IDENTIFICAÇÃO Meu nome é Edméa Alves Machado. Nasci no dia 22 de julho de 1938, em Quissamã, Estado do Rio de Janeiro. FAMÍLIA Meu pai se chamava Francisco Alves Machado. Ele era fazendeiro. Minha mãe se chamava Lindaura Batista Machado e era dona de casa. Minha mãe teve 1...Continuar leitura
IDENTIFICAÇÃO Meu nome é Edméa Alves Machado. Nasci no dia 22 de julho de 1938, em Quissamã, Estado do Rio de Janeiro.
FAMÍLIA Meu pai se chamava Francisco Alves Machado. Ele era fazendeiro. Minha mãe se chamava Lindaura Batista Machado e era dona de casa. Minha mãe teve 17 filhos. Hoje, somos apenas sete. Meus irmãos se casaram, mas temos duas irmãs solteiras. Morei durante 24 anos com minha tia. No ano passado, me mudei. Tenho minha própria casinha. Só tive contato com meus avós maternos e minha avó paterna. A minha avó materna se chamava Nélia Vitorino. O meu avô se chamava João Batista Matos. Ele viveu durante 113 anos. Minha avó paterna se chamava Ana Ribeiro. Meus avós maternos tinham uma pequena propriedade. Minha avó paterna morava na fazenda, mas não tinha grandes bens.
INFÂNCIA Os meus primeiros irmãos, que eram gêmeos, morreram de pneumonia. Eu, para vir ao mundo, precisei de promessa, porque minha mãe sempre perdia os bebês.
Passei uma infância muito feliz. Até os cinco anos de idade, fiquei em Quissamã. Depois, fui para Macaé. Nessa época, Quissamã era um distrito de Macaé. Morávamos numa fazenda e alguns empregados que vieram de uma outra fazenda estão na nossa companhia até hoje. Existe, inclusive, uma senhora chamada dona Cedália que foi mãe-de-leite das minhas irmãs. Hoje ela está com 95 anos.
FAMÍLIA Meus pais morreram muito cedo. Minha mãe morreu de angina e meu pai de apêndice supurado, aos 54 anos de idade. Minha mãe, se não me engano, morreu com 50 anos ou 52 anos.
ENSINO FUNDAMENTAL Nós brincávamos muito. Durante o meu curso primário, fui estudar em Quissamã, em um colégio interno de freiras. No ano seguinte, este colégio fechou. Hoje, essa escola é a sede da prefeitura de Quissamã. Em 1949, estudei em Macaé, na Escola Estadual Matias Neto. No ano seguinte, em 1950, aquele convento tinha reaberto. Meu pai me perguntou se eu gostaria de voltar para Quissamã e eu disse que queria ir para Campos, porque minha irmã já estudava lá. Desse modo, não precisaria fazer outro uniforme, outro enxoval. Fui para Campos em 1950.
FAMÍLIA Nos mudamos para Macaé, porque meu pai comprou uma pequena propriedade que era de uns franceses. Moramos lá até hoje. Em 1954, ele faleceu. Eu e meu irmão mais velho ficamos tomando conta dos nossos irmãos. Os dois meninos foram estudar em Niterói, no Salesiano. Minhas irmãs foram para Campos junto comigo. Elas estudavam em Quissamã, mas, no ano seguinte, foram para Campos.
ENSINO MÉDIO Fiz o Curso Normal e me formei em 1959. Minhas irmãs ficaram estudando em Campos. Nosso pai não gostava de menina ficar andar para baixo e para cima. Estudávamos no Colégio Auxiliadora, um dos melhores colégios da época, o internato das Salesianas. Agora também tem um em Macaé e outro em Rio das Ostras. Estudei lá e me formei.
FAMÍLIA Nesse período em que estávamos estudando, perdemos nossos pais. Quando perdi meu pai, estava com 16 anos. Quatro anos depois, a minha mãe veio a falecer. Minha irmã mais nova estava com seis anos. Ela foi, junto com minha irmã mais velha, para o Rio de Janeiro e eu fiquei na fazenda.
A escola onde eu trabalhava ficava a uns dois quilômetros. Eu tomava conta da fazenda junto com meu irmão, para poder manter os estudos. Esses colégios eram muito caros. O meu pai não sabia nem ler nem escrever. Mas sempre dizia que vendia até o último cavalo para educar seus filhos. Fui a primeira a me formar e, por isso, tenho um grande amor à educação. Das filhas vivas, eu sou a segunda. E, graças a Deus, temos uma assistente social, uma pedagoga, uma que trabalhou de professora da primeira a quarta séries e temos um veterinário. O veterinário é o Dr. Orlando Alves Machado. Meu irmão, que é meu compadre, Evair, parou no segundo científico para ajudar a tomar conta da fazenda. Fomos nós que acabamos de criar nossos irmãos. Ele morreu há 14 anos, no dia três de setembro. Meus outros irmãos se chamam Maria Elza Alves Machado, Magali Alves Machado, Maria Aparecida Alves Machado, Maria da Conceição Alves Machado e José Alves Machado. Não lembro os nomes dos meus outros irmãos. Um se chamava João e tinha um chamado Francisco.
