pai. Minha mãe, Zaíra Girardi Benedini.
P/1 – Tá certo. O senhor sabe da origem deles? Se eles eram italianos e vieram para o Brasil? Como é?
R – O meu pai veio para o Brasil em 1888 com cinco anos de idade.
P/1 – E aí ele foi para São Paulo, ou já veio aqui para o interior, como é que foi?
R – Ele veio, aportou no Estado de Minas, no Estado do Rio em Valença, lá eles ficaram por dois anos. Meu avô quebrou o pé e o fazendeiro disse: “Ou trabalha ou desocupa a casa”. Ele estava com o pé fraturado e aí ele tinha um filho – o meu pai é o terceiro filho, tinha dois mais velhos, meu pai com cinco, o outro com oito e a menina com dez, os dois iam empalhar café. O meu pai pediu uma carrocinha emprestada, ia com os meninos, ficava na roça e _____ de café, comida não davam, os colonos que eram todos italianos mandavam comida para ele.
P/1 – O senhor tem irmãos? Como era a família? Sua mãe, o seu pai, o senhor?
R – Meu pai casou em Batatais e ele tinha vinte e dois anos. Em 1906 nasceu o primeiro filho. Dali para a frente era filho todo ano. Minha mãe, quando não estava em gestação, estava amamentando. Eles criaram, tiveram dezesseis filhos, dois faleceram, mas criaram quinze porque, depois de ter criado todos os filhos, uma menina que foi criada com eles deu a luz e faleceu no parto, deu a luz a uma menina e ela pegou a menina para criar, é minha irmã de criação.
P/1 – Ai que bonito. E como era a casa do senhor? O que o senhor se lembra da infância com todos estes irmãos?
R – A casa? Bom, no começo, quando chegaram no Brasil, o fazendeiro deu um rancho para eles morarem e ele disse: “Vocês podem construir a casa de vocês”. E eles construíram, casa italiana, com o primeiro piso guardava a carroça e os cereais e, em cima, eles moravam. Depois, quando eu nasci, a casa era de pau a pique. Sabe o que é pau a pique? Casa de barro com bambu. Aí ele fazia o barro e fechava. E assim moramos os primeiros anos. Depois, eles compraram dez alqueires de terra em São Joaquim da Barra. Plantavam milho, colhiam o milho e espiga, naquela época, punha no paiol, depois debulhava para vender, descascava, __________ era bom, debulhava, trabalhava até às onze horas, meia noite, depois iam tomar banho, ou melhor, se lavar no córrego, não tinha instalação, não tinha nada e daí é que iam descansar.
P/1 – E o que senhor se lembra da sua infância? O que o senhor gostava de fazer com os seus pais, com os seus irmãos?
R – O que eu fazia?
P/1 – É, o que o senhor gostava de fazer quando era menino pequeno?
R – Olha, homem como o meu pai eu não vi igual. Ele fazia de tudo. Trabalhava com bambu, trabalhava na enxada, trabalhava com couro e com cabelo, fazia rédea de cavalo, fazia de tudo e dali ele começou ganhar dinheiro. Ele montou um empóriozinho em Altinópolis e ele fazia estas coisas e minha mãe fazia doces, vendia e ganhava dinheiro.
P/1 – E o senhor quando era menino fazia o quê? O que o senhor gostava de fazer?
R – Arte.
P/1 – Arte (risos), o que o senhor fazia?
R – Hein?
P/1 – O que o senhor fazia de arte?
R – Roubava doce da minha mãe. Ela fazia doce para vender e eu e meu irmão mais novo procurávamos o doce (risos) e roubávamos dela. Em uma ocasião, já éramos muitos filhos, ela fez uma porção de assadeiras de biscoito e o forno era a lenha, então ela esquentou o forno e pedia para nós levarmos a assadeira para lá para pôr no forno, tirava aquela assadeira e pedia outra, quando ela acabou de assar vinte assadeiras de biscoito, não tinha biscoito, nós comemos tudo.
P/1 – (risos) E o que o senhor gostava de brincar com seus irmãos?
R – Brincar? Estilingue, berra-boi, berra-boi é uma tábua, chacoalha assim, o chicote passa lá, pique, brincava de pique, tomava banho no córrego, nós ________ juntava os meninos todos, era essa a nossa vida de criança.
P/1 – E o senhor se lembra da escola que o senhor foi estudar?
R – Aos sete anos eu comecei no grupo, era Mato Grosso de Batatais porque a cidade era distrito de Batatais e como era só mato, chamava Mato Grosso de Batatais. O Altino Arantes foi eleito, nomeado presidente de Estado, aquela época era presidente, aí tem o nome da cidade, ele elevou a cidade de arraial à cidade de Altinópolis, eu me lembro de que eu estudava na época e mudamos.
