P/1 – Bom Carlos, obrigada por estar tirando um pouquinho do seu tempo, para contar um trechinho da sua historia aqui e pra gente começar, eu queria que você falasse o seu nome completo, onde você nasceu e quando você nasceu.
R – Tá. Meu nome é Carlos Antônio Barbado do Nascimento, nasci...Continuar leitura
P/1 – Bom Carlos, obrigada por estar tirando um pouquinho do seu tempo, para contar um trechinho da sua historia aqui e pra gente começar, eu queria que você falasse o seu nome completo, onde você nasceu e quando você nasceu.
R – Tá. Meu nome é Carlos Antônio Barbado do Nascimento, nasci em nove de novembro de 57, no município de Natal, Rio Grande do Norte.
P/1 – E qual que é o nome dos seus pais?
R – Meu pai é Manoel Hortêncio do Nascimento e a minha mãe, Maria da Paz Barbado do Nascimento.
P/1 – Me fala um pouquinho da região que você cresceu, da sua casa…
R – É, nasci, como eu já falei, em Natal, vim muito pequeno para o Rio de Janeiro e praticamente, abracei o Rio de Janeiro como minha cidade quase que natal, porque quando eu vim para cá, o meu pai era Militar, foi transferido para cá, então a minha infância toda eu passei aqui, no Rio de Janeiro, nesse estado maravilhoso, que eu adoro. Não me desfazendo da minha cidade, que é linda, com praias maravilhosas, mas, pelo decorrer desses anos todos, passei a ter uma segunda cidade natal, que é o Rio de Janeiro.
P/1 – E na sua infância, do quê que você gostava de brincar?
R – A minha infância foi maravilhosa, foi uma infância que eu vivi o que toda criança gosta de fazer, joguei bola, soltei pipa, entendeu, era… era uma outra época, era uma época mais tranquila, uma época em que não existia informática, entendeu, então, nós tínhamos um contato maior com a natureza, nós tínhamos… entendeu, era mais livre. Hoje em dia, com a chegada da tecnologia, melhorou-se? Sim, melhorou-se muitas coisas, mas houve um certo… uma certa distanciamento das pessoas de um contato maior, né, hoje em dia, eu vejo muito isso, eu tenho filhos e a minha filha de cinco anos, ela já usa um tablet, ela já usa um computador, que eu mesmo só uso, às vezes, para poder fazer um memorando, um documento, uma coisa assim, sou muito mais pelo contato pessoa-pessoa, entendeu? Então, a minha infância foi muito boa. Muito boa.
P/1 – Tem alguma história interessante dessa infância que você guarda até hoje?
R – Ah, eu tenho muitas historias, eu tenho muitas histórias.
P/1 – Conta uma pra gente.
R – Uma história que foi uma história muito engraçada foi uma história que eu era pequeno… quer dizer, pequeno, eu ainda sou, mas eu era criança e eu fui… isso foi lá no meu estado de origem, lá na minha cidade natal, mas precisamente, no município onde os meus pais nasceram, no interior do Rio Grande do Norte. E o interior do Rio Grande do norte possui aquelas atividades de criação de galinha, essas coisas assim, que você não vê isso na cidade grande, tá? E eu, na minha inocência de criança, fui mexer com uma galinha, porem, todo galinheiro tem um galo que é o que manda e eu tomei uma carrera de um galo, que eu nunca mais na minha vida eu esqueço, entendeu? Eu tive que correr muito, porque o bichinho correu atrás de mim
e se eu não fosse ágil suficiente, eu tinha me dado mal, essa foi uma história muito antiga, eu devia ter uns sete anos de idade, pra nunca mais esquecer, né? Aventura de criança.
P/1 – Carlos, o que você queria ser ao crescer?
R – Olha, o que eu queria ser, graças a Deus, eu sou! Eu sempre gostei da parte biomédica, né, então eu fiz, primeiramente, Enfermagem, tá, fiz vários cursos de pós-graduação, trabalho em hospital público, esse negocio todo e depois, senti necessidade de ampliar o meu universo de conhecimento e acabei fazendo uma outra faculdade, fiz Odontologia, fiz, dentro da odontologia, outros cursos de especializações, curso de câncer bucal, de Odontologia no Trabalho, eu sempre me vi na parte preventiva, entendeu? Hoje em dia, eu desenvolvo esse trabalho, não só no Correios, como também fora dele. E eu me sinto muito bem.
P/1 – Conta pra gente como que a sua trajetória se cruzou com a história dos Correios, como que você começou a trabalhar…
R – A minha trajetória… parece que passou um filme quando eu vim para essa feira, por quê? Porque antes de entrar para os Correios, eu trabalhei numa empresa multinacional, como enfermeiro, na época, eu não era dentista ainda, isso foi… estou com 28 anos de Correios, foi em 85. Eu me formei em Enfermagem em 81 e em 84, eu entrei para uma empresa multinacional, que prestava serviços para a Petrobrás e precisava ter enfermeiros formados embarcados, para alguma eventualidade. Então, quando eu vim aqui no Pier, vim ver o porto, tinham navios nos quais nós embarcávamos eram navios de mergulho profundo, eles falavam que era “balançar linhas”, linhas de bordo, linhas de seis polegadas, nove polegadas, que é para poder fazer a acoplagem na arvore de natal, que eles chamavam, para jogar o petróleo para cima e dai, entendeu, aprendi muita coisa, a gente tinha que ser um safo na época e depois, eu me cansei desse negócio de… como eu era recém-casado, a gente precisa de dinheiro, precisa trabalhar, pra mim foi… tudo na vida é válido, né, pra você aprender, pra você ampliar os seus horizontes, mas era uma vida muito difícil, porque era 15 dias embarcado, 15 dias em terra, então, para quem queria constituir uma família, eu era recém-casado, pensei em ter filhos, aquele negócio todo, não era a vida que eu queria. Ai, apareceu a oportunidade de entrar para os Correios, eu me agarrei a ela, fiz na época, uma prova de seleção com outros profissionais, passei e estou até hoje.