O meu pai não sabia ler nem escrever, mas era de uma inteligência rara. Ele foi convidado para falar quando foi inaugurada a cooperativa da cidade e quando tinham festas no forte. Ele me chamava e dizia: “Pega um caderno e um lápis e escreve o que vou dizer na festa”. Tem uma passagem muito interessante que foi quando o Presidente da República, Getúlio Vargas, foi visitar a cidade de Macaé. O Presidente tinha pedido que uma pessoa do campo fosse jantar com ele. Então, na hora do jantar, o Senhor Presidente, Getúlio Vargas, perguntou ao meu pai: “Senhor Machado, o que o senhor acha do meu governo?" Meu pai não pensou duas vezes: “O caçador é bom, mas a cachorrada não presta.” Tem até livros sobre a história de Macaé que comentam essa passagem.
INFÂNCIA O nosso bairro só tinha casinha de sapê. Quando colocaram luz na fazenda, meu pai teve que colocar os postes até lá.
Nós tínhamos obrigações. Estudávamos e, quando, por exemplo, os meninos iam cuidar dos animais, eu ia cuidar das galinhas. Teve até uma vez que eu, cortando cana para os porcos, cortei meu dedo. Existiam muitos colonos na fazenda. Na época, a gente cuidava do leite e plantava alguma coisa. Na fazenda que tínhamos em Quissamã, só plantávamos cana-de-açúcar. Atualmente, meus irmãos criam gado. Eu era muito levada. Papai não deixava que menina trepasse em árvore, mas eu era logo a primeira. Quando papai chegava em casa, os meus irmãos logo iam contando. Mas ele era um pai muito amoroso.
FAMÍLIA Há dois ou três anos atrás, meu irmão reformou nossa casa. Ele falou: “Olha, minha irmã, vamos consertar esse museu para a gente poder receber nossos amigos e familiares e perpetuar a lembrança de nosso pai.” Quem tinha mais autoridade na minha casa, nessa época, era o compadre Evair. Nosso quarto irmão. Era ele quem mandava e a gente obedecia, na falta de meu pai. É uma pessoa que tem muita visão e tem feito tudo que papai gostaria que fizesse.
BRINCADEIRAS A gente brincava muito com os filhos dos colonos. Não tínhamos essa distância. E, às vezes, quando a gente ia comer alguma coisa, tínhamos que dividir. Papai sempre falava: “Se você vai comer, não coma perto dos outros se não quiser dar”. Sempre aprendemos a dividir.
RELIGIÃO Sempre tivemos uma educação mais religiosa. Os colégios em que estudamos foram de educação religiosa. Uma árvore caiu em cima do meu pai, quando ele ainda era solteiro. Ele ficou mais de um ano de cama. Fez uma promessa a Nossa Senhora da Conceição e construiu uma capela. Ano retrasado completou 50 anos que cumprimos essa missão. Todo dia oito de dezembro, temos a missa, a procissão, rezamos. Temos muita devoção a Nossa Senhora da Conceição.
EDUCAÇÃO A gente estudava em Campos e vinha no período de férias para Macaé. Meus irmãos ficavam no colégio por conta das freiras e dos padres. E, se precisassem de algum reforço, procurávamos resolver. A minha mãe e meu pai eram muito humildes. Eles ensinavam que tínhamos que fazer o bem. Lembro que minha irmã mais velha chegou em casa com uma bonequinha de pano. Meu pai perguntou a origem da boneca e ela não falou. Meu pai deu umas palmadas com aqueles tamancos portugueses, mas, por sorte, minha tia chegou e meu irmão falou que ela tinha ganhado a boneca. Papai gostava das coisas muito corretas. Em 1948 ou 1949, eu, o compadre Evair e o Orlando estudávamos no Colégio Matias Neto. Íamos a pé para a escola. Papai, todo dia, dava um dinheirinho para a gente comprar nossa merenda. Uma vez, eu e meus irmãos decidimos fazer um cofre e juntar um dinheirinho em sociedade. Só que eu, mais esperta na época, quando precisava do dinheiro, pegava a faca, deitava o cofre e pegava o dinheiro. Meu pai viu isso e, na mesma hora, pegou um martelo e quebrou o cofre, que era de madeira. Ele pediu que eu nunca mais fizesse aquilo, já que eu não estava agindo certo.
FESTAS Meu pai era muito festeiro. Na época de carnaval, tinham os carros, a ala branca, a ala azul e a do o boi pintadinho. E, lá em casa, sempre tinha churrasco. Não iam só as pessoas da alta sociedade, mas o povão mesmo.
AMIZADES Meus amigos eram os mesmos de meus irmãos. A não ser os que estudavam fora, em Niterói. Até hoje mantemos uma amizade grande com estas pessoas. Isso é muito importante.
LAZER Só uma das minhas irmãs gostava de ir a noites dançantes. Mas meu irmão só deixava ela ir se eu também fosse. Eu não danço, não tenho jeito pra isso. Mas tinha que ficar. Íamos para as praias. Meu irmão, às vezes, nos levava para praias mais distantes. Atualmente, nos reunimos na fazenda, aos domingos. Ficamos lá recordando as coisas boas.