P/1 – E que mais o senhor lembra da escola? Ela ficava longe da sua casa?
R – Como?
P/1 – Que mais o senhor se lembra da escola? Como é que foi começar a estudar? De ir com os irmãos?
R – Como eu fazia?
P/1 – Para estudar, para ir até a escola?
R – A pé. Andávamos da fazenda, na cidade no começo, andávamos quatro quilômetros a pé, depois mudamos para a cidade. Meu pai montou um empório, aí nós íamos a pé, era uma cidade pequena.
P/1 – E tinha alguma aula que o senhor gostava mais? Aula de Português, ou aula de Matemática?
R – Como?
P/1 – Se tinha alguma aula que o senhor gostava mais. Uma matéria da escola.
R – O que nós fazíamos lá? Naquela época, o que se estudava, olha, História do Brasil, Geografia, Caligrafia, leitura eram nossas aulas, análise de palavras, era isso. Mais tarde, que eu passei, porque naquela época se estudava, a língua mundial não era o Inglês de hoje, era o Francês, então passei a estudar o Francês.
P/1 – E o senhor, quando foi ficando mais mocinho, o que gostava de fazer, na juventude assim, de sair com os amigos?
R – Quando eu fiquei mais mocinho… namorar. Era arteeeiro (risos). Andava a cavalo, ia namorar longe. Era namorar, jogava futebol de fazenda, chutava bola.
P/1 – E o senhor se lembra de quando começou a trabalhar?
R – Como?
P/1 – Quando o senhor começou a trabalhar? Quando é que foi? Qual foi o seu primeiro trabalho?
R – Eu estava sempre com meu pai quando menino, no que ele trabalhava eu ajudava, mas eu gostava de trabalhar de carpinteiro. Sabe o que é carpinteiro? Trabalhar com madeira, é o que eu gostava e mexer com gado, mais, carroceava, carrocear sabe o que é?
P/1 – O que é?
R – Pegar burro, por na carroça e tocar a carroça, eu gostava. Meu pai me ensinou trabalhar de tudo, mas eu não aprendi nada do que ele fazia. Trançar eu trançava mal, sanfona eu tocava mal. Mas, o que ele fazia, eu procurava, dentro da minha capacidade, fazer.
P/1 – E o que o senhor foi fazer? Onde o senhor foi trabalhar? Como é que o senhor começou a ganhar sua própria vida?
R – Bom, eu em 1923, portanto com doze anos, eu fui para o colégio em regime de semi-internato, passava o dia todo no colégio, comia e ia dormir na casa de uma tia minha, depois eles mudaram para a cidade e eu passei a estudar no colégio e ia e voltava até 1900… deixa eu pensar um pouquinho, eu tinha dezenove anos, então 1929 eu entrei na faculdade de Farmácia aqui em Ribeirão Preto.
P/1 – E como o senhor escolheu a faculdade? Por que o senhor escolheu a faculdade de Farmácia?
R – Meu pai que gostava, queria um filho farmacêutico. Eu não tinha noção, não tinha ainda ideia do que eu queria fazer e fazia com gosto o que ele falava.
P/1 – E como é que foi para o senhor começar a faculdade e depois ter que sair e enfrentar a vida?
R – Bom, eu, como disse gostava de namorar e com vinte anos eu tinha uma namorada e fazia faculdade em Ribeirão Preto, mas aos sábados – nesta altura nós morávamos já em Batatais –, aos sábados eu [ia] para Batatais e parei de estudar, fui para a fazenda e lá meu pai era o administrador e eu fiscalizava. Fiscalizar quer dizer, tomava conta do pessoal.
P/1 – Então o senhor foi fazendeiro?
R – Toda vida, nunca deixei de ser fazendeiro. Passei a ter vida própria em 1939, aí eu passei a ter a minha fazenda.
P/1 – E onde que era a sua fazenda? Conta um pouquinho pra gente dela?
R – Em 1929 existia uma crise financeira muito grande e o banco do Estado era credor de quase todo fazendeiro e muitos fazendeiros entregaram a fazenda para o banco. Nós compramos, eu e quatro irmãos compramos uma fazenda grande até, com quinze anos de prazo, juros de oito por cento ao ano e foi lá que nós começamos. Depois dividimos e eu fui ficando com a minha parte, meu quinhão.
P/1 – E como é que era essa sua parte? O que tinha nela?