P/1 – E como foram os seus primeiros dias de trabalho nos Correios?
R – Meio confuso, né, porque é uma empresa nova, eu fui praticamente, o primeiro enfermeiro da regional, eu fui o primeiro. Então, não tinha quem me passasse a experiência. Eu tive que aprender a experiência no dia a dia e me lançar, entendeu? Hoje, as coisas estão bem melhores, graças a Deus! Então, a experiência não foi fácil (risos).
P/1 – Carlos, agora eu queria te perguntar, você tem lembrança dos Correios, assim, de alguma carta recebida, telegrama, carteiro?
R – Tenho!
P/1 – Se você puder contar pra gente…
R – Tenho, tenho, tenho… eu tenho, inclusive, cartas guardadas, porque assim, os meus pais já são falecidos, né, e eu me correspondia muito, porque assim que eu casei, em 84, os meus pais voltaram para a cidade natal e eu fiquei no Rio. Então, o meio de eu me corresponder era através de cartas, entendeu, e essas cartas me traziam lembranças maravilhosas, porque eram cartas… a expressão que você tem na carta… visto que o pessoal que é mais antigo, não que eu me considere velho, mas eu tenho uma certa vivencia (risos), eles são mais relutantes a usar a tecnologia, ao e-mail, mas é porque eu acho que a carta, ela… não é fazendo propaganda do Correios, “Soluções que Aproximam” (risos), mas a carta, ela te expressa mais o sentimento, você consegue… você lendo uma carta de uma pessoa, a qual você ama, a qual você… isso te faz lembrar mais dessa pessoa, entendeu? Então, todas as cartas que eu tinha dos meus pais, eu guardei. Isso pra mim era muito importante, entendeu?
P/1 – Fala um pouquinho de você hoje, seus sonhos, aspirações para o futuro…
R – Quais são as minhas aspirações para o futuro? É, meu sonho, tá, atualmente, eu me considero uma pessoa fazendo aquilo que eu gosto, tá, atualmente, eu trabalho no Correios, eu chefio uma sessão, entendeu, então, eu comecei… mesmo trabalhando no ambulatório, tomando conta do setor de ambulâncias e depois de algum tempo, fui ser supervisor de medicina, hoje eu sou chefe da sessão de Medicina e Engenharia de Segurança, é um setor que nunca um dia é igual ao outro, tem sempre algo para se fazer, isso é uma dinâmica que eu adoro, gosto, me sinto realizado. E o quê que eu espero do futuro? Eu espero chegar a me aposentar no Correios e continuar, porque acho que ainda tem muito a que fornecer, muito… a experiência desses 28 anos, entendeu, eu tenho muito o que passar. Essa é o meu… e ver os meus filhos criados, né?
P/1 – E como que você usa os Correios hoje?
R – Os Correios eu uso através de cartas, cartas!
P/1 – Você ainda envia cartas?
R – Eu ainda envio cartas, carta, eu envio telegrama, eu tenho familiares no Rio Grande do norte, com quem eu me correspondo, às vezes, por telefone, mas muito mais… eu prefiro muito mais, porque o telefone é uma coisa muito rápida, né, mesmo por causa do custo (risos) e a carta eu consigo me expressar mais, eu ainda sou muito mais da parte antiga, a carta… eu… aquilo você vai escrevendo e as ideias vão vindo, entendeu, e você vai conseguindo passar as emoções que você quer na carta, ainda prefiro!
P/1 – Carlos, para a gente encerrar, tem mais alguma coisa que você queira deixar registrado, alguma história, alguma… talvez contar o conteúdo de alguma carta que você tenha recebido de quem você amava…
R – Eu… é o que eu falei pra você, tá? Recebi cartas de amigos, a carta que mais me emociona, que ainda tenho guardadas são as cartas dos meus pais, porque eles já são falecidos, entendeu? E se eu contar essas cartas, de repente, vou fazer feio aqui, vou começar a horar, então eu preferia não comentar, entendeu? Mas são cartas que eu tenho guardadas comigo, entendeu, são cartas que me fazem passar aquele filme, sabe como que é, você começa a ler as cartas, cartas de final de ano, de Natal, de aniversario, entendeu? Enfim, então você começa a ler as cartas, dá aquele saudosismo, aquela coisa que você não tem mais como retornar, entendeu? Então, eu não queria entrar nesse sentido, por causa da parte sentimental, mesmo, tá bom?
P/1 – Então Carlos, novamente, em nome da parceria do Museu com os Correios, agradecemos você ter dado um trechinho da sua história de vida para a gente.
R – Poxa, eu agradeço mais ainda você ter dado essa oportunidade pra mim pra eu expressar um pouco a minha vida. Ou seja, meus cinco, talvez, minutos de fama (risos).
P/1 – Muito obrigada.
R – Nada.
FINAL DA ENTREVISTARecolher