MODA Nos vestíamos de uma maneira normal. Só passamos a usar calça comprida mais tarde. Usávamos saia, vestido. Tudo de acordo com a época. Vestidos ou saias longas. Atualmente, uso bermuda. Nem vestido eu tenho. A não ser quando é para ir a um casamento.
SAÚDE Tenho uma passagem muito triste na minha vida. Acho que foi em 1964. Entrei numa depressão e estive até internada. Fiz aqueles tratamentos horrorosos de eletrochoque. Tive amnésia parcial. Mas, graças a Deus, tenho muita força de vontade e venci todos esses obstáculos. Acho que foi na época de 1964, da revolução. Davam a entender que queriam invadir nossa fazenda. Aquilo me abalou muito. Em 1964, fui internada em Campos, no Hospital de Custódia e Tratamento Psiquiátrico Henrique Roxo. Inicialmente, o médico da cidade me encaminhou para Campos. Perdi a noção do tempo. Fiz um tratamento num apartamento, onde fiquei com uma cunhada. Não tive melhora e fui para a enfermaria. Nem gosto de lembrar.
Em 1966, vim para o Rio de Janeiro, onde fiquei numa clínica particular. Essa clínica recebeu ordem de despejo e tive que ir embora, pois tiveram que levar todos os doentes para casa.
Não passei todo esse tempo, de 1964 a 1966, internada. Tive uns intervalos. Quando voltei a trabalhar, precisei de um laudo especial. Fui para Niterói, tirar esta licença e mandaram que eu apresentasse a um médico em Macaé. Quando eu quis voltar a trabalhar, o médico não me deu atenção. Eu era professora dos filhos de um dos funcionários que estava lá. Ele falou: “Doutor, sabe de quem essa menina é filha? Ela é filha de fulano de tal”. O médico botou a mão no meu braço e, na mesma hora, me deu o laudo. Eu falei: “Não me esqueço de quando o senhor ia aos churrascos da fazenda”.
Voltei a trabalhar, mas, em 1972, comecei a sentir que não estava bem e falei com meu irmão: “Olha, meu irmão, se eu tiver que fazer algum tratamento, não quero ficar fora de casa. Eu faço o tratamento em casa, tomo todos os remédios, faço o que for possível. Mas gostaria que você e meu outro irmão fossem no médico que me encaminhou”. Eu queria fazer as coisas e não podia, me sentia inútil. Estava sempre de licença, por 60, 90 dias, contra a minha vontade.
Em 1972, a semana de voltar ao trabalho seria a semana da criança. Eu estava doida para voltar a trabalhar e fazer aquelas festas. Eu levava as crianças para a fazenda, que ficava perto. Na época, lá na fazenda, tinha muita laranja, aquela coisa toda. Um dia, estava indo de ônibus para a cidade e, na hora que ia descendo uma senhora com três ou quatro filhos, o trocador não deu atenção e, subitamente, achei que tinha que ajudar. Na hora em que eu ia subir, torci a perna. A dor foi tão grande que desmaiei. O motorista que levava a gente para a fazenda, porque meu irmão o pagava, foi me levar na casa do meu irmão. Eu pedi: “Olha, não me leva para a fazenda, porque não estou bem.” Quando o ônibus já estava andando, desmaiei. Depois voltei a mim. Ele me levou para a casa do meu irmão. Fiquei mais de um mês lá, porque não podia andar.
ENSINO MÉDIO Fiz meu curso normal em Campos. Fui para lá em 1950 e me formei em 1959. Estudei no Internato Nossa Senhora Auxiliadora, de Campos. Antes, estava estudando em colégios pequenos. Quando fui para Campos, estava na segunda série. Não fiz a quarta série, ultrapassei. Sou uma pessoa muito esforçada e ganhei anos com isso. Antigamente, eram cinco anos de primário, quatro de ginásio e depois três de normal.
TRAJETÓRIA PROFISSIONAL Comecei a trabalhar logo. Fiz um contrato pelo Governo Federal em um plano piloto que estava em experiência em Macaé. Eu havia voltado para a casa da fazenda. Fui cuidar dos meus irmãos, embora, no período de aulas, eles ficassem nas escolas, neste regime de internato. Em 1973 ou 1974, eu era responsável pelas festas do colégio no centro cívico. Em 1976, o Estado estava querendo professoras para lecionar Ensino Religioso Católico e Evangélico.
PRIMEIRO EMPREGO Meu primeiro emprego em Macaé foi como professora. Dei aulas na alfabetização, na Escola Délio Barreto e, depois, na Escola Antônio Curvelo Benjamin. Esta última escola, hoje, se transformou em um Jardim de Infância. Na primeira escola, trabalhei por dois anos. No começo, foi um pouco difícil. Foi a primeira escola construída naquele ano e só tinha o curso de alfabetização. O ensino era através de histórias. Ensinávamos por letra de imprensa e não com manuscritos. Eu não sabia trabalhar assim, mas treinei e gostei. Para ensinar contando histórias, usávamos uns cartazes. Tínhamos uma coordenadora e seguíamos o programa. Era um programa piloto federal. Em 1960, foram construídas umas três ou quatro escolas dentro desse sistema em Macaé.