R – Olha, nessa altura, em 1944 eu já era casado e tinha filho. Eu era sócio com um irmão meu e por um motivo pequeno, não brigamos, mas de comum acordo resolvemos dividir e eram três irmãos. De um lado do córrego, à esquerda eram duzentos e vinte e nove alqueires, em hectares eu não sei, do outro lado eram cem e eu falei com ele e ele disse: “Vamos dividir e, então, eu vou para Batatais e eu e papai colocamos o preço”. “Você escolhe.” Era o mais velho, ele escolheu os cem alqueires. Voltei para Batatais no fim de semana, meu pai disse: “Não pode”. Minha mulher nesta altura era muito doente. “Segunda-feira eu vou com você para lá, de charrete”, roda de pau. Tinha dinheiro, ele foi e disse: “Você escolheu o lado de lá, mas não pode. Quem tem que ficar de lá é o Aurélio, a mulher dele é doente, a sua não é”. Ele já era casado também e ele disse: “O senhor tá falando, o senhor manda”. Ele tinha autoridade, o meu pai. E eu passei do outro lado. Nesta altura, minha mulher passava temporadas em Batatais e temporadas na fazenda em uma casinha e, quando ela ficava lá, não tinha empregada, eu comia na casa de colonos e muitas e muitas vezes eu chegava para almoçar e a mulher falava: “Hoje não tem almoço não”. Estava brigada com o marido e eu tinha goiabada que a minha mulher fazia e leite, comia leite com goiabada. Já, nesta altura, eu não trabalhava de ferramenta, eu só olhava o movimento da fazenda.
P/1 – E o que que tinha dentro da fazenda? Tinha gado, tinha plantação, como é que ela era?
R – Tinha gado, eu plantava algodão, arroz, milho, tinha café, tirava leite e, às quatro horas da manhã, eu estava no curral. E assim foi até 1953, quando o meu filho crescido tomou bomba, ele queria ser agrônomo, tentou em… perto de São Paulo, que cidade tem Agronomia?
P/2 – Piracicaba?
R – Não, para frente. Piracicaba? Uma cidade… e tomou bomba. Aí ele foi para Curitiba e tomou bomba. Aí eu falei com ele. “Eu vou para o Paraná.” Eu tinha comprado terra nas grandes matas do Paraná. “Eu vou para o Paraná e você vai ficar trinta dias de cama tratando de estômago e estuda esta proposta, não precisa estudar.” “Eu não vou para a fazenda.” “Então tem uma coisa, mais um exame eu pago. Se você entrar na faculdade, eu pago o curso todo. Se você não entrar, você vai arrumar um emprego.” Fui para o Paraná. Quando eu voltei, ele disse: “Eu vou para a fazenda”. Pegou e se deu muito bem, deu um grande fazendeiro (tosse).
P/1 – E qual era a parte mais difícil do trabalho na fazenda?
R – A parte mais difícil? Eu não sentia dificuldade em nada, mas era leite, o leite dava mais trabalho, tinha que levantar às quatro horas da madrugada, tirava leite junto com o pessoal.
P/1 – E o tempo e com a ajuda do seu filho, como é que foi o seu trabalho sempre na fazenda, com ele?
R – O quê?
P/1 – Como é que foi seguindo a sua vida na fazenda, com o seu filho?
R – (tosse) Em 1944, isto. Em 1953, minha mulher continuava doente, a primeira, e o médico era de Ribeirão Preto, eu mudei para Ribeirão Preto e ele passou a morar na casa da fazenda, solteiro, mas eu arrumei um casal para morar dentro da casa e a mulher cozinhar e deu certo, foi bem. Isso foi em 1953. Em 1958, ela continuava doente, ela faleceu. Como eu disse que eu gostava de namorar, fiquei viúvo só nove meses, casei outra vez com uma fazendeira e vivi com ela trinta e poucos anos, tornei a ficar viúvo e aí me casei com a Glaura, com muita insistência porque ela não queria. Ela tinha sido minha secretária na cooperativa, eu conhecia as qualidades dela. Interessante, eu devia muitos favores para uma tal de Rita, a esta altura tinha falecido um filho meu de nove meses e na doença dele precisava de leite materno, leite humano, e uma tal de Rita é que me arrumava o leite e eu fiquei muito grato a ela. Eu estava na minha sala da cooperativa, já como diretor, e ouvi uma senhora, uma moça insistir para falar comigo e a recepcionista: “Não está agendado, não pode”. “Mas eu quero falar com ele. É rápido.” Eu ouvi, ela falou “Rita”. Eu pensei: “Quem sabe, será que é ela”. Aí liguei para a moça: “Manda entrar”. E ela pediu serviço. Quando saiu, eu disse: “Não tem vaga agora, mas, quando tiver, eu mando chamar”. Ela ao despedir – o calendário daquela época era na parede e estava atrasado dois dias –: “O senhor dá licença de eu atualizar o seu calendário?”. Pode. Gostei da observação dela. Daí, depois de poucos dias, mandei buscá-la e a contratei, eu tinha secretária, coloquei as duas juntas para escolher uma e acabei escolhendo ela. Ela foi minha secretária quatro anos, aí eu fiquei viúvo, seis meses, insisti com ela até que ela concordou e nós nos casamos. Mas, nesta altura, eu tinha setenta e nove anos e ela trinta e sete [quarenta e sete de acordo com a esposa].