TRAJETORIA PROFISSIONAL Logo que me formei, não prestei concurso. Dois anos depois, fiz concurso no Maracanã e, depois, no Caio Martins. Só que eu não queria trabalhar muito longe para não deixar a fazenda sozinha. Fiz o concurso e fiquei em sétimo lugar. Escolhi trabalhar não como efetiva, mas como estagiária. Na época, existia este título. Depois, essas professoras que eram estagiárias foram automaticamente efetivadas. Foi o meu caso. Fiquei trabalhando nessa escola. Comecei em 1963. Dez anos mais tarde, o bairro foi crescendo muito e foi necessário fazer outra escola, que é a que trabalho como “Amiga da Escola”. Na época, o corpo docente, discente e de apoio foram transferidos para essa escola, a Rachel Reid Pereira de Souza. Em 1976, a diretora tinha que escolher as professoras para o Ensino Religioso. Eu estava de licença na época. Ela foi até a casa da minha irmã para me convidar. Minha sorte foi que minha licença não tinha vindo para o Rio de Janeiro, porque saía de Macaé. Eu conhecia o médico, que era um amigo da família. Expliquei a situação e ele não mandou a licença. Fui nomeada em agosto de 1976.
No final do ano, o padre ia preparar os professores, que eram uns 20. Ele pediu para fazer o encerramento na fazenda. Pedimos para cada um dar uma coisa. Haveria missa e jantar. Nessa época, eu vivia dopada de remédios. E, no dia em que o padre Luiz Leon foi até a fazenda, me viu tomando remédios. Ele falou: “Menina, porque você está tomando esse remédio?” Respondi: “Ah padre, sou obrigada a tomar.” “Larga isso menina Não toma mais não.” Daquele dia em diante, parei. Porque tinha que tomar remédio de manhã e de noite para dormir. E comecei a dar aula de Ensino Religioso. Tanto é que, em 1978, quando estava fazendo faculdade, já estava com 18 turmas de Ensino Religioso, de quinta a oitava séries. Eu já estava entrando em parafuso No dia 27 de setembro, cheguei na faculdade e falei que não iria retornar. Já estava no fim, mas, daí por diante, foi bom, porque me dediquei à pintura e ao bordado. Dessa época para cá, nunca mais tomei remédio para dormir nem nada. Graças a Deus, venci essa batalha.
ENSINO SUPERIOR Quando abriu faculdade em Macaé, só tinham os cursos de Pedagogia e Letras. Acabei sendo influenciada a cursar Pedagogia por umas 10 ou 15 pessoas com quem trabalhava. No penúltimo ano de faculdade, aconteceu um acidente de kombi com a minha irmã. Ela fazia faculdade de Serviço Social em Campos. Morreram algumas pessoas, inclusive, o motorista. Aquilo me abalou muito. Acabei ficando em dependência em Sociologia e em Psicologia. No ano seguinte, eu teria que fazer dessa dependência, tinha as 18 turmas para dar aula e ainda a faculdade. E eu disse: chega
TRAJETÓRIA PROFISSIONAL Em 1980, as minhas turmas já tinham sido formadas. Me deram a coordenação, pois o colégio aumentou. Já tinham três turnos. Essa mudança foi boa para mim, porque tive que conviver, não só com os alunos, mas também com os professores, com as merendeiras, com os pais de alunos. E mesmo quando eu estava com turma de Ensino Religioso, já fazia tudo o que a escola precisava. Ajudava a organizar festas, por exemplo. Tanto é que, até hoje, quando tem os cursos patrocinados pela Petrobras, no encerramento, temos festa, música, tudo. Eu gosto.
A Escola Rachel Reid Pereira de Souza abriu em 1973, com turmas de primeira a quarta séries. Em 1976, passamos a ter de quinta a oitava séries e dois turnos. Depois, com muitos pedidos, à noite, tínhamos o supletivo. A escola teve momentos muito importantes. Dos anos 70 a 80, a escola tinha uma equipe maravilhosa de professores. Tínhamos muitas festas. A gente brilhava nos desfiles, nos aniversários da cidade, no feriado de sete de setembro. Hoje, muitos professores têm que trabalhar em dois ou três lugares. Isso atrapalha. Para ser professor tem que ter ideal e tem que gostar. Os alunos, antigamente, gostavam mais da escola, participavam mais. Hoje, o ensino deveria preparar mais os professores, não só nas escolas. O governo deveria proporcionar mais cursos aos professores. Não esses cursinhos de palavrinhas, mas de ação. Mais coisa prática para a vida. Antes, éramos mais bem preparados. Sempre fazíamos cursos. Hoje têm muito poucos e o salário é baixo. Só quando a pessoa tem amor e gosta daquilo...
Não tive influência da minha família na minha escolha profissional. Quando vinha da escola, em Campos, no período das férias, chamava os filhos dos colonos, os empregados, e dava aulas para eles. Na época, não quis aceitar a coordenação. Mas a diretora falou que só poderia ser eu, que apenas eu preenchia os requisitos. Fiquei na coordenação durante dez anos, até me aposentar. Nesse período, eu coordenava na parte da manhã. De tarde, dava aulas de técnicas agrícolas. Isso foi bom para mim. Na aposentaria, me ajudou muito, porque, sem isso, eu iria ganhar muito menos. Na coordenação, eu tomava conta de tudo o que acontecesse no primeiro turno durante a ausência da diretora. Verificava a merenda, se alguma criança se machucasse ou se o pai viesse conversar e a diretora não estivesse.
RELACIONAMENTO COM OS ALUNOS
Eu, como professora, me tornava criança. Ensinava as crianças a cantar, brincava, jogava bola, pulava corda, passeava. Sempre que estou lá, ajudo a levar as crianças para passeios.
Me mudei em junho de 2004 e meu aniversário foi em julho. Os alunos descobriram isso
indo na secretaria verificar algumas fichas. Estava na horta com eles e, dali a pouco, as meninas da oitava série falaram: “Tia Edméa, tia fulana disse para senhora ir na sua casa pegar um papel, porque temos que fazer uma pesquisa.” Lá fui eu, inocente. Quando chego lá, tinha bolo e refrigerante. Eles mesmos fizeram o bolo.
No ano passado, meus pés incharam muito. De vez em quando, minhas pernas ficam todas vermelhas. Meus alunos ficam preocupados.
Ainda no ano passado, consegui, na Prefeitura, uns cursos de ornamentação para festas infantis e de desossar frangos, para os pais dos alunos. Também teve curso de pintura e de molde vazado.
Tinha uma aluna que disse para mim: “Tia Edméa, vou mandar a senhora pintar esse cabelo e não quero a senhora só dentro de casa”. Eu falei: “Olha, nada disso” Eu sempre fui uma pessoa muito simples. Quando dava aulas, era muito querida. Quando os alunos faltavam, eu ia em suas casas saber o que tinha acontecido. Alguns pais queriam que os filhos desistissem de estudar. Eu aconselhava. Sou muito conhecida no bairro, porque também faço vários trabalhos na comunidade da igreja. Ensino bordado, tricô e, agora, macramé, que aprendi. Sempre tive uma agenda muito cheia. Só paro para dormir. Quando estava para me aposentar, a diretora e os professores fizeram uma festa. Tem uma sala da escola com meu nome. Foram pessoas com música e tudo. Fui escolhida para ir a Prefeitura receber o prêmio de honra ao mérito de melhor professora. Gosto muito da minha escola.
PATROCÍNIO PETROBRAS - PROJETO “PLANTA E COLHE” Em 1981, depois de chegar à coordenação, achei que tinha pouca coisa para fazer no colégio. Inventei de fazer uma horta. Porque tinha terra e tudo o que precisasse na fazenda. O Projeto “Planta e Colhe” é de autoria da Petrobras. Antes, eu já estava fazendo uma horta comunitária para uso da escola. O colégio tinha um espaço muito grande para isso. No começo, cercamos a horta com vara de bambu. Depois, fazíamos mutirão, aos sábados, para fazer paredes. Atualmente, a horta não tem mais cerca, nem muro. É uma horta aberta, com 17 canteiros. Com recursos próprios, calcei aqueles espaços entre um canteiro e outro, porque, em dia de chuva, a gente levava muita lama para a sala de aula.
Em 2003, tínhamos a assistência da Fundenor [Fundação Norte Fluminense de Desenvolvimento Regional], que é uma fundação de Campos. É uma fundação para o desenvolvimento de hortas e plantas. Depois, a Emater [Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural] assumiu esse convênio, que vem até os dias de hoje.
Eu e as crianças trabalhávamos nesta horta. Nessa época, a gente plantava pouquinha coisa. Comprávamos a semente. De 1984 pra cá, a Petrobras dá a assistência técnica, material, adubo. A Petrobras financia tudo. Na época, várias escolas foram escolhidas para participar do projeto "Planta e Colhe". Tinha umas 15 ou mais escolas, não só da cidade, mas de municípios vizinhos. Com a atuação da Petrobras, tudo melhorou muito, porque a Empresa fornece as ferramentas, as sementes, o adubo. Além disso, dá assistência, oferece cursos.
Fizemos curso de olericultura, que é um curso sobre verduras. Depois, fizemos curso de plantas medicinais. Temos, na horta, plantas medicinais.
A Emater, que têm técnicos e assistentes sociais, realiza esses cursos, que são oferecidos para os professores, alunos e pessoas da comunidade.
Na época, as escolas eram premiadas. Nós, por exemplo, recebemos três prêmios. Era um troféu com uma folhinha. Tanto a Fundenor, a Emater e representantes da Petrobras vão vistoriar a horta, ver se está funcionando, se não está. Atualmente, o novo projeto “Plantando o Futuro” só tem umas duas ou três escolas participando, porque as outras desistiram. Tudo na vida tem que ter continuação, persistência. O Colégio Estadual Luiz Reid participa e o técnico da Emater, o Sebastião Gonçalves Neto, é quem cuida da horta. Cedinho, antes de começar a trabalhar, ele vai lá para isso.