P/1 – Então, Seu Aurélio, conta para gente como é que era o trabalho na cooperativa?
R – Que sinal que ela fez?
P/1 – Quarenta e sete.
R – Ahh quarenta e sete.
P/1 – Conta para gente como é que era o trabalho na cooperativa?
R – Presidente.
P/1 – E o que o senhor fazia? O que esta cooperativa fazia?
R – Olha, eu fui uma pessoa muito feliz. Eu dirigi a cooperativa quarenta anos, trinta e oito anos e tá, trinta anos e me tornei amigo da Nestlé, da Leco de Poços de Caldas, da Rio Pardo aqui que era quem fornecia leite para Ribeirão Preto e eu fui, a cooperativa ficou crescendo. Quando eu entrei, ela recebia três mil litros de leite por dia. Quando eu saí, ela recebia trezentos mil litros de leite e, nesta altura, eu era respeitado, muito amigo da Nestlé. Tem um caso muito interessante da Nestlé. Eu fiz um acordo com ela muito vantajoso para a cooperativa, mas para ela também porque metade da minha projeção, se eu quisesse, eu tirava o leite dela. Então eles propuseram, nas águas sobrava leite e ela comprava leite pelo preço tabelado, preço alto, na seca faltava leite e ela fornecia pelo preço de tabela mais baixo, preço do produtor. Então, quando foi para assinar contrato em São Paulo, o diretor máximo no Brasil – tinha um prédio na Avenida Ipiranga, não era bem Ipiranga, quando acaba a Ipiranga, entra em uma outra avenida que passa no largo, como é que chama? Vai sair lá na Paulista, pois bem, ele muito cerimonioso, me recebeu e, depois de conversar muito amistosamente, me levou em uma sala suntuosa e tinha uma placa de cobre dependurada e ele diz: “Vamos assinar”. “Vamos assinar.” Levantamos, os dois, ficamos na mesa, os dois em pé, ele pegou uma caneta de ouro, me deu, deu uma pancada com um martelo de borracha, aquele barulhão, era a cerimônia que eles usavam na assinatura de coisas importantes, e assinamos, e aí eu fui incorporando outras cooperativas, comprei a ___________de modo que eram três mil associados quando eu saí.
P/1 – Pronto, agora o senhor pode contar o caso que o senhor se lembrou da cooperativa.
R – Eu fui convidado por uma cooperativa da Holanda para fazer uma visita, era uma cooperativa central e lá eu vi que o nosso sistema aqui era antiquado. Eram fazendeiros que administravam, lá era tudo profissionalizado. Fui na França, na Alemanha, aqui no Uruguai já estava adiantado e eu vi que nós precisávamos mudar aqui, mas os administradores eram fazendeiros e eu comecei a contratar profissional, contratei um diretor financeiro caríssimo para o que nós costumávamos pagar e eu disse que a minha política ia ser de profissionalizar o executivo. O Conselheiro era fazendeiro, eles não gostaram, não admitiram e eu renunciei, acabou a cooperativa. Saí trinta anos depois (pausa). Pode continuar.
P/1 – E como o senhor conciliava o trabalho na cooperativa com suas atividades na fazenda?
R – Eu ficava na cooperativa de segunda à quinta-feira à tarde. Às sete horas da manhã eu estava lá. Perdi um filho e dois genros, um genro naquela fase, mas, enterro hoje, amanhã às sete horas eu estava lá. Então ficava de segunda à quinta na cooperativa, sexta-feira eu ia para a fazenda passar o final de semana lá. Trabalhava muito, aqui cooperativa, fazenda fim de semana. Trabalhava muito, mas tinha muita saúde.
P/1 – Tá certo. E o senhor falou lá no começo que comprou a fazenda no período de crise do Banco do Estado, como era a sua relação com o banco?
R – Relação com quem?
P/1 – Com o banco. O senhor comprou a fazenda, mas quando é que foi que o senhor abriu a primeira conta?