PROJETO PLANTA E COLHE O perfil sócio-econômico dos alunos da Escola Rachel Reid é médio. Implantar esta horta comunitária mudou a vida destas crianças, porque muitas fazem canteirinhos e plantam verduras em casa. Isso também incentiva a criança a amar a terra e enriquece sua alimentação. Essas verduras são usadas na merenda das crianças e, quando sobram, vendemos para os professores ou para pessoas da comunidade. Com o dinheiro, compramos material de bordado. Às vezes, usamos o dinheiro para fazer um curso, uma apresentação. Qualquer criança da escola pode participar do projeto. Nos anos 1990 ou 1991, tinha mais uma outra professora de Técnicas Agrícolas, mas o Estado cortou esta disciplina. Daí, ficou tudo mais difícil. No momento, a responsável sou eu. Às vezes, algumas professoras de Ciências vão lá. Quando comecei com o Projeto, trabalhava com as turmas de primeira a quarta séries. Na época da Emater levar mudas, a gente marcava: “Amanhã vamos fazer semeadura de tal, vamos plantar, vamos preparar canteiros.” Então, não tem dia fixo, depende da época das verduras.
Tem alguns cursos que não são dados na escola. Em 2003, teve curso na escola de minhocultura, de plantas medicinais. Teve curso de alimentação durante a semana da alimentação. Quando terminou o curso de plantas medicinais, a monitora perguntou qual seria o curso que os alunos queriam. Ela deu a idéia de dar um curso aproveitando os alimentos da horta. Este curso foi na Emater, mas eu levava os alunos. Fizemos o curso de sanduíches naturais, aproveitando os legumes e verduras, os sucos.
Depois, também fizemos o curso de minhocultura, em 2003. Tivemos a parte prática, que foi em um outro bairro da cidade, onde existe uma senhora que fez o curso da Emater e que tem um espaço onde estava fazendo uma grande criação de minhocas. Fomos lá, na parte prática, para ver. Depois fizemos o nosso minhocário na escola. Também criamos a minhoca que produz o húmus.
Fazemos compostagem, aproveitando todas as folhas que caem das árvores, cascas de legumes, para formar um adubo muito rico. Esses cursos são realizados num espaço de três a quatro dias, o dia todo. Tem abertura e encerramento. As crianças ganham pasta com todo o material. No ano passado, ganharam até mochilas.
Cultivamos cenoura, beterraba, couve, alface, rabanete, taioba e as plantas medicinais. As plantas medicinais são cana de macaco, erva-doce, guaco, hortelã, capim limão, erva cidreira, boldo do Chile, confrei, babosa. Explicamos a função terapêutica destas plantas aos alunos e, às vezes, os professores fazem trabalhos explicando suas propriedades. Os professores da escola participam, levam os alunos, principalmente os de primeira a quarta séries, para visitar a horta. A Petrobras visita as hortas e, de acordo com a vistoria feita durante o ano, vai selecionando aquelas que atendem a todas as necessidades que são, entre outras, a maneira de ser cultivada, não deixando canteiro sem planta, sem verdura.
PROJETO PLANTA E COLHE – INÍCIO Em 1984, a Emater foi até as escolas fazer o convite para participarmos do Projeto “Planta e Colhe”. Em Macaé, tem o Portão Aberto que cuida de crianças de rua, tem um asilo que também participa deste Projeto. Tem a Pestalozzi, que tem uma pessoa para cuidar desta horta. Eles escolheram uma pessoa, uma espécie de um caseiro. Sua função é cuidar das plantas. Lá não tem aluno. Na Pestalozzi, a Emater tem a estufa, feita com a verba da Petrobras. É de lá que saem as mudas que vão para as escolas. A Pestalozzi é uma instituição que cuida de excepcionais. Ano passado nos fomos visitá-la para conhecer seu minhocário. As crianças gostam muito. Sempre que me encontram, falam: “Tia Edméa, vi a senhora na televisão.” Nesse período do projeto "Planta e Colhe" e do “Plantando o Futuro”, a TV Litoral, que é uma das filiais da Rede Globo, fez três matérias na Escola. A primeira foi “Conhecendo a Horta”. Depois, fizeram outras. A do ano retrasado foi sobre a horta escolhida. E a do ano passado foi sobre minhocultura. Saiu um artigo no jornal falando sobre a nossa escola. Passou no RJ-TV da região. Quando estou na rua, algumas pessoas me dizem: “Ah, tia Edméa Você está importante, né?” E ficam me chateando: “Você, agora, está chique, é artista da Globo.” E eu digo: “É, meu filho. O que eu posso fazer?” Coordeno o projeto desde que foi implantado. Na escola, trabalho com a horta.
AMIGOS DA ESCOLA Há três anos, tínhamos um grupo de “Amigos da Escola” e ensinávamos, à tarde, aos alunos que estudavam na parte da manhã. Ensinávamos bordado, pintura, tricô, crochê, vagonite, ponto reto.
Uma colega deu início ao curso fundamental de aproveitamento da fibra da bananeira. É um trabalho muito interessante. Pode-se fazer luminárias, sandálias, tapetes. Mas esse curso era realizado pela Prefeitura. Ano passado ia ter um. Até me inscrevi, era gratuito, mas o professor estava sendo muito solicitado, então não foi possível. Mas eu tinha essa amiga, que trabalhava comigo na igreja e no grupo da terceira idade, que deu início ao curso lá na escola. Mas, depois, acabamos parando. Este ano, estamos pretendendo fazer mais alguma coisa.
PROJETO PLANTA E COLHE Ensinamos o manejo das plantas, como se prepara um canteiro, como adubar. Eu dava mais aulas práticas, pois tinha uma professora que dava a parte teórica. Essa era uma matéria obrigatória nas escolas, mas acabou porque o Estado cortou. Cortaram também a aula de Educação para o Lar, que tinha aulas de bordado. Cortaram, mas acho que faz muita falta, porque trabalhos manuais são uma terapia. No ano passado, dei uma parada. Eu e minhas colegas tivemos que fazer outros cursos, então ficamos muito ocupadas. Neste ano, vamos ver se voltamos. Inclusive, tivemos bons resultados. Porque algumas alunas que aprenderam a fazer o ponto de cruz, o ponto vagonite, já recebem até encomendas. A gente fica feliz de ver que o que ensinamos não foi em vão. Dávamos aula uma vez por semana, de duas às cinco da tarde. Era no colégio, porque, de tarde, tem sala desocupada. A diretora dava o maior apoio. E sempre apareciam as supervisoras para vistoriar a escola, ver o que se estava fazendo, qual atividade diferente feita. Nós éramos bem aceitos. Quando começa o ano, as crianças perguntam: “Tia Edméa, não vai ter aula de pintura, não? Não vai ensinar isso, não vai ensinar aquilo?” Eu respondo: “Calma.”
TRAJETÓRIA PROFISSIONAL Esse trabalho já fiz como “Amiga da Escola”. Entrei neste Projeto depois de aposentada. Me aposentei em 1996. De 1996 em diante estou no Projeto. Eu não sei ficar parada. E acho que, se a gente sabe alguma coisa, tem que multiplicar os talentos. Não podemos enterrá-los. Eu gosto muito do Projeto porque, às vezes, escuto: “Ah, tia Edméa, se não fosse a senhora, a horta tinha morrido.” Aquilo me desperta uma responsabilidade muito grande.
PARCERIA ENTRE PETROBRAS E EMATER Todas as atividades administrativas e burocráticas ficam na mão da Petrobras. No inicio do ano, a Emater pede um planejamento daquilo que se pretende fazer no ano seguinte. A Petrobras manda uma verba e, dentro desta verba, a Emater gasta com insumos, ferramentas, sementes, mudas. Técnicos da Emater freqüentam regularmente a horta. Eles fazem um acompanhamento quando tem problema, quando aparece uma praga. A gente liga e avisa. A Emater também dá assistência ao campo, para ver a qualidade do solo. Existem outros projetos, que não são da Petrobras, que tem a participação da Emater.
PROJETO “PLANTANDO O FUTURO”
O Projeto mudou de nome em 2000, ou antes. Essa mudança partiu da Petrobras, mas não sei o motivo. Mas muita coisa mudou no projeto. Antes, não tínhamos muitos cursos e agora temos. É só pedir. Melhorou bastante. A horta tem melhorado muito. O técnico responsável, que é o chefe da Emater, pretende ampliar os canteiros, fazer mais minhocários, pois só temos um. A tendência é aumentar, como ele mesmo falou. Só estamos aguardando a verba. Às vezes, o contrato é válido por um ou dois anos e é renovado de acordo com o êxito. Temos que mostrar trabalho, porque várias escolas foram cortadas, já que não estavam correspondendo aos objetivos.
Inicialmente, o Projeto "Planta e Colhe" foi implantado em outras escolas de Macaé, umas 20 escolas, mais ou menos. Algumas eram parecidas com a Escola Rachel Reid Pereira de Souza, outras não. Hoje, sobraram só umas três escolas no Projeto. Em comum, elas plantavam, cultivavam. Outras tentaram, mas não foram para frente. Estas não tiveram um líder, uma pessoa responsável. Só tivemos contato com as outras escolas no ano de 1991 ou 1992. De lá para cá, não houve mais isso. As escolas foram desistindo. Nestes encontros, a gente comentava que tinham alunos que não queriam participar, mas que não eram obrigados. Por exemplo, lá na escola, como não tem mais Técnicas Agrícolas, o serviço é voluntário. No começo do ano, para preparar os canteiros, fazer a limpeza, eu vou às salas, perguntando se alguém estaria interessado em dar uma ajuda para melhorar a merenda. Às vezes, a gente faz alguns cartazes, incentivando.