R – Minha relação com?
P/1 – Com o banco do Estado.
R – Governo? Muito boa, muito boa. Eu trabalhava dentro da ordem, o Quércia era primo de um genro meu e, mesmo com os outros governadores, eu me dava muito bem com todos e a cooperativa nunca teve problema com ninguém.
P/1 – Tá certo. E em relação ao banco? Quando o senhor abriu a primeira conta?
R – Ahh no banco?
P/1 – É.
R – Em Batatais, eu morava em Batatais, eu sei que eu tinha conta, mas eu não me lembro do nome do gerente. Mas aqui em Ribeirão Preto, em 1953, eu abri a primeira conta aqui com o gerente Pires, não sei o primeiro nome, era Seu Pires, muito boa pessoa. Depois, não sei por quê, eu passei para o Bradesco, mas um dia, eu tinha boas relações com o Banespa, estava lá um tal de Tomazella e disse: “Por que o senhor não passa para cá?”. “Se os senhores encontrarem o número da minha conta, eu volto.” Daí, de um pouco de tempo, ele chamou: “Pode abrir a conta”, final 1404 e aí continuei com um ótimo relacionamento com todos os gerentes. Tinha lá um tal de Seu Carlos, coitado, infeliz, ótima pessoa, mas gostava da agricultura e ele pediu demissão do banco, recebeu indenização e aumentou o negócio na agricultura. Mas ele era profissional, foi trabalhar de emprego em uma firma, tinha dinheiro, ele tinha dinheiro e a firma dava cheque pré-datado e ele descontava o cheque. Quando foi amanhã, ele chegou no emprego, era outra firma, a firma faliu, puseram outro nome, a firma quebrou e ele perdeu todos os cheques, teve que vender tudo. Mesmo assim ficou devendo, coitado, era uma excelente pessoa. Então ele devia inclusive para mim, ele ficou com uma casa, ele disse: “Seu Aurélio, vou vender minha casa e pago o senhor”. “Não venda, a casa é da sua família. O dia que você puder pagar, você paga.” Não pagou até hoje, mas valeu a pena ter aquela amizade.
P/1 – E como o senhor usava o banco? Por que era importante para o senhor ter uma conta?
R – Como?
P/1 – Por que era importante ter uma conta no banco e ter o banco para ajudar nos negócios da fazenda, da cooperativa?
R – Bom, no começo o banco emprestava e depois eu depositava e aplicava no banco. E no fim era assim, até que eu entreguei para os filhos e comprei uma fazendinha para ela e tirei o dinheiro todo.
P/1 – Tá certo. E como é a sua relação com o Santander hoje?
R – Como é que era?
P/1 – Como é a sua relação com o Santander?
R – Minha relação?
P/1 – Com o Santander? Com o banco?
R – Santander?
P/1 – É.
R – Muito boa, muito boa. O gerente atual é uma pessoa, amigo meu e dela, muito boa, não temos negócio e não temos muito dinheiro, mas tem lá um pouco.
P/1 – E o que é importante no atendimento, quando o senhor chega na agência, o que precisa para o senhor sair de lá feliz?
R – Olha, por muitas e muitas vezes eu ia lá, conversava com o gerente e ele levantava e ia tomar café comigo. Ele não fazia isso com outros não. Agora, quando eu fiz cem anos, eles me prestaram uma homenagem.
P/1 – E como é que foi esta homenagem?
R – Como é que foi. Houve discurso, não foi com máquina fotográfica não, mas foi bem… como é que foi, Glaura?
Glaura – Maravilhoso, bem.
R – Tá falando maravilhoso.
P/1 – E o que o senhor sentiu neste dia especial?
R – O que eu tenho?
P/1 – O que o senhor sentiu neste dia, nesta homenagem?
R – Ahh é uma pergunta forte, hein. Eu hoje, ela não gosta que eu fale, eu me sinto um graveto diante daquilo que eu já fui. Eu era poderoso, hoje… naquele dia, sendo enaltecida a minha pessoa, eu fiquei orgulhoso, muito muito feliz. O Santander, pelo que eu tenho, hoje, nem ________, Glaura vai, pelo o que eu tenho sentido, o que ouço, vai indo muito bem. Ele não perdeu nada quando deixou de ser Banespa, não perdeu. Eu comecei a ser cliente lá na Nove de julho quando ele abriu um banquinho, lá, fiz um depósito lá, tinha uma funcionária, como é que ela chamava, Glaura? Cristina? Não lembro também.
P/1 – Não precisa do nome.
R – Tempo muito feliz em tudo. Perdi as esposas, mas Deus me deu a Glaura que me dá toda a assistência de nenê para mim. Ela está em um tratamento forte, já está melhorando.
P/1 – E qual é a importância do banco para o senhor? Por que o banco é importante?
R – Por que o banco...?
P/1 – É.
R – Olha, em uma ocasião, nós, as circunstâncias nos levaram a fazer uma grande compra de terra e fazendas abandonadas e, como nós gostamos das coisas muito em ordem, ficamos devendo e o banco emprestou dinheiro, mas emprestei, depois emprestei bastante dinheiro também para o banco. Depositei, não é que eu emprestei.
P/1 – E como é que o banco foi importante no seu dia a dia? Como ele ajudava o senhor nas suas atividades? Tipo pagamento, ou no dia a dia mesmo, o senhor ia para agência ou fazia um cheque? Como é que...
R – Ahh cheque. Nós sempre, eu e ela, atendidos pelo gerente. Muitas vezes, ele pega o papel, vai lá e pega o dinheiro para nós.
P/1 – Tá certo, e se a gente for pensar em avaliação assim, por que o dinheiro é importante?
R – Por que dinheiro é importante?
P/1 – É.
R – Eu não falei que dinheiro é importante. Às vezes ele é, quando a gente tem compromisso, mas eu acho que importante é a harmonia em uma família. Eu, hoje, tenho dois filhos biológicos e dois adotados, dois filhos da segunda mulher, são muito bem atendidos, mas o que damos muito valor é a harmonia da família. Meu filho está saindo hoje, vai ficar quarenta dias nos Estados Unidos, meu neto junto, dois netos juntos, eu falo para eles hoje mais do que nunca: trabalhem, ganhem dinheiro, mas aproveitem a vida, não fiquem acumulando grandes fortunas. Minha filosofia hoje é essa: dinheiro é bom para ser instrumento da pessoa, não a pessoa instrumento dele.
P/1 – Certo. E falando da importância da família, o senhor tem netos, né, como o senhor vê a sua família hoje. Começou com o senhor, tem filhos, netos?
R – Como é que eu vivo?
P/1 – Como é que o senhor vê a sua família? Tudo isso que o senhor construiu?
R – Olha, os dois filhos biológicos visitam frequente, os dois adotados vêm, mas eu consegui, com o meu trabalho e o trabalho da mãe deles, deixar para eles também uma boa fortuna e hoje eles vêm e me cumprimentam, mostram muita alegria, mas não vêm com frequência não. Agora, os filhos biológicos estão aí sempre. Perdi um filho com catorze meses, com nove meses, mais um com catorze anos, essa perda foi dura, e dois genros, minha filha ficou viúva duas vezes. Agora, quando ela ficou viúva, ela falou: “O que o senhor acha (...)” – ela está com setenta e oito anos me parece – “(...) o que o senhor acha de um novo casamento?”. “Não deve.” Ela não se deu bem com nenhum dos dois. “Vai arrumar, você não é mulher para ser submissa a marido, vive sua vida sem responsabilidade.”
P/1 – O senhor falou que tem netos, quantos netos o senhor tem?
R – Eu tenho biológicos, onze, netos e bisnetos. Os outros também são onze, adotados.
P/1 – E como é ver a família grande, com os seus filhos biológicos, adotados, os netos e bisnetos? Como é que é ver toda esta família grande reunida?
R – Olha, os meus netos são de uma gentileza que me deixa satisfeito e orgulhoso, os dois filhos também. Estou muito contente com ela, eu a classifico de esposa angelical tal é o carinho com que ela me trata.
P/1 – E quais foram os maiores aprendizados que o senhor teve nessa vida toda de trabalho e de relacionamentos? O que o senhor aprendeu que é importante...