Tem uns alunos que não gostam de mexer com terra, mas ajudam mesmo assim. Tem uns que estão desde o começo do Projeto e vão ensinando os outros colegas. Na parte de minhocultura, dão explicação. Eles trocam idéias. Nos últimos dois anos, tive duas turmas excelentes. Em tudo o que eu precisava, eles estavam prontos a me ajudar. No começo do ano, converso com eles, explico que temos que aprender de tudo um pouco, porque não sabemos o dia de amanhã. Falo que, às vezes, uma família de aquisição melhor precisa fazer uma horta, um jardim, saber manejar com a terra. O desempenho escolar dos alunos que estão no Projeto melhorou bastante, porque eles relaxam um pouco. Às vezes, estão cansados, mas se distraem ali, vêem o desenvolvimento das plantas. As professoras sempre falam que é uma boa ajuda em relação à disciplina. Na hora de começar o trabalho, sempre explico o que pode se fazer, o que não se pode.
No ano passado, teve um curso de Educação Ambiental e Cidadania para jovens acima de 14 anos de idade. Foi uma tristeza para achar esse perfil, porque a maioria tem 12, 13, 14 anos. Até porque a escola só tem até oitava série. Então, acabaram permitindo que esses alunos participassem, para completar as 20 vagas. Eles estavam com muita vontade de fazer o curso. A comunidade procura muito. A gente já conhece as pessoas que gostam, que querem. Tem uns que já se destacam.
As merendeiras fazem uma merenda muito gostosa. Fazem sopa, ensopadinho, salada, quando tem alface. A couve é usada em pequena escala. Quando tem alface e beterraba, fazemos geléia de beterraba. As crianças aproveitam muito. Usamos esta geléia para oferecer quando tem curso. Quando tem curso, o horário é das nove até as cinco horas da tarde. Os participantes lancham lá. A Petrobras e a Escola ajudam com o lanche. Às vezes, a gente pede cursos. Às vezes, eles sugerem. Por exemplo, o curso de Educação Ambiental e Cidadania foi a Emater quem promoveu. No final do ano, eles iam dar um curso de reciclagem, mas não foi possível. Quando tem curso na Emater, eles nos avisam. Vale a pena levar os alunos, alguns têm oportunidade de praticar o que aprendem. Dentro de todas essas atividades que exerço no Projeto, o que mais gosto de fazer é plantar. Tem épocas que fico quase o dia inteiro na horta. Agora estou mais em casa, bordando. Antes, eu vivia mais na escola. Quando tinha um desfile, tínhamos que apresentar alguma coisa da horta e aquilo nos deixava um pouco aflitos, mas valia a pena.
HISTÓRIAS / CAUSOS / LEMBRANÇAS Na época em que a escola ia ser filmada, minha tia estava hospitalizada. Quando cheguei em casa, a moça falou: “Tem um telefonema para a senhora. É de fulano, que quer falar urgentemente com a senhora. ”Ele é responsável pela feira da roça na cidade, todos os sábados. Eu sabia que ia encontrá-lo e pensei que ele queria falar comigo porque haviam mudado os adubos de lugar. Mas não foi por isso. Quando o encontrei, ele me disse: “Olha Edméa, a horta de vocês foi escolhida para ser filmada.” Isso foi em 14 de novembro de 2003. Eu disse que estava bem e comecei a arrumar as coisas. Nesse período, minha tia teve um derrame, estava internada e eu tinha hora para chegar e tomar iniciativa. Na véspera, cheguei na Escola e falei com a diretora se alguém poderia usar o computador para fazer as faixas com os nomes das plantas, verduras, plantas medicinais. Ela disse que não podia, pois a Cesgranrio estava lá. Porém, uma amiga que dá aulas de Educação Artística disse que faria para mim. Qual não foi a minha surpresa? Os alunos fizeram tudo. Um mês antes, meu irmão me chamou para ver uma casa que fica perto do colégio. Na hora, rejeitei, mas devido a essa situação que os alunos me proporcionaram, eu falei: “Aqui é o meu lugar até o fim da vida.” Quando chego lá, um mês depois, a casa já estava quase sendo vendida, mas a proprietária deu preferência para mim. Hoje estou lá, satisfeita, porque é pertinho da escola e estou sempre pronta a servir os alunos da escola.
PROJETOS FUTUROS Atualmente moro sozinha. Nas horas de lazer, gosto de bordar, pintar, fazer macramé e, a partir de março, vou retornar minhas atividades como voluntária na terceira idade, ensinar alguma coisa que eu sei. Não esqueço uma historinha pequena. Em uma floresta que estava pegando fogo, um beija-flor ia até um rio e pegava uma gotinha querendo apagar o incêndio. Um outro bichinho, vendo aquilo, falou: “Beija-flor, você não está vendo que não vai conseguir apagar este fogo?” O Beija-flor disse: “Estou fazendo a minha parte para que os outros possam fazer a sua.” Eu estou fazendo a minha parte. No momento, já tenho a minha casa e procuro ajudar meu semelhante, principalmente na Educação. Porque um autor, que não lembro o nome, já dizia: “Educai as crianças, para não vir a punir os homens mais tarde.” Continuo no Projeto. Como o chefe da Emater disse que o Projeto será ampliado com mais canteiros e mais responsabilidades, vamos fazer uma pesquisa para ver se os alunos novos estão interessados em participar e aumentar o número de ajudantes.
PROJETO MEMÓRIA PETROBRAS Achei maravilhoso participar. Não queria vir, mas estou satisfeita. Muito obrigada por tudo.Recolher