R – Bem, o maior aprendizado é não brigar com ninguém. Eu nunca briguei com ninguém, mas acho que a briga, mesmo a discussão, ela não traz vantagem. E vou contar um caso. Eu continuo aprendendo até hoje e vocês vão aprender, agora uma coisa, se um dia vocês se casarem, um carpinteiro, carpinteiro é quem trabalha com madeira, ele foi trabalhar em uma fazenda, lá ele começou a trabalhar e sofreu um acidente, falou com o fazendeiro: “Eu me machuquei e vou embora”. Ele foi com o automóvinho velho, pneus carecas. “Eu vou embora. Quando eu sarar, eu volto para acabar o serviço”. Chegando no automóvel, tinha um pneu furado, ele disse: “Eu vou para casa a pé e dou um jeito de buscar o automóvel”. O fazendeiro diz assim: “Eu estou indo para a fazenda, eu levo o senhor”. “Tá certo.” Mas não deu uma prosa com o fazendeiro. Carrancudo. Quando ele chegou na casa do carpinteiro, o fazendeiro parou o automóvel, o carpinteiro desceu, foi em uma árvore e acariciou os galhos da árvore. Quando acabou de acariciar, olhou para trás e deu um sorriso para o fazendeiro. Ele tinha viajado e não deu um sorriso, nem uma prosa. “Vamos chegando, vamos tomar um café.” O fazendeiro entrou. Chegou lá, abraçou o filho, a esposa. “Vamos tomar café.” Tomaram café. O fazendeiro disse: “Bom, eu agora vou embora, eu tenho negócio”. Ele acompanhou o senhor até o automóvel já alegre, o fazendeiro diz assim: “Eu estou intrigado com uma coisa, você veio da fazenda carrancudo, não deu uma prosa comigo, chegou pegou nestes galhos da árvore, virou para mim e sorriu, abraçou a mulher lá dentro, houve uma transformação em você, qual é a razão?”. Ele disse: “Olha, todo dia, quando eu chego em casa, eu entrego os meus problemas para a árvore. Eu entro em casa, não tem problema. Família é uma harmonia, todo dia eu saio e pego os problemas, mas eles não são a metade daquele que eu entreguei”. Eu aprendi porque muitas vezes a gente tem uma coisa que parece que tem, que dá vontade de explodir, mas não fala nada, no outro dia não tem problema, não tem nada, então eu falo para todos os casais (risos). E agora conto outro caso. Um sobrinho dela, casado, médico, casado com a sobrinha, sentaram ali. “Olha, vou contar um caso para vocês, veja se vocês aproveitam, quando vocês tiverem uma rusga”. E contei o caso da árvore. “Quando vocês tiverem uma rusga no dia, não falem nada não, deixem para o dia seguinte, porque, no dia seguinte, o problema é muito menor.” Ouviram e ficaram quietos, voltaram para fazer outra visita, a Glaura me chamou para ir lá dentro para ver não sei o quê, eles saíram na frente, a sobrinha atrás e ele atrás: “Aquele negócio da árvore dá certo” (risos). Médico, hein! (pausa) Pode continuar falando.
P/1 – Tá bom. Se o senhor pudesse explicar para a gente, como é que o senhor entende o banco, o que significa o banco, o que é um banco?
R – O que significa?
P/1 – Um banco?
R – O Santander?
P/1 – É.
R – Olha, hoje eu não tenho mais negócios, já entreguei para os filhos, para ela, mas meu neto tem e muito e sei que ele fez um negócio com o banco, um financiamento grande, não sei como é que foram as condições que o banco atendeu, e é assim, todos, não tem, nunca ouvi nenhuma queixa contra o gerente ou contra o próprio banco.
P/1 – E por que o banco é importante? Por que uma instituição como o Santander, por que um banco é importante?
R – Por que o banco é importante?
P/1 – É.
R – O banco hoje, a taxa de juros, está muito baixinha, mas ela foi muito boa, mesmo no tempo da inflação, ela era boa. Então, quando a gente tem dinheiro, uma receita, quando a gente precisa de dinheiro, ele empresta por um preço relativamente barato. É verdade que quando ele empresta um dinheiro ele pede garantias, mas tem que pedir, tem que pedir. Meu neto deu o pai como avalista, tem que dar, é natural.
P/1 – E como é que o senhor sentiu esta mudança de tempos, cem anos de vida, hoje a gente tem celular, computador, um monte destas coisas, como é que o senhor vê todas estas transformações?
R – Conversei há poucos dias com o meu pessoal, eu vivo contente, não saio daqui, mas gosto daqui e gosto da vida que eu levo. Como bem, durmo bem, sou muito muito bem tratado, não tenho queixa da vida não. Eu, para andar, eu sinto dor na coluna, mas aqui não estou sentindo dor, dormir não tenho dor. Mas, se for analisar os casos que existem na própria família, eu estou muito bem. Eu tenho um primo que tem oitenta anos, tá preso na cama com muita dor, eu sinto dor quando ando, principalmente quando eu levanto, aí a coluna dói, mas, sento aqui, acabou. Deus tem sido muito gracioso comigo, quanto a gerente do banco, maravilhoso, ele é um pouquinho ruim de pronúncia, mas muito atencioso, levantava da mesa dele e ia tomar café comigo.
P/1 – E Seu Aurélio, como é que é para o senhor lembrar que o senhor contou para gente de quando era pequeno, das carroças e de como era a casa de pau a pique e hoje com este prédio, um monte de carros na rua, como é que o senhor vê esta mudança na cidade?
R – Há poucos dias eu tive uma conversa com um filho meu muito interessante, bem a propósito da sua pergunta. Eu fiz uma observação que um neto meu fez uma casa muito muito fina na fazenda, eu falei: “Meu filho, acho que ele exagerou”. Aí meu filho diz assim: “Ô pai, como é que era a casa do vovô?”. (tosse). “Ele, quando era jovem, era colono, depois a casa de colono, de tijolo, mas de colono, depois na fazenda de pau a pique.” “Quando o senhor fez a casa, essa tal que ______e ficou muito fina, foi melhor que a do vovô?” Eu falei: “Foi muito melhor”. “Se o senhor fez a casa melhor do que a do vovô, o que eu fiz foi fazer melhor que a sua agora.” É a vida. Hoje ele é técnico, ele entende de máquinas, está nos Estados Unidos, a maior parte estudando máquinas. Então a casa dele, a temperatura é sempre vinte e três graus, meu filho a mesma coisa, não tem frio, não tem calor, a mesma coisa, é o progresso, eu não tenho, não tenho porque não dá para fazer.
P/1 – Seu Aurélio, e o que o senhor achou de ter sido convidado pelo banco para participar desta entrevista?
R – Uma honra, uma honra, porque eu disse agora há pouco que a Glaura não gosta, mas hoje eu me acho um graveto, sabe o que é um graveto?
P/1 – O que é um graveto?
R – Um pedaço de pau, e vem vocês de São Paulo me entrevistar é porque eu ainda mereço uma consideração que eu tenho que ficar orgulhoso dela. É a mesma coisa a homenagem que o Santander fez, fiquei orgulhoso. Olha, vocês saírem de São Paulo para vir ter uma conversa tem que deixar a mim e a minha mulher muito orgulhosos. Ela não podia estar aqui não, mas está aí, quer ouvir.
P/1 – E tem alguma coisa, um recado que o senhor queria deixar ou falar um recado, e que a gente não tenha perguntado, que o senhor acha que é importante? Tem alguma coisa a mais que o senhor queria falar e que acha que é importante?
R – Falar?
P/1 – É. Tem mais alguma coisa que o senhor gostaria de falar que a gente não perguntou?
R – Olha (tosse), em síntese, o que eu posso falar (tosse) que Deus está me tratando com muita benevolência. Doença, não estou tendo graves, fisicamente eu tenho boa saúde, eu como de qualquer coisa, nada me faz mal, de modo que o que eu tenho que falar hoje é que estou muito satisfeito com o meu ambiente aqui, ambiente, casa e o pessoal que me ajuda, minha esposa que é angelical.
P/1 – Então para a gente terminar, eu queria saber o que o senhor achou de ter participado desta entrevista.
R – O que eu achei?
P/1 – É. Se o senhor gostou, como é que o senhor se sentiu conversando aqui com a gente esta tarde?
R – Olha, isso eu primeiro, eu me sinto engrandecido com a visita de vocês, com a entrevista; segundo, vocês querem tomar um café?
P/1 e P/2 – (risos). A gente toma depois.
R – Segundo, chegar aos cem anos, olhar para trás e ver que valeu a pena viver, que fui uma pessoa considerada, o orgulho que eu levo para os meus últimos dias. Estou muito contente, muito, vocês, moças e fotógrafo fizeram uma viagem relativamente grande, muito importante para mim… O espírito humano, ele é por feitio muito exigente, eu nunca fui e estou vendo que a vida, eu, não exige, e a vida está me dando. Estive na Europa, em diversos países, Itália, Alemanha, França, Holanda, Bélgica, nunca pensei que eu tivesse após os cem anos a glória de ter vocês aqui na minha casa hoje, nunca pensei. Se vocês tivessem vindo em outro dia, conhecido meu filho, vocês ia ver o gigante que ele é, minha filha também é, ela não está aqui, não a convidamos, não sabíamos o que ia ser, mas ela ainda está sob o choque da perda do marido. Você é casada?
P/1 – Não.
R – Aí é anel então?
P/1 – Mas seu Aurélio, a gente que se sente honrado de ter vindo aqui e queria agradecer então a entrevista com o senhor.
R – Eu fico muito contente, quem tem que agradecer somos nós do banco ter mandado gente de São Paulo aqui fazer esta entrevista, estamos orgulhosos. Você pediu o café, Glaura?
P/1 – Tá certo, Seu Aurélio, então em nome do Fernando Martins, que é o vice-presidente de Marca, Marketing, Comunicação e Interatividade do Santander e em nome do Museu da Pessoa a gente agradece sua entrevista.
R – Por nada. Por nada.
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